Há uma linha divisória entre prudência quanto ao futuro e antecipação paralisante
“Por isso, não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades” (Mt 6.34)
Porque temos tanta preocupação com o futuro? Quando Deus, no princípio criou este mundo, a Bíblia diz que “Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom” (Gn 1.31). Mas sabemos que nosso adversário é implacável, ele não se importa com os métodos que emprega, desde que possa nos abater e fazer com que muitos desacreditem da obra de Deus. A obra da criação – perfeita – sofreu ataque de um ser determinado em arruinar e destruir aquilo que Deus considerou “muito bom” e se concentrou na obra suprema de Deus – o homem. Diante da queda do homem, Deus estrategicamente não pôs um ponto final na história da humanidade, mas propôs um plano infalível da redenção, pelo qual enviou seu filho, Jesus, a este mundo, e O entregou à morte de cruz. O homem pecaminoso e caído passa a ser redimido e restaurado pelo grande e sublime amor de Deus.
O propósito do adversário é deprimir, abater e dar a impressão de que a salvação é algo inatingível por conta da fragilidade humana, que sabe que é pecadora. Porém, quando o homem tem consciência e aceita que Cristo morreu por Ele e o perdoou de todos os seus pecados, ele vive uma verdade libertadora, porque ele deixa de se concentrar nas coisas secundárias e procura águas mais profundas para seguir sua jornada espiritual.
Entretanto, devemos considerar que o nosso adversário não se dará por vencido e muda de estratégia, abatendo vidas que sofrem por medo do futuro – prevêem um futuro negativo, acreditam que o pior irá acontecer, desconsideram a possibilidade de outros desfechos; ou ainda, estabelecem fatos, crendo e antecipando problemas que talvez nem venham a acontecer e por fim questionam e sofrem por escolhas futuras de uma forma tão intensa, que desencadeiam reações emocionais no organismo devido à tensão, ao nervosismo e às preocupações, resultando até no aumento da frequência cardíaca, respiratória, presença de tremores e perda de sono, entre outros.
A forma como cada um percebe sua fragilidade é muito mais importante que o próprio desafio. Essa leitura dos sentimentos é o que vai ditar as reações diante das experiências, sejam elas simples ou complexas.
Muitas pessoas temem o futuro por conta do seu temperamento. Enquanto existem algumas autoconfiantes e seguras, que parecem não ter medo de nada, existem outras que somente com grande insistência podem ser persuadidas a falar em público. Outras pessoas temem o futuro preocupadas com a natureza da tarefa que terão que enfrentar, consideram uma missão dificílima e têm medo de falhar com Deus. E há também aqueles que têm um medo indefinido, muitas vezes imaginários.
Nós temos que ter consciência da existência de uma linha divisória entre prudência legítima quanto ao futuro e antecipação paralisante.
As escrituras nos ensinam “… não vos preocupeis com o dia de amanhã” e ainda “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça” (Fl 4.6). Isso quer dizer que devemos tomar providências, sim, mas dentro dos limites da razão, e depois devemos descansar. Ainda que seja certo pensar sobre o futuro, está errado ser controlado por ele pois isso causaria ansiedade e preocupação paralisante.
Como percebemos, é uma perda de tempo nos preocuparmos com o passado que não pode ser mudado, contudo, é igualmente errado nos preocuparmos com o futuro que somente Deus sabe, por conta da sua onisciência. Então, vivamos o hoje ao máximo, compreendendo o que Deus fez por nós, o que Ele ainda está fazendo por nós e o que Ele fará por nós no percurso dessa caminhada. Ao recebermos o Espírito Santo de Deus podemos contar com sua ação poderosa de proteção e orientação que nos dará garantia da sua companhia e de dar um passo de cada vez sem medo, mas com segurança!
Que o Senhor seja glorificado por meio de nossas atitudes. “Pois, Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” (2 Tm1.7)
Dsa. Zildeli F. Carmo Del Pozzo congrega na IAP em Vila Kellen (Campo Grande – MS) e atua no Ministério de Vida Pastoral (MVP) – Convenção Sul Matogrossense