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O brilho do sol e os limites da razão diante da fé

Após expor verdades profundas do Evangelho, como a ira de Deus, a justiça de Deus em Cristo e o chamado dos gentios e judeus relacionados à Salvação, Paulo mergulha nos limites daquilo que sua mente podia entender, revelado pelo Espírito. Por isso, ele toma para si um louvor e diz:

“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria quanto do conhecimento de Deus! Quão inexplicáveis são os seus juízos, e quão insondáveis são os seus caminhos!” (Romanos 11:33)

 

Isso significa que, embora haja uma explicação suficiente para a salvação dentro dos limites da revelação do Antigo e Novo Testamentos, ela é inesgotável e inapreensível nesta vida. Como Agostinho de Hipona disse: “Se você pode compreender, não é Deus”¹.

Tentar entender tudo de Deus é como tentar olhar diretamente para o sol — além de perigoso, não é aconselhável, é impossível. Da mesma forma, tentar entender a glória de Deus é um limite para a mente humana. 

Uma história para você pensar

Uma história sobre uma provável conversa entre o imperador Hadrian e o rabino judeu Joshua Ben Hananiah, em 131 d.C., ilustra essa ideia. O imperador, cético quanto à teologia judaica, queria uma prova da existência do Deus em que o rabino acreditava. O judeu afirmou ser impossível essa explicação, e o imperador não se sentiu satisfeito.

Joshua então leva o imperador para fora e pede que ele olhe fixamente para o sol do meio-dia da Palestina, no verão. O imperador exclama ser impossível aquilo. O rabino então diz: “Se você não pode olhar para o sol, como poderá suportar a glória do Deus que o criou”².

 

Voltando à explicação

Isso quer dizer que há um “mistério” na fé. Não algo obscuro que não se pode conhecer ou experimentar, como analisa Alistair McGrath: “Tanto o Novo Testamento quanto os escritores cristãos usam o termo ‘mistério’ para se referir às profundezas ocultas da fé cristã que se estendem além da razão. Falar de Deus não é deslizar em algum tipo de obscurantismo ou forma confusa e desordenada de pensar. É simplesmente admitir os limites estabelecidos para a nossa razão humana e sua dependência do Deus Vivo”³.

Isso significa que, assim como Paulo, Agostinho e Alistair McGrath, 1) devemos nos prostrar reconhecendo a inesgotabilidade do conhecimento de Deus. 2) Devemos também entender que não entender tudo de Deus é normal e faz parte dos nossos limites humanos. Mas, acima de tudo, isso 3) deve nos levar a uma busca através da pessoa de Jesus Cristo, que também é inesgotável. Segundo as Escrituras, “o mistério que esteve escondido durante séculos e gerações, mas que agora foi manifestado aos seus santos. A estes Deus quis dar a conhecer a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vocês, a esperança da glória” (Cl 1:26-27).

Cristo é o Sol que devemos olhar, que não nos causará dano algum. Ele é a Luz da Luz, irradiando o conhecimento do Pai. Quando cremos em seu nome, recebemos dessa luz para compartilhar. E quando não o entendemos completamente, devemos louvar Sua grandiosidade e majestade.

 

Bibliografia

¹²³ McGrath, Alister. Teologia pura e simples: o lugar na mente na vida cristã. Tradução: Meire Portes Santos. Viçosa (MG): Ultimato, pp. 29, 28, 30. 

Textos Bíblicos: Nova Almeida Atualizada (NAA)

 

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Por: Andrei Sampaio Soares.

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