Porque você é cristão? II

Continuando nossa reflexão, caso você tivesse de responder de surpresa, a esta pergunta: “Por que você é cristão?”, o que diria? O teólogo John Stott continua nos ensinando, em seu livro com este mesmo título, publicado em 2003.
Quarta resposta de John Stott
– Porque Jesus nos purificou quando morreu por nós na Cruz e pode nos tornar novos!
Aqui John Stott avança para um dos temas mais caros para a filosofia, de cunho ontológico, ou seja, o “SER”: Quem sou eu? o que é o homem? O que nos torna humanos?
O homem, para o teólogo, é um paradoxo em si, de um lado, foi feito à imagem e semelhança de Deus, com capacidades de (pensar, escolher, criar, amar e adorar), ou seja, é este homem que é solidário, que constrói hospitais para cuidar dos doentes, que constrói  universidades para aquisição de sabedoria, igrejas para adoração a Deus.
Diametralmente a estas qualidades, está o coração do homem, pois é nele que habitam os riscos para degradação humana. Para explicitar este tópico, o autor cita (Mc 7.21-23), que diz: “Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem impuro.”
O homem traz consigo a predisposição para o mal, e o mal nos torna impuros aos olhos de Deus. É esse mal que faz com o que o homem construa câmaras de tortura, os campos de concentração, abasteçam seus arsenais nucleares, eis que surge o paradoxo da nossa humanidade.
John Stott, defende que Jesus Cristo e suas boas novas tratam de resolver o paradoxo do homem, à medida que os evangelhos nos purificam da degradação e nos ofertam um novo coração: “Pois Cristo morreu para nos purificar e nos tornar novos. Essa é a aplicação lógica do Evangelho em resposta ao paradoxo de nossa humanidade. Eis a quarta razão porque sou Cristão” (p.86)
 
Quinta resposta de John Stott
– Porque Jesus Cristo é a chave para liberdade
Para o autor, liberdade é um tema em princípio amplo, afinal, para a liberdade pode ser civil, individual, econômica, entre outros.
Contudo, não é esta liberdade (ou salvação) que Stott se refere, mas aquela que Jesus nos proporcionou com sua morte.
John Stott nos apresenta os três tempos da salvação:
a)     Passado: Fui Salvo (ou liberto) no passado da penalidade do pecado por um Salvador crucificado;
b)     Presente: Estou sendo salvo (ou liberto) no presente do poder do pecado por um Salvador vivo;
c)     Futuro: Serei salvo (ou liberto) no futuro da presença do pecado por um Salvador que virá.
 
Pois isso a liberdade possui conceito diferente do que pressupõe o senso comum. A  liberdade cristã é uma libertação do eu, “é a liberação de uma preocupação com o meu pequeno eu, tolo, a fim de ser livre para amar a Deus e ao meu próximo”, conceito este encontrado em Mc 8.35 “quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará” (p.101)
 
Sexta resposta de John Stott
– Porque Cristo supre nossas aspirações humanas e nele experimentamos a plenitude da vida.
Sem dúvida, a expressão que mais define este conceito é a de Santo Agostinho que registra em suas confissões o propósito da vida e a busca do homem à Deus: “nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso” (p.106).
Para o teólogo, Cristo é o meio para cura de todas nossas aflições, todo desencanto de uma sociedade dissolvida de valores, que clama por sentido. Cristo é a fonte para toda angústia do homem: “Há uma fome no coração humano que ninguém senão Cristo pode satisfazer. Há uma sede que ninguém senão ele pode saciar. Há um vazio interior que ninguém senão ele pode preencher”
Cabe-nos perguntar: Você se considera um cristão autêntico?
 
Alexandro Alves Ferreira, pós graduado em filosofia da religião e em história das religiões, formado em história e filosofia, bacharelando em Teologia.
Elias Alves Ferreira, Pastor, atualmente congrega na IAP em Boqueirão (Curitiba-PR) e atua no Ministério de Vida Pastoral – Convenção Geral.
 

Por que eu sou cristão?

“Porque Cristo me perseguiu, porque foi dele a iniciativa!”

Considere que você esteja em uma roda de amigos ou familiares, ou mesmo no trabalho, entre um café e outro, e durante uma conversa, uma pergunta lhe é direcionada:
– Por que você é cristão?
Pego de surpresa, e considerando que o cristão é sempre chamado a prestar contas, qual seria sua resposta?
Bem, para apresentar um caminho seguro, podemos nos valer do texto de Mateus 16.15, que narra a chegada de Jesus em Cesaréia de Filipe: e perguntando aos seus discípulos disse-lhes: – E vós, quem dizes que sou? Pedro então respondeu a Cristo: – Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!
Neste sentido, estaríamos em solo firme, se quando inquiridos, respondêssemos: “Porque Jesus é o filho do Deus Vivo, que veio ao mundo trazendo-nos a boa e indispensável notícia da salvação! Porque ele carregou nossos pecados para cruz! E na cruz, foi julgado e morreu por nós! Nos libertando do pecado e nos dando nova vida! Para nos ensinar o amor verdadeiro! Porque Cristo, cumpriu as profecias do antigo testamento sendo de forma inequívoca o Messias! O ungido que ressuscitou e voltará em breve para nos apresentar uma nova terra!”
Bem, a esta altura, acreditamos possuirmos contornos suficientes para responder à pergunta! Mas para contribuir para nossa reflexão, trazemos algumas breves considerações e as respostas dadas a esta mesma questão – Por que sou cristão? – feita pelo pastor, escritor e teólogo britânico, John Stott.
John Stott foi autor de mais de 40 livros, dentre os quais está “Cristianismo básico”, que vendeu mais de 2 milhões de cópias, sendo traduzido para mais de 60 idiomas. Dentre outros, ele foi eleito em 2005 uma das 100 mais importantes personalidades do mundo. Dedicou 73 anos de sua vida à propagação do cristianismo, vindo a falecer em 2011, aos 90 anos de idade.
Em 2003, publicou o livro “Por que sou Cristão” e responde a esta questão de seis formas distintas.
 
