Correr para os braços do Pai é sempre a melhor decisão
O evangelho de Lucas é diferente. Ele dá um destaque especial àquelas pessoas que a sociedade desprezava. Lucas mostra que Jesus veio para buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19:10). Isso incluía publicanos, pecadores, pobres, ricos, judeus, samaritanos, gentios, homens, mulheres, etc.
Um dos capítulos-chave deste evangelho é o 15. Nele, Jesus conta três parábolas que expressam as mesmas verdades, através de figuras diferentes. A ovelha perdida, a moeda perdida e a parábola do filho perdido. Todas elas falam do amor de Deus pelos perdidos. Em todos os casos, sem exceção, os que estavam perdidos eram considerados preciosos.
Mas vamos refletir sobre a parábola do Filho Pródigo. Eu não sei você já ouviu uma pessoa dizendo: “eu era feliz e não sabia”. Talvez fosse essa palavra que veio à mente deste filho, mas o que realmente é ressaltado em seu coração fora o amor de um pai.
Esta parábola, nos faz pensar em pelo menos três atitudes que devemos fazer para se levantar.
1. Abrirmos os olhos para o amor do pai.
É claro que esse pai humano ilustra a atitude do Pai para com os pecadores que se arrependem: ele é rico em misericórdia e graça, e grande em amor por eles (Ef 2:1-10). Tudo isso é possível por causa do sacrifício de seu Filho na cruz.
Vamos ler novamente o versículo 17. “E caindo em si ele pensou…” Se o rapaz tivesse pensado apenas em si mesmo – na fome, na saudade e na solidão teria entrado em desespero. Mas suas circunstâncias difíceis o ajudaram a ver o pai sob outra ótica, e isso lhe deu esperança. Se o pai era tão bom com os servos, talvez se mostrasse disposto a perdoar um filho. É a bondade de Deus, não apenas a maldade do homem, que nos conduz ao arrependimento (Rm 2:4).
Mesmo depois de virar as costas para o pai, o pai sempre pensava em seu filho, seu lugar estava guardado em seu coração. Deus Pai se importa conosco. Não importa a situação em que esteja, até no profundo lamaçal, mas o pai está pensando em você e deseja que seu filho volte. Diferente das outras parábolas o pai não vai procurar o filho, mas fica de olhos fitos esperando seu filho voltar.
As vezes estamos na casa do pai em regalia, mas mesmo assim desejamos as propostas do mundo, pensando que estamos presos e não temos liberdade. Olhamos muito para fora e esquecemos de valorizar as coisas que temos dentro da casa do Pai. O pecado promete liberdade, mas traz apenas escravidão (Jo 8:34); promete sucesso, mas traz fracasso; promete vida, mas se transforma em morte (Rm 6:23).
O rapaz pensou que “se encontraria”, mas, na verdade, se perdeu! Quando Deus é deixado de fora da vida, o prazer transforma-se em escravidão. Deixe a ficha cair, abra seus olhos para o amor do pai!
2. Ter convicção de voltar para a casa do Pai.
Olhe e reflita para o início dos versículos 18 e 20 “vou voltar…então saiu”. Estamos perdidos muitas vezes fora e dentro da casa do Pai. Quando estamos fora queremos que somente nossos desejos e vontades se sobressaiam. Quando estamos dentro da casa do pai olhamos muito para as propagandas que há no mundo. Pense e haja! O pai lhe espera.
O sentido da palavra voltar (gr. αναστας) neste versículo dá o sentido de erguer-se novamente, levantar, ficar de pé. A volta acontece pela confiança que ele tem depositada no Pai e pelo amor próprio. O Pai não nos ama pelo que temos para dar, mas porque somos filhos. Uma vez sendo filho temos parte com Ele.
O filho desobediente havia envergonhado a família e a vila, e, de acordo com Deuteronômio 21:18-21, deveria ter sido morto por apedrejamento. Mas o pai, não se importando com a afronta do filho, mostrou amor para com ele.
3. Reconhecer o tratamento do Pai
No versículo 19, vemos um verbo “Trata-me”. Esta petição indica uma completa mudança de atitude. Quando deixou o lar, disse, “v.12 Dá-me…” Partiu com uma exigência egoísta; voltou com humilde oração.
Esse verbo na língua original (gr.ποιησον) pode indicar algo mais profundo, é como se o filho dissesse: Pai volte a me moldar, me trate por completo.
Deixe o Senhor tratar sua vida, o Senhor dá valor a você. Ninguém lhe dava nada, mas o Senhor, pai que está nos céus, quer que você desfrute do melhor que ele tem pra sua vida.
4. Conclusão
No Oriente, não era apropriado a um homem de idade correr, mas o pai correu ao encontro do filho. Um dos motivos óbvios para isso era seu amor por ele e seu desejo de lhe mostrar esse amor. Mas há outra questão envolvida. Em vez de apedrejamento, houve abraços e festas! Que imagem maravilhosa do que Jesus fez por nós na cruz! O filho descobriu no próprio lar tudo o que havia esperado encontrar na terra distante: roupas, joias, amigos, uma comemoração alegre, amor e segurança para o futuro. O que fez a diferença? Em lugar de dizer: “Pai, dá-me”, ele disse, “Pai, trata-me […]. Estava disposto a ser um servo! Na terra distante, o filho pródigo aprendeu o significado da miséria; mas, de volta ao lar, descobriu o significado da misericórdia. O anel era um sinal de filiação, e “a melhor roupa” (sem dúvida, do pai) era prova de que o filho estava sendo aceito de volta na família (ver Gn 41:42; Is 61:10; 2 Co 5:21). Os servos não usavam anéis, sapatos nem roupas caras. O banquete foi a maneira que o pai escolheu para demonstrar sua alegria e para compartilhá-la com outros. Se o rapaz tivesse sido tratado de acordo com a lei, teria havido um funeral, não um banquete.
É interessante observar a descrição que o pai faz da experiência do filho: estava morto, mas agora está vivo; estava perdido, mas agora foi encontrado. Essa é a experiência espiritual de todo pecador que vai até o Pai pela fé em Jesus Cristo (Jo 5:24; Ef 2:1-10).
Ms. Waldemir Junior é responsável pela IAP em Paar, na Convenção Norte