Um sentimento incômodo

A solidão do Senhor e a nossa solidão

Você provavelmente já experimentou o difícil sentimento chamado solidão, não é mesmo? Ele inunda o coração e vem acompanhado de tristeza, angústia e dor emocional. A solidão é um sentimento de vazio, de falta, é também um termômetro de que algo não vai bem.
Quando nos sentimos sozinhos é um sinal de que algo não vai bem conosco mesmos, pois de certa forma é um sinal de que não gostamos da nossa própria companhia. Claro que não podemos generalizar ou afirmar essa regra a todas as pessoas que sentem solidão; mas muita gente que se sente solitária é assim por ainda não ter aprendido a gostar da própria companhia.
Veja bem: solteiros ou solteiras que vivem postando em redes sociais sua solteirice e desejo de companhia, normalmente, são pessoas que não aprenderam a amar a si próprios a ponto de gostarem de sua própria companhia; são pessoas incompletas que se sentem “metades da laranja” e não “o par” de alguém.
Claro que existem casos de solidão real, nos quais as pessoas vivem abandonadas e quase sem nenhum contato social; como o caso de alguns idosos que são abandonados em asilos pelos familiares, que raramente ou nunca os visitam. Essas pessoas, sim, sentem constantemente o sentimento de solidão e pior ainda, o abandono.
Existe também aquele sentimento de solidão esporádico e momentâneo. É aquele que dá e passa, que vem e vai. Que dura pouco tempo e que todo mundo já sentiu. Esse sentimento de solidão pode ser porque saíram e não te convidaram, ou porque se reuniram e não te chamaram; pode ser porque estás passando por uma fase difícil de saúde e teus amigos acabaram se afastando, ou porque nasceram seus filhos e tu não podes mais sair como antes. Enfim, muitas são as causas desse sentimento, mas ele dá e passa. Quando ele persiste, vale a pena procurar um profissional de saúde, pois pode ser indicio de alguma doença emocional, como a depressão.
Mas você sabia que até Jesus sentiu-se solitário? Sim! Ele se sentiu! No momento da sua maior angústia e dor, quando todos os seus amigos tinham-no abandonado, ele olhou ao céu e clamou: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt. 27.46) Na hora de sua maior agonia, enquanto carregava em seu corpo os pecados do mundo todo, Cristo sentiu-se solitário e abandonado pelo próprio Pai, que sobre Ele derramava Sua ira, pois a justiça de Deus assim determinava.
Entretanto, o mesmo Jesus que clamou as palavras de solidão da cruz profere a mais linda promessa, enquanto ainda estava nessa terra: Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt. 28.20). o Mesmo Cristo que sabe o que é estar sozinho e abandonado promete a nós que estará conosco TODOS os dias. Todos os dias não são alguns dias. Todos os dias envolvem os dias ensolarados e os cinzentos. Todos os dias envolvem as segundas-feiras preguiçosas e os sábados festivos. Todos os dias, meu irmão, é a garantia de presença eterna e inigualável constantemente enquanto os ponteiros do relógio celestial não marcarem o momento da gloriosa vinda e do encontro, onde ali sim, não mais haverá lagrima nem pranto! Enquanto esse dia final não chega, desfrute conscientemente da doce e revigorante presença de Jesus, que sabe o que é estar só, por isso não nos deixa só em momento algum!

Eric de Moura congrega na IAP em Vila Falchi – Mauá (SP).

Um passo de cada vez

Há uma linha divisória entre prudência quanto ao futuro e antecipação paralisante

“Por isso, não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades” (Mt 6.34)
Porque temos tanta preocupação com o futuro? Quando Deus, no princípio criou este mundo, a Bíblia diz que “Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom” (Gn 1.31). Mas sabemos que nosso adversário é implacável, ele não se importa com os métodos que emprega, desde que possa nos abater e fazer com que muitos desacreditem da obra de Deus. A obra da criação – perfeita – sofreu ataque de um ser determinado em arruinar e destruir aquilo que Deus considerou “muito bom” e se concentrou na obra suprema de Deus – o homem. Diante da queda do homem, Deus estrategicamente não pôs um ponto final na história da humanidade, mas propôs um plano infalível da redenção, pelo qual enviou seu filho, Jesus, a este mundo, e O entregou à morte de cruz. O homem pecaminoso e caído passa a ser redimido e restaurado pelo grande e sublime amor de Deus.
O propósito do adversário é deprimir, abater e dar a impressão de que a salvação é algo inatingível por conta da fragilidade humana, que sabe que é pecadora. Porém, quando o homem tem consciência e aceita que Cristo morreu por Ele e o perdoou de todos os seus pecados, ele vive uma verdade libertadora, porque ele deixa de se concentrar nas coisas secundárias e procura águas mais profundas para seguir sua jornada espiritual.
Entretanto, devemos considerar que o nosso adversário não se dará por vencido e muda de estratégia, abatendo vidas que sofrem por medo do futuro – prevêem um futuro negativo, acreditam que o pior irá acontecer, desconsideram a possibilidade de outros desfechos; ou ainda, estabelecem fatos, crendo e antecipando problemas que talvez nem venham a acontecer e por fim questionam e sofrem por escolhas futuras de uma forma tão intensa, que desencadeiam reações emocionais no organismo devido à tensão, ao nervosismo e às preocupações, resultando até no aumento da frequência cardíaca, respiratória, presença de tremores e perda de sono, entre outros.
A forma como cada um percebe sua fragilidade é muito mais importante que o próprio desafio. Essa leitura dos sentimentos é o que vai ditar as reações diante das experiências, sejam elas simples ou complexas.
Muitas pessoas temem o futuro por conta do seu temperamento. Enquanto existem algumas autoconfiantes e seguras, que parecem não ter medo de nada, existem outras que somente com grande insistência podem ser persuadidas a falar em público. Outras pessoas temem o futuro preocupadas com a natureza da tarefa que terão que enfrentar, consideram uma missão dificílima e têm medo de falhar com Deus. E há também aqueles que têm um medo indefinido, muitas vezes imaginários.
Nós temos que ter consciência da existência de uma linha divisória entre prudência legítima quanto ao futuro e antecipação paralisante.
As escrituras nos ensinam “… não vos preocupeis com o dia de amanhã” e ainda “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça” (Fl 4.6). Isso quer dizer que devemos tomar providências, sim, mas dentro dos limites da razão, e depois devemos descansar. Ainda que seja certo pensar sobre o futuro, está errado ser controlado por ele pois isso causaria ansiedade e preocupação paralisante.
Como percebemos, é uma perda de tempo nos preocuparmos com o passado que não pode ser mudado, contudo, é igualmente errado nos preocuparmos com o futuro que somente Deus sabe, por conta da sua onisciência. Então, vivamos o hoje ao máximo, compreendendo o que Deus fez por nós, o que Ele ainda está fazendo por nós e o que Ele fará por nós no percurso dessa caminhada. Ao recebermos o Espírito Santo de Deus podemos contar com sua ação poderosa de proteção e orientação que nos dará garantia da sua companhia e de dar um passo de cada vez sem medo, mas com segurança!
Que o Senhor seja glorificado por meio de nossas atitudes. “Pois, Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” (2 Tm1.7)

Dsa. Zildeli F. Carmo Del Pozzo congrega na IAP em Vila Kellen (Campo Grande – MS) e atua no Ministério de Vida Pastoral (MVP) – Convenção Sul Matogrossense

