Lia

A verdadeira alegria da vida é encontrada somente no Senhor

Eu amo a Bíblia por causa da franqueza com que ela trata os seus heróis, está repleta de histórias de pessoas reais e de seus temores, conflitos e frustrações. Não é um livro que se dedica a contar apenas as proezas de seus heróis, mas registra em suas páginas a realidade da vida de medo, de dor, de erros, de pecados, de frustrações e de desilusões desses heróis.
Hoje quero refletir sobre Lia, filha de Labão, esposa de Jacó. Foi conhecendo sua história que ela se tornou para mim uma heroína.
Todos nós temos sonhos, desejos, aspirações, projetos. Com Lia não era diferente. Uma jovem menina que esperava um dia ver seus sonhos realizados, por mais simples e humildes que fossem, até que seu pai a fez casar-se com alguém que não a amava. Desse dia em diante, Lia travou uma luta ferrenha tentando se adequar ao destino que seu pai lhe havia escolhido.
Jacó, filho de Isaque com Rebeca e irmão caçula de Esaú, teve que fugir da casa de seu pai depois que conspirou com sua mãe e enganou Isaque, seu pai, que estava cego e enfraquecido. Jaco fez isso para receber a benção da aliança, defraudando assim seu irmão, Esaú, que prometeu vingar-se assim que seu pai morresse. Jacó fugiu de Esaú para viver com os parentes de sua mãe, a família de seu tio Labão.
“Ora, Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o da mais nova, Raquel. Lia tinha olhos meigos, mas Raquel era bonita e atraente” (Gn 29.16-17, NVI).
A palavra hebraica traduzida por “meigos” significa “fracos” e é de difícil interpretação. A verdade é que algo sobre os olhos de Lia soava negativamente para aquela época. Seja qual for o motivo, ela não era considerada atraente e cresceu à sombra de sua linda irmã mais nova, Raquel. A usura e desonestidade de seu pai Labão ,unidos à ideia de que a única forma de arrumar um casamento para Lia seria por meio de enganar alguém, fazia crescer em Lia a dor da rejeição e da humilhação.
Apaixonado por Raquel, Jacó propôs trabalhar sete anos em troca da mão de sua amada em casamento. Ao término dos sete anos, Jacó exigiu casar-se com Raquel e foi então que o sagaz Labão pôs seu plano em ação. Depois de uma festa regada com bastante vinho e uma noiva com um grosso véu sobre o rosto, Jacó casa-se com Lia, pensando que estava casando com Raquel. Você consegue imaginar o choque? No outro dia, bem cedo, ele se levanta e vê que quem está ao seu lado não é Raquel, mas Lia. Assim, o palco foi preparado para outra devastadora realidade que Lia deveria enfrentar. Mais uma vez, Lia seria motivo de desprezo e vergonha, agora não mais na casa de seu pai, mas na sua própria casa.
“Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, concedeu-lhe filhos” Gênesis 29:31
Eu gosto da ideia de um Deus que ama os injustiçados, de um Deus que gosta de gente que sofre, de gente que grita, de gente que perdeu tudo. É o Deus do amor, é o Deus do consolo, é o Deus do aflito, é o Deus do oprimido. O interessante é que os três primeiros filhos de Lia recebem nomes que declaram a sua imensa vontade de ser vista, de ser ouvida, de ser amada como ela é.
Lia engravidou, deu à luz um filho, e deu-lhe o nome de Rúben, pois dizia: “O Senhor viu a minha infelicidade. Agora, certamente o meu marido me amará”. (Gênesis 29:32)
Lia engravidou de novo e, quando deu à luz outro filho, disse: “Porque o Senhor ouviu que sou desprezada, deu-me também este”. Pelo que o chamou Simeão. (Gênesis 29:33)
De novo engravidou e, quando deu à luz mais um filho, disse: “Agora, finalmente, meu marido se apegará a mim, porque já lhe dei três filhos”. Por isso deu-lhe o nome de Levi. (Gênesis 29:34)
Como dói ver o lamento de Lia, ela queria apenas ser amada, ser vista, ser feliz, todavia algo mudou com o nascimento do quarto filho.
Engravidou ainda outra vez e, quando deu à luz a outro filho, disse: “Desta vez louvarei ao Senhor. Assim deu-lhe o nome de Judá. Então parou de ter filhos”. (Gênesis 29:35)
É como se Lia estivesse dizendo: chega de sofrimento, chega de vergonha, chega de desprezo, pois eu tenho um Deus que me vê, que me ouve, e que me pega em seus braços de amor e promete estar ao meu lado o tempo todo “Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti”. (Isaías 49:15)
Judá, “desta vez louvarei ao Senhor”, é um brado de vitória que Lia estava dando. É como se ela dissesse: o motivo da minha alegria é o Senhor, os filhos são benção de Deus, o casamento é benção do Senhor, mas a verdadeira alegria vem do Senhor, por isso eu o LOUVAREI para sempre.
Deus abençoa Lia, tornando-a não apenas mãe de quatro filhos das doze tribos de Israel, mas a matriarca legitima da tribo de Judá, da qual descenderia o Messias, o filho de Deus.
Em toda sua vida, Lia esperou ser vista, ouvida, tocada e amada por Jacó, mas foi em idade avançada que talvez ele tenha percebido o valor da mulher que lhe tinha sido dada como esposa, e escolheu ser enterrado na sepultura da família, perto de Lia (Gn 49.31), em vez de escolher ser sepultado perto de Belém, onde Raquel estava enterrada.
A seguir, Jacó deu-lhes estas instruções: “Estou para ser reunido aos meus antepassados. Sepultem-me junto aos meus pais na caverna do campo de Efrom, o hitita, Ali foram sepultados Abraão e Sara, sua mulher, e Isaque e Rebeca, sua mulher; ali também sepultei Lia. (Gênesis 49:29-31)

