Intimidade e suficiência
Ministério é aquilo que abraçamos como alvo para nossa vida dentro do Corpo de Cristo. A partir desta certeza, nosso foco e energia passam a ser para o que definimos a “ministrar”. Nosso exemplo é Jesus, que revela as facetas do Seu Ministério Pastoral o tempo todo nos Evangelhos. É lindo demais vê-lo em ação. Cada movimento transparece seu sentimento, sua sabedoria e seu objetivo na vida Pastoral, nos dias em que viveu entre nós.
Nosso desafio é que entremos com Cristo no Getsêmani, na prensa de azeite, no local onde Suas veias capilares não suportaram a agonia da morte e Seus poros transpiraram gotas de sangue. Assim, poderemos perceber , na oração mais intensa que alguém já possa ter tido, detalhes interessantes do maior e perfeito Pastor que o mundo já viu.
Ele revelou que a intimidade com o Pai vem primeiro. “…Pai, chegou a hora… E agora, Pai… Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste… Pai santo… Pai, como tu estás em mim e eu em ti… Pai, quero que os que me deste estejam comigo… Pai justo…” – vs 1, 5, 6, 11, 21, 24, 25. Há centenas de nomes de Deus revelando Sua infinitude. Mas, somente chama de Pai quem é Filho. E é desta forma que Jesus se dirigia a Deus. Alguns capítulos da Bíblia trazem dezenas de vezes este nome, como em Mateus 6, João 14-16. Aliás, a única vez que Jesus não chama Deus de Pai, foi quando estava na cruz, momentos antes de expirar, quando disse “…Eli, Eli, lamá sabactâni…” – Mt 27. 46. Pai é o nome revelado por Jesus aos Seus discípulos. Pai significa que Deus é o autor, sustentador e salvador de todos que creem. Pai também é sinônimo de vida, amor e graça. Jesus exerceu o seu Ministério e somente suportou todas as provas devido à sua intimidade com o Pai que é santo e justo. O Ministério que temos é divino. Aliás, o desejo e o efetuar sempre vem dEle – Fl 2.13. Foi Ele que nos despertou e colocou onde estamos. No entanto, não esqueçamos que antes das mãos, deve vir o coração. Antes da ação, a oração. Antes da intimidade com os irmãos, intimidade com Ele.
Ele revelou que a Divindade é suficiente dentro de si mesma. “E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse. ” – v. 5. Com essas palavras Jesus define a Sua divindade e preexistência. Deus não é um ser carente das nossas palavras de adoração. Ele é perfeito em tudo e o versículo acima, deixa-nos ver a perfeição e a suficiência da comunhão dentro da Triunidade. Os Pais da Igreja, ou era Patrística, definiram teologicamente a comunhão da Divindade, utilizando a palavra grega “perichoresis”. Esta palavra define a coabitação, a comunhão dinâmica, voluntária e perfeita entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Então por que Jesus abdicou a glória celeste, se humanizou e se entregou numa cruz? A resposta é o amor incondicional derramado em favor da humanidade. Não precisava fazer isso, mas fez. Quando alguém recusa esse amor, assume a perdição. Não há Ministério sem amor, que se traduz em renúncia e entrega. Em nossa vida devemos ter a consciência de que não é Deus que precisa de nós, mas somos nós que precisamos dEle.