Pr. Elben César

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Leia a entrevista concedida à IAP em Ação, em 2009. Ele destacou a vida devocional e os caminhos da igreja evangélica no Brasil.

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“Agenda diária sem Deus é um desastre”

 

Diretor da revista Ultimato, o pastor Elben M. Lenz César enfatiza a importância da vida devocional e fala sobre os caminhos – e descaminhos – da igreja evangélica no Brasil

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”3/4″][vc_column_text]Uma breve conversa ao telefone é suficiente para despertar o interesse de se conhecer pessoalmente o pastor Elben M. Lenz César: simples, afável e modesto. Aos 79 anos, casado, cinco lhas, ele é diretor-fundador da Ultimato, uma das mais importantes revistas evangélicas brasileiras, fundada há 41 anos, hoje com 35 mil leitores. Porém, números e excesso de títulos nem fazem parte da pequena biografia enviada pelo pastor Elben à nossa redação. Ele prefere ser identificado como pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (MG) e presidente honorário do Centro Evangélico de Missões (CEM).
De sua caneta – literalmente, pois ele é avesso à tecnologia – já surgiram livros como Práticas Devocionais; História da Evangelização do Brasil; Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos, entre outros. “É necessário que ele (Jesus) cresça, e que eu diminua” ( Jo 3: 30) parece resumir a maneira como fala, escreve e vive este servo de Cristo.
IAP em Ação – Enquanto o número de evangélicos no Brasil cresce, parece que a qualidade da igreja decresce. O senhor concorda com isso? Por quê?
Elben César – Tenho plena convicção de que, de alguns anos para cá, estamos sofrendo de uma febre que exalta muito mais o crescimento quantitativo do que o crescimento qualitativo. Há muitas adesões e poucas conversões, e uma coisa é bem diferente da outra.
IAP em Ação – O fato de existirem, hoje, tantas vertentes evangélicas no Brasil demonstra, em sua opinião, amadurecimento da igreja pelo pluralismo ou, pelo contrário, que a igreja evangélica está crescendo desordenadamente?
Elben César – Em alguns poucos casos, o surgimento de novas vertentes evangélicas pode ser reflexo de convicções doutrinárias e comportamentais das quais não é possível abrir mão, embora nem sempre se faça isso com amor e humildade. Mas a maior parte dos casos é reflexo do pecado, e pecado grosseiro (briga de poder, ciúme, inveja, concorrência, ressentimentos, soberba e até interesses econômicos).[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”1/4″][vc_single_image image=”13886″ img_size=”full”][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]IAP em Ação – Há muitas formas para o evangelismo, em nossos dias. Mas qual deve ser o modelo, em sua opinião, para um evangelismo que produza frutos consistentes para o Reino de Deus?
Elben César – Gosto muito da definição de John Stott: “Evangelização é a difusão por todo e qualquer meio das boas novas de Jesus crucificado, ressurreto e agora reinando”. Gosto também do clamor que chama a atenção para o casamento da evangelização com a santificação, como o de A. G. Simonton, nos primórdios da evangelização do Brasil: “A santidade da igreja deve ser ciosamente mantida no testemunho de cada crente”.
IAP em Ação – Apesar do evangelho aparentemente fácil que se vê na mídia evangélica, é conveniente apresentá-lo dessa maneira? Não contrasta com o que o Cristo disse sobre o caminho estreito, sobre tomar cada um a sua cruz?
Elben César – A membresia evangélica está 7 crescendo graças ao evangelho ralo e enganoso que muitos estão pregando. Além da porta estreita, do caminho apertado, do negar-se a si mesmo e da cruz para carregar, Jesus exige do pecador perdoado: “Agora vá e abandone sua vida de pecado” ( Jo 8:11, NVI).
IAP em Ação – Nos textos que escreve, percebe-se que o senhor é um entusiasta de Jesus Cristo. O que mais o cativa Nele? Qual a importância Dele para a igreja?
Elben César – Qualquer cristão que sabe que Jesus não é “Deus disfarçado de homem nem tampouco homem disfarçado de Deus” (John Stott), mas homem e Deus ao mesmo tempo, tem entusiasmo por Ele! Por causa de Sua plenitude, não sei o que mais me cativa nele. Talvez o autoesvaziamento de Jesus para descer até nós (Fp 2:5-11).
