Pr. José Lima fala sobre o lema da IAP para os anos 2012/ 2015
Uma Igreja Santa Proclamando o Deus Santo
Mais uma etapa de trabalho começa. As diretorias geral, regionais e departamentais estão definidas. O lema já foi escolhido para os próximos quatro anos foi escolhido. Agora, mãos ao arado. Quis o Senhor que o foco do trabalho para os próximos anos fosse Proclamação. Este termo é a novidade do enunciado do moto da IAP para os próximos quatro anos.
Mas, que vem a ser esta Proclamação?
I – Definindo a Proclamação
O termo Proclamação vem do substantivo grego Kerigma e do verbo Kerousso (proclamar). Outros termos como Evangelizar, Declarar e Profetizar também são utilizados em alusão ao anúncio da Palavra de Deus. Mas o termo Proclamar é o mais presente na Bíblia para descrever essa ação. Segundo Taylor , Vine e outros eruditos, Proclamar é termo sinônimo de pregar. Proclamar ou pregar significa anunciar e mencionar publicamente. Vine escreve que Proclamar é ser arauto. Deste modo, em distinção ao ato de apenas informar, Proclamar significa comunicar com alta voz e de um modo nobre, oficial e reverente. Eis algumas passagens bíblicas onde podemos encontrar a Proclamação: Mt.3.1; Mc.1.45; Lc. 4.18 e 19; At. 10.37 e Rm. 2.21, dentre outras.
II – A Ordem da Proclamação é dada
O Ato de proclamar está desde muito cedo presente no Novo Testamento. Jesus, ao comissionar os doze, deu para eles algumas ordens (Mt. 10.7 e 8), mas a primeira que aparece na lista de Mateus é Proclamar: E indo, pregai (proclamai) (Mt. 10.7). Marcos também menciona esta ordem de Jesus, fazendo inclusive o leitor perceber que quando Jesus chamou os doze, o fez principalmente com esta finalidade: Designou ele os doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar (Mc. 3.13). Marcos, aliás, demonstra durante todo o seu evangelho que o tema da proclamação não saia da boca de Jesus. Ele narrou o dito do Senhor de que era necessário que o evangelho fosse pregado entre todas as gentes (Mc. 13.10) e no capítulo seguinte, descreve a história da mulher do vaso de alabastro que também enfoca a proclamação. Segundo o Mestre, aquilo que ela fez, seria declarado em todos os lugares onde o Evangelho fosse pregado (Mc. 14.9). Mas é só mesmo no último capítulo que Marcos explicita a ordem do Senhor, quando o Mestre diz: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura (Mc.16.15). Este texto faz parte da chamada grande comissão, a qual enfatiza a necessidade de anunciar, de declarar, de Proclamar. O termo Pregai de Mc. 16.15 é imperativo. Ou seja, Proclamar não é opção, é mandamento do Senhor Jesus Cristo.
III – A Ordem da proclamação é cumprida
Os discípulos de Cristo entenderam bem seu mandamento, e a Escritura nos apresenta os mesmos cumprindo o mandato do Senhor. O último dos apóstolos chamado pelo Senhor, Paulo, logo que se converteu, pregava a Jesus (At. 9.20). O Evangelho de Marcos e o Livro de Atos, dois textos emblemáticos sobre a proclamação – pois um fala da história da vida de Cristo e outro narra a história da igreja, respectivamente – termina mencionando a prática da proclamação. Marcos escreve: E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor (Mc. 16.20). Já Lucas narra que Paulo ficou dois anos na sua própria habitação… pregando o reino de Deus (At. 28.30 e 31). É preciso ver também que o ato de proclamar Jesus não foi visto como responsabilidade apenas dos apóstolos. Estêvão entendeu isso e pregou a Jesus (At. 7.1-53). Em Atos 1, a ordem da proclamação é mencionada e incutida não só aos doze, mas a muitos outros crentes (At. 1.8, 12, 13 e 14). O próprio Paulo quando começou a pregar ainda não era um apóstolo na acepção da palavra. Mas como um convertido ao Cristianismo, percebeu que lhe era imposta essa obrigação.