Pr. Arimateia Oliveira Costa é superintendente da Convenção Goiás, da Igreja Adventista da Promessa.

Dicas da lição 1 – "A missão nasceu em Deus"

A missão nasceu em Deus

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Dicas

Reforçando a resposta da 2ª pergunta: Algum dos alunos, ao ser perguntado sobre as pessoas que Deus enviou para uma missão, seguramente apontará parte dos personagens elencados no segundo e no terceiro parágrafos do item 1 da lição. Diga que a resposta está satisfatória, mas que você deseja se aprofundar mais sobre a missão de iniciativa de Deus. Com uma caneta preta para quadro branco em mãos, faça um traço vertical mais ou menos no centro do quadro branco. Escreva, em cima e à esquerda, em vermelho, a palavra PESSOA. Escreva, do outro lado do traço, também em cima e em vermelho, a palavra MISSÃO. Agora, com uma caneta preta, inicie a lista com os personagens citados pelo aluno que respondeu a pergunta da lição e, em seguida, estimule os demais alunos a citar as pessoas que Deus chamou para uma missão na Bíblia. Escreva cada nome do personagem bíblico (válido, é claro!) à esquerda do traço e uma síntese da respectiva missão dada ao personagem à direita do traço. Faça a lista com o máximo de nomes/missões que couberem no quadro branco.

 

  • OBJETIVO: Reforçar e tornar plausível o presente ensinamento de que a missão de salvação aos homens partiu do próprio Deus.
  • MATERIAL: Prepare, previamente, um quadro branco num tripé. Tenha, também, canetas em duas cores, novas (teste-as antes), cujo uso faça com que as escritas sejam vistas por quem está nos últimos assentos da sala.

ATENÇÃO 1: Escreva em letras grandes, com letras de forma e bem legível para que o propósito de centrar a atenção dos alunos ao ensino não se transforme em gracejos ou objetivos confusos. Lembre-se: Você é o responsável pelo brilho da sua aula.
ATENÇÃO 2: Leve anotado à parte o máximo de nomes e respectivas missões para a aula. Caso seus alunos tenham dificuldades para lembrar nomes, dê dicas e ajude-os a se lembrar dos nomes que você levou anotado (não se mostre “o sábio”, “o mestre” para não inibi-los. Dê pistas, mas serão eles que terão de falar, ok?
Ilustração (Manual de instruções): Ao mencionar o item 2, “o livro da missão”, pegue o manual de instruções (vide “MATERIAL” abaixo), leia uns dois pontos da INSTALAÇÃO, leia uns dois pontos do USO DO APARELHO, leia uns dois pontos da LIMPEZA/MANUTENÇÃO, leia alguns pontos de COMO AUMENTAR A VIDA ÚTIL, leia um pedaço das CONDIÇÕES DE GARANTIA e, principalmente, leia uma parte que você considera importante sobre os CUIDADOS NO USO DO APARELHO. Após fazer a leitura, pergunte para a classe se há alguém ali que compra aparelhos eletrônicos e já começa usá-los sem ler o manual de instrução. Dê liberdade para as respostas, mas não as valorize, porque elas não têm relevância ao presente estudo. Após a manifestação, faça a seguinte argumentação: “Para instalarmos e fazermos bom uso de um equipamento eletrônico, com segurança e conhecimento pleno de todos os recursos que ele oferece, temos que ler o manual de instrução, senão ele será igual ao microondas que você tem em casa – você só o usa para esquentar a sopa” (naturalmente seus alunos se lembrarão que tem um forno de microondas com recursos nunca utilizados). Pergunte, então: “Como conhecer o Deus que está em missões? Como saber a sua vontade para as nossas vidas? Como saber qual é a nossa missão? Como saber o que fazer para cumprir a nossa missão? Como conhecer os danos pelo não cumprimento da vontade de Deus para a nossa vida?”. Diante da resposta (que surgirá naturalmente), peça para que, quem tiver uma Bíblia (o livro ou no dispositivo eletrônico), a levante (sim, todos os presentes a levantarão).

