Tragédia no Rio de Janeiro nos ensina a refletir em qual andar estamos
Silêncio, perplexidade, angústia, desespero, solidariedade, súplica etc. Essas são algumas possíveis reações da sociedade diante de tragédias. No último dia 25 de janeiro, no centro da cidade do Rio de Janeiro, três prédios desabaram vitimando algumas pessoas. As minhas reações foram semelhantes as citadas. Porém, chamou-me mais atenção uma declaração do Cabo Pinho, um dos primeiros bombeiros a chegar ao local: “Eu escutei uma voz, um cidadão falou: ‘eu estou no sexto andar, eu estou no sexto andar’. E eu olhando não achava nada. Só que eu estava em cima dele. Ele tocou no meu coturno e falou: ‘eu estou aqui; eu estou no sexto andar; você está em cima de mim’. Eu disse: amigo você está no primeiro andar.”
Após ouvir essas palavras, pelo Jornal Hoje, da Rede Globo, foi inevitável não pensar na falsa impressão que as pessoas têm de estarem por cima de tudo e todos. De fato, a vítima estava no sexto andar antes do desabamento, mas, não percebeu o quanto havia caído. Talvez tivesse sentido apenas um tombo. Ledo engano.
Deixe-me aprofundar e esclarecer um pouco mais. Na maioria das vezes, em tragédias, foca-se o fato em si, mas, penso que se deve observar as pessoas, suas atitudes e comportamentos corriqueiros. Havia um prédio em que funcionavam escritórios de advocacia e contabilidade, além de uma empresa de informática. Pessoas indo e vindo cuidando de suas vidas; resolvendo questões burocráticas; procurando crescer profissionalmente. A maioria teve a oportunidade de estudar em uma faculdade e ter um bom emprego. Se não estavam “por cima” sonhavam estar. Quero dizer que, às vezes, pensavam estar seguras e inatingíveis. E se acontecesse algum imprevisto, consideravam como um pequeno baque, mas, não o suficiente para derrubá-las.
Estamos vivendo, de novo, a Torre de Babel, no sentido de arrogância e prepotência (Gn 11:1-9). As pessoas querem atingir o inatingível; afetar o inabalável; chegar ao inalcançável; ver o invisível; chegar a Deus. Essas pessoas devem saber que estão no “primeiro andar”. Devem reconhecer a situação caótica em que estão vivendo e pedir, urgentemente, socorro. O Senhor Deus é especialista em fazer levantar “do pó o desvalidoe do monturo,o necessitado,para o assentar ao lado dos príncipes…” (Sl 113: 7-8).
Porém, a falsa impressão de superioridade e independência não é um “privilégio” apenas das pessoas fora da igreja. Laodiceia, uma das sete igrejas da Ásia Menor, atual Turquia, era arrogante: “Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta…” (Ap 3:17). Essa comunidade cristã vivia a falsa impressão de estar por cima. Se por um lado os não-crentes querem chegar a Deus, por outro, a igreja quer tomar o lugar de Deus. Atribui a si mesma obras, sinais, milagres, misericórdia, perdão, salvação, soberania, justiça que não lhes pertencem.
É tempo de reconhecimento: “não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3:17). Já é hora de se arrepender e voltar à submissão e dependência de Cristo Jesus, o Senhor da igreja: “aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas” (Ap 3: 18). Sabe qual o motivo desse conselho? É simples: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te” (Grifo do autor) (Ap 3:19) .
A igreja precisa ouvir e abrir as portas para que seu Supremo Senhor entre: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3:20). Além disso, só há uma maneira legítima de estar por cima, ou seja, assentar no trono: “Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono” (Ap 3:21). É dele que procede a vitória e o consentimento para a exaltação. Portanto, “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 3:22). E para quem insiste em tapar os ouvidos e achar que está no “sexto andar”, o Cabo Pinho continua alertando: “amigo você está no primeiro andar”. Que Deus nos livre.
Alex S. C. Rodrigues é missionário da I.A.P em Salvador-BA.
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