Lia

A verdadeira alegria da vida é encontrada somente no Senhor

Eu amo a Bíblia por causa da franqueza com que ela trata os seus heróis, está repleta de histórias de pessoas reais e de seus temores, conflitos e frustrações. Não é um livro que se dedica a contar apenas as proezas de seus heróis, mas registra em suas páginas a realidade da vida de medo, de dor, de erros, de pecados, de frustrações e de desilusões desses heróis.
Hoje quero refletir sobre Lia, filha de Labão, esposa de Jacó. Foi conhecendo sua história que ela se tornou para mim uma heroína.
Todos nós temos sonhos, desejos, aspirações, projetos. Com Lia não era diferente. Uma jovem menina que esperava um dia ver seus sonhos realizados, por mais simples e humildes que fossem, até que seu pai a fez casar-se com alguém que não a amava. Desse dia em diante, Lia travou uma luta ferrenha tentando se adequar ao destino que seu pai lhe havia escolhido.
Jacó, filho de Isaque com Rebeca e irmão caçula de Esaú, teve que fugir da casa de seu pai depois que conspirou com sua mãe e enganou Isaque, seu pai, que estava cego e enfraquecido. Jaco fez isso para receber a benção da aliança, defraudando assim seu irmão, Esaú, que prometeu vingar-se assim que seu pai morresse. Jacó fugiu de Esaú para viver com os parentes de sua mãe, a família de seu tio Labão.
“Ora, Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o da mais nova, Raquel. Lia tinha olhos meigos, mas Raquel era bonita e atraente” (Gn 29.16-17, NVI).
A palavra hebraica traduzida por “meigos” significa “fracos” e é de difícil interpretação. A verdade é que algo sobre os olhos de Lia soava negativamente para aquela época. Seja qual for o motivo, ela não era considerada atraente e cresceu à sombra de sua linda irmã mais nova, Raquel. A usura e desonestidade de seu pai Labão ,unidos à ideia de que a única forma de arrumar um casamento para Lia seria por meio de enganar alguém, fazia crescer em Lia a dor da rejeição e da humilhação.
Apaixonado por Raquel, Jacó propôs trabalhar sete anos em troca da mão de sua amada em casamento. Ao término dos sete anos, Jacó exigiu casar-se com Raquel e foi então que o sagaz Labão pôs seu plano em ação. Depois de uma festa regada com bastante vinho e uma noiva com um grosso véu sobre o rosto, Jacó casa-se com Lia, pensando que estava casando com Raquel. Você consegue imaginar o choque? No outro dia, bem cedo, ele se levanta e vê que quem está ao seu lado não é Raquel, mas Lia. Assim, o palco foi preparado para outra devastadora realidade que Lia deveria enfrentar. Mais uma vez, Lia seria motivo de desprezo e vergonha, agora não mais na casa de seu pai, mas na sua própria casa.
“Quando o Senhor viu que Lia era desprezada, concedeu-lhe filhos” Gênesis 29:31
Eu gosto da ideia de um Deus que ama os injustiçados, de um Deus que gosta de gente que sofre, de gente que grita, de gente que perdeu tudo. É o Deus do amor, é o Deus do consolo, é o Deus do aflito, é o Deus do oprimido. O interessante é que os três primeiros filhos de Lia recebem nomes que declaram a sua imensa vontade de ser vista, de ser ouvida, de ser amada como ela é.
Lia engravidou, deu à luz um filho, e deu-lhe o nome de Rúben, pois dizia: “O Senhor viu a minha infelicidade. Agora, certamente o meu marido me amará”. (Gênesis 29:32)
Lia engravidou de novo e, quando deu à luz outro filho, disse: “Porque o Senhor ouviu que sou desprezada, deu-me também este”. Pelo que o chamou Simeão. (Gênesis 29:33)
De novo engravidou e, quando deu à luz mais um filho, disse: “Agora, finalmente, meu marido se apegará a mim, porque já lhe dei três filhos”. Por isso deu-lhe o nome de Levi. (Gênesis 29:34)
Como dói ver o lamento de Lia, ela queria apenas ser amada, ser vista, ser feliz, todavia algo mudou com o nascimento do quarto filho.
Engravidou ainda outra vez e, quando deu à luz a outro filho, disse: “Desta vez louvarei ao Senhor. Assim deu-lhe o nome de Judá. Então parou de ter filhos”. (Gênesis 29:35)
É como se Lia estivesse dizendo: chega de sofrimento, chega de vergonha, chega de desprezo, pois eu tenho um Deus que me vê, que me ouve, e que me pega em seus braços de amor e promete estar ao meu lado o tempo todo “Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti”. (Isaías 49:15)
Judá, “desta vez louvarei ao Senhor”, é um brado de vitória que Lia estava dando. É como se ela dissesse: o motivo da minha alegria é o Senhor, os filhos são benção de Deus, o casamento é benção do Senhor, mas a verdadeira alegria vem do Senhor, por isso eu o LOUVAREI para sempre.
Deus abençoa Lia, tornando-a não apenas mãe de quatro filhos das doze tribos de Israel, mas a matriarca legitima da tribo de Judá, da qual descenderia o Messias, o filho de Deus.
Em toda sua vida, Lia esperou ser vista, ouvida, tocada e amada por Jacó, mas foi em idade avançada que talvez ele tenha percebido o valor da mulher que lhe tinha sido dada como esposa, e escolheu ser enterrado na sepultura da família, perto de Lia (Gn 49.31), em vez de escolher ser sepultado perto de Belém, onde Raquel estava enterrada.
A seguir, Jacó deu-lhes estas instruções: “Estou para ser reunido aos meus antepassados. Sepultem-me junto aos meus pais na caverna do campo de Efrom, o hitita, Ali foram sepultados Abraão e Sara, sua mulher, e Isaque e Rebeca, sua mulher; ali também sepultei Lia. (Gênesis 49:29-31)

Pr. Arimateia Oliveira Costa é superintendente da Convenção Goiás, da Igreja Adventista da Promessa.

Por que orar?

Busque ao Senhor nos 100 Dias de Oração

Embora já tenhamos ouvido centenas de mensagens nos instruindo que devemos orar, já tenhamos lido centenas de versículos e livros ensinando-nos e incentivando-nos a orar, isso não é algo que nosso coração clama, que nossa carne pede desesperadamente. Orar é uma prática, ou seja, algo que eu começo a fazer continuamente por entender que preciso disso. Orar é uma prática sublime, gloriosa, divina. Sim, orar, segundo Elben César, “é a arte de entrar no Santo dos Santos e de nos colocar na presença do próprio Deus em espírito, por meio da fé, valendo-nos do sacrifício de Cristo, e falar com Deus com toda liberdade por meio da palavra audível ou silenciosa”.[1]
Falamos de oração, pregamos sobre oração, escrevemos sobre oração e agora estamos iniciando o Projeto 100 Dias de Oração, mas o que temos ouvido de vários pastores e autores de renome é que: a reunião de oração está em coma, na UTI, prestes a morrer! Que chocante, que fato triste, mas infelizmente real! O tempo para oração está cada dia mais escasso, não dedicamos tempo nos cultos e muito menos em casa.
Será que podemos mudar esse fato? Sim, com certeza podemos! Embora a oração não seja algo que a nossa carne deseja ardentemente, o nosso espírito tem total consciência de que orar é a melhor forma de nos aproximarmos de Deus, depois da leitura da Palavra. E se quisermos, podemos mudar nosso hábito com a ajuda de Deus. Ele quer que oremos!
Por que orar?
Porque orar é o nosso primeiro e não último recurso. Orar nos conecta ao Pai. Porque orar é o meio de experimentarmos coisas grandes e firmes que não sabemos (Jr 33.3). Orar nos ajuda a vencer a tentação (Mt 26.41). Porque sabemos que, através da oração, Deus pode fazer muito mais além do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Porque a oração nos coloca no lugar certo e nos ajuda a entender quem nós somos e quem Deus é. Porque a oração é o momento que Deus trabalha em nós e começamos a entender que precisamos muito mais dele do que a resposta de nossa oração. Porque precisamos urgentemente de um avivamento, e o avivamento sempre é precedido por oração. O doutor R. A. Torrey afirmou certa vez: “Sem dúvida, um dos grandes segredos que explica a insatisfação, a superficialidade, e a falta de realidade que sentimos na maioria daquilo que atualmente chamamos de ‘avivamentos’, é que há uma dependência muito maior na engenhosidade do homem do que no poder de Deus, recebido através de oração fervorosa, persistente e confiante.”[2] Enfim, por que orar? Porque queremos sair da UTI e estar mais próximos do nosso Criador!
Querido(a) irmão(ã), se você percebe que a sua vida de oração pode estar à beira da morte ou simplesmente adoecendo, junte-se ao Projeto de Oração. Aproveite esses 100 Dias de Oração e interceda por cada propósito, é um ótimo momento para sua vida espiritual, a vida de sua família e de sua igreja ser completamente mudada. Ore, simplesmente pelo fato de que Jesus nos ensinou a orar!

Dsa. Eliane Salvador é Bacharel em Teologia e Congrega na IAP em Pq. Edu Chaves (São Paulo, SP).


