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O Príncipe do púlpito dorme

Uma homenagem estritamente pessoal


Eu o vi pela primeira vez nos anos 80, na IAP da Rua Santo Agostinho, em Manaus. Ainda jovens, Obadias Auzier Marialva, Pedro Afonso Leal de Farias e eu recebemos a atenção daquele importante homem da Igreja Adventista da Promessa, numa conversa agradável, enquanto ele, pacientemente, respondeu todas às nossas perguntas e curiosidades sobre a IAP no Brasil e no mundo.
Nos anos 90, eis que outra vez me vi em sua frente, agora em São Paulo, no seminário interno da IAP. O homem entrava em sala de aula com as apostilas, os livros e o caderno de sermões. Era o começo da minha paixão pela pregação da palavra de Deus. Uma de minhas aulas prediletas. Logo o homem me fez amar a pregação da palavra do Senhor. O Príncipe do Púlpito na IAP nos anos 80 e 90, abria a boca e ensinava:
“Há muitos tipos de sermões, mas os três principais são:
O sermão de tópicos, o sermão temático e o sermão expositivo.
No sermão de tópicos o pregador tem mais liberdade para criar.
No sermão temático, os tópicos saem do texto sagrado mesclado com a sua criatividade.
No sermão expositivo tudo é extraído do texto sagrado que você escolheu para pregar. Este é o mais difícil, o mais desafiador, mas, também, o mais compensador para a igreja e o pregador.”
Suas palavras iam entrando na minha mente e coração.
“O bom sermão não passa de 40 minutos.
Antes que o sermão mate você, mate o sermão.
Antes de pregar, alimentem-se apenas com líquidos.”
Seu ensino era coerente com sua atuação no púlpito. A voz, a autoridade espiritual, a sabedoria, a clareza, o ensino, o entusiasmo… Nos anos 80 e 90 eu o vi pregar nos principais ajuntamentos espirituais da IAP. Vermelho ficava seu rosto quando tomado por grande poder de Deus. E eu não me continha de alegria espiritual. Edificação garantida! E no coração uma vontade imensa de fazer aquilo que ele fazia.
O professor de Homilética do antigo IBAP (Instituto Bíblico Adventista da Promessa) vai deixar saudades. Antes, deixou profundas marcas em meu coração de pregador do evangelho. A escolha do texto, a interpretação, a exposição, a aplicação do mesmo. O esmero na pregação, o preparo espiritual, a responsabilidade de se atualizar. O professor queria forjar pregadores segundo o coração de Deus.
Desde então, tenho me desdobrado para aproximar-me das exigências desse professor amado. Talvez a melhor forma de eu homenageá-lo nesta vida dura que Deus me deu debaixo do sol, é continuar tentando. Porque foi o que senti no fundo da alma ontem à noite, quando soube do seu descanso.
Por isso, ao meu professor, meu querido mestre do púlpito, digo: Durma em paz! Você cumpriu sua missão! Sua  coroa está guardada. Você a receberá quando os céus se romperem na volta de Jesus Cristo. Quando esse indescritível evento acontecer, seu corpo gelado será aquecido outra vez. Seus ouvidos ouvirão grande alarido e sons de trombetas. Sim, as trombetas de Deus, professor! É o arcanjo Miguel, a te acordar Miguel Corrêa. A te arrancar das masmorras da morte. É a morte da morte, professor! É a tua volta à vida, a vida eterna!
Que a Dsa. Dulcides Vieira Corrêa, seus filhos Sérgio, Arnaldo e Carlos, assim como suas noras, netos e netas, sejam consolados pelo Espírito Santo e pela igreja de Jesus Cristo.
Bem aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre este não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos. (Ap 20:6)
 
Pr. José Lima, presidente da Convenção da IAP
 
 
 
 

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