IV – Quem ou O Que Proclamar?
Já vimos que Jesus deu a ordem para a proclamação, e que os discípulos e apóstolos a cumpriram. Mas, o que, ou quem devo proclamar? Jesus deixou claro isso: Pregue o Evangelho (Mc. 16.15). No próprio livro de Marcos, temos a explicação do que é o Evangelho: Boas Novas de Jesus Cristo, filho de Deus (Paráfrase de Mc.1.1). Proclamar o Evangelho é apresentar as boas notícias relacionadas à vida e obra de Jesus Cristo. Portanto, você proclama quando declara que em Cristo, é chegado o reino dos céus (Mt. 10.7). Você proclama quando anuncia em alto e bom som que na cidade de Davi, nasceu o Salvador que é Cristo o Senhor (Lc. 2.11). Você proclama quando faz menção da morte e da ressurreição de Cristo Jesus (At. 9.20). Você proclama quando enfatiza que este Jesus, deve ser Senhor e Salvador do pecador (At. 2.36). Você proclama sempre que faz o nexo entre o que Cristo fez e o que Ele quer que o homem faça.
V – O Proclamador
Além do verbo e do substantivo relacionados à proclamação, temos um terceiro termo grego que é Katangeleous, o Proclamador. Que se exige do proclamador? Que seja crente em Jesus. Devido à extrema necessidade de salvar outros, Jesus imprime em cada crente a necessidade de, muitas vezes, mesmo que ele perceba que lhe falta alguma virtude ou um aperfeiçoamento em sua própria vida, proclamar o Evangelho sem se esquivar. Não é à toa que no contexto da ordem da proclamação de Mc. 16.15, o Evangelho nos diz que Madalena, alguém que fora possuída por sete demônios anteriormente, foi portadora, apesar disso, da boa nova da ressurreição (Mc. 16.9). Os outros discípulos são descritos do v. 10 até o v. 15 como pessoas incrédulas quanto à ressurreição, sendo censurados por Cristo devido a essa fraqueza. Não obstante, são os mesmos que ouvem Jesus lhes dizer logo em seguida: Pregai o Evangelho! Que podemos desprender daí? Que o sucesso da proclamação não está baseado na competência do arauto e sim na mensagem que ele apresenta. Os versículos anteriores à ordem de Cristo não deixam dúvidas: Não deve o crente pensar que precisa se preparar para proclamar. Deve ter convicção de que será proclamando que ele poderá continuar se preparando.
Por volta do ano 400 a.C. Platão escreveu em suas Leis que o homem que não comete qualquer erro é digno de honra, porém, digno de honra em dobro, e mais, é aquele que em adição a isso não permite que os cometedores de erros os cometam, pois enquanto o primeiro vale por um homem o segundo vale por muitos. Assim é que, digno de duplicada honra é aquele que se aplica não apenas em sua própria salvação, mas também, na salvação de seu semelhante.
VI – Onde devo Proclamar?
A respeito da grande comissão, é preciso entender que a ordem do Senhor não é para ir e sim para proclamar. Como explica Champlin, comentando Mt. 10.8: À medida que seguirdes, pregai. Pode-se traduzir, enquanto fordes, continuar pregando, porque o grego requer a expressão de uma ação de continuar pregando. Aos olhos de Jesus, é inconcebível um discípulo ou cristão que não esteja no caminho, ou não se encontre onde existam pessoas carentes da palavra de Salvação. Em Mc. 16.15, também não temos um imperativo relacionado ao Ide e sim ao Pregai (Proclamai). O texto é traduzido corretamente assim: E, indo, pregai. Temos aí um Aoristo (Indo) seguido de um imperativo (Pregai). Portanto, o mandamento de Cristo é: Proclame. Muitos são aqueles que se esquivam de proclamar porque pensam que não podem ir. Mas a ordem do Senhor é de proclamar onde estivermos e para quem estiver diante de nós. Quantas vezes ouvimos sobre o Ide de Jesus, mas quando damos mais ênfase ao ir do que ao proclamar, acabamos, em vez de fomentar a prática evangelística, inserindo obstáculos ao ato da pregação. Portanto, proclame Jesus onde você estiver. Há poucos metros, ou quem sabe do teu lado, tem alguém carente de ouvir a mensagem de salvação.
