Durante uma das festas dos judeus, Jesus estava em Jerusalém e encontrou muitas pessoas enfermas num lugar chamado “Porta das Ovelhas”. Entre elas, João dá destaque a um caso em especial: “Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos.” (João 5:5)
Imagine passar 38 anos ali, literalmente à espera de um milagre. Jesus leva a solução àquele homem com deficiência física: a cura. Mesmo que ele não tenha dito claramente que queria ser curado num primeiro instante, Jesus atende à sua necessidade.
“Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado.” (João 5:8-9)
João insere aqui uma informação muito importante: “E aquele dia era sábado.” Por quê? Porque alguns judeus viram o homem — doente há 38 anos — agora curado, andando com seu leito. E, em vez de se impressionarem com a cura, e se alegrarem com isso, ficaram indignados por ele estar carregando o leito no sábado (Jo 5:9).
Prioridade humana
A prioridade deles não era o bem ao próximo, mas o cumprimento rígido da lei, cheia de proibições humanas. Eles transformaram o sábado num fardo, quando na verdade ele deveria ser um dia de cura, de descanso verdadeiro, de graça.
Esse rigor não vinha da Lei de Deus em si, mas dos acréscimos feitos pelos mestres judeus. A cura ou o simples ato de andar com o leito não violavam o propósito moral do sábado. Mais tarde, Jesus reencontra o homem no templo e o orienta: viva uma nova vida, longe do pecado. A partir disso, o homem conta aos judeus quem o havia curado. E o resultado? Eles passaram a perseguir Jesus por “violar o sábado”, segundo eles, e permitir que o curado levasse seu leito.
Foi então que Jesus fez uma das declarações mais profundas associado ao Seu dia: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” (João 5:17) Jesus revela aqui o verdadeiro “trabalho” que Ele faz: um trabalho de amor, de cuidado com o outro, de restauração. Ele age com o Pai e o Espírito em favor da criação. Não por lucro, não por status — mas por compaixão.
Prioridade divina
O sábado, para Jesus, é o “hospital da graça”. Um dia em que o amor age. Um tempo para levantar os caídos, curar os enfermos, acolher os cansados. Jesus quer libertar o sábado das interpretações proibitivas, humanas e mostrar que os movimentos do amor são permitidos — e esperados! O sábado é o dia de levar cura, levantar, andar… e testemunhar.
Esse é o tipo de “trabalho” que a Igreja deve abraçar no santo dia: levar graça, levar vida. Tornar o sábado abençoado não só para nós, mas também para o outro — como foi a missão de Abraão, em ser uma bênção. Os judeus quiseram matar Jesus por isso. Porque, para eles, suas tradições humanas eram mais importantes que a imitação do Pai. E, além disso, ficaram indignados porque Jesus se declarava Filho de Deus — e, portanto, igual ao Pai.
“Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” (João 5:18) E nós? Vamos seguir as invenções humanas que distorcem o propósito da Lei, ou vamos seguir as pegadas de Jesus — Aquele em quem habita toda a plenitude da divindade?
Texto: Andrei Sampaio/APC.