Tempo de estar calado, e tempo de falar

““… tempo de estar calado e tempo de falar.” (Ec. 3:7)
Em todo o tempo, a criança está observando o adulto e construindo, a partir desse olhar, sua visão de mundo, de igreja e de sociedade.

Dsa. Abizail Dias do Nascimento
Quantos líderes não estão envolvidos em problemas, dificuldades no ministério, nos relacionamentos conjugais ou até mesmo em situações adversas no meio cristão, sem se darem conta de suas palavras? Conversam com alguém dentro do carro, em uma das dependências de sua casa, ou até mesmo numa visita a parentes ou amigos e desabafam sentimentos ou ressentimentos que angustiam a vida cristã. Em momentos como esse, se faz realmente necessário uma conversa, um aconselhamento pastoral e até mesmo uma busca de ajuda a profissional na área terapêutica.
Quando citamos essas dificuldades que são inerentes a todos os seres humanos, e principalmente no cotidiano daqueles que estão em cargos de liderança, lembramos dos espectadores que podem estar ao lado, ouvindo discussões tão acaloradas. São nossos queridos filhos! Estarão eles presentes nessas horas tão difíceis, quando situações extremas estão sendo desabafadas? Quantos pais discutem casos pessoais ou alheios nas dependências do carro, no caminho da igreja para casa, com seus filhos atentos ao que está sendo falado!
A Palavra de Deus nos orienta que existe tempo para tudo, deve existir também um tempo para as conversas particulares, um tempo reservado e, de preferência, com pessoas adultas.
Se pensarmos melhor sobre o assunto, observaremos que, se a situação está sendo tão difícil para o líder naquele momento, quanto mais para aquela criança que está ao lado, que não tem maturidade psicológica e espiritual para compreender o que está sendo falado.
Muitas questões são resolvidas com uma boa conversa entre cônjuges, companheiros de ministério, reuniões de conselho, mas continuam em aberto na mente da criança que presenciou o momento da explosão emocional. Como conseqüência disso, a visão da criança poderá ficar distorcida de tal forma que desenvolva resistências tanto em relação às pessoas envolvidas quanto aos cargos e programações de liderança.
Como podemos falar para nossos filhos que a igreja é o melhor lugar para eles se não vivermos essas palavras no nosso cotidiano, se mostrarmos somente as dificuldades no relacionamento entre cristãos? Somos responsáveis por aquilo que plantamos, se plantamos no coração dos nossos filhos ressentimentos, ódio e mágoa estaremos colhendo no futuro comportamentos inadequados ao nosso olhar, mas que correspondem àquilo que falamos e não damos conta de quanto os prejudicamos.
Eles precisam sentir amor pela causa, amor pelo evangelho de Cristo, amor pelos irmãos, para que possam ser motivados por esse amor. Através do exemplo em casa, devem saber que existem situações adversas que são solucionadas com um bom diálogo, com sabedoria, com oração, sem contenda, para que possam no futuro se posicionar da mesma forma.
Estaremos ensinando quando nos calamos ou falamos, quando dialogamos ou discutimos, quando oramos ou tomamos uma atitude precipitada, quando nos mostramos humildes ou arrogantes. Em todo o tempo, a criança está observando o adulto e construindo, a partir desse olhar, sua visão de mundo, de igreja e de sociedade. Por isso, não podemos nos esquivar de nossa responsabilidade como pais e líderes cristãos.
Vamos zelar pela família e valorizar o trabalho que Deus nos confiou. Da mesma forma, vamos cuidar da saúde mental e espiritual dos nossos filhos, para que sintam o desejo de colocar seus dons e talentos na obra do Mestre, não nos esquecendo que deles depende a igreja do amanhã. Se hoje priorizarmos a educação de nossas crianças, com certeza, teremos jovens e adultos dispostos a dar continuidade ao trabalho já iniciado, porque terão prazer na igreja do Senhor!
Dsa. Abizail G. M. D. Nascimento é pedagoga e psicopedagoga. Congrega na IAP em Vila Nhocuné (São Paulo) e atua ao lado do marido, Pr. Gildasio, no Departamento Ministerial da Região Paulistana Leste.
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