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Leia mais: Câncer de Mama

Doença tem 95% de cura, se detectada precocemente
Primeiro, a dúvida: um caroço, um nódulo, um exame com “problema”. Depois a espera: uma biópsia da mama… Enfim, o diagnóstico: câncer de mama! E agora? Vou morrer? Quanto tempo tenho de vida? E o meu seio? E a minha família, como vai ficar quando souber? Quantas dúvidas e incertezas passam pela cabeça de uma mulher nesse momento. O câncer de mama é, provavelmente, o mais temido pelas mulheres, devido à sua alta frequência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro, antes dos 35 anos de idade, mas acima dessa idade, sua incidência cresce rápida e progressivamente.
No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama também é o mais incidente em mulheres de todas as regiões. Para o ano de 2020 foram estimados 66.280 casos novos, o que representa uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer).
O QUE É CÂNCER DE MAMA?
As mamas (ou seios) são glândulas e sua função principal é a produção de leite. Elas são compostas de lobos que se dividem em porções menores, os lóbulos, e ductos, que conduzem o leite produzido para foram pelo mamilo.
TIPOS DE CÂNCER DE MAMA
A maioria dos cânceres de mama acomete as células dos ductos das mamas. Por isso, o tipo mais comum se chama Carcinoma Ductal. Ele pode ser in situ, quando não passa das primeiras camadas de célula desses ductos, ou invasor, quando invade os tecidos em volta. Os cânceres que começam nos lóbulos da mama são chamados Carcinoma Lobular e são menos comuns que o primeiro. Outros tipos são mais raros, mas ocorrem. A chamada Doença de Paget é um tipo de câncer nos ductos do leite que se espalha para a auréola, normalmente causando coceira, descamação ou enrugamento do mamilo. Já o carcinoma inflamatório é muito agressivo, espalhando-se com mais rapidez, comprometendo toda a mama, deixando-a vermelha, inchada e quente.
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO
Cerca de 75% a 80% dos casos ocorrem em mulheres com mais de 50 anos. Antecedentes na família também contribuem para o surgimento da doença, principalmente entre parentes de primeiro grau (quanto maior a proximidade do parentesco, mais alto é o risco). A presença de mutações em determinados genes aumenta o risco da doença. Em famílias com um número elevado de casos, o teste genético pode demonstrar a presença ou não da mutação. Com essa informação, os médicos podem sugerir medidas de prevenção ou otimizar a detecção da doença nessa população de risco.
Outro fator de risco é a menarca precoce (primeira menstruação antes dos 12 anos) ou menopausa tardia (parada da menstruação após os 50 anos). A primeira gravidez após os 35 anos pode também representar um fator de risco, além da não-amamentação. 

SINTOMAS
Na maior parte das vezes, o primeiro sinal do câncer de mama é um pequeno nódulo no seio, geralmente indolor, que pode crescer lenta ou rapidamente. Outros sintomas incluem: mudança de cor, reentrâncias, enrugamentos ou elevação da pele em uma área do seio; mudança do tamanho ou formato do seio; secreção no bico do seio (principalmente sanguinolenta ou tipo água cristalina); um ou mais nódulos nas axilas. Em casos mais adiantados, pode aparecer ferida na pele com odor muito desagradável.
DIAGNÓSTICO
Para descobrir o câncer de mama o mais rápido possível, você deve seguir as orientações do seu ginecologista e a recomendação do Ministério da Saúde: autoexame mensal entre o 7º e o 10º dia após a menstruação ou em dia mensal instituído pela paciente, quando menopausada. O autoexame é simples e deve ser feito apenas uma vez por mês, longe da menstruação (fase em que as mamas encontram-se inchadas, doloridas e cheias de nodulações). A primeira vez que se palpa a mama, pode-se ter a sensação de muitos “caroços anormais”. Porém, com o passar do tempo, adquire-se um auto conhecimento das mamas, e, se algo anormal aparecer, a paciente poderá identificá-lo.
O Ministério da Saúde também prevê o exame clínico das mamas pelo ginecologista, anualmente, para todas as mulheres com 40 anos ou mais. O exame clínico das mamas deve fazer parte também do atendimento integral à mulher em todas as faixas etárias. As mulheres com idade entre 40 e 69 anos devem fazer a mamografia, com intervalo máximo de dois anos entre os exames. Já as mulheres pertencentes a grupos populacionais com risco muito elevado (mãe ou irmã com câncer de mama ou muitos casos na família) devem fazer o exame clínico das mamas e mamografia anual a partir dos 35 anos. Se a mamografia mostrar alguma lesão, o médico indicará biópsia.


TRATAMENTO
Existem vários tipos de tratamento para o câncer de mama. São vários fatores que definem o que é mais adequado em casa caso. Além disso, o médico pede exames de laboratório e de imagem para definir qual a extensão do tumor e se ele saiu da mama e se alojou em outras partes do corpo. Se o tumor for pequeno, o primeiro procedimento é uma cirurgia para extração do mesmo. Dependendo do tamanho da mama, da localização do tumor e do possível resultado estético da cirurgia, o cirurgião retira só o nódulo, uma parte da mama (geralmente, um quarto da mama ou setorectomia) ou retirada total (mastectomia) e os gânglios axilares. As características do tumor retirado e a extensão da cirurgia definem se a mulher necessitará de mais algum tratamento complementar.
Em alguns casos, utiliza-se a radioterapia, que consiste na aplicação de feixe de raios ionizantes para a destruição de células tumorais que ainda existam no local da cirurgia que, por ser tão pequena, pode não ter sido localizada pelo cirurgião ou pelo patologista. Dependendo do estadiamento, ou seja, quão avançada esteja a doença, também será indicada quimioterapia (uso de medicamentos que matam células malignas circulantes) ou hormonioterapia (uso de medicações que bloqueiam a ação dos hormônios).
A boa notícia é que essa doença tem 95% de chance de cura, se o diagnóstico e o tratamento forem feitos precocemente.
Porém, independentemente de quão avançada está a medicina moderna e quantos tratamentos existam, saiba que tudo o que acontece com você não passa despercebido pelos olhos amorosos e atentos do nosso Deus. Se algo não sair exatamente como você esperava, saiba que Ele ainda continua no controle.
Cláudia Falcão Marques do Amaral é ginecologista e obstetra. Congrega na IAP em Vila Medeiros (São Paulo, SP). Texto publicado no Clarim 57, maio a outubro de 2009.

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