VII – A quem devo Proclamar
Muito embora tenhamos dito na definição que Proclamar e pregar são sinônimos, proclamar vem a ser um tipo específico de pregação. Proclamar o Evangelho é o anúncio deste Evangelho para quem ainda não se rendeu a Cristo. Basicamente, é falar como arauto, declarando algo novo para outrem. Podemos aferir isso por três razões: A história do termo, A relação do termo com outras palavras bíblicas e o seu uso nas Escrituras.
1. A história do termo: Em toda a história, o termo Proclamar traz uma conotação de um anúncio oficial que é por natureza, uma Nova. O arauto – portador da palavra de proclamação – levava aos súditos ou às pessoas que compunham uma nação ou comunidade uma informação formal e até então desconhecida. A importância de seu papel estava tanto no fato de o que ele iria proclamar ser importante, como também que as pessoas a serem participantes da notícia não tinham o seu conhecimento. Se ele não cumprir com o seu papel, não levar a exemplo uma ordem real que convocava os súditos para uma reunião solene, esta reunião não poderia ocorrer. Logo, a proclamação evangélica não pode se referir a um ensino da Escritura para crentes que já vivem no seio da igreja. Isso é pregação – pelo menos no emprego que esta palavra tem em nossos dias – mas não é uma proclamação propriamente dita. Proclamar é apresentar algo novo para quem ouve, e é por isso que Jesus pode mandar os discípulos pregarem – proclamarem – o Evangelho, pois Evangelho é uma Boa Nova (Mt. 10.7 e Mc. 16.15).
2. A Relação da Proclamação com outras palavras bíblicas: Na Escritura, temos outros termos que não são sinônimos de Proclamação, relacionados ao processo de educação, edificação e aprendizado cristão. Podemos elencar alguns deles como: Discipular, Batizar, Ensinar, Edificar, Exortar, Instruir dentre outras. Queremos destacar além de Proclamar, Batizar e Ensinar. Em algumas passagens – como Mateus 11.1 e 28.19 – duas ou mais dessas palavras aparecem juntas, e não temos motivos para pensar que isso se deva aquilo que se chama paralelismo hebraico – menção de um mesmo termo de duas formas diferentes com fins didáticos. Na Escritura – especialmente no Novo Testamento – termos diferentes são usados para a prática de falar da Bíblia porque o público-alvo é diferente. Proclamar é o termo utilizado para a pregação aos não crentes. Já o termo Ensinar é utilizado para se referir à mensagem para quem já é crente. O Batismo seria o meio termo. Ele encerra o processo da Proclamação – pois aquele que se batiza creu em Jesus – e introduz o processo do Ensinamento – pois quem se batiza precisa continuar aprendendo sobre Jesus e sobre a Bíblia. Veremos mais sobre isso ao falarmos do Discipulado Cristão.
3. O Uso da proclamação na Escritura: Nas passagens já citadas, propriamente Mt. 10.7 e Mc. 16.15, Vemos Jesus preocupado com aqueles que se encontram fora da igreja. Em Mateus, o seu foco são as ovelhas perdidas da casa de Israel. Em Marcos, são todos os que em todo o mundo, carecem da luz do Senhor. Tanto um grupo como o outro é apresentado como gente que desconhece o Evangelho. É preciso então anunciar-lhes a Boa Nova. Como Jesus diz em Marcos, aquele que crer na Boa Nova, será salvo.
Portanto, nós vimos que a Proclamação é voltada para quem ainda não entregou sua vida ao Senhor. Muitos são aqueles que se esmeram na pregação voltada para os crentes, mas que não investem tempo na pregação para quem está nas trevas. Devemos sempre lembrar que nossa luz deve brilhar no meio das trevas e que nós só somos crentes hoje porque um dia nós fomos alcançados pela palavra da Proclamação. Ao declararmos que estamos pregando, técnica e teologicamente falando, deveremos ter necessariamente dentre os que ouvem esta pregação ou Boa Notícia os descrentes.