IAP em Ação – Na sociedade em que vivemos, encontra-se tempo para tudo: internet, TV, relacionamentos sociais, esportes, vida religiosa, mas vida devocional com Deus não é muito comum. Por que o homem pós-moderno tem tanta dificuldade para ler e entender a Bíblia?
Elben César – O relaxamento da vida devocional é algo verdadeiramente preocupante. Sem alimento, a alma definha. A arte de ouvir a voz de Deus por meio da leitura regular e proveitosa das Escrituras, associada com a arte de falar com Deus por meio da oração sincera e sistemática, redundam na comunhão com Deus, sem a qual não há nada de fato proveitoso. Fé, alegria, coragem, disposição, entusiasmo, piedade, pon- tos de apoio, segurança e outras bênçãos dependem dessa comunhão. A agenda diária que não inclui o sagrado compromisso de estar diante de Deus é um desastre. No critério de Paulo, “o exercício corporal é bom, porém o exercício espiritual é muito mais importante, é um revigorante para tudo o que você faz” (I Tm 4:8, BV).
IAP em Ação – De que instrumentos a igreja dispõe para mudar este cenário?
Elben César – A igreja deve encorajar insistentemente as práticas devocionais e mostrar que o verdadeiro sucesso (folhas verdes e abundância de frutos no ano da sequidão) só é possível para quem está junto à fonte (Gn 49:22; Sl 1:3; Jr 17:7-8).
IAP em Ação – Numa entrevista recente, em que o senhor estava no papel de entrevistador, mencionou que continuamos indo “atrás dos cantos de sereia”, mesmo sabendo que Jesus é fonte de água viva. O que são esses “cantos de sereia”?
Elben César – Não me lembro dessa entrevista, mas não creio ser muito difícil enumerar os cantos de sereia. A graça barata, a fé sem obras, o ser visto e elogiado pelos outros e mais algumas não poucas coisas são cantos de sereia.
IAP em Ação – Qual sua visão bíblica sobre fé e obediência?
Elben César – A relação entre fé e obediência pode ser vista em Abraão: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo” (Hb 11:8). A fé propicia e facilita a obediência.
IAP em Ação – A revista Ultimato às vezes é criticada por evangélicos, por abordar assuntos da igreja católica, até em matérias de capa. Como editor da revista, o senhor a considera ecumênica? Por que destacar matérias que envolvem os católicos?
Elben César – Não tenho aquele ódio, aquela má vontade, aquela implicância contra os católicos romanos. Entendo que a igreja protestante é mais anticatólica do que antiespírita, quando deveria ser diferente, porque o espiritismo encontra-se muito mais distante do evangelho do que o catolicismo. Por essa razão, consigo enxergar, além das coisas que realmente assustam, coisas que animam, como, por exemplo, o mais ou menos recente incentivo à leitura da Bíblia. Enviamos graciosamente milhares de exemplares da revista a bispos e paróquias católicos romanos e a padres que não mais exercem o sacerdócio por terem se casado. Nosso único propósito é exercer uma influência cristocêntrica. A maior parte dos leitores não sabe que eu passei muito aperto com os padres quando vim para Viçosa (MG), na década de 60. Na época, o catolicismo praticado por eles era acentuadamente tridentino e faziam muitas coisas próprias para impedir a presença protestante. Naqueles primórdios, eu era o único pastor evangélico residente na cidade.
IAP em Ação – O que o senhor conhece sobre a Igreja Adventista da Promessa?
Elben César – Gostaria de conhecer mais sobre a Igreja Adventista da Promessa. O pouco que sei me entusiasma muito. Entendo que vocês valorizam mais a graça do que a lei, mais a fé salvadora do que as obras meritórias.
IAP em Ação – Sua visão sobre a igreja evangélica no Brasil é otimista ou pessimista? Por quê?
Elben César – Mesmo diante de tantos escândalos, tantas divisões, tantas distorções, sou otimista e não pessimista. Jesus declarou que as portas do inferno não se mostrarão mais fortes do que a sua igreja. A história ensina que a situação não é pior hoje do que foi ontem. Apenas o que está sendo construído sobre a areia vai desabar, mais cedo ou mais tarde.
 