Referências
1 Elben M. Lenz César.1930 – Práticas devocionais; exercícios de sobrevivência e plenitude espiritual; 4. Ed. – Viçosa, MG: Ultimato 2005; p 21
2 https://www.revistaimpacto.com.br/oracao-que-traz-avivamento/ acesso em 18 de junho de 2018

É hora de se levantar

Correr para os braços do Pai é sempre a melhor decisão

O evangelho de Lucas é diferente. Ele dá um destaque especial àquelas pessoas que a sociedade desprezava. Lucas mostra que Jesus veio para buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19:10). Isso incluía publicanos, pecadores, pobres, ricos, judeus, samaritanos, gentios, homens, mulheres, etc.
Um dos capítulos-chave deste evangelho é o 15. Nele, Jesus conta três parábolas que expressam as mesmas verdades, através de figuras diferentes. A ovelha perdida, a moeda perdida e a parábola do filho perdido. Todas elas falam do amor de Deus pelos perdidos. Em todos os casos, sem exceção, os que estavam perdidos eram considerados preciosos.
Mas vamos refletir sobre a parábola do Filho Pródigo. Eu não sei você já ouviu uma pessoa dizendo: “eu era feliz e não sabia”. Talvez fosse essa palavra que veio à mente deste filho, mas o que realmente é ressaltado em seu coração fora o amor de um pai.
Esta parábola, nos faz pensar em pelo menos três atitudes que devemos fazer para se levantar.
1. Abrirmos os olhos para o amor do pai.
É claro que esse pai humano ilustra a atitude do Pai para com os pecadores que se arrependem: ele é rico em misericórdia e graça, e grande em amor por eles (Ef 2:1-10). Tudo isso é possível por causa do sacrifício de seu Filho na cruz.
Vamos ler novamente o versículo 17. “E caindo em si ele pensou…” Se o rapaz tivesse pensado apenas em si mesmo – na fome, na saudade e na solidão teria entrado em desespero. Mas suas circunstâncias difíceis o ajudaram a ver o pai sob outra ótica, e isso lhe deu esperança. Se o pai era tão bom com os servos, talvez se mostrasse disposto a perdoar um filho. É a bondade de Deus, não apenas a maldade do homem, que nos conduz ao arrependimento (Rm 2:4).
Mesmo depois de virar as costas para o pai, o pai sempre pensava em seu filho, seu lugar estava guardado em seu coração. Deus Pai se importa conosco. Não importa a situação em que esteja, até no profundo lamaçal, mas o pai está pensando em você e deseja que seu filho volte. Diferente das outras parábolas o pai não vai procurar o filho, mas fica de olhos fitos esperando seu filho voltar.
As vezes estamos na casa do pai em regalia, mas mesmo assim desejamos as propostas do mundo, pensando que estamos presos e não temos liberdade. Olhamos muito para fora e esquecemos de valorizar as coisas que temos dentro da casa do Pai. O pecado promete liberdade, mas traz apenas escravidão (Jo 8:34); promete sucesso, mas traz fracasso; promete vida, mas se transforma em morte (Rm 6:23).
O rapaz pensou que “se encontraria”, mas, na verdade, se perdeu! Quando Deus é deixado de fora da vida, o prazer transforma-se em escravidão. Deixe a ficha cair, abra seus olhos para o amor do pai!
2. Ter convicção de voltar para a casa do Pai.
Olhe e reflita para o início dos versículos 18 e 20 “vou voltar…então saiu”. Estamos perdidos muitas vezes fora e dentro da casa do Pai. Quando estamos fora queremos que somente nossos desejos e vontades se sobressaiam. Quando estamos dentro da casa do pai olhamos muito para as propagandas que há no mundo. Pense e haja! O pai lhe espera.
O sentido da palavra voltar (gr. αναστας) neste versículo dá o sentido de erguer-se novamente, levantar, ficar de pé. A volta acontece pela confiança que ele tem depositada no Pai e pelo amor próprio. O Pai não nos ama pelo que temos para dar, mas porque somos filhos. Uma vez sendo filho temos parte com Ele.
O filho desobediente havia envergonhado a família e a vila, e, de acordo com Deuteronômio 21:18-21, deveria ter sido morto por apedrejamento. Mas o pai, não se importando com a afronta do filho, mostrou amor para com ele.
3. Reconhecer o tratamento do Pai
No versículo 19, vemos um verbo “Trata-me”. Esta petição indica uma completa mudança de atitude. Quando deixou o lar, disse, “v.12 Dá-me…” Partiu com uma exigência egoísta; voltou com humilde oração.
Esse verbo na língua original (gr.ποιησον) pode indicar algo mais profundo, é como se o filho dissesse: Pai volte a me moldar, me trate por completo.
Deixe o Senhor tratar sua vida, o Senhor dá valor a você. Ninguém lhe dava nada, mas o Senhor, pai que está nos céus, quer que você desfrute do melhor que ele tem pra sua vida.
4. Conclusão
No Oriente, não era apropriado a um homem de idade correr, mas o pai correu ao encontro do filho. Um dos motivos óbvios para isso era seu amor por ele e seu desejo de lhe mostrar esse amor. Mas há outra questão envolvida. Em vez de apedrejamento, houve abraços e festas! Que imagem maravilhosa do que Jesus fez por nós na cruz! O filho descobriu no próprio lar tudo o que havia esperado encontrar na terra distante: roupas, joias, amigos, uma comemoração alegre, amor e segurança para o futuro. O que fez a diferença? Em lugar de dizer: “Pai, dá-me”, ele disse, “Pai, trata-me […]. Estava disposto a ser um servo! Na terra distante, o filho pródigo aprendeu o significado da miséria; mas, de volta ao lar, descobriu o significado da misericórdia. O anel era um sinal de filiação, e “a melhor roupa” (sem dúvida, do pai) era prova de que o filho estava sendo aceito de volta na família (ver Gn 41:42; Is 61:10; 2 Co 5:21). Os servos não usavam anéis, sapatos nem roupas caras. O banquete foi a maneira que o pai escolheu para demonstrar sua alegria e para compartilhá-la com outros. Se o rapaz tivesse sido tratado de acordo com a lei, teria havido um funeral, não um banquete.
É interessante observar a descrição que o pai faz da experiência do filho: estava morto, mas agora está vivo; estava perdido, mas agora foi encontrado. Essa é a experiência espiritual de todo pecador que vai até o Pai pela fé em Jesus Cristo (Jo 5:24; Ef 2:1-10).