O Processo do Discipulado Cristão
Quando Jesus mandou os discípulos irem às ovelhas perdidas para Pregar para elas (Mt. 10.6 e 7) ele usa o termo Kerigma, que é exatamente a Proclamação. Mas a palavra utilizada para a pregação aos que já são crentes não é Kerigma e sim Didaquê – (Mt. 28.19)O ensino facultado aos crentes pode ser chamado também de doutrinamento. No ministério de Jesus havia tempo para a Proclamação – Kerigma – aos descrentes e para o Ensino – Didaquê – aos crentes, aos que já eram discípulos. Vejamos algumas provas escriturísticas disso:
a) Percorria Jesus as Sinagogas, Ensinando – Didaquê – e Pregando – Kerigma – o Evangelho. Mt. 4.23.
b) Percorria Jesus as sinagogas, Ensinando – Didaquê – e Pregando – Kerigma – o Evangelho. Mt. 9.35.
c) Acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a Ensinar – Didaquê – e a pregar – Kerigma – nas cidades deles. Mt. 11.1.
Pelos textos acima, verifica-se que Jesus fazia uso do Didaquê principalmente nas sinagogas. Ali, se ministravam explicações do Antigo Testamento. Os judeus já eram conhecedores do Antigo Testamento, mas faltava-lhes a compreensão. Isso se evidencia no Ensinamento. Quando um judeu dava vazão ao chamado de Jesus e passava a segui-lo, Jesus principiava a ministrar-lhe o Didaquê, o que se evidencia na expressão de Mt.11.1 de dar instruções aos seus doze discípulos. O apóstolo Paulo eleva ainda mais a importância do Didaquê, pois o considera como um dom espiritual, ao dizer: O que ensina – Didaquê – deve esmerar-se no fazê-lo. Ro.12.7.
Vemos assim explicitado principalmente nestas duas palavras – Kerigma e Didaquê – o Processo de Discipulado Cristão. Jesus é a Base do Evangelho, da Proclamação, pois o Evangelho é dele (Mc. 1.1). Mas Ele também chamou de seu o Ensinamento ou Didaquê: A Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou (Jo. 7.16). O Processo do Discipulado deve é claro envolver também o Batismo como seu terceiro elemento (Mt. 28.19) e como o Elo de ligação entre Kerigma e Didaquê. O Batismo é estratégico no Processo do Discipulado. Ele determina que a Proclamação alcançou o seu objetivo. Mas ele aponta para o Didaquê, fazendo o crente perceber que ainda há muito a aprender.
Alguns intérpretes entendem que a Proclamação é anterior ao inicio do Discipulado. Justificam sua interpretação pelo fato de em Mt. 28.18-20, não aparecer o Kerigma. No entanto, o versículo 19 começa com a expressão E Indo. Este gerúndio tem relação direta tanto teológica como cronológica com a mesma expressão que ocorre em Mc. 16.15 E indo. Em Marcos, a seqüência do E indo é a ordem da Proclamação. Como ambos os textos se referem à Grande Comissão, podemos entender que em Mateus a ordem da Proclamação está implícita. Até porque antes mesma da sua morte e ressurreição, Jesus já havia no próprio Evangelho de Mateus ordenado que os discípulos deviam Proclamar: E indo, Proclamai (Mt. 10.7). Portanto, é um erro entender a Proclamação como um ato anterior ao Discipulado. A Proclamação é na realidade o primeiro passo do Discipulado – para quem ouve o Kerigma – e é dos últimos passos do Discipulado – para quem ministra o Kerigma. Quando alguém apresenta a outrem o Kerigma, está na forma ativa do Discipulado e aquele que ouve o Kerigma está sendo alvo deste Discipulado Cristão. O interessante é que, embora tenhamos diversos textos em que identificamos a ordem de Jesus para nós levarmos o Kerigma e para praticarmos o Didaquê, o mandamento de Cristo que abarca Kerigma, Baptizon e Didaquê só acontece uma única vez em todo o Novo Testamento: Mt. 28.19 – Fazei discípulos – do Gr. Mateteussate. Em vários lugares vemos Jesus ordenando a