Dia de batalha

Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes.” – Ef 6.13

Ministério é sinônimo de guerra. Afinal, estamos lidando com a questão mais importante da vida, que é a salvação. Fazer com que pessoas que vivem nesta terra, respirando este mundo e seus prazeres, a desejar a eternidade ao lado do Senhor, é um desafio diário.
Além disso, a Bíblia fala de um “dia mau”. E o que vem a ser isso? Embora tenha-se a interpretação futurística, o contexto da carta está tratando de assuntos práticos. Não ignoramos o posicionamento escatológico da grande tribulação, que os dias que antecedem a vinda de Cristo serão mais difíceis – 2 Tm 3.1-5. Mas cremos que este termo pode ser observado em toda a história da Igreja. Este “dia mau” pode ser interno, de dentro da própria Igreja ou externa, de fora para dentro. A Igreja é composta de gente falha, pecadora, que dá oportunidade para o adversário agir. Essa expressão nos faz entender que, além das lutas diárias, há determinados períodos em que as batalhas são mais intensas. É um dia em que as trevas resolvem oprimir e atacar o povo de Deus com muita intensidade.
Muitos definem “este dia”, de forma figurada, como uma tempestade de areia no deserto, um terremoto, um furacão, um assalto relâmpago, uma bomba camuflada que explode… algo que chega de repente, complicando tudo, roubando esperança e a alegria de viver.
Não estava previsto na agenda e de repente, um escândalo, uma forte tentação, uma má notícia, uma divisão, uma traição, uma injustiça, ou mesmo algo simples quase transforma num palco de guerra. E por causa dessas coisas geram-se despesas, reuniões desgastantes, viagens, tempo, tristezas e perdas.
Bom seria se a caminhada da Igreja fosse sempre em “céu de brigadeiro” e não houvesse tribulações. Mas não é assim no ministério pastoral e devemos estar preparados. De vez em quando, enfrentamos um dia como esse. O Senhor deseja que sejamos vigilantes e alertou: “…sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas. ” – Mt 10.16. Precisamos destas duas virtudes equilibradas: prudência e simplicidade. Ele também deseja que façamos tudo e ainda assim permaneçamos firmes, inabaláveis, de pé.
O dia mau é permitido, não para nos derrotar, mas para nos fazer fortes e crescer na graça e companhia dEle.

Pr. Elias Alves Ferreira integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral.

“O Espírito Santo virá sobre ti”

A concepção sobrenatural de Jesus

Não é sustentável, pela fé cristã, que não se creia na concepção sobrenatural do Senhor Jesus Cristo. É muito claro pelas narrativas dos evangelhos que Jesus foi concebido por um milagre do Espírito Santo.
Mateus 1.18 narra que: “O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava comprometida a casar-se com José. Mas, antes de se unirem, ela achou-se grávida pelo Espírito Santo.” Não é possível pensarmos na concepção como uma “narrativa disfarçada”, para encobrir uma possível relação sexual entre José e Maria, pois antes que eles se unissem, após o nascimento de Cristo, Maria achou-se grávida.
Também não é razoável pensarmos que a concepção fora uma relação sexual entre Maria e o Espírito Santo, como muitos mitos ao redor de Israel, cujos relatos mostravam divindades que desciam até as mulheres e concebiam com elas, numa espécie de “lenda do boto”, contada na Amazônia.
Não! Pela narrativa dos evangelhos, Jesus foi concebido pelo poder do Espírito Santo, como disse Lucas: “O anjo respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso aquele que nascerá será santo e será chamado Filho de Deus’.” (1.38). Ou seja, da mesma forma como Deus disse “haja” luz a partir do nada (Gn 1.3), Ele fez o embrião Jesus, aparecer no ventre da virgem Maria, não por uma relação sexual, mas pelo poder miraculoso do Altíssimo.
Diante deste conhecimento a respeito da concepção sobrenatural de Jesus, temos algumas verdades a aprender, conforme mostrou o teólogo Karl Barth. Elas nos ajudam a entender, que o problema não seria simplesmente uma relação sexual entre José e Maria, já que no matrimônio isso não é errado, mas, porque foi necessária a concepção pelo Espírito.
Por que a concepção sobrenatural de Jesus foi necessária?
Verdade 1: Porque a concepção sobrenatural mostra uma sentença sobre a humanidade. Afinal, José e Maria que eram justos, mas, nasceram com o pecado original, não poderiam “produzir um Salvador”, bem como toda a humanidade.
Por isso, foi necessário que Jesus fosse concebido sobrenaturalmente. Paulo fala que: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. (Rm 5.12) O Salvador deve vir de fora.
Verdade 2: A concepção sobrenatural mostra que Jesus e o evangelho são sobrenatural. Jesus veio do céu: “O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.” (1Co 15.47) E o evangelho é de Deus: “Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus” (Mc 1.14 ).
Verdade 3: A concepção sobrenatural mostra que em Jesus há um novo começo para a humanidade. Como afirmou Paulo: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as coisas velhas já passaram, e surgiram coisas novas.” (2 Co 5.17). Pela fé em Jesus, todos nós, podemos ser transformados em novas pessoas: mente e atitudes, por obra da graça de Deus: “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (Jo 1.13)
Portanto, celebremos a Deus pela concepção sobrenatural de Jesus, que nos mostra o poder criador do Senhor, o interesse em nos salvar e nos dá um novo começo.

Ms. Andrei Sampaio Soares é colaborador do Departamento de Educação Cristã da IAP