A dependência da tecnologia: ‘Black Mirror’ mostra um futuro não tão distante

Até onde vai o nosso fascínio (e submissão) pela tecnologia? Até onde podemos tornar a vida ir (real)?

 

Você se considera dependente da tecnologia? Talvez sua resposta imediata seja não. Afinal, você não vive com um chip implantado na cabeça — ainda. Não tem um robô que prepara seu café e muito menos uma IA que dita cada passo do seu dia. Mas talvez a primeira coisa que você toque ao acordar seja o seu celular. Talvez você já tenha sentido ansiedade por não saber onde ele estava. Talvez já se sentiu estranho, sem uma rede Wi-Fi ao alcance em algum lugar? Talvez você precise de um aplicativo que limite o tempo que você passa em outros aplicativos. Já pensou nisso? Será que não estamos, pouco a pouco, nos tornando reféns? O mais recente episódio da série Black Mirror, que estreou 3 de abril com a sétima temporada, nos joga esse questionamento na cara com uma brutalidade desconfortável.

 

LEIA MAIS: 

‘Adolescência’: pequenos adultos, grandes consequências! 

‘A substância’, o Oscar e o mercado do descarte 

 

BLACK MIRROR: UM ESPELHO ESCURO DO NOSSO FUTURO

Para quem ainda não conhece, Black Mirror é uma série britânica criada por Charlie Brooker. Sua proposta é simples — e perturbadora: explorar futuros distópicos nos quais a tecnologia deixou de ser uma ferramenta neutra para se tornar um espelho dos nossos piores impulsos e vícios. As séries contem episódios fortíssimos, outros que são mais sensíveis, mas certamente, todos em alguma medida desconfortantes. Cada episódio apresenta uma narrativa única, com personagens e contextos diferentes, mas sempre orbitando uma mesma inquietação: até onde vai o nosso fascínio (e submissão) pela tecnologia? Até onde podemos tornar a vida ir(real)?

 

“PESSOAS COMUNS”: UM FUTURO MUITO PRÓXIMO

O primeiro episódio da nova temporada — “Pessoas Comuns” — é um retrato ácido e preciso da nossa geração. Somos apresentados a um casal comum, porque? Porque a vida é assim, não é? Feita de pessoas comuns, como eu e você! Aliás, uma história é sempre mais impactante se conseguimos nos colocar no papel dos personagens.

A protagonista, Amanda, tem sua vida comum de professora de Biologia, interrompida abruptamente, por uma notícia de um tumor cerebral. Ela é casada com Mike, um metalúrgico esforçado e amoroso, que é surpreendido com o diagnóstico. Sem saída, ele precisa decidir se aceita ou não, colocar a vida de sua esposa nas mãos da tecnologia, e se aceita os termos e condições para isso, que ironicamente, nunca lemos não é mesmo?

A crítica é visível nesse futuro distópico: nossa pessoalidade ou aquilo que nos distingue, nos individualiza, se perde para se manter o que é artificial, genérico. E o mais assustador: esse não é um cenário de ficção científica distante. Há abelhas robóticas ali, sim. Mas o cenário é de um futuro tão próximo que parece apenas amanhã.


NOMOFOBIA, NPCs E UMA SOCIEDADE FABRICADA

Não é apenas ficção. Já vivemos em um mundo onde pessoas manifestam sintomas graves ao se verem sem celular (nomofobia). Onde adolescentes ganham milhares de dólares se comportando como personagens de videogame em lives de “NPC”. Onde é preciso instalar aplicativos para trancar o acesso a outros aplicativos. Vivemos num mundo de perigo “real”, onde a dependência tecnológica já deixou de ser um risco futuro. É o presente. De onde vem em casos extremos, o suprimir a própria vida, quando a imagem pública foi manchada, ou comprometida? Do rompimento do fino tecido que separa nossa sociedade do real e virtual.

CEGUEIRA COLETIVA

A Bíblia fala sobre isso. Paulo escreve que “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos” (2Co 4:4). Em outra carta, ele diz que estão “obscurecidos no entendimento, separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão” (Ef 4:18). Vivemos, sim, uma cegueira coletiva e global. Bem mais assustador que uma pandemia de vírus, é uma epidemia de cegos optativos. E se o deus deste século estiver nos nossos bolsos? Se for aquele que dorme ao nosso lado, sabe nossas senhas, escuta nossas conversas, controla nossos desejos e tempo? Já pensou nisso? Já pensou em como esse deus, trabalha na surdina? Como te recomenda mais e mais conteúdo? Mais e mais, produtos iguais? Assuntos referentes?

Isso entrou no nosso dia-a-dia. O ponto não é demonizar o que utilizamos todos os dias, e que facilitou (e muito) nossas demandas. Não! Claro que não. O ponto é sobre o quão artificial nos tornamos por conta disso? Qual foi a última vez que você simplesmente, ligou para alguém, sem precisar mandar um zap antes perguntando? Celular servia para isso não? Quando mudou? Melhor… quando mudamos?

