Havia um homem doente na frente deles (Mc 3:1-6), e eles não estavam nenhum pouco preocupados com este homem. Estavam ali querendo acusar Jesus.
Marcos narra uma cena muito vívida do ministério de Cristo, quando ele estava prestes a curar um homem com as mãos atrofiadas (Mc 3:1-6). A cena descreve a reação de Jesus diante dos líderes presentes naquela sinagoga: “Irado, olhou para os que estavam à sua volta e, profundamente entristecido por causa do coração endurecido deles” (v.5).
Marcos dá muitos detalhes da cena e quase nos transporta para lá. Ele diz que Jesus estava “irado”. Você precisa concordar: com toda certeza, esta não é maneira pela qual costumamos nos lembrar dele. Todavia, por mais de uma vez os evangelhos o mostram assim. A ira também é um atributo de Deus (Rm 1:18).
A ira de Deus é sua santa repulsa contra o pecado. Deus é santo, por isso se ira contra tudo o que contraria sua vontade. Ele odeia o pecado. A ira de Deus é pura e justa. Não é como a ira humana que, na maioria das vezes, é vingativa, explosiva, caprichosa etc. Por isso, a Escritura diz: “irai-vos e não pequeis” (Ef 4:26; Sl 4:4). A ira, quando uma justa indignação contra o pecado, não é pecaminosa, apesar de poder levar a pecar.
Na história em questão, ao mesmo tempo que Jesus irou-se com os religiosos, ficou “profundamente entristecido”. E o texto diz o motivo: a dureza dos seus corações. Havia um homem doente na frente deles, e eles não estavam nenhum pouco preocupados com este homem. Estavam ali querendo acusar Jesus.
Estes líderes eram tão zelosos com as suas tradições (criaram uma regra dizendo ser pecado curar aos sábados, a não ser que fosse um caso de vida ou morte) que se tornaram insensíveis em relação ao próximo. Não viam problemas em acudir seus animais aos sábados, mas não admitiam fazer o bem àquele homem doente (Mt 12:11-12). Diferente da insensibilidade deles, Jesus sempre amou as pessoas e curou aquele homem para mostrar que a vida humana é mais valiosa do que as tradições.
Que o Senhor nos livre deste tipo de religiosidade que escraviza e petrifica o coração. Oremos, pedindo a Deus que nosso coração seja sensível para se indignar com aquilo que indigna Jesus; para se entristecer com aquilo que deixa Jesus “profundamente” triste; para amar o que Jesus ama e valoriza.
Pr. Eleilton William | Vice-Presidente da Convenção Geral das Igrejas Adventistas da Promessa e diretor da Editora Promessa.