Ms. Waldemir Junior é responsável pela IAP em Paar, na Convenção Norte

O trono do Senhor permanece inabalável

Tempo para tudo – guerra e paz

A vida… se tem algo instável é ela! Ela nos prega peças e, não raras vezes, nos desaponta. Se existisse um gráfico que ilustrasse a vida humana certamente seria um gráfico em ondas, que ora oscilam para cima, ora para baixo. Essa é a tônica da caminhada de todo ser humano na face deste planeta e não é diferente com você, pelo fato de ser cristão.
A própria Bíblia, em Eclesiastes 3.8b, nos ensina que existe “tempo de guerra e tempo de paz”. Convenhamos que sua vida não é muito diferente da dos outros bilhões de seres humanos, não é mesmo? Provavelmente você está em um desses estágios: ou em guerra ou em paz. Independentemente de em qual estágio você se encontra, como devemos nos comportar frente a eles?
Os momentos de guerra, de dificuldades e de problemas parecem-nos infindáveis e insuportáveis. Mas minha avó tinha um ditado que dizia que “não há mal que sempre dure”, ou seja, nenhum momento de dor é eterno. Eles sempre vêm e vão; doem, mas passam; custam, mas cicatrizam. E a recomendação que trazemos para você usar nos momentos de guerras e dores é simples: permita-se sofrer, sem superestimar nem subestimar aquela fase. Algumas pessoas em momentos de dor vestem a máscara da hipocrisia e não se permitem chorar suas mágoas e expor suas dores; mas isso é adoecedor e causa males muito mais profundos. Outros afundam-se nas dores e não conseguem ver saída; atolam-se no lodo da depressão e perdem a noção de que há um Deus que está no controle. O caminho para o sucesso nos momentos de guerra na vida é permitir-se chorar sem ser desesperado, sofrer sem ser falso e crer apesar dos pesares.
E os momentos de paz? Ah, esses tornam-se verdadeiros campos minados. Pois se na guerra podemos nos esquecer de Deus devido às aflições, na paz e calmaria corremos o risco de abandoná-lo, caso o sirvamos apenas por interesses. Nos momentos de tranquilidade e estabilidade emocional, financeira, familiar e “espiritual”, como você se relaciona com o Senhor? Qual a sua frequência de orações, jejuns, presença nos cultos? Nos momentos de calmaria da vida, qual a temperatura do seu termômetro devocional? Como não soltar as rédeas e perder as estribeiras em meio à quietude?
Os antídotos contra esse relaxamento devocional são pelo menos dois. O primeiro é a vacina das motivações. Reflita em seu coração as verdadeiras motivações pelas quais você busca o Senhor, repense se, nos momentos de tranquilidade sua rotina de consagração e orações permanece inalterada em relação aos momentos de angústia e desespero da guerra.
Caso sua devoção esteja mancando no período de paz, reveja se você está servindo ao Senhor por quem ele é ou somente pelo que ele pode oferecer. O melhor caminho é servi-lo por quem ele é, pois seus atributos permanecem inalterados, independente das circunstâncias que enfrentamos. O segundo antidoto é a vacina contra a ingratidão. Por vezes, nos momentos de lutas e aflições, buscamos de Deus respostas, soluções e milagres; mas quando o recebemos, não voltamos para agradecer, tais quais os nove leprosos curados por Jesus. O veneno da ingratidão nos afasta de Deus nos momentos de paz, mas o antidoto da gratidão pode fazer-nos vigilantes frente a esse grave pecado. Reflita sobre as motivações do seu coração e sobre como anda sua gratidão.
Em terceiro lugar, quero concluir o ditado da minha avó, que também diz que “não há bem que não se acabe”. Não se esqueça que as calmarias são gotas de água em meio ao deserto, para nos fazer ter forças para a caminhada até o lar celestial, onde ali sim, tudo será paz e tranquilidade eternas.
Finalmente, lembre-se que, quer em guerra, quer em paz, o trono do Senhor permanece inabalável e seu governo soberano e eterno continua intacto apesar de tudo que se passa conosco. Confie no Senhor nos momentos de guerra e jamais se esqueça de se relacionar com ele também nos momentos de paz.

Eric Moura é missionário na IAP.

Deus nos manda odiar?

Tempo para tudo – amar e odiar

Os primeiros versículos de Eclesiastes 3 nos ensinam muito. Ensinam que o tempo não está à deriva. Há tempo para todas as realizações. E esse tempo existe por que há um “Senhor” atemporal que governa tudo e todos, pois diante dele estão nítidas tanto a eternidade passada como a eternidade futura (Sl 90.2). Este “Senhor do tempo” é Deus (Pai, filho e Espírito Santo). Assim, a vida nunca é estática. Ela se recusa estar parada em seus diferentes ritmos de atividades. As estações mudam. As marés mudam. As circunstâncias mudam como numa roda gigante, onde o posicionamento é temporário. Às vezes, as situações são por ações nossas, outras por reações.
Desta forma, há “tempo de amar e tempo de odiar” (Ec 3.8). Comecemos por tempo de amar. Amar é bom. João escreveu que quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor (1 Jo 4.8). Amar anuncia Deus, cuja essência é amor. Quando amamos a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos, cumprimos toda a lei (Mt 22.37-40). Em 1 Coríntios 13 temos um tesouro chamado amor. Quando estamos enriquecidos dele, nossas palavras excedem a linguagem dos homens e dos anjos, o dom de profecia, o conhecimento de todos os mistérios, a expressão do maior ato de fé e a maior das doações. Porque o amor é fonte de paciência, de bondade, de humildade, de gentileza, de perdão, de coisas boas. É como uma armadura que suporta todo o impacto da vida, todo sofrimento, toda descrença e toda a espera. É a maior prova de maturidade cristã. Maior que a fé e a esperança. Começa na terra e continua na glória.
Quando falamos de amor, não podemos esquecer a maior demonstração de amor da história, quando o Pai entregou o Seu único Filho na Cruz por nós (Jo 3.16), fazendo dele nosso modelo de vida.
Mas, e o “tempo de odiar”? Prestemos atenção: Deus não está mandando ou dando liberdade para odiarmos gratuitamente as pessoas. Jesus nos manda amar a todos (Jo 13.34), até mesmo os nossos inimigos (Mt 5.44). No entanto, há muitas coisas que até mesmo Deus odeia, por exemplo:
– Deus odeia pesos falsamente definidos para enganar o próximo – Dt 25.13-16.
– Deus odeia as mãos que derramam sangue inocente – Pv 6.16,17.
– Deus odeia aqueles que justificam os perversos e condenam os justos – Pv 17.15.
– Deus odeia o divórcio – Ml 2.16.
Então o “tempo de odiar” de Eclesiastes 3 é o de odiar as coisas erradas e não as certas e boas, estabelecidas por Deus para o nosso bem.
Amemos a todos incondicional, sacrificial e espiritualmente. E se tiver que odiar, que seja como os irmãos de Éfeso que odiavam os falsos ensinos dos nicolaítas e que receberam, por isso, um elogio do próprio Cristo (Ap 2.6)

Pr. Elias Alves Ferreira reside em Curitiba (PR) e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral.

Perdas e ganhos

Tempo para tudo – guardar e lançar fora

O versículo 6 de Eclesiastes 3 sintetiza os tempos de “vacas gordas” e os tempos de “vacas magras” tão bem interpretados por José e, por vezes, tão mal assimilado por nós. Justamente nós, que propagamos sermos conhecedores e proclamadores da Palavra. Como a maioria, gostamos de viver e usufruir os tempos das “vacas gordas”, mas falhamos miseravelmente quando nos vemos envolvidos pelos tempos das “vacas magras”. E que não fique nenhuma dúvida: ambos os tempos chegam para todos, indistintamente.
Existe o tempo de ganhar e existe o tempo de perder. Ganhar é bom, perder é desagradável. Logo cedo, as crianças aprendem isso. Tente lembrar das crianças que conhece quando estão jogando em família, com amigos, primos ou irmãos. Quando ganham, se sentem o máximo e seguem brincando com toda a motivação. Quando perdem, no entanto, é choradeira, reclamação, impaciência com a situação de derrota, bico e, por vezes, desistência de continuar a brincadeira. Crianças, na sua maioria, não gostam de perder e, muitas vezes, por culpa dos pais, não sabem perder e nem lidar com fracassos.
Adultos, de outras formas, repetem a experiência da infância, não gostam de perder – quem gosta?!? – não sabem perder e, portanto, não sabem lidar com a situação. E a vida, como bem sabemos, nos coloca diante de muitas perdas. Se na infância eram os jogos domésticos ou escolares, na adolescência perde-se namorada e namorado, depois perde-se emprego, vaga na faculdade, vaga no estacionamento, lugar no avião. Perdem-se cargos, amizades, parcerias, clientes. Perde-se carro, casa, patrimônio. Perde-se alegria, sonho, saúde, honra.
Em meio a tantas perdas, o pregador de Eclesiastes, de forma existencial, ora feliz, ora amargurado, vai deslizando sua pena e jogando em nossa face a real sem qualquer maquiagem: você terá tempo para ganhar e também terá tempo para perder. O autor de Eclesiastes é homem vivido, avançado em idade, fala com desenvoltura sobre as bênçãos que acompanham a sabedoria, assim como as tragédias que estão coladas em todo o tipo de tolice que praticamos. Do versículo 1 até o 8 do capítulo 3, o pregador nos apresenta vários pares de opostos, nos quais o tempo é um senhor frio, rude e pronto a provocar viradas em nossas vidas sem qualquer aviso prévio.
Eu escrevi “sem qualquer aviso prévio”? Para muitos, sim. Para nós que fomos chamados, não! O texto bíblico nos alerta de forma muito honesta e clara: sua vida terá tempo para ganhar, portanto neste tempo poupe, guarde, reserve, só assim suportará sobreviver quando chegar o tempo de perder, porque ele vai chegar.
Estamos atravessando aquela que tem sido chamada por especialistas de todas as áreas de “a pior crise brasileira”. Costumo dizer a amigos que aqueles que resistirem e conseguirem sair sãos e salvos do outro lado vão nadar com braçadas largas quando a crise passar, pois estarão mais maduros, mais fortes, mais resistentes e experimentados para enfrentar os desafios de viver.
Certa vez li o texto de um rabino. Era simples, profundo e falou muito comigo num momento no qual eu enfrentava exatamente o tempo de perdas. Ao ser questionado por aprendizes sobre o que ele achava do sucesso que os mesmos estavam tendo em plena juventude, o rabino respondeu: “aproveitem com responsabilidade e equilíbrio, porque vai passar”. Anos depois, os mesmos aprendizes, falidos, traídos por amigos e frustrados com as perdas foram ao rabino saber o que ele achava daquela situação tão desesperadora pela qual estavam passando. Então ele, com a mesma simplicidade e o mesmo tom respondeu: “esperem com paciência e lucidez, porque vai passar”.
É verdade, o tempo é senhor de muitas vidas, escolhas e consequências. Os filhos de Deus, no entanto, em Cristo já não vivem ao sabor do vento ou do tempo, pois são servos do Senhor que manda no tempo. Assim como Ele guardou José em todos os tempos de sua vida, também guardará todo aquele que com Ele tem aliança. Sim, ganharemos e perderemos, mas tanto ganharemos quanto perderemos debaixo da proteção do Senhor, o único que controla o tempo segundo seu poder e sua vontade. Seja qual for a situação que esteja passando aqui nesta terra, fique firme com Cristo, porque tudo vai passar.

