Vacinas não causam autismo

Em 28 de fevereiro de 2020, foi registrada a primeira morte por sarampo no estado de São Paulo. A vítima foi uma criança sem histórico de vacinação, fato esse grave, já que o sarampo é uma doença altamente contagiosa e letal, principalmente em crianças menores de 5 anos, sem tratamento específico. Porém, é possível previni-la por vacinas. Então, por que não vacinar?
Muitas pessoas que assumem uma postura contrária à aplicação de vacinas baseiam-se num movimento que nasceu na tese do médico Andrew Wakefield, publicada em 1998, na revista científica The Lancet. Nela, ele relatou que doze crianças desenvolveram autismo após a exposição à vacina MMR, que previne contra o sarampo, a caxumba e a rubéola (1). Algum tempo depois, descobriu-se que cinco crianças já tinham problemas neurológicos, que nenhuma criança tinha vestígio de sarampo no organismo e que Andrew havia solicitado a patente de uma outra vacina contra o sarampo, que seria concorrente da MMR no mercado. Isso culminou na despublicação da pesquisa, em 2010. Wakefield perdeu o direito de exercer a medicina (2); porém, um grande estrago na reputação das vacinas já havia sido feito.
Depois dessa tese equivocada, várias pesquisas foram realizadas, comprovando que nem a vacina MMR, nem qualquer componente de vacinas têm alguma relação com a causa do autismo. Também não é possível sustentar especulações que tentam relacionar o surgimento do autismo ao uso de vacinas, pois existem casos desse transtorno registrados  desde o século Xlll (3). Num estudo mais recente, na Dinamarca, pesquisadores acompanharam, por dez anos, 657.461 crianças nascidas no país, entre 1999 e 2010. Dessas, 31.619 não haviam sido vacinadas (lá, a vacinação é voluntária e gratuita) e, destas que não haviam sido vacinadas, 6.517 foram diagnosticadas com autismo, ou seja, uma taxa de incidência de 129,7 casos para cada 100.000 habitantes (4). E o que isso quer dizer?
Considerando que, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população do mundo tem autismo (o que pode ser relativo, pois, nos EUA, 1 para cada 59 nascidos tem autismo), esse dado mostra que uma criança vacinada tem a chance de desenvolver autismo tanto quanto uma criança não vacinada, mas com um diferencial importantíssimo: a criança que não recebe vacina fica menos protegida contra doenças graves, como o sarampo, por exemplo.
Em 2016, o Brasil recebeu um certificado da OPAS/OMS, como um país livre do sarampo (agora, não mais, infelizmente). Porém, incentivo você a vacinar o seu filho e, assim, ajudar a prevenir essa terrível doença, bem como tantas outras, na vida dele e de muitas outras crianças. Então, vamos lá: não vacile, mas vacine! Ajude a proteger quem você ama!
Referências:
(1) MMR- Measles (sarampo), Mumps (caxumba), Rubella (rubéola).
(2) www.google.com/amp/s/www.bbc.com/portuguese/amp/geral-40663622
Outra Sintonia, a história do Autismo- John Danvan e Caren Zuker .
(3) Autism um history- Houston e Uta Frith .
(4) www.google.com/amp/s/veja.abril.com.br/saude/vacina-nao-causa-autismo-novo-estudo-comprova/amp/