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A remoção do véu

À semelhança de Moisés, somos tentados, por vezes, a usar o véu como artifício para esconder nossa realidade
Como parte dos trajes femininos, o uso do véu, na região da Mesopotâmia, é antigo.  Com o passar do tempo, o véu, além do aspecto utilitário nos trajes femininos, ganhou significado religioso.
Em seu sentido literal, o véu é um tecido transparente, cuja finalidade é a de cobrir alguma coisa, até mesmo a cabeça ou o rosto da mulher, em determinadas circunstâncias. Predominantemente transparente, como o conhecemos, ainda assim, o véu exerce a função simbólica de ocultar determinada realidade ou disfarçá-la.
No antigo santuário, um tipo de véu separava o lugar santo do lugar santíssimo, cujo acesso era restrito a todas as pessoas, exceto ao sumo sacerdote. Este adentrava ao santíssimo uma única vez ao ano, para fazer expiação por ele, e pelo povo (Hb 9:1-7). Veja o que aconteceu com esse véu, por ocasião da morte do Senhor Jesus: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras” (Mt 27:50-51). Esse rasgar do véu foi uma ação divina para mostrar que o véu da separação  acabava de ser removido, e que o acesso a Deus estava definitivamente livre para qualquer pessoa.
Observe como Paulo se refere ao simbolismo religioso do véu: “E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório” (II Co 3.13). Dois aspectos são  ressaltados aqui: 1) Paulo se refere à transição da antiga para a nova aliança. Sobre a antiga aliança, simbolicamente, repousava o véu da ignorância, que impedia que as pessoas conhecessem, de forma profunda e abrangente, a Deus e a seus propósitos. 2) A princípio, o véu serviu de recurso para ofuscar a glória de Deus, estampada no rosto de Moisés; porém, num momento seguinte, tornou-se um artifício para que os israelitas não  descobrissem o fato de que a glória de Deus, estampada no rosto de Moisés, já não  estava mais presente.
Dirigindo-se à igreja de Corinto, Paulo diz: “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em  glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.”
À semelhança de Moisés, somos tentados, por vezes, a usar o véu como artifício para esconder nossa realidade, ou seja, vivemos na dimensão real; porém, passamos a imagem de que vivemos na dimensão ideal. Em casa, o véu não funciona, porque nos conhecemos uns aos outros, sem reservas. É onde vivemos sem disfarces, sem véu, e qualquer tentativa, no sentido de nos escondermos por trás de alguma coisa, é facilmente desmascarada. Fora de casa, na vida pública, no entanto, o disfarce tem maior possibilidade de funcionar, uma vez que as pessoas desconhecem o que e como somos na vida privada.
O uso do véu, nessas circunstâncias, é também chamado de hipocrisia, amplamente condenada por Deus em sua santa palavra.
Caríssimos irmãos e amigos de ministério, somos frequentemente confrontados pela palavra de Deus, justamente porque ele deseja que sejamos transparentes, assim como ele o é. A remoção desse véu depende de uma ação humana e voluntária, ou seja, depende de mim e de você. Vamos fugir das aparências, dos enganos do coração, pois os disfarces não funcionam por muito tempo. Esse estilo de vida é extremamente perigoso, e quem opta por ele, vive sob constante risco de ser desmascarado e envergonhado. As seguintes palavras, atribuídas a Abraham Lincoln, reforçam o que estamos dizendo: “Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possivel enganar toda a gente o tempo todo.”
Finalizo esta reflexão dizendo a vocês que Deus é nosso maior aliado nessa luta. Fiquemos com a seguinte recomendação bíblica: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o  embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta (Hb 12.1)”. Amém.
Um abraço carinhoso de seu irmão e amigo de ministério.
Pr. Gilberto Fernandes Coelho, tesoureiro da Convenção Paulistana. Artigo publicado originalmente no Boletim Ministerial “Santificados para Servir”, ano 2008, nº 2.

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