Ao escrever para os tessalonicenses (1 Tessalonicenses 4:13-18), o apóstolo Paulo deixou uma das passagens mais consoladoras das Escrituras para os que morrem na esperança da ressurreição pela fé em Cristo. Analisando o discurso de Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, podemos entender pontos importantes sobre a relação do cristão com a morte.
1. A condição dos mortos em Cristo
“Irmãos, não queremos que vocês ignorem a verdade a respeito dos que dormem, para que não fiquem tristes como os demais, que não têm esperança” (1 Tessalonicenses 4:13). Ao falar sobre a morte dos justos, Paulo usa a metáfora do sono, uma imagem também empregada por Jesus ao dizer que Lázaro, morto, seria despertado do sono (João 11:11-14).
Essa metáfora do sono não se refere a um estado consciente; ela implica em um estado de inatividade completa. Segundo as Escrituras, a morte não é um estado de consciência no céu ou no inferno, mas sim um sono inconsciente, sem comunicação com os vivos (Eclesiastes 9:5-6). Por outro lado, Paulo ensina que quem morre em Cristo será despertado no dia da ressurreição dos justos — a bem-aventurada ressurreição, que será uma realidade.
2. O fundamento da ressurreição
Paulo destaca que, para o cristão, o luto é vivido com a esperança da ressurreição. Diferente de crenças como a reencarnação, que pressupõem múltiplas identidades ao longo do tempo, na fé cristã, nossa identidade é preservada. Aquele que morreu crendo no Salvador ressuscitará como ele mesmo, e não como outro. A base para essa esperança é a própria ressurreição de Jesus: “Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, na companhia dele, os que dormem” (1 Tessalonicenses 4:14).
3. A esperança cristã (1 Tessalonicenses 4:16-17)
“Porque o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.”
A ressurreição dos mortos é fundamentada na ressurreição de Cristo, que venceu a morte. Ela será completada no retorno do Senhor, quando, primeiro, os mortos em Cristo ressuscitarão em um corpo glorificado semelhante ao de Cristo ressurreto (Filipenses 3:21). Depois, os que estiverem vivos serão transformados. Esse evento, descrito como “redenção do nosso corpo” (Romanos 8:23), é o primeiro sinal da restauração completa da humanidade, seguido pela renovação da criação (Romanos 8:19-22).
4. A empatia com os que sofrem
“Portanto, consolem uns aos outros com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4:18). Ao lembrar a ressurreição futura, Paulo também volta sua atenção para as dificuldades do presente. A esperança cristã não é apenas uma promessa futura; é um bálsamo que conforta e fortalece os que enfrentam o luto hoje.
Paulo usa a palavra grega “parakaléō” (consolem), que pode ser traduzida como “chamado para estar ao lado”, reforçando que devemos nos apoiar mutuamente em tempos de luto. Consolar é lembrar aos enlutados que os mortos em Cristo ressuscitarão e que o reencontro é possível para aqueles que mantêm a fé em Cristo. Assim, o consolo também é um convite para crer na volta de Jesus e na ressurreição dos santos.
Texto: Andrei Sampaio | APC Jornalismo.