Proclamação. Em vários textos percebemos o Mestre mandando Ensinar. Mas a ordem que Envolve a Proclamação, O Ensino e o Batismo está presente exclusivamente em Mt. 28.19. Como entender isso? É natural. A forma imperativa de Jesus para fazermos discípulos só precisa ocorrer uma vez porque ele, durante seus três anos de ministério, investiu a maior parte do tempo em fazer e preparar discípulos. Jesus não fomenta a necessidade de preparar seguidores e proclamadores determinando esta ordem em diversos textos e sim, praticando, Ele mesmo, este gesto tão significativo. Se nós temos então por um lado, um único texto que traz-nos o imperativo para fazermos discípulos, nós temos 270 passagens em o Novo Testamento, que tratam dos discípulos conquistados e preparados pelo Senhor. Só em Mateus 28, o capítulo da Grande Comissão, o termo discípulo ocorre em 05 ocasiões (28.7, 8, 13, 16 e 19). Estes homens e mulheres foram alvo do Kerigma, do Baptizon e do Didaquê do Senhor. Agora, deveriam levar o discipulado em diante, preparando outros seguidores e proclamadores. Temos aí clara e contumaz a presença do Discipulado Cristão na Escritura. Este Discipulado é composto assim, pela tríade: Proclamar, Batizar e Ensinar. Temos imperativos do Senhor no Novo Testamento para estas três atividades (Mt.28.19 e 20 e Mc. 16.15). Se uma delas faltar, a vida cristã estará em risco, e é bem provável que esta vida cristã nem tenha começado pra valer. É preciso dizer que a segunda etapa, o Batismo, não corresponde apenas ao ato de batizar em si, mas também aquilo que compõe o aprendizado do batizando do momento em que ele se rende a Cristo até a hora do batismo propriamente dito. Como pode ser chamado este momento? De Proclamação? De Ensinamento? Se formos mais genéricos, diríamos que pode ser chamado de Discipulado, pois compõe o mesmo, mas já não é Proclamação – pois a pessoa já se tornou sabedora da Boa Nova, pois a aceitou – Veja que Jesus em Mateus diz que o batismo deve ser em Nome do Pai, do Filho e do Espírito, o que nos conduz para a profissão de fé, que só pode ser declarada posteriormente ao conhecimento do Evangelho por parte do batizando. Mas o Batismo ainda não é o Ensinamento – pois este é fundamentado por um processo de aprendizado nas coisas mais profundas da fé e também porque na Grande Comissão de Mateus, o termo Didaquê – original de Ensino – só ocorre depois da ordem de batizar. É devido à necessidade de definir e nomear este momento que muitos têm proposto o nome de Investigação Bíblica. A Bíblia, porém, o considera simplesmente como parte do Batismo, até porque, a etimologia desta palavra nos conduz a um mergulho. Antes, porém, de o batizando mergulhar nas águas, deve mergulhar na Escritura, para dela, extrair tudo de que precisa para descer às águas com convicção bíblica nos Rudimentos da Doutrina. Para as classes que se instalam nas igrejas para preparar os batizandos, pode-se dar apropriadamente os nomes de Classe Batismal ou Classe de Investigação Bíblica. Mas técnica e teologicamente falando, da hora em que a pessoa se entrega a Cristo até o Descer às águas, todo o processo pode ser chamado simplesmente de Batismo.
Além dos três pontos anteriores, podemos citar um quarto ponto que também se chama Proclamação. A diferença para o ponto inicial do processo é que, aquele que no ponto 1 estava sendo evangelizado, agora, na forma ativa, está evangelizando.
Segue-se assim então o Discipulado Cristão – Base Bíblica: Mt. 28.19 a – Fazei Discípulos:
1. Proclamação – Anúncio ao não crente do Evangelho até o momento em que ele se rende a Cristo. Base Bíblica: Mt. 10.7 e Mc. 16.15 – Proclamai o Evangelho.