Pr. Edmilson Mendes congrega na IAP em Pq. Itália (Campinas – SP) e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Paulista e Convenção Geral

Equilíbrio na vida

Tempo para tudo – abraçar e afastar-se

Aprendi que, às vezes, um abraço fala mais que muitas palavras. Em algumas ocasiões, tudo o que é necessário será encontrado em um sincero e caloroso abraço. Em seu famoso poema sobre o tempo apropriado para cada situação, Salomão expressou o controle de Deus sobre o tempo de todas as coisas e que, diante disso, a humanidade deveria submeter-se inteiramente ao seu domínio, vivendo cada experiência em seu tempo oportuno, respeitando, contudo os limites estabelecidos por Deus, de forma equilibrada em tudo o que fosse desejado e desenvolvido pelo ser humano.
Em Eclesiastes 3:5b, está escrito que há hora de abraçar e hora de se afastar (AM). Muitas são as oportunidades boas e ruins que podemos aproveitar ou rejeitar. Nossas escolhas são determinantes para o bem ou para o mal sobre nós mesmos. Até mesmo as coisas boas da vida, como: amigos, famílias, dinheiro, sexo (no casamento hétero), livros, espiritualidade, trabalho, esportes, e outras mais, podem ser prejudiciais, caso não haja um equilíbrio, se estas não estiverem em seu devido lugar no coração, podendo tornar-se um vício, uma compulsão ou até mesmo uma idolatria, a qual constitui a razão de tantas pessoas não terem harmonia com Deus, nem mesmo, umas com as outras. E isso tudo porque, desde que o pecado entrou na humanidade por meio de Adão, o ego humano quer se impor acima de tudo.
De fato, os mais variados vícios (desde os menores – como o hábito de beber um simples refrigerante – aos mais complexos – como a prática da pornografia) podem escravizar uma pessoa quando esta não mantém sua vida equilibrada, sabendo que nem tudo deve ser abraçado ou ainda que, algumas outras coisas são tão importantes que deveriam ser praticadas com frequência. Para tanto, vale a pena considerar o que Jesus, o Senhor do tempo e do espaço, disse aos seus discípulos, quando os designou a pregarem o reino dos céus nas cidades israelitas: “sejam espertos como serpentes e simples como pombas” (Mateus 10:6b – NVT).
Assim como, precisamos ser “espertos”, questionando os efeitos de tudo o que experimentamos, precisamos ser “simples”, para não vermos ou imaginarmos maldade em tudo o que existe ou acontece ao nosso redor. É preciso demonstrar empatia, alegria e disposição para as adições necessárias à vida.
Jesus Cristo demonstrou isso tudo na prática em sua missão redentora. Ao vir à Terra, Ele abraçou uma causa perdida, abraçou a humanidade que estava condenada por conta de sua rebeldia e egoísmo narcisista. Jesus abraçou e abraça pessoas, independente de sua condição pessoal, por causa de seu grande amor. Mas, para abraçar novamente o ser humano que fugiu às cegas de seus braços, Jesus precisou afastar-se de sua própria posição: “embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz” (Filipenses 2:6-8 – NVT).
Portanto, responda a si mesmo: o que você está abraçando ou deixando de abraçar neste momento? E ainda: o que você deveria abraçar ou afastar-se, para viver uma vida equilibrada, longe de possíveis vícios ou de uma idolatria, que distancia você das pessoas importantes que você conhece e o afasta do próprio Deus? Por que você não abraça o que Jesus lhe oferece através de sua maravilhosa graça? Ele tem um plano de aperfeiçoamento para cada ser humano, para que cada pessoa viva com equilíbrio em todas as áreas da vida e assim possa desfrutar de um relacionamento feliz ao seu lado, onde nada é tão importante quanto a sua companhia bondosa e misericordiosa (Salmo 23).
Assim, também é possível compartilharmos esta dádiva divina com todos os nossos familiares, amigos e vizinhos. Quem você conhece, que precisa experimentar nesta hora, o abraço de Jesus, talvez para se afastar de algum vício nocivo ou, simplesmente, desfrutar a vida enquanto se está vivo? Talvez, Salomão quisesse dizer com a escrita de Eclesiastes, que há três jeitos de viver: Primeiro: viver se perguntando, “o que será de mim?”, “o que a vida me reserva?”. Segundo: viver repetindo em tom de lamentação, “veja o que a vida fez comigo”. E terceiro: substituir as duas primeiras maneiras de viver pela seguinte questão: “o que estou fazendo com a vida?”.
De fato, não importa o que a vida nos reserva ou o que ela fez de nós, mas o que podemos fazer com ela. Está em nossas mãos o poder de decidir como viver a partir da hora atual. Precisamos parar de olhar para o relógio e somente observar o funcionamento dos ponteiros, vendo as horas passando sem tomarmos algumas atitudes relevantes. Temos o poder de decidir o que fazer de nossas vidas. O que abraçar ou não. Então, abrace com força o que realmente importa, a hora é agora! Abrace agora mesmo aquele que se entregou por você numa rude cruz e receba o seu abraço transformador. O abraço de Cristo equilibra e muda tudo em nossa vida! É verdade que um só pecado de Adão trouxe condenação a todos, mas um só ato de justiça de Cristo removeu a culpa e trouxe vida a todos (Romanos 5:18 – NVT). Permita que Deus afaste o controle do pecado para longe de você e abrace esta boa notícia mantendo sua vida centrada nela. A hora de equilibrar a vida é agora! Façamos isto na pessoa e obra de Cristo.

Pr. Mateus Silva de Almeida é responsável pela IAP em Piracicaba e Rio Claro (SP).

A despedida de um filho ao seu pai

Tempo para tudo – chorar e rir

Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar. (Ecles.3.1 e 4)
Sentados em discreto sofá na ante sala de uma UTI, estávamos meu pai e eu, esforçando-nos para ter aquela que seria nossa última conversa. A mesma revelou-se objetiva, franca e com longas pausas. Enquanto aguardávamos o enfermeiro, preferimos olhar para o nada, às vezes para a parede clássica em branco gelo. Descruzávamos os olhares para não denunciar o óbvio: para papai, era tempo de guardar a fé, tempo que Deus permite que ela, a fé, seja guardada inteiramente para nós. Deixamos o silêncio falar em nosso lugar.
Meu pai, um homem elegante, ainda que com respiração sofrida, se mantinha sentado de pernas cruzadas, à moda antiga, como sempre o fazia, cabelos despropositados lembrando Castro Alves (o poeta), rompeu o silêncio com uma frase entrecortada que, teimosamente, permanece em minha memória: – “filho, estou sofrendo muito”.
Tentei ajudar, amenizar, mas a clareza do momento não me deixava dúvidas, estava chegando o tempo de chorar, chorar aquele que me cuidou, que me sustentou e me proveu. Na verdade eu chorava a seco, e o fazia para não imprimir nada mais que pudesse intensificar a dor nas emoções de meu amado pai.
Naquela tarde acinzentada eu estava com o famoso “nó na garganta”. Fiquei ali esperando, esperei até que um gentil enfermeiro o levou, fechando uma porta entre nós. Demorei-me um pouco mais na sala do encontro, e também do desencontro. Sabia que não nos falaríamos mais. Precisava organizar os pensamentos e aceitar que há tempo para tudo nessa vida passageira. Sim, há tempo para tudo nesta vida, conto ligeiro! Chorar e rir, prantear e dançar.
A vida e morte de meu pai ajudou-me compreender que todos nós, sem exceção, experimentaremos as estações de choro que parecerão não ter mais fim. Estações de alegrias que esperamos não acabem jamais.
Naquela tarde carreguei outra certeza: de que nossas experiências produzem efeitos colaterais. A exemplo de uma onda do mar, vai atingindo a todos que estão a frente, afetando relacionamentos, deixando profundas marcas pessoais e familiares. Minha família precisou alterar sua configuração para seguir em frente.
O tempo parece ter um humor bipolar e o lança sobre todos, em todas as épocas. Transitar entre alegria e tristeza não é fácil, e quando nos encontramos em tempo de choro e pranto não raro pensamos que jamais conseguiremos voltar a sorrir. Dançar? Impensável. É comum ouvirmos: – o mundo acabou para mim. Realmente são falas em meio à dor e não devem ser entendidas como vitimização. Como voltar a sorrir após o tempo de choro? Como continuar sem o nosso patriarca? Creio firmemente que a resposta encontra-se nas palavras daquele que tem a “PALAVRA” das palavras:

