No mundo existem 43,7 milhões de refugiados, mas os refugiados da alma são incontáveis
Ninho, com certeza. Minha filha Mariana, quando pequena, adorava entrar correndo em nosso quarto e mergulhar na cama de casal, bem em nosso meio. Depois, com muitas risadas, ela dizia: “Adoro ficar com vocês no ninhão!”
Ninho lembra proteção, afeto, carinho, aconchego, comunhão, amor, família. Penso que nossas casas precisam expressar as características de um ninho. Afinal, muitas poesias bíblicas demonstram exatamente esse desejo por parte do Autor do projeto família. O trecho de uma delas é o Salmo 128.1-3: “Há muitas bênçãos para o homem que ama e obedece ao Senhor, andando sempre em seus caminhos. Seu trabalho renderá muito e em todas as áreas da vida ele será feliz. Sua esposa será uma fonte de alegria para ele! Seus filhos serão fortes e cheios de saúde como uma oliveira nova, reunidos à volta da mesa.” (BV)
Ninho, como sabemos, também tem suas fragilidades. É preciso cuidado e vigília constantes contra as aves de rapina, que só pensam em roubar, matar e destruir, as três metas do mal que também são prioridades na agenda de satanás. E pelo estado caótico que temos visto em muitos lares, satanás tem sido bem sucedido em seus ataques. Mas mesmo frágeis, ninhos bem cuidados continuam sendo nossa melhor opção para amar e ser amado.
E o refúgio? Também é bom, mas não ideal. Sim, muitas vezes minha casa é meu lugar de refúgio, tudo bem. Não é sobre este aspecto, porém, a abordagem que faço. Chamo sua atenção para a sutileza do ninho se transformar exclusivamente num refúgio, sem nem percebermos. Ou seja, um lugar de fuga, medo e única opção que restou, gerando o recorrente desejo de fugir dali.
Explico. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados, o mundo convive hoje com 43,7 milhões de refugiados, o maior número nos últimos 15 anos. Desse contingente, 80% se encontra em países em desenvolvimento, sendo que mais de 27 milhões de pessoas foram deslocadas dentro de seus próprios países. Entendeu? É deste tipo de refúgio que falo. Refúgio de gente que não tem mais o conforto e a segurança de seu lar, sua terra, sua casa. Perambulam sem o prazer da intimidade expostos às friezas dos refúgios que conseguem.
Pense bem: 43,7 milhões de refugiados é muita coisa. Mas se pensarmos nos refugiados em suas próprias casas de todas as nações, pessoas que simplesmente não se tem como contar em qualquer estatística, que vivem em pé de guerra dentro de quatro paredes, o número ficaria assustador. Descobriríamos que os refugiados de alma já são incontáveis, sobrevivendo em ambientes desprovidos de qualquer tipo de sentimento que lembre uma família.
Na casa do Pai há muitas moradas, afirmou Jesus. A figura usada por Jesus foi a de uma casa, e não de um refúgio. Casa representa estabilidade, compromisso, lugar em que deve existir os afetos que existem num ninho. Para garantir um lugar nas moradas do Pai para mim e para você, Jesus deu a própria vida. Portanto, trabalhe, defenda, preserve, mantenha, enfim, lute pelo seu ninho. Sua família vale sua entrega. Das falas infantis dos meus filhos, esta, sem dúvida, está entre aquelas que jamais vou esquecer: “Adoro ficar com vocês no ninhão!”
Pr. Edmilson Mendes é responsável pela IAP em Pq. Itália (Campinas – SP) e integra a equipe do Departamento Ministerial da IAP.
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