Desde seu nascimento até sua alta hospitalar, o pequeno Kayke passou por estágios gravíssimos, mas a mão de Deus estava sobre ele
Quando se confirmou a gravidez, por meio de exames, ficamos surpresos, pois já tínhamos dois filhos: a Myrian, de 13 anos, e o Patrick, de nove anos, e não intencionávamos ter mais filhos. Ficamos cerca de dois meses assimilando a idéia, pois estávamos passando por grandes dificuldades, mas cremos que Deus estava nos preparando para as batalhas que viriam.
A gravidez da Flavia foi de alto risco. Por vezes, eu corria ao hospital de Cotia (SP) para socorrê-la, com enjôos, dores no abdômen, nas costas, entre outras coisas. Devido à falta de alguns exames que deveriam ter sido realizados, para diagnosticar dificuldades do feto, nosso bebê acabou nascendo antes do tempo normal. Numa das idas ao hospital, o médico constatou sofrimento fetal, pois verificou-se que a placenta não estava enviando nutrientes para o Kayke havia algum tempo e ele estava com baixo peso e fraco. Seu batimento cardíaco já ultrapassava os 200 batimentos por minuto (taquicardia), o que é um dos sintomas do sofrimento fetal. Assim, na manhã de 22 de julho de 2009, nasceu nosso pequeno grande Kayke, pesando 1.470 gramas e medindo 39 centímetros.
Pela misericórdia de Deus, ele veio ao mundo. Nasceu sem problema algum, nem precisou de aparelho de respiração, pelo menos nos primeiros dias. Apresentou no início níveis instáveis de glicemia, ou seja hipoglicemia, o que é comum em prematuros, porém se os níveis baixam muito e com frequência, corre-se o risco de seqüelas cerebrais. Para nosso desespero, nos primeiros dias, ele apresentou índices baixíssimos, depois aumentou, apresentando hiperglicemia, até se normalizar.
Muitos clamando ao Deus vivo
Após alguns dias na UTI, ele teve uma infecção moderada no intestino, mas no meio desse tratamento, houve uma nova complicação, ele teve uma hemorragia intra-craniana e, consequentemente, uma convulsão, que também poderia deixar seqüelas. A esta altura, já não sabíamos mais o que pedir a Deus, estávamos em desespero. Muitas pessoas começaram a nos sustentar em oração: nossas igrejas de São Paulo, Cascavel (PR), Campo Grande (MS), Itapema (SC), Votuporanga (SP), Salvador (BA), toda a galera do chat promessista, pastores que não conhecemos, amigos, familiares, irmãos de outras denominações, inúmeras pessoas clamando ao Deus vivo, intercedendo por um grande milagre, o que nos confortava o coração e dava-nos força para prosseguir.
Em meio ao tratamento da infecção intestinal, veio a pior notícia: uma bactéria multirresistente (que não cede facilmente aos antibióticos) se alojou no intestino do Kayke e foi para a corrente sanguínea, contaminando todo o seu organismo, então o estado dele passou a ser gravíssimo. No dia 18 de agosto, solicitamos ao Pb. Inácio, da IAP em Capão Redondo (SP), para ungi-lo, depositando em Deus nossa fé e confiança.
Dois dias depois, o médico nos falou da possibilidade de uma cirurgia, porém o estado dele não era favorável, pois ele pesava apenas um 1,5 quilo e estava muito debilitado, mesmo com várias transfusões de sangue, plasma e plaquetas. Mas o médico salientou que, se o operasse, teria uma chance mínima, caso contrário, a morte era certa. Ele disse que somente um milagre o tiraria com vida do centro cirúrgico… O chão se tornou um abismo sem fim, uma tristeza profunda tomou conta do nosso coração, pois não enxergávamos luz nenhuma.
Era perto da meia-noite, minha esposa compartilhou comigo algo que o Espírito Santo colocou em sua mente, sobre a ressurreição de Lázaro e orou assim: “Senhor, Senhor, console nosso coração, nos dê forças para enfrentar mais esta batalha e nos ajude a entender o seu propósito em nossas vidas. Senhor Jesus, que ressuscitou Lázaro após quatro dias, nosso filho não está morto, mas ele precisa de restauração, e nós cremos na tua palavra, na tua misericórdia, portanto Senhor, entregamos nosso filho nas tuas mãos, que se cumpra a tua vontade e não a noss. Mas ainda digo, Senhor, como disse o salmista Davi, no capítulo 30:9: Que proveito haverá no sangue dele se ele descer a cova? Porventura te louvará o pó? Anunciará ele a tua verdade? Ouve, Senhor, e tem Compaixão!”
Naquele momento, houve paz em nosso coração, apesar do momento que estávamos vivendo. Poucos minutos depois, o médico resolveu fazer a cirurgia às pressas, pois o Kayke estava muito fraco e a infecção poderia romper as barreiras do intestino, o que poderia ser fatal se atingisse o abdômen. Uma médica que o acompanhava nos confortou, dizendo que via no Kayke uma força vital muito grande, e nós lhe dissemos que esta força que ela via nele era o Espírito Santo, o sustentando a cada instante.
Amamentando pela primeira vez
A cirurgia durou duas horas e, graças ao bom Deus, foi muito bem sucedida. Ele perdeu parte do intestino, precisou colocar uma bolsa de colostomia, mas estava vivo e, para nós, era o que importava. A partir daí, tínhamos a certeza de que Deus estava cuidando dele, como a “menina de seus olhos”. Ele permaneceu 25 dias em jejum, apenas com o soro, e quando minha esposa pode amamentá-lo foi, para nós, como se tivéssemos ido ao céu! A emoção foi tão grande que até os funcionários que cuidavam dele se emocionaram conosco e nós agradecemos a Deus por aquele momento tão sublime. No dia 5 de outubro, ele passou por mais uma cirurgia, para retirar outra parte do intestino e fazer a reconstrução.
Depois da reconstrução e até sua alta hospitalar, ele teve outras duas infecções, com grandes possibilidades de infeccionar alguma parte do organismo. Assim, ele teve infecções no sangue e na urina mas nosso Deus, misericordioso e fiel, mais uma vez agiu controlando aquele quadro. Finalmente, no dia 27 de outubro, Deus nos presenteou quando pudemos levá-lo para a casa, foi uma festa em todo o hospital!
Aos quatro meses de idade, Kayke pesa cerca de 3,5 quilos e é um testemunho do milagre de Deus. Soubemos que as chances de sobrevivência para bebês que apresentam o diagnóstico que ele teve são de apenas 20%, mas o Kayke vem lutando pela vida, com a ajuda de Deus, desde o ventre de sua mãe.
Depois de tudo o que ele passou, não há vestígios de nada no corpinho dele e os médicos já suspenderam praticamente toda a medicação, para glória de Deus! Quando ele crescer, saberá que é filho do Deus vivo, que operou milagres como vemos na Bíblia e opera ainda hoje, quando entregamos tudo em suas mãos. Glórias a Deus nas alturas, pelos séculos do séculos. Amém.
Veja o relatório médico.
Irmãos Claudinei de Lemos e Flávia Cristina, da IAP em Capão Redondo (SP).