  • “O Espírito do Soberano Senhor está sobre mim porque o Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres. Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros… para consolar todos os que andam tristes, e dar a todos os que choram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido.” (Isaías 61:1-3).
  • “Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito” (Isaías 53:11a).

Aos poucos e gradativamente fui percebendo que a ausência de meu pai era cada vez menos dolorida. Percebia o amor de Deus cuidando e fazendo o que não podíamos, e ao mesmo tempo tinha claro que esse amor se revelava nos abraços amigos, ombros irmãos e na própria família.
Deus tem sua maravilhosa maneira de ser socorro bem presente na hora da angústia. Ele colocou em nosso coração o desejo pela eternidade, pois somente neste tempo – a eternidade – não haverá mais dor, pranto, somente alegrias eternas (Ap 21).
Hoje estou aqui sem tristezas e sem o tal “nó na garganta”. Respiro feliz. Eu sei, e estou bem certo, que foi Jesus que levou sobre si todas as minhas dores para que eu consiga alegremente relembrar que, em uma bela manhã de verão, sentado no colo de meu pai, aguardava ele descascar, calmamente, uma belíssima e doce manga. Dividimos em tempo de paz, pai e filho, o sabor da última manga daquela estação.
 
Pr. Ismael Narcizo é responsável pela IAP em Douradina (MS).

Transparência necessária

“Tudo o que não puder contar como fez, não faça!”

Como complemento ao título deste texto, o professor de filosofia Mario Sergio Cortella diz que “…se há razões para não poder contar, essas são as mesmas razões para não fazer… Existem coisas que não podem ser contadas porque pertencem ao terreno da privacidade, do sigilo. Mas há aquelas que não podemos contar porque nos envergonham, nos diminuem. ”
Em 2008, nos Jogos Olímpicos de Pequim (China), as obras, o cenário criado era “perfeito”. Podemos dizer que os Jogos de Pequim representaram o ápice das Olimpíadas, desde seu início, em 1952. O que ninguém imagina é o que havia por trás de alguns muros em Pequim. Por trás de alguns daqueles cartazes coloridos e dos monumentos incríveis havia a pobreza.
Sabemos que, no cenário espiritual, os olhos de Deus não são como os olhos humanos. A Palavra de Deus, no livro Jeremias, capitulo 17.10 diz que Ele é capaz de sondar profundamente os corações. Hebreus 4.13 externa que não há criatura alguma incógnita aos olhos de Deus. Não há como fugir dos seus olhos!
Com medo dos propósitos de Deus, Jonas resolve, em um ato de desespero, fugir da presença do Senhor (Jn 1:2). Quantos de nós não cometemos o mesmo erro?
No livro de Gênesis, o primeiro casal, Adão e Eva, decide se esconder da presença de Deus no jardim que Ele mesmo havia criado.
Querer fugir ou se esconder de Deus nos mostra que perdemos a nossa intimidade e a nossa confiança nele.
A frase de Immanuel Kant, no título deste texto, nos traz algo extraordinário. Realmente o que não podemos contar por vergonha, na maioria das vezes, representa algo que não deveríamos ter feito. Corremos como loucos para encontrar artifícios coloridos, atrativos para camuflar nossos erros. São omissões, mentiras que constantemente encobrem nossos erros no cotidiano.
Quem poderia imaginar que pessoas tão íntimas de Deus poderiam tentar se esconder de dele? Foi o que Adão e Eva tentaram fazer, sem sucesso. Da mesma forma, Deus não se impressiona se camuflamos nossas mazelas com cartazes coloridos. Ele sonda nossa vida por inteiro. Nada nem ninguém pode enganar Deus.
Mas uma decisão é capaz de mudar as nossas vidas e fazer as nossas pazes com Deus: abrir os portões para Ele, permitindo que Ele veja nosso erro e nos mude. Ele nos dá forças para não mais errar e nos purifica de todo pecado, de forma que não teremos mais do que nos envergonhar.

Adrilson de Oliveira é diretor do Ministério de Música e Artes da Convenção Oeste Paulista e congrega na IAP em Santa Antonieta, Marília (SP)

