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“A educação teológica online pode ser uma extensão válida e eficaz do ministério educacional”, afirma teólogo

A fala foi feita pelo Pastor Kassio Lopes na trilha sobre tecnologia e teologia, durante o lançamento da plataforma Promessa Educa.

 

“Como a teologia e a tecnologia podem se complementar na expansão e propagação do Reino de Deus?” Essa pergunta foi tema de uma trilha no lançamento da plataforma Promessa Educa, que pode ser acessada aqui: promessaeduca.com.br, realizado no último sábado (29), na Igreja Adventista da Promessa de Vila Medeiros, em São Paulo. O evento levou o público presente e os internautas da TV Viva Promessa a refletirem, junto com o Pastor Kassio Lopes, sobre como “o ensino a distância faz é remover distâncias…”, pensando em 1 Coríntios 5:3 – NVI.

 

Segundo Kassio, que é doutor em Filosofia, teólogo e presbítero na Promessa Santana, a tecnologia pode ser utilizada a serviço da teologia. Ele destacou que vivemos em uma sociedade hiperconectada, onde a tecnologia tem um papel essencial no cotidiano, especialmente no período pós-pandemia, em que sua presença foi intensificada, impactando a comunicação, o aprendizado e os relacionamentos. Igrejas e seminários passaram a transmitir cultos e aulas online, o que abriu novas oportunidades, mas também desafios.

“Nossa sociedade está cada vez mais hiperconectada, hiperdependente tecnologicamente e digitalmente virtualizada. Há um consumo de conteúdo constante: streaming de vídeos e música, inteligência artificial, redes sociais”, afirmou. “Fugir dessa realidade não é possível”, ressaltou, “mas podemos aprender a lidar com esse novo contexto de forma construtiva.”

 

Explorando um problema importante

A trilha destacou a fragmentação e a multiplicidade de narrativas. “A tecnologia digital criou um ambiente onde não há uma única verdade ou narrativa dominante”, disse o teólogo. Segundo ele, essa realidade gerou diversas demandas, como:

  • Infoxicação: excesso de informação. “A quantidade massiva de dados torna difícil distinguir entre conhecimento verdadeiro e desinformação.”
  • Crise de autoridade: ensino pulverizado. “O conhecimento, antes transmitido por instituições tradicionais, hoje é descentralizado, levando a um questionamento das fontes.”

Kassio ainda analisou: “Essas demandas provocaram um excesso de informação que prejudica o filtro teológico dos cristãos, fazendo com que muitos fiquem perdidos e necessitados de orientação e capacitação.” Assim, ele destacou que, no dia a dia, esse excesso de informação pode gerar desinformação, superficialidade e falta de discernimento teológico e espiritual.

 

Explorando possíveis soluções

“Qual a solução? Como a teologia e a tecnologia podem colaborar para a expansão do Reino de Deus? Como podemos obter êxito nessa comunicação ao ensinar teologia a partir dessas novas linguagens tecnológicas?” Essas foram algumas das perguntas que o Pr. Kassio buscou responder na trilha, com base no contexto da igreja primitiva.

“O Novo Testamento nos fornece a resposta. Os cristãos do primeiro século utilizaram as inovações tecnológicas da época para a capacitação teológica e a propagação do Evangelho”, lembrou o palestrante.

As mediações para o ensino e a capacitação teológica ocorreram por meio de:

  • Escrita das cartas: Gabriel Etzel, no livro Teaching the World: Foundations for Online Theological Education, afirma que as cartas de Paulo representam um modelo de “presença ausente”, sugerindo que, assim como Paulo usava cartas para ensinar e formar comunidades à distância, a educação teológica online pode ser uma extensão válida e eficaz do ministério educacional.
    “O apóstolo Paulo utilizou a tecnologia mais avançada de comunicação da época: a escrita em papiro e pergaminho. Suas cartas foram essenciais para a organização das igrejas e a capacitação dos primeiros cristãos”, ressaltou Kassio. Ele também citou o teólogo Russell Haitch, que chamou Paulo de “educador à distância prototípico”, destacando que o uso do códice — uma inovação da época — facilitou a disseminação das Escrituras.
  • Uso de técnicas mnemônicas: A maioria das pessoas no primeiro século era analfabeta ou tinha pouco acesso a textos escritos. Os cristãos desenvolveram técnicas de memorização baseadas na tradição oral. O uso de músicas, histórias e credos curtos ajudava na memorização dos ensinamentos.
    Kassio destacou: “O credo de 1 Coríntios 15:3-5 é um exemplo de como a tradição oral era estruturada. Assim, a teologia e a tecnologia podem se complementar através do uso de mediação tecnológica na capacitação teológica dos membros.” 

O cristianismo usou os meios mais eficientes da época para disseminar o Evangelho

As igrejas cristãs dos tempos apostólicos se estabeleceram em comunidades locais situadas em cidades portuárias e centros culturais e religiosos, como Roma, Corinto, Éfeso e Atenas. Por isso, Kassio também elencou alguns dos meios utilizados na época:

Uso das estradas romanas: Conectavam cidades e províncias, facilitando a evangelização. Redes de comércio e economia: Comerciantes cristãos levavam o Evangelho a novas regiões. Grego Koiné: O Novo Testamento foi escrito na língua mais acessível da época. Ágora: Paulo pregava em praças públicas, onde as pessoas se reuniam.
“Se as estradas conectavam as pessoas naquela época, o que as conecta hoje? A internet. Se a ágora era o espaço público de encontro, onde estão as pessoas hoje? No mundo digital”, refletiu o professor.

E concluiu: “Os cristãos do passado utilizaram os meios mais eficientes de sua época para disseminar o Evangelho. Hoje, o meio digital é um dos mais poderosos e eficientes para a propagação da mensagem de Cristo.” O palestrante ainda deixou algumas recomendações práticas:

  • A igreja precisa entender o digital como um campo missionário.
  • Deve ser inovadora e ágil na adoção de novos veículos para cumprir sua missão.
  • Precisa abraçar a cultura digital e se tornar fluente digitalmente. 

Edição: Andrei Sampaio/Agência Promessista de Comunicação (APC).

 

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