Tempo para tudo – amar e odiar
Os primeiros versículos de Eclesiastes 3 nos ensinam muito. Ensinam que o tempo não está à deriva. Há tempo para todas as realizações. E esse tempo existe por que há um “Senhor” atemporal que governa tudo e todos, pois diante dele estão nítidas tanto a eternidade passada como a eternidade futura (Sl 90.2). Este “Senhor do tempo” é Deus (Pai, filho e Espírito Santo). Assim, a vida nunca é estática. Ela se recusa estar parada em seus diferentes ritmos de atividades. As estações mudam. As marés mudam. As circunstâncias mudam como numa roda gigante, onde o posicionamento é temporário. Às vezes, as situações são por ações nossas, outras por reações.
Desta forma, há “tempo de amar e tempo de odiar” (Ec 3.8). Comecemos por tempo de amar. Amar é bom. João escreveu que quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor (1 Jo 4.8). Amar anuncia Deus, cuja essência é amor. Quando amamos a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos, cumprimos toda a lei (Mt 22.37-40). Em 1 Coríntios 13 temos um tesouro chamado amor. Quando estamos enriquecidos dele, nossas palavras excedem a linguagem dos homens e dos anjos, o dom de profecia, o conhecimento de todos os mistérios, a expressão do maior ato de fé e a maior das doações. Porque o amor é fonte de paciência, de bondade, de humildade, de gentileza, de perdão, de coisas boas. É como uma armadura que suporta todo o impacto da vida, todo sofrimento, toda descrença e toda a espera. É a maior prova de maturidade cristã. Maior que a fé e a esperança. Começa na terra e continua na glória.
Quando falamos de amor, não podemos esquecer a maior demonstração de amor da história, quando o Pai entregou o Seu único Filho na Cruz por nós (Jo 3.16), fazendo dele nosso modelo de vida.
Mas, e o “tempo de odiar”? Prestemos atenção: Deus não está mandando ou dando liberdade para odiarmos gratuitamente as pessoas. Jesus nos manda amar a todos (Jo 13.34), até mesmo os nossos inimigos (Mt 5.44). No entanto, há muitas coisas que até mesmo Deus odeia, por exemplo:
– Deus odeia pesos falsamente definidos para enganar o próximo – Dt 25.13-16.
– Deus odeia as mãos que derramam sangue inocente – Pv 6.16,17.
– Deus odeia aqueles que justificam os perversos e condenam os justos – Pv 17.15.
– Deus odeia o divórcio – Ml 2.16.
Então o “tempo de odiar” de Eclesiastes 3 é o de odiar as coisas erradas e não as certas e boas, estabelecidas por Deus para o nosso bem.
Amemos a todos incondicional, sacrificial e espiritualmente. E se tiver que odiar, que seja como os irmãos de Éfeso que odiavam os falsos ensinos dos nicolaítas e que receberam, por isso, um elogio do próprio Cristo (Ap 2.6)
Pr. Elias Alves Ferreira reside em Curitiba (PR) e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral.