Atenção para os cuidados que todos devemos ter
O Zika virus (ZIKAV) é um Arbovirus, ou seja, um tipo de vírus que pode ser transmitido aos humanos por insetos (mosquitos e carrapatos, por exemplo). Ele pertence à família Flaviviridae, a mesma dos vírus da dengue e da febre amarela.
É bem possível que o Zika virus tenha entrado no Brasil trazido por turistas que vieram à Copa do Mundo, em 2014. Outra hipótese é que tenha sido trazido pelos atletas da Polinésia Francesa, que participaram de uma competição de remo no Rio de Janeiro. O fato é que o Zika virus só foi identificado no nosso país em abril de 2015, por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia. Em pouco tempo, porém, ele se dispersou por 18 estados do País, levado pelo mosquito Aedes aegipty, o mesmo que serve para propagar os vírus da dengue, da febre chikungunya (que pertence a outra família viral) e da febre amarela.
A infecção por ZIKAV é transmitida para uma pessoa sadia pela picada da fêmea infectada do Aedes aegipty, que necessita de proteína do sangue para o amadurecimento de seus ovos.
No início, a infecção pelo Zika não despertou maiores cuidados das autoridades sanitárias, porque aparentemente causava uma doença de evolução benigna. Não havia registro de mortes nem de complicações por esse vírus na literatura científica mundial. No Brasil, entretanto, a experiência clínica está mostrando exatamente o contrário: já foram registradas mortes de pessoas infectadas e há um surto crescente de casos de microcefalia e síndrome de Guillain-Barré.
Alerta mundial
A OMS (Organização Mundial de Saúde) emitiu oficialmente um alerta epidemiológico mundial para que se estabeleçam medidas de diagnóstico e acompanhamento de casos de Zika vírus. Pela primeira vez, a organização reconheceu a relação entre o vírus e os casos de microcefalia.
No caso da microcefalia, de alguma forma, o vírus provoca uma alteração no sistema imune que lhe permite atravessar a placenta e alcançar o feto, impedindo que seu cérebro se desenvolva normalmente.
A Síndrome de Guillain-Barré se manifesta depois de infecções por vírus ou bactérias e ataca os nervos periféricos. Essa desordem do sistema imune provoca fraqueza muscular e paralisia que, nos casos mais graves, podem pôr em risco a vida.
Sintomas
Em 80% dos casos, a doença provocada pelo ZIKAV pode ser assintomática. Quando os sinais aparecem, em geral dez dias depois da picada, podem ser semelhantes aos da dengue, porém tão menos agressivos, que chegam a ser confundidos com os sintomas de uma virose banal e passageira. Como desaparecem espontaneamente depois de três a sete dias, na maioria dos casos, as pessoas nem chegam a procurar assistência médica e não recebem o diagnóstico da doença.
Por isso, é preciso estar atento aos seguintes sintomas que fazem parte do quadro típico da infecção pelo Zika virus:
• febre por volta dos 38 graus;
• aumento dos gânglios linfáticos;
• dor de cabeça, no corpo e nas articulações (que pode durar várias semanas);
• erupção cutânea acompanhada de coceira intensa que pode tomar o rosto, o tronco, os membros e atingir a palma das mãos e a planta dos pés.
• fotofobia (sensibilidade à claridade intensa);
• conjuntivite (olhos vermelhos, inflamados, lacrimejantes e sem secreção purulenta);
• diarreia, náuseas, mal-estar;
• cansaço extremo.
Cuidados
• Verifique, com frequência, se não existem condições para a proliferação dos mosquitos Aedes aegipty, nos arredores de sua casa. Lembre-se de que esse é um mosquito com hábitos urbanos, que ataca mais de manhã e ao entardecer, especialmente nos meses quentes e úmidos;
• Mantenha as janelas e portas fechadas, especialmente de manhã e no fim da tarde ou coloque telas para dificultar a entrada dos mosquitos;
• Procure usar, nas horas maior atividade dos mosquitos, calças compridas e camisas de mangas longas;
• Saiba que os repelentes industriais reduzem, mas não eliminam o risco das picadas dos mosquitos;
• Não se descuide do acompanhamento pré-natal, se está grávida; se não está, espere um pouco para engravidar. Não vale a pena correr o risco de entrar em contato com o ZIKAV que está associado a complicações bastante graves.
Ao contrário do que se diz, tomar comprimidos de complexo B não ajuda a manter os mosquitos transmissores de doença à distância. A única coisa que funciona mesmo é eliminar os criadouros do mosquito.
Maria Helena Varella Bruna
Fonte: drauziovarella.com.br
Leia mais: http://noticias.uol.com.br/especiais/emergencia-mundial.htm#capa/1