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Escolhendo o melhor

Não podemos confundir a vontade de Deus com sua permissão
Quantos de nós já ouvimos o clássico jargão: “tudo acontece pela permissão de Deus”?
O jargão é verdadeiro, mas a questão é: permissão e vontade é a mesma coisa? Claro que não e isso fica evidente com o exemplo a seguir. Pense no seu pai e em sua mãe. Quantas vezes você já pediu para ir a determinado lugar ou fazer alguma coisa que não lhes agradou? Talvez, eles tentaram convencê-lo a desistir da ideia, mas, vencidos pela sua insistência, permitiram que você fizesse o que queria, ainda que não lhes agradasse, ou seja, que não fosse a vontade deles.
Com Deus é assim também. Mesmo sendo onisciente, ou seja, sabendo o que é melhor para você, por causa do livre arbítrio, ele permite que você tome suas decisões. Seja qual for a sua decisão, ela estará debaixo da permissão de Deus, mas, como já foi dito, não necessariamente corresponderá à vontade dele para você.
No entanto, se você é um cristão e tem interesse em servir a Deus com integridade de coração, é necessário buscar a vontade e não a permissão de Deus em sua vida.
Assim, a partir do estudo de dois relatos bíblicos, esperamos aprender um pouco mais sobre como escolher a vontade de Deus. Buscaremos, também, compreender como nossas escolhas podem causar consequências, para o bem ou para o mal.
Os exemplos bíblicos que nos ajudam a refletir sobre a importância da escolha são os relatos sobre Ester e Salomé (Mateus 14:6-7).
Iniciamos verificando o contexto em que cada uma estava inserida. Ester era judia, órfã e seu único parente vivo era Mordecai. Por ter uma beleza ímpar, foi escolhida, entre várias jovens, para ser esposa do rei, ou seja, rainha. Após seu casamento deparou-se com uma difícil escolha, uma vez que o rei, seu marido, havia autorizado a emissão de um decreto que permitia a aniquilação de todos os judeus. Tendo conhecimento disso, colocou-se em risco a fim de obter o favor do rei.
No outro exemplo, temos Salomé. Ela era enteada do rei, uma vez que sua mãe abandonara seu pai para casar-se com Herodes, o rei. Salomé, após dançar e encantar o rei, na festa de aniversário dele, obteve a chance de escolher o que quisesse.
Como podemos notar, existem diversos pontos comuns entre as duas personagens históricas. Ambas eram mulheres, próximas ao rei, esposa e enteada, respectivamente, e obtiveram o favor do rei, de forma que lhes foi oportunizado escolherem o que quisessem.
Neste ponto, surge a questão fundamental: como escolher a vontade de Deus? Veremos que apesar de possuírem muitos pontos comuns, as escolhas destas mulheres foram completamente diferentes e, obviamente, conduziram a resultados diametralmente opostos.
Assim, vamos aprender com Ester e Salomé o que devemos fazer para escolher a vontade de Deus.
Pergunte a ele
O primeiro passo para escolher a vontade de Deus é perguntar a ele. Deus não nos mostrará a sua vontade se não perguntarmos. A forma de perguntar a Deus qual a sua vontade é por meio da realização de um exercício espiritual, que pode ser oração, jejum, entre outros. Tal entendimento é reforçado pela passagem de Ester 4:16, na qual ela convoca um jejum, a ideia de oração está subentendida aqui.
Veja que Salomé, ao contrário, não fez qualquer esforço para saber a vontade de Deus, conforme lemos em Mateus 14.
Fique atento, jovem, se você tem uma escolha a fazer e deseja que a sua escolha coincida com a vontade de Deus pergunte para Ele, através de oração e/ou jejum. Tenha certeza que da forma d’Ele e no tempo d’Ele, você obterá resposta.
O segundo passo para obter resposta é saber com quem se aconselhar. Se você observar Ester 2.10; 20, você verá que Mordecai, único parente vivo da rainha Ester, era também seu conselheiro. Pelo que podemos interpretar da narrativa bíblica, este homem era íntegro, honesto e fiel ao Senhor. Por possuir todas estas qualidades, foi um bom conselheiro para Ester, alertando-a quanto ao perigo
iminente do decreto e encorajando-a a tomar uma atitude, a escolher corretamente.
