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Mente cativa a Cristo

Nossa geração vai na contramão, busca a liberdade extrapolando limites e regras, e se torna escrava

O homem busca o conhecimento e a ciência é a prova disso. Pesquisadores dedicam suas vidas em torno de estudos e pesquisas, pelo bem da ciência e da humanidade. Somos favorecidos por essas pesquisas, somos abençoados por pessoas que se debruçam em torno do saber. O assunto que vamos falar está atrelado a essa visão, porém, volta-se para uma busca de conhecimento individual, que pode ser benéfico ou desastroso, dependendo da linha que se adota.

Já na antiguidade, os grandes filósofos apresentavam à humanidade as virtudes de buscar a sabedoria, bem como o conhecimento do ser humano na sua essência. Segundo uma frase famosa de Descartes, o “penso, logo existo” está filiado a uma existência na proporção do pensamento, valorizando-o acima do corpo. Mas como mensurar o limite para o pensar? Até onde o homem pode ir por meio de seus pensamentos?

Segundo a psicanálise, a psique é formada pelo Id, Ego e Superego. O Id é um estado inconsciente da mente, marcado pelo princípio do prazer, no qual o sujeito quer uma satisfação imediata. O Ego é um estado consciente, cuja distinção está no princípio da realidade, e o Superego é cultural, quando o modelo social já está apreendido pela mente humana. No estado consciente, o homem é autor de suas ações, portanto o Ego e o Superego evocam um indíviduo incluído numa sociedade, sendo apto para pensar e se responsabilizar pelo seu comportamento. No estado inconsciente, equivalente ao Id, temos um ser humano em busca de si mesmo, voltado para uma essência animal, buscando seus próprios interesses em detrimento dos demais, não aceitando regras, marginalizado pelas próprias ações.

Estamos vivendo em uma geração manipulada pelas forças do Id. Muitos não querem se submeter ao que foi instituído anteriormente, querem encontrar o seu próprio caminho, voltando-se para si mesmo, num estado regressivo, animalesco. Prova disso são os mascarados que se infiltram nas manifestações populares. Eles se cobrem para não serem reconhecidos, porque sabem que estão “à margem” da lei, pois demonstram claramente uma agressividade tal que depredam, além de propriedades particulares, o patrimônio público.

Quem pode conter tal agressividade? Quantos ainda vão enveredar pelo mesmo caminho? Até onde a liberdade pode ser usufruída sem a ação da libertinagem? Estamos presenciando uma geração entregue a si mesma, fadada aos pensamentos destrutivos do inconsciente. E quanto mais o homem busca satisfazer seus impulsos, quanto mais seus pensamentos vão sendo direcionados para o mal, torna-se agressivo com a própria humanidade, torna-se desumano.

Qual é o limite ensinado pela palavra de Deus? Dentre tantas variáveis que podem ser analisadas, vamos tomar por base o texto do apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios. Em II Co 10: 3 ele fala que “… andando na carne, não militamos segundo a carne” – nesse caso “na carne” indica uma condição humana, e “segundo a carne” se refere a seguir as paixões humanas. No v. 5, ele fala sobre “toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus” – postura revelada pelo homem que anda segundo a carne.

Aquele que busca o autoconhecimento, mas que encontra e satisfaz os desejos inconscientes de sua mente, sendo manipulado por pensamentos nocivos,  está fadado a viver na condição humana, revelando, por meio de suas atitudes, o homem caído após o pecado. Com isso ele não se predispõe a aceitar a autoridade superior, rebela-se até mesmo contra Deus. Quando o indivíduo é rebelde, demonstra ser também narcisista, amando a si mesmo, porque não consegue conceber o outro e permanece fixado em seus pensamentos egocêntricos.

Em Cristo fomos chamados para uma nova vida, com ele conseguimos direcionar os pensamentos à submissão da orientação da Palavra, conforme o apóstolo Paulo fala nos versículos seguintes: “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo.” (vs. 5). Quando a pessoa está em Cristo, ela olha para cima, para o alto, onde Deus está. Não pensa em si mesma e busca resistir aos desejos nocivos da carne, reconhece a autoridade de Cristo em sua vida e volta os pensamentos ao Senhor, pois sabe que a mente, cativa nele, conduz a pensamentos de paz.

Nos versículos 13 e 14 são mencionados dois termos: “não nos gloriaremos sem medida, mas respeitaremos o limite” e “não ultrapassamos os nossos limites”. Medida e limite são termos essenciais para se viver em sociedade, como cidadãos cientes de direitos e deveres. Quando ultrapassamos a medida ou o limite, somos colocados à margem, ou seja, somos marginalizados pela própria sociedade. Na esfera psíquica ocorre na mesma proporção. Quando o individuo não consegue se estabilizar conscientemente, sendo responsável pelos pensamentos e ações, torna-se encarcerado pelas forças do inconsciente, tornando-se forte candidato às doenças mentais. Desta maneira, respeitar limites nos traz condições de viver em sociedade e usufruir de uma mente saudável. Cuidar da saúde física e mental é dever de todo o ser humano. Para isso, torna-se imprescindível saber quem somos, dentro dos limites da mente, para não nos gloriarmos em nós mesmos, voltando os olhos para Deus, prestando-lhe glória e louvor.

Observamos o quanto a humanidade evoluiu na busca pelo conhecimento e o quanto somos favorecidos pelo crescimento das ciências. Abordamos a busca interior do homem. Reconhecemos que o autoconhecimento é necessário para que a pessoa possa alcançar o equilíbrio. Falamos também sobre o perigo dessa busca se tornar nociva, quando baseada em conteúdos inconscientes da mente humana. O limite estabelecido pela Palavra de Deus nos dá a segurança de que, nele, os nossos pensamentos podem ser direcionados de forma saudável, a caminho de uma vida santificada.

Estejamos confiantes nos desígnios de Deus, tendo a mente cativa no Senhor, desfrutando das bênçãos que ele tem reservado para os fiéis. Que o grande e eterno Deus esteja sempre sondando cada um de nós, porque procuramos conhecer a nós mesmos, mas somente ele nos conhece profundamente. Que o conhecimento de Deus e de sua vontade nos proporcione o autoconhecimento que almejamos, de forma tal que possamos declarar: “… agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido” (I Co. 13:12).

Dsa. Abizail Madeira congrega na IAP em Vila Nhocuné (São Paulo, SP).

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