Jesus avisou que o amor de muitos esfriaria
Dias confusos no Brasil… nos últimos 20 anos! Dias esses em que o discernimento e a sabedoria deveriam vir do próprio povo de Deus, mas curiosamente é o caos que emerge. Teologias diversas para todas as minorias, conforme o gosto do freguês; verdades pessoais e individualistas vendidas como bíblicas. O certo e o errado trocando de lugar conforme o interesse de quem lidera e o adoecimento psicológico abundando.
Não é mais possível negar que algo na mecânica institucional das igrejas está errado. Cresce o número de atividades e de formatos com a intenção de incrementar o Evangelho – como se Ele precisasse. É show (e em estádio!), é marcha, é maratona, é partido. Tudo para sofisticar e justificar a agenda do ano. Proclamam-se os eventos, não o Evangelho, como provam os crescentes números de desigrejados, desinstitucionalizados e não convertidos.
Sem falar em alguns frequentadores de igrejas que, por hábito permanecem, mas cuja disciplina espiritual se foi há muito. Casal que ora junto, cadê? Jovem que preserva sua sexualidade, cadê? Dizimista, cadê? Sem dúvida não podemos nem devemos esperar perfeição, mas passamos do limite… e fundimos as nossas fronteiras com as do mundo.
Nosso estilo de vida não convence mais. Ao contrário, escandaliza e gera questionamentos a ponto de sermos confrontados em pleno Carnaval, através de uma escola de samba que ousou questionar-nos sobre o amor ao próximo. Mesmo que o mundo confunda o acolher (receber) com o apoiar (aceitar o pecado), será que não fomos nós que confundimos primeiro a eleição (separados por Deus) com a discriminação (somos superiores)? Hoje somos uma igreja que se considera superior à humanidade, de maior valor e, por isso, instrumento de lei, capaz de decretar vida ou morte à humanidade. Tomamos o lugar de Deus sem nenhuma cerimônia. Um lugar que, ao invés de estar ocupado pela misericórdia, compaixão, justiça e humildade – como mostra o caráter de Cristo – encheu-se de soberba, frieza, protecionismos, ganância e ostentação.
Mas, imagino que você já conhece tudo isso… Pois é… É aí mesmo que morre o perigo… O que você, indivíduo, tem feito por isso? Continua trancado em sua vida, indo do trabalho para casa; de casa para a igreja; e crê que está tudo bem? Leu este texto e pensa que está bem com Deus porque não faz parte dos apontamentos feitos nessas palavras? Cuidado! Por muitos pensarem assim, é que as pedras estão clamando. A igreja omissa, que se coloca a parte de tudo isso, é a maior responsável. Pessoas que vivem a oração do fariseu, agradecendo por não serem pecadoras. É você quando pensa que não tem nada a ver com isso.
Jesus avisou que o amor de muitos esfriaria e convoca-nos, através do capítulo 2 do livro de Apocalipse, a resistir e perseverar até o seu retorno. Por outro lado, também afirmou que se seus discípulos calassem a voz da sua anunciação, as pedras clamariam… e chorou avistando a grande cidade de Jerusalém, lamentando por esta não ter reconhecido a oportunidade concedida por Deus (Lc 19.39-44). Você já sabe que a verdadeira Igreja vai muito além da instituição. É aquela que, legitimamente unida, vai para além das paredes e dos finais de semana. Manifesta a divindade no dia a dia porque liberta os cativos, dá vista aos cegos, levanta os abatidos, ama os justos e protege o estrangeiro, além de sustentar o órfão e as viúvas, como bem diz o Salmo 146. Sobre esta Igreja, sim, as portas do inferno não prevalecerão. Assim, questione-se…para quem realmente as pedras clamam?