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Violência contra a mulher: rompendo o ciclo

Nenhuma forma de violência é aceitável, seja contra homens, mulheres, jovens ou crianças; aconteça por conta da cor da pele, da etnia, do grupo social, da religião ou questões de gênero.  Porém, a violência praticada contra a mulher tem um contorno diferente: na maioria das vezes ela é praticada pelo simples fato da vítima ser mulher.  Embora esse tipo de violência seja muito comum, há mulheres que dizem nunca ter passado por ela, possivelmente tendo em mente a violência física. Muitas não se dão conta das agressões que sofrem todos os dias e que passam despercebidas de tão naturalizadas que são em nossa cultura.
Difícil imaginar uma mulher que, na rua ou num coletivo, não tenha passado alguma vez pelo constrangimento de uma “mão boba” – quando não outra parte do corpo -, um gesto obsceno ou um xingamento direcionado, na maioria das vezes,  à sua moral; que nunca tenha recebido um convite sexual fora de propósito ou dito sim quando queria dizer não. Felizes aquelas que passam a vida sem ter que ouvir caladas, piadas ou supostas brincadeiras desmerecendo sua inteligência, banalizando seu corpo ou questionando sua dignidade; que não tiveram que abrir mão dos estudos ou da carreira em benefício de um familiar do sexo masculino, ou que não foram desqualificadas no trabalho em função de seu gênero.
Dentre outras coisas, nos acostumamos à ideia de que a mulher deve assumir a maior parte, se não todas as tarefas domésticas, “porque é coisa de mulher”. Diferente dos homens, aprendemos desde cedo que o sacrifício pessoal pelo bem de todos é uma virtude e que para não provocar discussões, devemos nos calar ou assumir culpas que não são nossas.   Não é raro ouvirmos que precisamos nos acostumar com a ideia de que o sexo no casamento pode ser uma imposição e não necessariamente uma dádiva.
Precisamos nos conscientizar de que situações como essas parecem banais para alguns, contribuem para o ciclo de violência que se perpetua contra a mulher, e que em casos extremos, pode custar sua própria vida. Ao contrário do que mostrou um clipe gospel recente, diante de uma agressão, devemos incentivar a mulher a buscar a proteção na Lei, em vez de induzí-la a se calar, contornar a situação ou mudar sua conduta para amenizar o problema.
Podemos lutar por direitos, esperar por aperfeiçoamentos nas leis, que já trouxeram grandes avanços. Podemos ainda trabalhar por mudanças na mentalidade dos homens e da sociedade, mas se queremos viver transformações profundas em relação à violência contra a mulher, precisamos urgentemente aprender a reconhecer e nos defender de suas diversas formas.   É também fundamental que repensemos o modo como nos vemos e nos colocamos nos relacionamentos, como tratamos e julgamos outras mulheres, e principalmente, como ensinamos nossos filhos e filhas sobre o que é ser mulher.
Romi Campos Schneider de Aquino, mãe do Henrique e do Davi, é psicóloga, auxilia seu marido Luciano no pastorado das Igrejas Adventistas da Promessa de Ana Terra e Monte Castelo, em Colombo -PR e integra a equipe do Ministério Vida Pastoral Geral da IAP.
 

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