Valeu deixar de assistir ao último capítulo se todo o restante foi colocado dentro da sua casa?
E a Globo, de novo, conseguiu o que queria: causar. A cada novela a pergunta-suspense se repetia, será que vai ter beijo gay? Será que a cúpula da emissora vai autorizar? Desta vez teve. Mas… e daí?
Segundo aferição do IBOPE, a audiência, comparada com novelas anteriores, não aumentou, diminuiu. O tão falado e badalado beijo gay não foi, como se diz, o primeiro na TV brasileira. O SBT, numa de suas novelas já havia exibido um. O realit A Fazenda, da Record, do qual poucos falam, já havia exibido beijo gay e seios a mostra, assim como o BBB atual. Ou seja, por que a comoção, a indignação, a surpresa ou sei lá o quê atual?
Vou tentar uma resposta. Novelas, já se disse, é o único lazer possível para a maioria das famílias brasileiras. Como tal, deveria respeitar os valores deste público. É mais ou menos assim, no BBB pode porque o público que assiste é bem mais liberal, na novela não pode porque o público é bem mais conservador. Explicação lamentável, afinal as pessoas não se dividem de forma tão simplista, no caldo da audiência tem muito mais tempero, portanto gostos, do que podemos imaginar.
Como exemplo, veja o caso da novela que acabou. Não faltaram crianças postando charges nas redes sociais afirmando que vão sentir muitas saudades do Félix, a bicha má da trama. Isso significa que essas milhares de crianças passaram seis meses de suas infâncias, cerca de 70 minutos por dia, que é o tempo de duração de cada capítulo, rindo com as tiradas do personagem. Que tempo perdido, e que triste. Pois também foram expostas a traições, assassinatos, pegações, bebedeiras, roubalheiras, mentiras. E tudo com a conivência e autorização dos pais. Os mesmos que nos procuram desesperadamente para pedir orações por seus adolescentes quando se veem em situações insolúveis.
Por outro lado, a culpa é mesmo da Rede Globo? Não creio. Esse tipo de explicação é muito parecida com aquela que culpa o diabo por tudo. A Globo esta na dela, como a Record, a Band, o SBT, enfim, como todos os veículos, cada um na sua, apenas buscando ter o melhor faturamento possível. Faturamento que é muito ou pouco dependendo da audiência. Audiências essas que são compostas, em sua esmagadora maioria, pelos cristãos brasileiros, tanto católicos como evangélicos. Logo, os que dão audiência, por favor, abaixem o tom e moderem o volume, uma vez que direta e indiretamente são patrocinadores daquilo que reclamam.
Então, parte desses que reclamam, lançaram uma bizarra campanha nas redes sociais para que o último capítulo da tal novela fosse boicotado por causa do beijo gay. Para piorar, vi um monte de gente aderindo e compartilhando o boicote, bradando aos quatro cantos: Vou boicotar o último capítulo da novela. O último? Por causa do tal beijo? E o resto da novela que você acompanhou, cara pálida? E o monte de lixo que você nem questionou?
Acho que a esta altura você já compreendeu o título do meu texto. Não vou boicotar novela alguma porque só posso boicotar aquilo que faz parte da minha vida e rotina. E novela não faz. Tenho coisas muito mais interessantes, edificantes, relaxantes, transformadoras, engraçadas, ensinadoras e emocionantes para fazer do que me prender num sofá ao comando de tramas bizarras, previsíveis, óbvias, toscas, alienantes e pacientemente destruidoras de cada valor judaico-cristão.
Não existia TV, novela e BBB no Éden, mas a primeira família assistiu o assassinato entre irmãos. Não existia TV e Sodoma e Gomorra foram exterminadas pelos pecados grotescos de sua época, para exemplo nosso. Não existia TV e Davi colocou a paz de sua família e reinado a perder por causa de uma mulher. A lista de pecados sexuais, adultérios, sodomias e assassinatos registrados na Bíblia, numa época que não existia TV, poderia aumentar, mas estes bastam para percebermos que tanto naquela época como hoje, o problema não é a TV, mas nosso sistemático afastamento da Palavra de Deus e a devida rendição e adoração a seu Filho. Faltou Deus, faltou tudo, provocando confusão e deterioração para todo lado.
Se é pra boicotar, que sejam aqueles hábitos enraizados que nos prendem e nos cegam, inclusive nos lugares que nem desconfiamos. Porque já que esse auê todo foi provocado também por causa de um beijo, lembre-se, foi um beijo que entregou nosso Senhor para morrer por mim, por você, por todo o mundo. Aí, de uma traição Ele ressurgiu vitorioso. Será que Ele não poderá uma vez mais surgir vitorioso, apesar das milhares de traições que estamos assistindo no mundo todo contra o evangelho? Maranata, Ele pode.
Paz!
Pr. Edmilson Mendes congrega na IAP em Pq. Itália (Campinas, SP) e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral e Paulista.