Quando parece que nossas orações não chegaram a Deus

Tempo para tudo – para ser curado ou morrer

“Tudo tem o seu tempo determinado”, assim começa o capítulo três do livro de Eclesiastes, escrito por Salomão, rei de Jerusalém, no décimo século antes de Cristo, tendo como um de seus propósitos refletir as experiências e desesperanças de seu autor. Desta forma, este “é o livro do homem ‘debaixo do sol’ que filosofa sobre a vida…, representa a visão do mundo de um dos mais sábios homens, que sabia da existência de um Deus Santo que julgará todas as coisas um dia”[1].
A repetição das expressões como “vaidade das vaidades”, “tudo é vaidade”, “correr atrás do vento” deixa claro que, para o “pregador” – como Salomão se auto intitula neste livro – muito de suas experiências o levou à conclusão de um vazio nas realizações. Ele se encontrava frustrado porque muito daquilo que buscou durante sua vida não tinha valor duradouro. Desta forma, este livro demonstra que “a vida vista unicamente a partir da perspectiva humana resultará em pessimismo, e oferece a esperança por meio da obediência humilde e da fidelidade a Deus até o dia do julgamento final”[2].
Certamente que a compreensão da revelação divina, que nos proporcionaram os séculos que nos separam do sábio Salomão, nos permite afirmar que há uma sabedoria acima de tudo e de todos. Podemos assegurar, sem a menor das dúvidas, que há uma eternidade para ser vivida e que Deus, com sua infinita sabedoria, governa o mundo, governa a história e governa nossas vidas. Assim o Deus de Salomão, desde sempre, sabe discernir todos os acontecimentos e seus reais propósitos, de tal modo “o conhecimento que Deus possui dá-lhe o discernimento de tudo quanto existe e que poderá vir a existir. Tendo em vista que Deus existe por si mesmo, seus conhecimentos estão além de nossa simples imaginação, são ilimitados” [3]. Esta sabedoria é sintetizada desta forma pelo salmista: “Nosso Senhor é grande, com força sem limite: nunca compreenderemos o que ele sabe e faz”[4].
Este Deus que dá sentido à vida e que é surpreendentemente sábio, cura alguns e permite que morram outros. Seria longa a lista de cristãos sinceros, que tivemos a alegria de conhecer, por pouquíssimo tempo, pois já não estão mais entre nós, dizimados por doenças terríveis. Muitos destes servos que dormem em Cristo partiram muito cedo, poderiam ter vivido conosco muitos anos ainda, entretanto, a despeito das orações e consagrações por suas curas, ela não veio. O Senhor tinha outros planos, muito mais elevados que os nossos e agora eles aguardam o dia da gloriosa manhã da ressurreição.
Quando parece que nossas orações não chegaram diante de Deus e a morte chega, quando o Senhor não cura, alguns acreditam que ele esteja imputando um juízo sobre nós, ou mesmo que as orações não foram acompanhadas de fé genuína. Há quem chega a pensar que Satanás triunfou trazendo a morte e que Deus não pode fazer nada para mudar a sorte da pessoa que tanto amamos e pela qual tanto oramos.
“Se tudo der certo, Ele é Deus, mas se não der, continua sendo Deus”
baseado em romanos 8: 18-28, John Piper faz seis afirmações sobre a questão das doenças e da morte: (1) ele lembra que o pecado submeteu nosso corpo às enfermidades e a morte, (2) em seguida recorda que “há um tempo determinado” para a nossa redenção, onde nem as enfermidades nem a morte não mais existirão; (3) que Cristo conquistou o direito de uma vida sem doenças na eternidade; (4) que Deus controla todo sofrimento para o bem de seu povo; (5) que nossas orações devem suplicar além da cura, para que tenhamos força na provação e, finalmente (6) que devemos sempre confiar no poder e na bondade de Deus a despeito dos desfechos que estes cenários possam chegar.
Gostaríamos de enfatizar duas destas afirmações, pois o Deus da Bíblia não desperdiça sofrimento do seu povo, mesmo que sejam sofrimentos terríveis, o Senhor tem o controle de tudo, tudo está em suas mãos, nada passa despercebido diante dele. Quando Ele permite que a morte alcance o cristão, devemos entender que Ele está no controle: “Saibam todos que eu, somente eu sou Deus; não há outro Deus além de mim. Eu mato e eu faço viver; eu firo e eu curo. Ninguém pode me impedir de fazer o que eu quero” (BLH, Dt 32.39).
Após entendermos que o Senhor, que tem o controle de tudo, permitiu que a morte chegasse, devemos igualmente fortalecer a nossa fé de que ele é bom, sua bondade não tem limite. Se a Ele pareceu por bem permitir que a pessoa que tanto amamos iniciasse seu repouso, devemos continuar crendo em seu amor e na sua bondade para conosco. Pode ser que nunca saibamos o verdadeiro motivo que levou o Senhor a ter optado por um fim diferente do que gostaríamos, mas a verdade é que “o Deus Eterno diz: Os meus pensamentos não são como os seus pensamentos, e eu não ajo como vocês. Assim como o céu está muito acima da terra, assim os meus pensamentos e as minhas ações estão muito acima dos seus” (Is 55.8,9). Se o tempo da separação chegou, o Deus soberano, bondoso e amoroso sabe o que é melhor para cada um de nós, pois “os caminhos e pensamentos de Deus, Seus desígnios e Suas operações são celestiais e estão acima dos desígnios e operações dos homens, que são apenas terrenos”.
Finalmente, como diz a canção do hino de Delino Marçal: “Se a doença vier, Ele é Deus. Se curado eu for, Ele é Deus. Se tudo der certo, Ele é Deus. Mas se não der, continua sendo Deus”.
Quando a enfermidade chegar, a igreja de Cristo deve fazer o que se espera que ela faça: “orai uns pelos outros”. Ela deve exercitar a oração, o clamor, a súplica, a crença, a perseverança, mas, se a despeito de tudo isso a cura não chegar e a morte for o fim inevitável, é Deus fazendo o que se espera que um Deus faça! Que dê a palavra final sobre os dilemas que afligem sua criação.
Como dizemos, nem sempre iremos entender o que ele faz, é por isso que vivemos pela fé! Cremos na existência dele e que tudo é governado por ele. É possível que um dia tenhamos algumas respostas! Até lá caminhemos na certeza de que ele governa tudo com graça e misericórdia, sabendo que, quanto àquele que partiu com Cristo, iremos revê-lo na grande multidão dos salvos, iremos reencontrá-lo, reconhecê-lo, abraçá-lo, festejar com ele, participaremos com ele da mesa do Senhor!
Celebraremos o final desta página da história da humanidade manchada pelo pecado! “Não vos entristeçais como os demais que não têm esperança”. Nossa história não termina aqui. A morte não tem a última palavra. O reino eterno é de Deus e do nosso Cristo! A vida será eterna! Não mais morte! Não mais dor! Há tempo para todas as coisas aqui e haverá tempo para a eternidade ali. “Consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.

Pr. Aléssio Gomes de Oliveira é responsável pela IAP em Vila Maria (São Paulo, SP).

Referências
1) Bíblia Sagrada, SCOFIELD, C.I. pg 662
2) Bíblia de Estudo de Genebra, 2ª Edição, 1984, pg 854
3) HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática, CPAD, pg134
4) A MENSAGEM, Bíblia em Linguagem Contemporânea, Salmo 147.5
5) CHAMPLIM, Russel Norman, O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Ed. Hagnos, 2003, pg 2946

Quem semeia pouco, colhe pouco

Tempo para tudo – plantar e colher

Certamente, você já conhece o ditado popular: “Quem planta, colhe!”. Sem dúvida, a expressão surge como reflexo de um ensino muito claro nas Escrituras: “…tudo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6.7,8). Também em I Coríntios 9.6, Paulo reforça o ensino: “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará”.
Esta lógica existencial de causa e efeito também foi percebida por Salomão ao ensinar que há tempo para todas as coisas (Ec 3:1). Depois de observar a vida como ela é, o sábio rei reconhece que os prazeres saudáveis da vida vêm da mão de Deus e devem ser desfrutados com responsabilidade (Ec 3:12, 17).
Entretanto, a vida é uma sucessão de momentos e eles nem sempre são agradáveis. Neste texto, vamos refletir sobre os tempos de plantar e colher em sua relação com a vida. Em geral, preferimos o tempo da colheita. Todos queremos experimentar bons resultados no trabalho, ministério e vida pessoal. Esperamos receber um bom aumento de salário, ver o crescimento da igreja e da família. Amamos sentar-nos à mesa para desfrutar de uma boa comida, queremos celebrar a vitória de nosso time de futebol e ouvir uma edificante pregação no culto do fim de semana.
De fato, os tempos de colheita são bons demais. As sensações que nos proporcionam são inesquecíveis. Entretanto, a lógica bíblica também se reflete na vida. Antes da colheita, vem o tempo do plantio. Se nada for plantado, nada será colhido. Por isso, pensar no tempo da semeadura é fundamental para viver o tempo da colheita. Logo, precisamos considerar três princípios para vivermos bem, ambos os tempos.
1 – O tipo da semente. Você não pode plantar morangos e esperar colher pêssegos. De igual forma, não pode levar uma vida carnal e esperar ser um cristão fervoroso e cheio do Espírito. Como disse Josué Gonçalves, “se não gostas do que estás colhendo, olhe para trás e veja o que tu plantastes”. Portanto, semeie para o Espírito. Ore, estude a Escritura, ame o próximo, deleite-se em Deus. Somente a vida no Espírito poderá gerar uma vida abundante.
2 – A quantidade de sementes. Como diria o comentarista esportivo Arnaldo Cezar Coelho, “a regra é clara!”: quem semeia pouco, colherá pouco. Então, semeie tantas coisas boas quanto puder. Trabalhe com afinco, sirva com dedicação a todas as pessoas, evangelize quantas pessoas puder. Como disse o próprio Salomão: “Tudo o que te vier às mãos para fazer, faça conforme as tuas forças… (Ec 9:10a).” Se as sementes que você plantar forem boas, acredite, os resultados podem ser surpreendentes (Mt 13:23).
3 – O desgaste do trabalho. Uma coisa é certa: plantar dá trabalho. Não pense que será um processo simples e agradável. As coisas não são assim desde a queda (Gn 3:19). Os resultados não aparecem de imediato e você deverá ser perseverante e paciente. Novamente, o rei pregador nos ensina: Semeie pela manhã e continue a trabalhar à tarde… (Ec 11:6a).” Não dê chances para a preguiça e o desânimo, pois a recompensa é certa. Veja o que diz o salmista: “Os que semeiam com lágrimas colherão com gritos de alegria. Choram enquanto lançam as sementes, mas cantam quando voltam com a colheita” (Sl 126:5,6 – NVT).
Que tempo está mais evidente para você neste momento de sua vida? Tempo de plantar ou de colher? Seja como for, em certa medida, estamos plantando e colhendo o tempo todo. Hoje colhemos frutos que outros semearam e amanhã, outros se fartarão daquilo que estamos plantando. O importante é que precisamos estar conscientes de que há sempre uma boa maneira de viver qualquer um desses momentos.
Talvez você esteja desgastado pelo intenso trabalho e ansioso por colher bons frutos. Não desanime! Não se canse de fazer o bem, pois no tempo certo iremos colher coisas boas (Gl 6:9). Faça todo o bem que puder, a todas as pessoas que puder, da melhor maneira que puder. É bem provável que isso lhe dará muito trabalho. Mas seja paciente! O tempo de colher sempre chega e você poderá sorrir de alegria.