2. Batismo – Processo de capacitação para o ato batismal até o batismo propriamente dito. Base Bíblica: At. 2.38 e Mt. 28.19 b – Batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
3. Ensinamento – Começa no Ato Batismal e vai até a volta de Cristo ou até a morte do crente fiel. Base Bíblica: Mt. 11.1 e 28.20 – Ensinando a guardar todas as coisas que vos tenho mandado.
4. Proclamação – O não crente que se converte ao Evangelho passa pelo Batismo e pelo Ensinamento para ter a condição de Proclamar aos outros o Evangelho. Base Bíblica: At. 9.19 e 20 e Mc. 16.15 – Proclamai o Evangelho.
O Ato de Batizar e o de Ensinar não são interpretados como função de todo crente, pois quem batiza são os ministros e quem ensina geralmente são os mestres e líderes da igreja. Já a Proclamação deve ser um ato praticado por todos os crentes em Jesus. Eis aí mais uma razão para valorizarmos ainda mais o Lema da Igreja. Isto porque embora a Proclamação não abarque todo o discipulado Cristão, ela começa e termina o Processo e é a única parte do Processo que pode e deve contar com a participação de toda a igreja de Cristo Jesus.
Paulo e o Processo de Discipulado Cristão
O Apóstolo dos gentios também percebeu o valor tanto da pregação aos descrentes como do ensinamento aos convertidos. Em Fp. 1, por exemplo, ele fala do Kerigma como significando uma Boa Nova que chega a pessoas desprovidas da luz do Senhor. A guarda pretoriana foi alvo da palavra proclamadora (Fp. 1.13). Dos versículos 14 ao 18, Paulo esboça um ensino de que a proclamação pode ser feita por motivos dos mais até aos menos nobres, mas segundo ele, o que mais importa é que de algum modo, o nome de Cristo seja anunciado. Já em 1ª Ts. 2, podemos ver a relação da Proclamação com o Ensinamento. Nos versículos 8 e 9 Paulo apresenta o valor do Kerigma. No v. 8, Proclamar é Comunicar. No versículo 9 Proclamar é Pregar. Já no versículo 12 Paulo trata sobre a Exortação, a Consolação e a Admoestação que estão relacionadas diretamente ao Didaquê. Como fez o seu Mestre Jesus, Paulo dava vazão tanto à ministração aos descrentes como aos convertidos. Ele sabia que a partir do momento da conversão, há muito ainda que o crente precisa aprender. Mas ele não usava este expediente para deixar de proclamar. Sua atividade era voltada para os de dentro e para os de fora da igreja. Que exemplo!
Os Promessistas e os Cristãos de modo geral devem também viver este equilíbrio. Muitas igrejas demonstram uma ousadia tremenda para a Proclamação, mas perdem muitos convertidos, pois estes não são ministrados no Didaquê. Falta doutrina; Falta ensino; Falta amadurecimento na Fé. Já outras igrejas são muito passivas na Proclamação, mas tem um serviço de contenção maravilhoso, com estudos aprofundados nas verdades bíblicas, contribuindo para que os seus congregados não se percam por ventos de doutrina. Estas igrejas, porém, só crescem para dentro, pois a palavra de Deus deixa de ser ministrada para quem ainda está nas trevas. Costuma-se ganhar uma ou outra pessoa que já fazia parte de outra denominação. Não que isso seja errado, mas os que são mais carentes do Evangelho são aqueles que estão nas trevas, na idolatria ou na irreligiosidade. Assim, tanto um tipo de igreja como a outra carece de equilíbrio. Jesus, Paulo e a Escritura como um todo nos dizem que quando a igreja abre a boca para falar de Jesus, seu alvo precisa ser tanto os de dentro da igreja como os que ainda não fazem parte da igreja. Beneficiar apenas um dos lados é não viver a inteireza do Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Dar vazão equilibradamente ao Kerigma e ao Didaquê é Crescer quantitativa e qualitativamente.
Pr. Marcio Rogério Gomes David é superintendente da Convenção Ceará.
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