Lilian Mendes[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][/vc_column][/vc_row]

Pastores esgotados

Epidemia – outro pastor que se esgota

A dor de um pastor é intensificada debaixo de impiedosos holofotes, enquanto a dor de outro é desconhecida. Ambas doem igualmente.
Não fica mais fácil. Não importa quantas vezes você ouça sobre isso. E estamos ouvindo muito sobre isso ultimamente. Em números epidêmicos.
Outro pastor anunciou à sua chocada congregação que ele não podia mais. Ele os amava. Ele estava orgulhoso do trabalho do Reino que haviam feito juntos por anos. Mas suas prioridades estavam desajustadas. Ele havia posto todo seu tempo e energia na igreja e havia negligenciado sua própria saúde espiritual e emocional. Ele pediu à congregação que orasse por ele e sua família enquanto enfrentavam a próxima fase difícil de suas vidas – sem saber o que esta fase traria.
Então ele reuniu a congregação de 20 pessoas na frente da igreja para orarem juntos uma última vez. Ele por eles. Eles por ele e sua família. Oraram, abraçaram, choraram e disseram adeus.
Enquanto escrevo esse artigo, aquele pastor está encaixotando seus pertences numa van para se mudar da pequena cidade que eles chamaram de lar por mais de uma década. Por agora, eles vão viver com os pais da esposa para se recuperarem.
Infelizmente, aquele pastor não foi o único a ter uma história dessas. Aconteceu com centenas. Este ano, milhares vão deixar o ministério, esgotados e machucados. De igrejas grandes e pequenas, em crescimento e estagnadas. Ouvimos quando os pastores famosos desistem ou se esgotam. É o preço da fama. E é muito alto. Tanto o sucesso quanto as falhas são ampliadas. Mas um preço diferente é pago por aqueles que não são conhecidos fora de suas famílias e pequena congregação.
Enquanto os sucessos e dores de pastores conhecidos são destacados, os sucessos e dores de pastores de igrejas pequenas são ignorados e esquecidos. Ambos são igualmente machucados. Ambos carregam o peso dos problemas que os levaram a deixar a igreja, e frequentemente o ministério. A dor do pastor da mega igreja é intensificada por falhar debaixo das luzes da ribalta, enquanto que a dor do outro é aumentada por cair no anonimato. Esquecido por quase todos. Ambos os cenários são tóxicos. Eles entristecem o coração de Jesus, prejudicam Sua igreja, devastam com as famílias dos pastores, arruínam ministérios e tornam difícil aos membros da igreja confiar num pastor novamente – ou confiar em Deus novamente.
Não precisa ser desse jeito. Não deveria ser desse jeito.
Precisamos abandonar as expectativas não bíblicas que foram colocadas nos ombros dos pastores. Ou que nós próprios colocamos nos nossos ombros. Pastores nunca foram destinados a carregar esse fardo tão grande. Nenhuma pessoa é capaz de ser pregador, professor, “lançador de visão”, CEO, líder, evangelista, ganhador de almas, angariador de recursos, conselheiro matrimonial, e todo esse modelo de virtude que esperamos que os pastores sejam – muitos deles enquanto trabalham a tempo inteiro fora das paredes da igreja.
Mas tem sido assim por tantos anos que às vezes parece uma locomotiva sem freio que não pode ser parada. Precisa ser parada.
Ninguém pode parar essa locomotiva a não ser nós, pastores.Precisamos dizer “não”. Para alguns de nós, isso significa dizer não às expectativas irracionais dos nossos membros, diáconos e oficiais da denominação. Mas para todos nós significa dizer não às nossas próprias expectativas não bíblicas. Dizer não a um paradigma que nós construímos e perpetuamos em volta de uma combinação dos nossos egos e inseguranças.
Nós não somos os construtores da igreja, Jesus é. Não somos capazes de nos matarmos de trabalhar emocionalmente e espiritualmente sem que alguma coisa quebre dentro de nós.
Não podemos continuar nos forçando fisicamente com poucas horas de sono, muita comida e pouca atividade física.
Não podemos continuar negligenciando nossas esposas e famílias enquanto queimamos a vela dos dois lados e não esperar que todo mundo – nossas famílias, igrejas e nós mesmos – pague um enorme preço por isso.
Precisamos redefinir com que o sucesso ministerial se parece, porque muitas pessoas boas estão sendo machucadas enquanto perseguimos nossa atual e insuportável versão de sucesso.
Faça uma pausa hoje. Respire. E ore.
Ore pelos pastores feridos, conhecidos e desconhecidos, que deixaram uma igreja que eles amavam – e talvez ainda amem.
Ore pelos pastores famosos sofrendo debaixo da insuportável luz da ribalta.
Ore pelos pastores desconhecidos que se sentem perdidos e esquecidos.
Ore pelas famílias que suportaram anos de dor em silêncio, e que agora têm suportado ainda mais.
Ore pelos membros da igreja que não sabem se se sentem bravos, tristes ou outra coisa.
Ore para que o Deus que prometeu que Seu jugo era suave e o seu fardo leve, alivie os fardos mais pesados que nós colocamos sobre nossos próprios ombros. E que troque por Sua paz, Seu conforto e Sua esperança.”

Karl Vaters – Christianity Today

Nota de falecimento

Pr. Elben César foi recolhido pelo Senhor

Nesta madrugada, faleceu o Pr. Elben César, editor da revista Ultimato, aos 86 anos, que estava em coma há mais de um mês.
Ele era um leitor assíduo e grande apoiador da revista O Clarim, além de um amigo da nossa denominação. Na semana que sucedeu o acidente em sua casa, que o fragilizou, ele iria se encontrar com a presidência da IAP, para estreitar os laços.
Oremos para que o Deus eterno console a esposa, Djanira, e as filhas, genros, netos e bisnetos. Oremos também para que a revista Ultimato continue desempenhando seu papel, na edificação do Corpo de Cristo.
Leia mais em http://www.ultimato.com.br/conteudo/elben-cesar-1930-2016-lamento