Por que guardamos a Lei?
Um dos debates mais tênues e sensíveis do promessismo é o referente ao papel da Lei na vida cristã. Revisitando nossa história, encontramos pastores, como o nosso fundador João Augusto, com a convicção de que salvos, devemos “andar conforme a luz que recebemos”. Ou seja, nosso debate histórico sobre o assunto não se deteve no início de “nossa” denominação, sobre a origem de nossa salvação (justificação), unicamente baseada na graça de Cristo, mas, em falar do “pós-salvação” inicial, como escreveu Elben Cézar, a “salvação do meio”, que a Bíblia chama de santificação.
Como grande parte das pessoas que iniciaram o promessismo estavam descobrindo uma igreja sabatista e pentecostal, vindos dos adventistas, mas também, assembleianos, presbiterianos, entre outros, foram tomados de uma dedicação mais sobre a Lei e sua obrigatoriedade aos cristãos, do que de outros temas. Com o passar dos anos, tivemos excessos neste item. A ponto, de alguns frisarem tanto os mandamentos, que a graça parece ter sido “escanteada”.
Como quase consenso, nos últimos anos, temos tido uma reflexão mais pormenorizada da graça. Nossa Soteriologia (doutrina da salvação) foi aprofundada, clarificada e mais estudada. Mas, graça que se preze não tira a Lei da arena da vivência cristã, pelo contrário, torna-a um desejo de vida do salvo. Fomos, em muitos casos, para o outro extremo. Temos então, a necessidade de responder algumas perguntas históricas no promessismo, entre elas a seguinte: se a Lei não salva, com destaque ao sábado, por que guardar? Podemos até acrescentar a abstinência, outra doutrina bíblica e peculiar nossa. Bom, basta-nos compreender, que a salvação toda se conquista pela fé no sacrifício do Senhor e não em nossas obras.
Como disse os apóstolos: cremos que somos salvos pela graça, pela fé em Jesus (At 15.11). A origem da nossa salvação não se paga com obras imperfeitas feito por nós, mas, pela vida de Jesus. Porém, não devemos nos esquecer do propósito da salvação. Segundo Paulo, fomos predestinados para as boas obras (Ef 2.10). Cristo nos salvou, para sermos zelosos e um povo de boas obras (Tt 2.14) Ou seja, a graça salvadora nos educa para viver conforme o Senhor que nos salvou (Tt 2.11-12). As doutrinas do sábado e da abstinência certamente não nos salvam, mas, nos fazem demonstrar na vida que somos salvos e comprometidos com o Salvador. A pergunta que fica é: “mas, e os outros cristãos que não as guardam?” Bom, cada um há de comparecer diante do tribunal de Cristo, inclusive nós que guardamos (2Co 5.10). Nossa maior preocupação deve ser em obedecer em amor, e como disse o pastor João Augusto: “não retroceder na luz que recebemos.”.
Ms. Andrei Sampaio Soares é colaborador do Departamento de Educação Cristã da IAP e articulista do Além Blog (www.alemblog.com.br)