Uma escolha difícil, porém sábia

Com Deus, aprendemos que renunciar à vida nos leva a ganhá-la

 
“Não se faz omelete sem quebrar os ovos”. Certamente, você já ouviu esse ditado popular. Ele é bastante utilizado quando queremos justificar prejuízos causados por escolhas erradas. É impossível seguir a Jesus sem renúncia, como bem disse o próprio Senhor no evangelho de Lucas, capítulo 9, verso 23: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me”.
“Abro mão dos meus sonhos, abro mão dos meus planos, abro mão da minha vida por Ti. Abro mão dos prazeres e das minhas vontades, abro mão das riquezas por Ti”. Esse é o refrão do louvor “Abro mão”, cantado pelo Ministério Toque no Altar. Renunciar não é fácil, sim é verdade. Mas Deus nos garante que “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24:13). Em toda nossa caminhada cristã precisaremos fazer escolhas, tomar decisões difíceis e lutar contra nossos desejos e vontades.
Por toda a Bíblia, iremos encontrar contraposições de escolha: Qual árvore: vida ou conhecimento? Qual jovem: Caim ou Abel? Entrar ou não na Arca? Terra Prometida (desconhecida) ou Ur dos Caldeus (tudo sob controle)? Sacrificar o filho a Deus ou não? Nínive ou Jope? As finas iguarias do rei ou água e legumes? A cruz (cálice amargo) ou a coroa? A mão no arado ou olhar atrás? Os pais ou o Reino? Deus ou as riquezas? Nós fomos feitos seres arbitrários, isto é, criados com a permissão de Deus para fazermos as nossas próprias escolhas: boas ou ruins, certas ou erradas. Na maioria das vezes (infelizmente, graças a nós mesmos), temos feito escolhas erradas, contrárias à vontade do criador. (*)
Há “pesos” em sua vida que precisam ser abandonados? Há pecados ocultos? Custa-lhe muito caro? Quero lhe encorajar dizendo: por Cristo vale a pena! Ore e abandone seus “ídolos”. A porta é estreita, não vai dar pra passar com uma mochila enorme! A decisão é exclusivamente sua! A renúncia, a entrega sem limites, o choro, a devoção, não deve ficar somente no dia do “sim” para Jesus, deve ser todo dia!
Eu e você sempre iremos preferir ter mais que uma opção para fazermos nossas escolhas, mas Jesus não nos dá tantas opções. Ele nos ensinou que precisamos escolher apenas uma entre duas opções. Há dois caminhos; há duas portas; há dois destinos; há duas multidões. E você, já fez a sua escolha? Aí vai uma boa dica para lhe ajudar: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendênci” (Deuteronômio 30.19). Que Deus te abençoe!
Diego da Silva Barros é diretor da UMAP em Piedade (Rio de Janeiro) e colaborador da equipe de Capelania Prisional da IAP.
(*) Texto adaptado da lição bíblica “Sermão do Monte, um ensino desafiador” da Editora Cristã Evangélica.

Identidade Promessista – III

Promessistas: pentecostais e sabatistas

Em 19 de novembro de 1910, chegaram ao Brasil Gunnar Vingren e Daniel Berg. Já em 8 de março de 1911, chegou por aqui o italiano Luigi Francescon e Giacomo Lombarde. As duas duplas de origem estrangeiras fundariam as duas maiores igrejas pentecostais: Assembleia de Deus e Congregação Cristã no Brasil, respectivamente.
Ambas as duplas vinham do grande avivamento norte-americano, na Escola Bíblica de Topeka, com Charles Parham, e na Rua Azuza, com William Seymor, considerados os “fundadores” do movimento pentecostal. Essas igrejas depois viriam a ter poucas diferenças doutrinárias, e não eram  guardadoras do sábado.
Neste período, sabemos que nosso pioneiro ainda estava conhecendo o Evangelho. Conta a história que João Augusto da Silveira, com apenas 16 anos de idade, teve seu primeiro contato com a Bíblia Sagrada, em 1909 1. Foi neste mesmo ano que ele ouviu o primeiro sermão evangélico de sua vida, no dia 24 de dezembro, na Igreja Presbiteriana de São Luiz do Maranhão. Pouco a pouco, nas suas andanças por alguns estados, João Augusto teve contato com a doutrina Adventista do Sétimo Dia, até que se batizou em 30 de junho de 1912 2.
Desenvolveu-se na fé e ingressou no ministério: de 1918 a 1928 3, servindo a Deus nesta denominação. Foi em 1928 que pediu seu desligamento da igreja por motivos doutrinários. O motivo: a crença no batismo com o Espírito Santo. Teve da Igreja Adventista carta de boa recomendação, mostrando que não se tratava de rebelião.
De 1928 a 1932 aconteceram vários eventos na vida do Pr. João: desde convites para ser pastor a mais investigações a respeito desta benção que ele havia descoberto na Escritura. E foi no dia 24 de janeiro de 1932, que, após recapitular passagens de Atos dos Apóstolos que mostravam a descida do Espírito, o servo de Deus recebeu o poder do alto. Falou em línguas, glorificando a Deus e a Cristo.
Esta experiência figura o nascimento da Igreja Adventista da Promessa (IAP). A primeira igreja pentecostal genuinamente brasileira, porque seu fundador foi um brasileiro. Ainda vale ressaltar que a Promessa nasce no chamado “pentecostalismo clássico” ou “primeira onda” do pentecostalismo brasileiro.
Segundo o sociólogo Paul Freston, podemos dividir os pentecostais em três fases: “primeira onda”, que vai de 1910 a 1950 (pentecostalismo clássico: Assembleia, Congregação etc.); “segunda onda”, que vai de 1950 a 1960 (Quadrangular, Deus é Amor etc.); e “terceira onda”, com início no final da década de 70, que são as igreja neopentecostais (Universal etc.)4.
Somos, então, parte do primeiro momento pentecostal. Cuja ênfase era além das línguas estranhas: expiação, santificação, curas, entre outros. A IAP procurou acrescentar a sua experiência carismática, a ênfase no conhecimento bíblico e o aprofundamento doutrinário, o que também era a ênfase do início do movimento pentecostal.
Além disso, nascemos como uma igreja sabatista, que acredita que o dia do Senhor não mudou! (Gn 2:1-3; Ex 20:8-1; At 16.13). Perseveramos em acreditar no sábado bíblico, do sétimo dia, e não apenas como símbolo de descanso. Por isso, a curiosidade de muitos quando sabem que somos pentecostais e sabatistas. Além de outras doutrinas, como a abstinência de alguns alimentos.
Mas qual é a importância disso? Bom, podemos abrigar aqueles que desejam provar mais dos dons do Espírito (I Coríntios 12) e não admitem abrir mão do dia do Senhor, o sábado; e também, podemos acolher aqueles que desejam  continuar crendo nos dons sobrenaturais, mas querem guardar o sábado. Não somos uma denominação que preenche uma lacuna, mas uma igreja que, com a graça de Deus, pode servir para os que têm zelo pelo dia do Senhor e seus dons espirituais.
 
Andrei Sampaio Soares congrega na IAP em Vila Medeiros (SP) e é colaborador do Departamento de Educação Cristã da IAP.
 
 
1 Marcos que pontilham o caminho, p.46.
2 Idem, p.48.
3 O Pr. João foi consagrado ao ancionato em 1922.
4 Dicionário Brasileiro de Teologia, p.775.