  • OBJETIVO: Evidenciar a necessidade de ler, estudar, meditar e praticar os ensinos da Bíblia Sagrada e mostrar que não há desculpas para relaxarmos no cumprimento da missão de Deus, pois a Bíblia Sagrada está acessível a todos.
  • MATERIAL: Um manual de instruções de um aparelho eletrônico que ofereça risco à saúde ou à segurança pelo mal uso (cafeteira, torradeira, ferro elétrico, furadeira, secador de cabelos, etc)

Missão da IAP: Pergunte a alguém da classe se saberia dizer, de cor, a missão da sua igreja. Se ninguém souber, peça para todos repetirem após você, a missão da IAP. Depois dê uma breve explicação sobre a missão da IAP para a atual gestão.
MISSÃO DA IAP: “Adorar a Deus, proclamar Jesus Cristo e fazer discípulos no poder do Espírito Santo.”
Material de apoio: Use os comentários adicionais, disponíveis no espaço abaixo, para complementar a aula.

Comentários Adicionais

  1. A origem da palavra missão
    “A palavra ‘missão’ vem originalmente da doutrina da Trindade. Deriva- -se do vocábulo latino missio, que signi ca ‘enviar’. Era a palavra que os cristãos usavam para se referir ao envio do Filho e do Espírito ao mundo. Somente no Século XVI é que os cristãos começaram a usar o termo para descrever o ato de enviar pessoas para difundir o evangelho. A missão da igreja tem suas raízes no caráter missionário do Deus trino […] Criou um mundo. Amou-o e continua amando-o, mesmo depois que esse mundo o rejeitou. Deus veio redimir seu mundo na pessoa de seu Filho e mediante o envio de seu Espírito”. (Chester, Tim. Conhecendo o Deus trino: porque Pai, Filho e Espírito Santo são boas novas. Tradução: Elizabeth Gomes. São José dos Campos, SP: Fiel, 2016. p. 167-168).
  2. O tema fundamental da Bíblia
    “A missão é o tema fundamental da Bíblia; faz tanto sentido falar da base missional da Bíblia quanto da base bíblica da missão […] A rmar que ‘o tema fundamental da Bíblia é a missão’ não quer dizer que devemos buscar algum signi cado evangelístico em cada versículo. Estamos nos re- ferindo a algo mais profundo e amplo em relação à Bíblia como um todo”. (Wright, Christopher J. H. A missão de Deus: desvendando a grande nar- rativa da Bíblia. Tradução de Daniel Hubert Kroker, Thomas de Lima. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.27, 29).
  3. Hermenêutica missional
    “Uma hermenêutica missional da Bíblia começa com a própria existên- cia da Bíblia […] o cânon inteiro das Escrituras é um fenômeno missional, no sentido de que é testemunha do movimento desse Deus que se doa à própria criação, bem como de nós, seres humanos criados à imagem de Deus, mas errantes e iníquos. Os próprios livros que gora compõe a nossa Bíblia são o resultado e o testemunho dessa missão suprema de Deus”. (Wright, Christopher J. H. A missão de Deus: desvendando a grande nar- rativa da Bíblia. Tradução de Daniel Hubert Kroker, Thomas de Lima. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.47).
  4. Deus missionário
    “A missão cristã tem suas raízes na natureza do próprio Deus. A Bíblia o revela como um Deus missionário (Pai, Filho e Espírito Santo), que cria um povo missionário e que está trabalhando para a consumação missio- nária. […] Nós dizemos que temos fé em Deus? Ele é um Deus missioná- rio. Dizemos que estamos comprometidos com Cristo? Ele é um Cristo missionário. Declaramos estar cheios do Espírito Santo? Ele é um Espírito missionário. Nós nos deleitamos em pertencer à igreja? Ela é uma socie- dade missionária”. (Stott, John. Ouça o Espírito, ouça o mundo. Tradução de Silêda Silva Steunargel. São Paulo: ABU, 2005, pp. 363,375).