Os desafios diários e sem trégua do ministério pastoral não são pagos com presentinhos anuais
Superficialmente. Na maioria das vezes, é como boa parte da igreja vê e julga seus pastores. Os pensamentos a seguir demonstram: “Filho de pastor pode tudo…”, “Só porque é a esposa do pastor ninguém mexe com ela…”, “É fácil ser pastor, sempre de roupa nova e participando de todas as festas…”, “Pastor só prega no fim de semana e, durante a semana, só descansa…”, “O pastor ganha presente no aniversário e no dia do pastor, assim, até eu…”.
Os pensamentos citados bastam. Além de claramente equivocados, passam a falsa ideia de que pastores têm privilégios que os demais não possuem. E olha que eu relacionei pensamentos dos mais leves e corriqueiros, porque, infelizmente, existem comentários bem mais pesados, maldosos e injustos.
A superficialidade causa isso: julgamentos superficiais. Somente na profundidade, mergulhando, é que a ovelha começa a perceber responsabilidades, desafios, lutas espirituais, demandas e lágrimas duramente administradas em todo pastorado. Tudo vivido na constante tensão entre solitude e solidão, limites e espaços nos quais todo pastor, vez por outra, se encontra.
Não! Materialmente falando, definitivamente, “não” é a resposta objetiva. Os desafios diários e sem trégua do ministério pastoral “não” são pagos com presentinhos anuais, muito menos com coxinha, bolinha de queijo, guaraná ou picanha. É lamentável que alguns imaginem assim. A entrega ao ministério pastoral é doação de corpo, alma, entendimento, coração. Talvez aqui, no ato de servir, esteja de fato o alto privilégio do pastorado. E este deve ser o desejo de todo pastor.
Na tradução da Bíblia Viva, no Salmo 27, verso 4, lemos o seguinte: “Há uma coisa que realmente desejo do Senhor; o privilégio de viver durante toda a minha vida na sua presença, para descobrir a cada dia um pouco mais da sua perfeição e do seu amor.” E como descobrir a perfeição e amor de Deus se não for na comunhão com os santos e a eles servindo com um coração de pastor?
Este, sim, é um real privilégio. Tratar das coisas de Deus, na casa de Deus, para as pessoas de Deus. Que ao seguir a Cristo carregando a nossa cruz e negando a nós mesmos, possamos perceber os privilégios especiais a nós reservados.
Pr. Edmilson Mendes congrega na IAP em Pq. Itália (Campinas, SP) e integra o Departamento Ministerial – Convenção Paulista e Convenção Geral.