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Um dia na vida de um pastor e sua família

 

A luz e vibração do celular ao lado da cabeceira da cama, em uma pequena cômoda de madeira, “um presente de casamento”, despertaram-no bruscamente de um profundo sono. No instinto, esfregou os olhos para ver melhor o número da chamada que o despertara. Era de um casal de irmãos, muito amáveis. Para não acordar a esposa levantou-se rápido e foi atender na sala.

 

– Pastor, pode vir ao hospital? Ansiosa, não se identificou.

– Estamos desesperados; nossa filhinha está muito doente e não sabemos o que fazer!

– Pode orar por ela? Neste momento, a esposa que acabara de acordar pergunta:

– Quem é? O que aconteceu?

– A Lisa, filha dos irmãos Flores está doente; vou ao hospital orar por ela, verei se o presbítero Sebastião pode me acompanhar.

– Faz bem em convidá-lo, veja com ele!

– Antes vou preparar o café para você e não se preocupe, cuidarei das coisas por aqui.

– Levo a Deborah à escola, assim aproveito para saber como estão as notas dela.

Passava do meio dia quando o pastor chegou em casa. Seu rosto mostrava sono, cansaço e uma indisfarçável alegria. A esposa que já havia preparado o almoço, pergunta:

– Como foi a visita? A Lisa está melhor?

– Graças a Deus! Está bem melhor! Ficará ainda hoje no hospital para observação, amanhã já deverá ter alta.

– Que maravilha! Aliviada, disse a esposa – diaconisa Mercedes – enquanto colocava uma toalha bordada em azul sobre uma mesa de quatro lugares para almoçarem.

– Descanse um pouco e depois ajude a Deborah nas tarefas da escola… Disse a esposa.

– A irmã Ruth e eu faremos uma visita de cortesia àquela senhora que esteve no culto sábado de manhã. Lembra-se dela?

– Sim, Dona Noa, como poderia esquecer? Muito gentil!

Quando chegaram para a visita, Dona Noa recebeu as irmãs servindo chá com biscoitos de polvilho. Deliciosos… Envolvidas entre risos e alegres conversas não perceberem o passar das horas. Em volta da mesa uma fervorosa oração foi feita. Sentia-se no ambiente muita graça e uma profunda paz.

 

Ao chegar em casa viu que a filha brincava no quintal com o cachorrinho. O esposo, concentrado, lia uma antiga bíblia, capa preta, puída e com as páginas marcadas em cor amarela. Sinais de leitura atenta. Sobre a mesa alguns livros com muitas páginas sugerindo serem de estudos. Estava preparando uma mensagem de gratidão a Deus.

À noite a família iria à casa do irmão João Justino, este pediu culto para pagar um voto.

– Tenho pressa… Deus me respondeu na hora da angústia. Faço questão que o pastor pregue; ele acompanhou de perto a minha luta.

A noite chegou e lá foram, pastor e sua família, ao culto. Antes, passaram na casa do irmão Rosenildo e deram carona; sabiam que este não gostava de faltar aos encontros solenes.

A casa do irmão João Justino ficava a uns 4 km da cidade, mas quando chegaram muitos irmãos já estavam lá. As duas lâmpadas acesas não davam claridade suficiente ao local, exceto sobre a mesa do pregador. Uma linda lua cheia era vista por aqueles que não couberam na varanda da casa.

 

O jovem pastor pregou com simplicidade comovente: “- Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito”? Passava das 23 horas quando chegaram em casa. A filha cansada dormiu no colo da mãe. O casal, sem hesitação, dado ao dia cheio, cruzando olhares meigos, concordaram: “- Amanhã a gente conversa!”

 

Na parede, sobre a cabeceira da cama, um pequeno quadro, levemente inclinado para direita, mostrava a pintura de um pastor apascentando muitas ovelhas, “fazendo lembrar quem ele era”.

 

Por: Pastor Ismael Narcizo, Douradina (MS)

Originalmente de: Ministério de Vida Pastoral (MVP)

Publicado por: APC Jornalismo.

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