Pr. Silvio Gonçalves é vice-diretor da Convenção Regional Paranaense e pastor responsável pela IAP em Paranavaí (PR).

Referência
GONÇALVES, Josué. 37 Qualidades do Líder que ninguém esquece. São Paulo: Editora Mensagem para Todos, 200

Viva a vida breve

Tempo para tudo – para nascer e morrer

Nessa vida tudo tem sua hora. Existe um tempo certo para tudo: “há hora de nascer e hora de morrer “(Ec 3.2). Você sabe como e quando chegou aqui. Não sabe, porém, como e quando vai partir daqui. Apenas quem teceu você no útero da sua mãe está por dentro desse “quando”.
Está dito, em certo lugar da Bíblia, que todos os dias determinados para você viver foram escritos no livro de Deus, pelo próprio Deus, antes de qualquer deles existir. Alguns têm mais dias. Outros, menos dias. Uma coisa, porém, é fato: a vida é breve para todos.
Alguém até pode tornar a própria vida mais breve ainda. Os que se acham doentes das emoções – que pensam ser melhor morrer do que viver – o fazem com as próprias mãos. Mas não existe a menor chance de alguém fazer o oposto: alongar a própria vida com as próprias mãos.
Quando chega a hora de morrer, “tanto morre o sábio, quanto morre o tolo” (Ec. 2:16). Todos são pó, e ao pó todos tornarão. E quem morre, morto fica (Ec. 9:6). Mas sabe o que acho legal no texto que serve de base para esse post e para os demais textos, que virão pela frente?
Ele fala da hora de nascer e da hora de morrer, mas não para por aí. Segue em frente. Fala da outras horas, que ficam entre uma hora e a outra, a de nascer e a de morrer. Fala da hora de plantar, da hora de colher, da hora chorar, da hora de sorrir, da hora de construir.
Fala, ainda, da hora de abraçar, da hora de ganhar, da hora de falar, da hora de calar. Enfim, fala da hora de viver. O texto nos chama a viver a vida breve. O texto em questão está de acordo com os outros textos da Bíblia. A Bíblia fala da morte, mas não fala mais da morte do que da vida.
O autor final deste livro, e dos outros que compõem a Bíblia, é Deus, o Deus da vida. O tema do Deus da Bíblia é a vida. O Deus da Bíblia não tem prazer na morte, nem na morte do ímpio, nem na morte do justo. O Deus da Bíblia tem prazer mesmo é na vida.
O Deus da vida enviou o seu Filho amado ao mundo, para que todos tenham vida, e vida com abundância. Jesus não é apenas o caminho e a verdade. Jesus é a vida. Quem crê nele, ainda que esteja morto viverá. E quem vive e crê nele nunca morrerá eternamente.
As palavras de Jesus são palavras de vida. A água que Jesus oferece é água viva. E o seu pão é o pão da vida. Por que insisto no tema da vida? Porque já existe muita gente se ocupando com o tema da morte. Tem gente que não pensa noutra coisa senão na morte.
A morte virou ideia fixa. Não é à toa que muita gente ama a morte e odeia a vida. Vamos, então, cantar a vida, pregar a vida, ensinar a vida e, claro, viver a vida, contente em toda e qualquer situação. A vida é breve, mas sempre vale a pena vivê-la.

Pr. Genilson Soares é responsável pela IAP em Vila Camargo (Curitiba – PR).

O Jesus do Evangelho

Talvez você ainda não O conheça

Estou prestes a concluir mais uma leitura do Evangelho de Jesus, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Eu o leio todo início de ano, numa versão diferente. Agora mesmo estou lendo A Mensagem: Bíblia em Linguagem Contemporânea, de Eugene Peterson.
Dizem por aí que a maioria dos evangélicos nunca leu o Evangelho de Jesus por completo. Se isso for verdade, e tudo indica que seja, os evangélicos não conhecem o Evangelho de Jesus. É por essa razão que o Jesus de muitos evangélicos não é o Jesus do Evangelho. É o Jesus da Religião.
E o Jesus da Religião não é o Jesus do Evangelho. É só da religião. Mas qual a diferença entre um Jesus e outro? O Jesus da Religião prende. O Jesus do Evangelho solta. Essa é a diferença essencial, nas palavras do próprio Jesus do Evangelho.
Ele, o Jesus do Evangelho, diz: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem” (Jo 10:9). Preste atenção, por favor, nos dois verbos: “entrará, e sairá”. O Jesus do Evangelho não salva de uma prisão para prender em outra. O salvo pelo Jesus do Evangelho sai. Entra e sai.
E sai porque o próprio Jesus do Evangelho manda sair. Como assim? Explico: O Jesus da Religião só tem “vem”. Não tem “vai”. “Vai” tem a ver com liberdade, e o Jesus da Religião tem aversão à liberdade. O negócio dele é cadeia. O Jesus do Evangelho, todavia, é o Jesus do “vem” e do “vai”.
O Jesus do Evangelho é o Jesus da liberdade. Ao libertar alguém, liberta verdadeiramente. É por essa razão, que o Jesus do Evangelho diz “vai” para os salvos por ele. Diz “vai” para a mulher perdoada do adultério. Diz “vai” para a mulher que bebeu da água da vida. Diz “vai” para o rapaz liberto da legião de demônios.
Diz “vai” amar a Deus, de todo o coração, e de toda a alma e de todo o pensamento. Vai amar ao próximo como a si mesmo. Vai amar não de palavra, mas de fato e de verdade. E indo, o salvo pelo Jesus do Evangelho, espalha a boa notícia do Evangelho daquele que o libertou, a boa notícia de que quando o Jesus do Evangelho liberta, a pessoa é verdadeiramente livre.
Ah, antes de concluir, quero deixar o convite do Jesus do Evangelho (Mt 11:28-29) para quem não aguenta mais o Jesus da Religião: “Vocês estão cansados, enfastiados de religião? Venha a mim! Andem comigo e irão recuperar a vida. Vou ensiná-los a ter descanso verdadeiro. Caminhem e trabalhem comigo! Observem como eu faço! Aprendam os ritmos livres da graça! Não vou impor a vocês nada que seja muito pesado ou complicado demais. Sejam meus companheiros e aprenderão a viver com liberdade e leveza”.

Pr. Genilson Soares da Silva é responsável pela IAP em Vila Camargo (Curitiba – SP).

Pronto para ouvir, tardio para falar e lento para se irar

É possível vivenciar estes ensinamentos nestes tempos loucos?

O menor osso do corpo humano é a bigorna do ouvido, ou o estribo, localizado mais precisamente dentro do osso temporal, em uma região chamada de orelha média. Ele nos possibilita a arte da escuta. Alguém disse que Deus nos deu dois ouvidos e uma boca para ouvirmos muito e falar pouco.
Ser comedido ao falar é pensar antes de falar. Salomão nos fala sobre a palavra falada em tempo oportuno (Pv 27.11). Paulo nos fala da palavra temperada com sal (Cl 4.6) no sentido de gerar ou promover edificação aos ouvintes.
Ser tardio para falar é necessário quando ouvimos algo que nos confronta, que nos fere. Não é fácil, mas temos que praticar, disciplinando nossas bocas e o nosso temperamento. Davi orou pedindo que o Senhor colocasse um cadeado na sua boca. (Sl 141:3).
Ter raiva não é o maior problema, mas sim permanecer na ira. Por isso que a Palavra nos adverte a ser “lerdo” para ficar com raiva, como dizem, contar até 10.
Em todo tempo, precisamos do fruto do Espírito Santo chamado domínio próprio. Ele nos permite controlar e dominar o nosso eu (leiam-se nossas fraquezas).
Pronto a escutar, tardio em falar e tardio em se irar (Tg 1.19) nos livrará de muitos embates desnecessários. Peçamos a Deus sensibilidade no Espírito Santo, Ele nos convencerá às mudanças necessárias. Particularmente, reconheço que preciso da graça de Deus para ser pronto para ouvir, tardio no falar e lento no irar. E você?

Pr. Omar Figueiredo congrega na IAP em Bairro dos Pimentas (Guarulhos – SP)