Já no exemplo de Salomé, sua conselheira era sua mãe, Herodias. Os comentários bíblicos apontam que Herodias era uma mulher adultera, gananciosa e que não dava ouvidos a palavras de Deus, haja vista que odiava João Batista. Obviamente, incentivou sua filha a escolher o pior.
Veja como as amizades que lhe cercam podem afetar diretamente seu relacionamento com Deus. Pessoas que não servem a Deus não conhecem a vontade dele, portanto, não podem lhe ajudar. Contudo, pessoas comprometidas com o Senhor buscam cumprir fielmente a vontade de Deus, dispondo-se, auxiliando e encorajando os demais a fazer o mesmo. Desta forma, busque cercar-se de pessoas tementes a Deus e verá que reconhecer a vontade dele para sua vida se tornará muito mais fácil.
O último ponto é a atitude aliada à estratégia e à paciência. Neste mundo frenético, onde tudo deve ser para ontem, quantos de nós não somos afobados e não conseguimos, sequer, aguardar o momento mais propício para agir?
Aguardar o momento oportuno para agir é o caminho mais prudente. Após escolher, aguarde o tempo certo para agir.
Se você verificar, a Bíblia mostra que o rei, em três oportunidades, perguntou a Ester o que queria, mas apenas na última é que a rainha pediu o que de fato queria. Talvez você esteja pensando: “mas por que ela fez tantos rodeios, por que não “dar o papo” para o rei na mesma hora, afinal era caso de vida ou morte?”. A atitude de Ester revela que sua ação foi estratégica aguardando a oportunidade perfeita, de forma que seu pedido fosse irrecusável.
Se você já leu a história de Ester, sabe que ela convidou o rei e seu amigo, Hamã, o idealizador do decreto contra os judeus, para um banquete. Parece inusitado, não? Chamar seu principal opositor para comer do bom e do melhor, mas Ester foi sagaz. Historiadores indicam que, nesta época, um pedido feito em um banquete não poderia ser negado. Portanto, nada mais estratégico do que fazer um pedido tão crucial em meio a um banquete.
No decorrer deste primeiro banquete, o rei novamente perguntou a Ester o que desejava e ela pediu um novo banquete, pois a aceitação do rei para um novo banquete indicava que Ester estava agradando-o, o que era bom indicador quanto ao deferimento de seu pedido por seu povo.
Salomé não foi cautelosa, antes foi impulsiva. Ouviu o conselho da mãe e sequer considerou outras hipóteses, imediatamente requereu a cabeça de João Batista.
Com isso aprendemos que as escolhas devem ser acompanhadas de atitudes, senão serão vazias. Devem ser acompanhadas de estratégia e paciência, também, senão serão pouco efetivas. Ademais, devemos ter cuidado com a impulsividade. Escolhas impulsivas podem gerar graves consequências.
As personagens bíblicas nos ensinaram muito e cabe agora interiorizarmos algumas questões. Será que, de fato, temos escolhido a vontade de Deus? Ao nos depararmos com escolhas, pedimos a interferência divina? Quem são nossos conselheiros? Após compreendermos a vontade de Deus, temos atitude, desenvolvemos estratégias e aguardamos pacientemente o momento ideal para agir?
Lembre-se: você já alcançou o favor do Rei dos reis e lhe é permitido escolher. Mas não se esqueça, ao escolher temos sempre duas opções: vontade ou permissão. A escolha de Salomé estava debaixo da permissão de Deus, mas muito longe da vontade dele e, por isso, sua escolha causou a morte de um inocente. Ester, ao contrário, escolheu a vontade de Deus e sua decisão salvou muitas vidas.
E as suas escolhas? Estão dentro da permissão ou da vontade de Deus? Suas escolhas salvam vidas ou destroem? Escolha sempre estar debaixo da vontade de Deus, porque assim, certamente, suas escolhas serão sempre as melhores e produzirão vida para você e todos os que estão ao seu redor.
Aline Gomes Rodrigues é membro da IAP na Convenção Mineira.

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