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Respeitando nossa humanidade

Você já se sentiu exausta emocionalmente e incapaz de pronunciar uma simples oração?

A forte pressão que enfrentamos para apresentarmo-nos sempre fortes e espiritualmente firmes, por vezes, não nos deixa espaço para extravasar nossos sentimentos e emoções.
Vivemos momentos difíceis dentro do nosso mundo eclesiástico. Nossos líderes estão sofrendo, enfartando, alguns desistindo do ministério e da vida. Nossas mulheres estressadas, solitárias e entristecidas.
Fomos ensinados a não confiar em sentimentos, pois são falíveis. Aprendemos que em nossa vida espiritual eles são a última coisa em que se deve confiar, pois podem comprometer nossa espiritualidade. Desta forma, pensamos que devemos ignorá-los. Esta, no entanto é uma forma errônea de agir.
Deus criou o ser humano pra sentir uma variedade de emoções. Não devemos ignorá-las ou suprimi-las, mas cuidar delas.
Somos treinados a abordar a vida por meio de “fé e de sentimentos”. Seguindo esta ordem nossos sentimentos “menos nobres” como raiva, medo e tristeza devem ser suprimidos para não atrapalhar nossa jornada espiritual. E o que fazemos? Suprimimos, pois acreditamos não ter permissão para admiti-los ou expressá-los.
A negação de dores, perdas e das emoções ao longo de nossa trajetória torna-nos menos humanos. Trancamos nossas emoções e vivemos “vidas ocas”, nas quais sorrimos e todos acreditam em nossa “vida feliz”.
No entanto, como ouvir Deus e avaliar o que sinto com o coração tão fechado? Sentimentos fazem parte de nossa humanidade. Nosso Deus é pessoal e somos a sua imagem. Quando expressamos diante de Deus o que sentimos temos a oportunidade de avaliarmo-nos, trabalhar nossos sentimentos e aprender o significado bíblico de cada um deles.
Fomos criados à imagem de Deus, isto inclui todas as dimensões: física, espiritual, emocional, intelectual e social. Ele nos fez pessoas completas. Ao ignorarmos qualquer um destes aspectos teremos como resultado consequências destrutivas em nosso relacionamento com Deus, com o próximo e conosco.
A nossa jornada para viver a espiritualidade emocionalmente saudável começa com o “permitir-se sentir”.
A Bíblia relata que Jesus entristeceu-se (Mt. 26.37b).
Fomos feitos à semelhança Dele, e parte desta semelhança é sentir. Ser discípulo dele implica passar pelos os sentimentos, refletir sobre os mesmos e, então, ponderadamente, responder a cada um deles sob o senhorio de Jesus.
“Criou Deus, pois o homem a sua imagem e semelhança.” (..) “E viu Deus que era bom.” (Gn. 1.26). Inclusive nossos sentimentos (nossa humanidade).
Para refletir :
“A verdadeira vida espiritual não é um escape da realidade, mas um total compromisso com ela.” Scazzero (*)
1. Como anda minha saúde emocional? Dê uma nota de 0 a 10.
2. Tenho tido facilidade para expor os meus sentimentos a Deus?
3. Carrego algum sentimento oculto que me impede de viver minha espiritualidade de forma saudável.
Algumas atitudes nos ajudam a lidar com as situações mencionadas.
1. Aceitar nossa humanidade.
A Bíblia não esconde as falhas e fraquezas de seus heróis: Moisés, Davi, Jonas, Eliseu viveram momentos difíceis. Todos nós somos incompletos e falhos.
2. Não encobrir nossa fragilidade.
Outro grande homem de Deus, o apóstolo Paulo, reconheceu sua fragilidade e afirmou que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.7-10).
3. Manter-se em alerta.
Quando não processamos perante Deus exatamente os sentimentos que nos fazem humanos, esses acabam saindo de outra forma.
O trabalho para Deus que não seja nutrido por uma profunda vida interior com Deus acabará por ser contaminado por intrusos como desejo de poder, o ego e necessidade de aprovação.
*Scazzero, Peter. Espiritualidade emocionalmente saudável: desencadeie uma revolução em sua vida com Cristo, São Paulo: Hagnos, 2013 ,pg 34- 45.

Missionária Ilma Farias de Souza é pedagoga e educadora cristã, da Igreja Batista Nova Jerusalém, em Santos (SP)

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