TECNOLOGIA COMO DEUS, MAS NÃO COMO SALVADOR

No episódio, Amanda, passa a depender de um “serviço de assinatura para um backup de consciência em nuvem”. No início, a tecnologia lhe devolve a vida. Mas a série é incrível! Veja o detalhe, na conversa para vender o serviço para Mike, o esposo, a consultora de vendas diz categoricamente: “O produto lhes dará tempo”. Bingo! Pois, quando a tecnologia é retirada, a protagonista desaba. Sem sua assinatura premium, ela não sabe quem é, o que fazer, como viver. Ele, diante da tragédia de manter um serviço caro demais, ou melhor, de pagar um preço alto demais, cede ao mesmo sistema que enojou. A verdade é: quando colocamos nossa vida em algo que pode falhar, ser desconectado ou reiniciado, estamos perdidos. Como disse o criador da vida (Jesus): “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8:36)

ABELHAS ARTIFICIAIS E HUMANOS DE SOFTWARE

As abelhas robóticas presentes no início do episódio simbolizam algo ainda mais profundo. Um artifício para nos situar num futuro ligeiramente longe para que a história seja possível, mas próxima o suficiente para nos arrepiar na reflexão. O desaparecimento das abelhas em nosso mundo real já é uma crise ambiental silenciosa¹, mas aqui, elas representam uma substituição: se não há mais natureza, que se fabrique uma.

Se não há mais vida, que se invente uma. Se não há mais lucidez, criamos inteligência artificial. Se não há mais calor humano, entregamos reações automáticas e automatizadas. O real pelo sintético. Mas quando tudo é simulado, o que ainda é real? O que ainda é humano? A resposta bíblica é clara: somos formados do pó, mas o que nos dá vida é o fôlego de Deus (Gn 2:7). O que nos diferencia da inteligência artificial não é o corpo, mas a alma. Somos pó, sim. Mas pó com alma. Pó com fôlego de Deus.

 

A VERDADEIRA LIBERDADE É… UM RESET.

Black Mirror raramente dá esperança. Mas o Evangelho dá. E não em forma de curtidas ou seguidores — mas de redenção. Quer liberdade de verdade? Então prepare-se pra um choque de sistema. Porque Paulo nos assegurou aconselhou que: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês.” (Rm 12:2).

No fim, uma única pergunta importa: Qual, é o preço da vida real?

A resposta é clara: ela não tem preço. Vida de verdade não cabe num app. Porque a vida, como vida deve ser vivida, custa um preço caro demais. E a cruz continua sendo o lembrete mais real de que viver… vale a pena.

Desligando em 3… 2…

Gustavo Rocha | Casado com Bruna e pai de Samantha e Tito; Pastor de jovens na Promessa Cosmópolis; Trabalha como produtor de conteúdo audiovisual na APC para a TV Viva Promessa; Estudou cinema e ama cinema desde criança.

1 BBC News Brasil. (9 de junho de 2017). "Por que as abelhas estão desaparecendo e como isso afeta a humanidade". Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-40220606. Acesso em: 10 de abril de 2025.

Amizade em Cristo: adolescentes decidem se batizar durante discipulado

No dia do batismo, outros três jovens decidiram iniciar estudos em preparação para o batismo, além de outro que recentemente aceitou a Cristo.

 

Dois adolescentes de 12 anos, durante seu discipulado, decidiram juntos que era hora de descer às águas, a confissão pública da fé em Cristo. João Pedro de Sousa Freitas e Micael Sampaio Rangel do Nascimento tomaram uma decisão que emocionou suas famílias e inspirou toda a igreja. No fim da manhã de domingo (06), na Cachoeira Guapimirim (RJ), viveu-se um momento inesquecível para a história da Igreja Adventista da Promessa de Caxias: o batismo nas águas dos dois amigos.

 

A cerimônia, emocionante, foi realizada pelo Pastor Alex Freitas, com o auxílio da Diaconisa Ester Freitas e do Irmão Joezer Rangel. Micael, que desceu às águas, relatou sua alegria: “Foi maravilhoso. Vimos o cuidado de Deus em todos os detalhes. Foi incrível!”. O impacto foi tão grande que três novos jovens decidiram iniciar o estudo para o batismo e um irmão, que aceitou Jesus recentemente, também ingressou na classe de discipulado.

Oração e resposta

Antes, porém, deste dia, quando a data do batismo se aproximava, surgiram chuvas intensas e alertas de risco em todo o estado do Rio de Janeiro. Muitas áreas ficaram alagadas e as regiões de cachoeira, onde o batismo seria realizado, estavam sob alerta de deslizamento. Foi então que João Pedro, cheio de fé, disse ao pai: “Não vamos cancelar. Vamos orar. Elias orou e não choveu. Nosso Deus é poderoso!”.

Diante dessa fé, o Pr. Alex se animou. Pai e filho passaram a consagrar juntos. Micael se uniu ao propósito, e toda a igreja abraçou a causa. Foi uma semana de jejum, oração e perseverança. Nada poderia parar a Igreja de Cristo. E Deus, como sempre, foi fiel: mesmo com o céu fechado, no momento do batismo a chuva cessou, permitindo que tudo acontecesse em perfeita paz.

 

Formação e discipulado

A formação de João Pedro e Micael foi com base na Bíblia e na série de livros Trilho do Discipulado, publicada pela Editora Promessa, que tem servido à igreja local como ferramenta eficaz para o ensino e preparação dos novos convertidos rumo a uma vida firmada em Cristo. Além do ensino doutrinário, as famílias dos batizados também tiveram participação ativa nesse discipulado. 

O irmão Joezer, por exemplo, desejava acompanhar o filho, Micael, até as águas. Quando o Pr. Alex soube desse desejo e, com aprovação do conselho da igreja, diante da convicção bíblica de que levar pessoas na cerimônia não está limitado aos oficiais da igreja, autorizou que Joezer conduzisse o filho até o pastor para a realização do batismo, além disso, o pai tem dado bom testemunho em casa para o batizado.

 

Texto: Agência Promessista de Comunicação (APC). 

Com informações: Comunicação Convenção Rio de Janeiro. 

Fotos: Promessa Caxias.