Pode ser que você esteja vivenciando a “ansiedade, excesso de futuro; a “depressão, excesso de passado ou o estresse, excesso de presente”
Deserto, segundo o dicionário, é um lugar solitário, desabitado, abandonado. Logo, não é lugar desejável para se viver nele. A Bíblia menciona esse lugar em várias situações, como na jornada do povo de Deus ao sair do cativeiro do Egito e seguir para a terra de Canaã, prometida por Deus aos descendentes de Abraão. O povo enfrentou as adversidades do deserto por 40 anos. Aquela gente se cansou, quis voltar ao Egito, mas a liderança forte e firme de Moisés sempre prevaleceu, porque Deus estava com o povo durante o tempo no deserto.
Em Gênesis 21:14-20 temos narrada a experiência de Agar e Ismael, que nos traz lições valiosas para compreendermos como o Senhor, nosso Pai, está ali presente conosco. Abraão, a pedido de sua esposa legítima, Sara, decidiu mandar embora do convívio familiar a Agar, com quem o patriarca tivera o filho Ismael, que era ainda uma criança. Assim, Abraão preparou alguns pães e um cântaro com água, pôs sobre os ombros de Agar e despediu-a com o menino. O texto bíblico relata que mãe e filho ficaram vagando pelo deserto de Berseba, que significa “poço do juramento”.
Quando acabou a água, Agar colocou o menino debaixo de um arbusto e ficou a certa distância para não ver o filhinho morrer. Diz a palavra (v. 15) que o coração da mãe doeu muito por ver aquela difícil situação, então começou a chorar. Mas Deus estava ali. Ele ouviu o choro do menino e da mãe, com certeza. Trouxe consolo e solução, indicando uma fonte de água próxima do local onde estavam. O menino foi saciado em sua sede, a mãe, aliviada da dor da angústia e uma promessa de Deus foi feita para o futuro de Ismael. Ele cresceu e viveu no deserto, tornando-se arqueiro e pai de uma descendência. É assim que Deus faz, vem estar conosco mesmo pelos caminhos do deserto.
Isaias 64:4 declara que Ele é o Deus forte e poderoso que trabalha em favor daqueles que nele esperam. Ao seu povo na jornada para a terra prometida, não deixou faltar o alimento e a água. O pão veio do céu, o maná; a água saiu da rocha (Sl 105:40, 41). Para Deus, tudo é possível.
Elias, o profeta, viveu a experiência da vida no deserto. Foi um homem forte e valoroso no propósito de Deus. Quando desafiado, também desafiou, não a um, mas a 450 profetas de Baal (o supremo deus dos cananeus), conforme relata I Reis 18:19. A luta não era pela espada, mas pela verdade: Deus ou Baal? Precisavam decidir quem era o verdadeiro Deus. No Monte Carmelo, Elias pôde provar a suprema superioridade do seu Deus. Quando preparou o altar e colocou sobre ele a oferta, orou a Deus e fogo veio do céu e queimou toda a oferta do sacrifício. Resultado? Os 450 profetas de Baal foram mortos por Elias junto ao ribeiro de Quison (v.40).
Quando Jezabel soube o que havia acontecido, prometeu matar Elias até o dia seguinte. Aqui começa o deserto do profeta de Deus. Homem tão destemido, corajoso, agora é atacado pelo medo da morte e foge (I Reis 19:1-4). Elias passou por um momento desesperador! Imagine, ele fugiu com medo: no deserto, pediu a morte! Como estava a mente de Elias? Foi ali, deitado debaixo de uma árvore, cansado da viagem e desiludido, que ele recebeu a visita de Deus através do anjo que lhe dizia: “levante-se e coma”. É como se o anjo dissesse a ele: “vamos rapaz, coragem, você não é homem fraco, já lutou muito e sempre foi vitorioso, confie em Deus que sempre foi o seu ajudador”.
Elias levantou-se, comeu e bebeu, mas voltou a deitar-se. O ser humano é fraco por natureza, por isso, nas adversidades da vida, por vezes, demonstra a sua fragilidade. Novamente o anjo ordena a ele: “levante-se e coma, porque você tem um longo caminho pela frente”. Elias ainda temia pela sua vida. Comeu, bebeu e caminhou por 40 dias até Horebe, o monte de Deus. Chegando ali, entrou numa caverna e passou a noite. O deserto dele ainda não havia acabado.
Agora é o próprio Deus que fala: “O que você está fazendo aqui, Elias?”. Lá de dentro da caverna, ele tenta se justificar (I Reis 19:9, 10). O Senhor determina: saia (da caverna) e fique no monte, o Senhor vai passar. Ele percebeu soprando um forte vento, em seguida um terremoto e depois um fogo. Deus estava mostrando ao profeta nessas manifestações da natureza que Ele não aprovou a ameaça de Jezabel contra ele, porque, em seguida, Elias ouviu uma voz mansa e delicada, a voz de Deus que traz paz e bênção. Cumpriu-se aí o que declara Isaías no capítulo 54:17. Só assim Elias saiu do seu deserto e continuou destemidamente o seu ministério profético, até quando foi arrebatado ao céu pelo seu grandioso Deus (II Reis 2:1 e 11).
Qual é o seu deserto? A solidão, a escassez, os sofrimentos, a depressão, qual? No livro “O Poder da Esperança”, seus escritores chamam a “ansiedade” de excesso de futuro; a “depressão” de excesso de passado e o “estresse” de excesso de presente. Há pessoas que estão chorando nos seus desertos, muitas sem saber o motivo. Tudo o que citamos acima pode estar causando essa situação desconfortável. Para algumas, a solidão, para outras, os sofrimentos; ainda para outras, a depressão.
Como afirmam os autores do livro citado: “A depressão é o mal que predomina nas consultas psiquiátricas e de psicologia clínica. Em breve ela poderá ocupar o segundo lugar entre as causas de doenças e de incapacidade, ficando atrás apenas dos problemas cardiovasculares.”
Lembre-se da palavra inspirada: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Sl 30:5). O Senhor nos dá plena esperança: “Com certeza o Senhor consolará Sião e olhará com compaixão para todas as ruínas dela; ele tornará seus desertos como o Éden, seus ermos como jardim do Senhor” (Is 51:3).
Que Deus maravilhoso é o nosso Deus! Com ele a promessa divina conforta o coração e dá certeza da vitória sobre todas as adversidades da vida. “Quem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome ou a nudez, ou o perigo da espada? Eis a resposta: ¨Mas em todas essas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” : Jesus, que por nós intercede diante do Pai (Hb. 7:25; Rm. 8:35 e 37). Você quer sair do seu deserto, de sua caverna? Então, “entregue o seu caminho ao Senhor, confie nele e ele tudo fará.” (Sl 37.5)