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Negociação imprópria

A privatização dos aeroportos nega promessas de campanha
O governo está em festa. E não é por acaso. No dia 6 de fevereiro de 2012, o leilão de privatização de aeroportos arrecadou cerca de cinco vezes o valor previsto. Estamos falando de quase 25 bilhões de reais! Os aeroportos leiloados foram os de Guarulhos (Cumbica), Campinas (Viracopos) e de Brasília (Juscelino Kubitschek). Isso, até certo ponto, melhora a imagem do Brasil, pois demonstra que o mesmo é visto como um ambiente seguro para investimentos. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), declarou em entrevista ao jornal O Globo: “Quanto mais investimento privado nós tivermos, quanto mais recursos privado tiver nos aeroportos, mais recursos vão sobrar para a saúde, para a educação, investimentos em infraestrutura e outras áreas que são fundamentais para o país. Eu acho que é um avanço”.
Além disso, a negociação serviu para tirar um peso dos ombros do governo, tendo em vista que as empresas privadas que administrarão tais aeroportos serão obrigadas a investir visando a copa de 2014, sob pena de pesadas multas em caso de atraso.
Se há comemorações de um lado, de outro, não faltam protestos. A Central Única de Trabalhadores de SP fez manifestação em frente à Bolsa de Vallores de São Paulo, no mesmo dia. O presidente da CUT, Artur Henrique, critica o fato de a Infraero perder o controle de administração desses aeroportos. Ele também acrescenta: “A pergunta que não quer calar é – se o BNDES vai emprestar 90% para o consórcio fazer os investimentos necessários, por que não emprestar para a Infraero?”.
As críticas ao governo não param por ai, pois tal negociação lança por terra um dos principais argumentos utilizados pelo atual governo em campanhas contra os tucanos, a saber, a reprovação da privatização das empresas brasileiras. Chegamos, então, a um ponto importante. Sem querer defender qualquer partido político, cabe-nos pensar: por que não manter a palavra? Por que jogar pelo ralo uma reputação de anos? Por que não cumprir o prometido? Por que negociar o que, em tese, seria inegociável?
Há um personagem bíblico que é exemplo de conduta para nós: Daniel. Há a tese de que o poder corrompe as pessoas. Mas não é esse o caso deste servo de Deus. Ele não se deixou corromper, pois decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei… (Dn 1:8).
Não há como negar que vivemos em um tempo em que as mudanças são comuns e constantes. Os valores morais, de modo muito sutil, estão sendo deixados de lado. As circunstâncias, e não o caráter, ditam os meios e os fins. Dessa forma, o que define pecado não é mais a Bíblia, e sim, cada pessoa de acordo com os seus critérios. Negociar o evangelho e seus princípios é uma negociação imprópria, sem contar que é reprovável por Deus. Daniel sabia disso, logo, decidiu encarar até mesmo a cova infestada de leões a negociar os princípios morais que havia aprendido nas Escrituras. Que tenhamos a convicção e a firmeza desse homem de Deus. Não negociemos valores divinos. Sejamos decididos a não nos afastarmos de nosso Senhor!
 
Ms. Jailton Sousa Silva é colaborador do Departamento de Educação Cristã (DEC) da IAP

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