Negar o percurso natural da vida, querendo manter-se jovem a todo custo, gera uma sociedade doente
“Desejei fazer tantas coisas quando era jovem… Daqui a pouco faço 30 anos e isso me assusta. A vida passa muito depressa.” (Sandy Lima, cantora) *
Nunca tive problemas em revelar a minha idade ou com o fato de envelhecer. No entanto, fiquei perplexa e chocada quando cheguei aos meus quarenta anos, e, sentindo-me no auge de minha vida produtiva conversava sobre isto com uma pessoa que, recentemente, passara dos 40 e ela me disse: “Sendo otimistas, já vivemos a primeira metade de nossas vidas: agora, entramos na metade final”. Confesso que por alguns dias, essa afirmação ficou martelando em minha cabeça.
Tempos depois, li uma reportagem que mostrava a tendência de algumas mães de compartilharem do guarda-roupa de suas filhas adolescentes, sendo que o texto destacava que o gosto jovial nem sempre está em sintonia com outros aspectos da idade dessas mães.
Pode não ser fácil para a maioria de nós, que chegamos aos 40, encarar a realidade de estarmos possivelmente na metade de nossas vidas (Deus permita que eu chegue ao dobro do que tenho hoje!) e de que algumas roupas talvez não combinem mais conosco, mesmo que ainda sirvam em nosso corpo. Talvez porque isso nos obrigue a depararmo-nos com um fato: todos estamos envelhecendo, em ritmos ou em estágios diferentes e esta trajetória é inevitável.
Nossa pele pode ser bem tratada e esticada, mas jamais será viçosa como aos 15 ou 20 anos de idade. Nossos cabelos alisados e tingidos podem disfarçar a brancura, mas não a falta de maciez e brilho de um cabelo jovem. Um corpo malhado ou esculpido a bisturi pode manter-se atraente, mas não apresenta o mesmo frescor e vitalidade de 20 anos atrás. Sabemos disso, mas ainda assim, somos frequentemente tentados a fugir do envelhecimento e a mascarar, de alguma forma, nossa idade real. Exercícios, cremes, vitaminas, plásticas, roupas: fazemos de tudo para encontrar a fonte da juventude eterna.
O lado bom é que a ciência e a indústria se empenham cada vez mais para colocar a nossa disposição recursos que retardam alguns efeitos indesejáveis do envelhecimento e mantêm a aparência jovem por mais tempo. Com certeza devemos usufruir de todas as possibilidades de envelhecer com mais saúde e, porque não, com mais beleza?
O que não podemos é negar o percurso natural da vida! Esta negação gera uma sociedade doente, que despreza seus idosos e que não admite envelhecer, no máximo, entrar na “melhor idade”. E o que dizer daqueles que mais se deprimem do que se alegram por se tornarem avós?
Creio que, muitas vezes, o desprezo que sentimos por nossos velhos pode tentar mascarar o desprezo que sentimos pelo que seremos, inevitavelmente, amanhã.
Os cientistas dizem que manter uma atitude positiva diante da vida contribui para a saúde e a longevidade. Há milhares de anos, o sábio Salomão afirmava em Provérbios 15:13 que “um coração alegre deixa o rosto bonito”, demonstrando que a alegria de viver é um poderoso antídoto contra os sinais do envelhecimento.
Correr atrás dos anos que estão passando é como “correr atrás do vento” (Ec 2:17). Não podemos alcançá-los, pois eles “passam muito depressa”.
Precisamos estar atentos para não deixar que o a neurose da passagem do tempo nos assuste e nos prive da gratidão e alegria de viver cada momento de nossas vidas como único, como verdadeiro presente de Deus, enquanto temos tempo.
* Portal IG – 14/05/2011
Romi Campos Schneider de Aquino, psicóloga, é diaconisa na IAP em Curitiba (PR).
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