Primeira resposta de John Stott à pergunta “Por que sou Cristão?”
– Porque Cristo me perseguiu, porque foi dele a iniciativa!
John Stott tornou-se cristão, não porque seus pais eram cristãos, muito menos porque teve educação cristã, mas sim, porque Jesus o caçou, o perseguiu até sua aceitação em 1938: “O fato de eu ser cristão não se deve em última análise à influência de meus pais e professores, nem à minha decisão pessoal por Cristo, mas ao Cão de Caça do Céu, ou seja, ao próprio Jesus Cristo, que me perseguiu incansavelmente” (p.17).”  O autor é categórico ao afirmar que não foi ele que encontrou a Cristo, mas sim, Cristo o encontrou, o perseguiu, o cutucou e aguilhoou até sua entrega: “Se somos de fato cristãos, não é porque tenhamos nos decidido por Cristo, mas porque Cristo se decidiu por nós” (p.20)
Para ilustrar essa ação de perseguição de Cristo, esta “caça”, o autor cita alguns exemplos dentre os quais estão o de Saulo de Tarso. Stott nos relembra que em relação a Saulo (Paulo), Jesus vinha o procurando o “cutucando, o perseguindo” – em sua mente, em sua memória, em sua consciência – até culminar no decisivo e transformador encontro na estrada de Damasco que trataria de convertê-lo imediatamente, transformando o coração de Saulo, o levando a ser o principal apóstolo de Cristo.
 
Segunda resposta de John Stott à pergunta “Por que sou Cristão?”
– Porque as palavras de Cristo são verdadeiras, portanto, o cristianismo é verdadeiro!
“Eu Sou O Pão da Vida”; A Luz do Mundo; O Caminho, A Verdade e A Vida; A Ressurreição e a Vida…” “Venham a Mim e Sigam-me”.
A segunda resposta que Stott apresenta para a indagação que registrou o título do livro se refere as afirmações de Jesus que, para o autor, são verdadeiras, portanto, o cristianismo é verdadeiro, verdade esta que o fez cristão!
 
Terceira resposta de John Stott à pergunta “Por que sou Cristão?”
– Porque Cristo morreu para expiar nossos pecados, para revelar o caráter de Deus e para vencer o mal!
Julgamento e perdão. Essas duas condicionantes que estão vinculadas à mensagem da Cruz era, para Stott, um dilema divino e este dilema foi resolvido quando da crucificação. Sim, pois ao morrer na cruz, Deus em Cristo nos julgou e nos perdoou: “Quando Jesus morreu na cruz, o próprio Deus, em Cristo, recebeu o julgamento que merecíamos, e a fim de nos dar o perdão que não merecíamos” (p.60). Para o autor, há uma estrutural diferença entre o perdão que existe entre os homens, e o perdão de Deus, isto porque Deus é Santo! Ele não poderia julgar (como a justiça requer) nem perdoar (como o amor invoca) dada sua santidade: “perdoar é para o homem a mais simples das tarefas; para Deus é o mais profundo dos problemas” (p.59). Contudo, ao ser crucificado, Deus julgou as iniquidades dos homens e perdoou nossos pecados resolvendo o dilema divino: “A pena plena do pecado foi paga – não por nós, mas por Deus, em Cristo” (p.61) ”.
Continua em breve
 
Alexandro Alves Ferreira[1]
Elias Alves Ferreira[2]
[1] Pós graduado em filosofia da religião e em história das religiões, formado em História e Filosofia, bacharelando em Teologia.
[2] Pastor, atualmente congrega na IAP em Boqueirão (Curitiba-PR) e atua no Ministério de Vida Pastoral – Convenção Geral.
 

John Stott: 90 anos de vida com Deus

Nascido em 27 de abril de 1921, na Inglaterra, John Stott completou 90 anos de vida, dos quais, a maior parte ele tem dedicado ao Senhor Jesus. Considerado um dos evangélicos mais respeitados em todo o mundo, Stott tem dado uma contribuição decisiva para a Igreja Cristã e Evangélica nas últimas décadas. Sem dúvida, a sua maior colaboração tem sido na produção e distribuição em larga escala de seus livros, tais como o best seller A Cruz de Cristo, A Mensagem de Romanos e Cristianismo Básico.
Ele foi apontado em 2005 pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Segundo site da Editora Mundo Cristão, John Stott se tornou ainda mais conhecido depois do Congresso de Lausanne, em 1974, quando se destacou na defesa do conceito de Evangelho Integral, uma abordagem cristã mais ampla, abrangendo a promoção do Reino de Deus também na transformação da sociedade a partir da ética e dos valores cristãos.
Em nossos dias, quando vemos que tantas pessoas gastam o seu precioso tempo com leituras de livros e outras literaturas que pouco ou nada contribuem para a edificação cristã, é reconfortante saber que Deus tem preservado a vida de um homem valoroso como John Stott. Como pastor e  escritor cristão, tem sido certamente uma das vidas mais dedicadas à causa do Evangelho no século XX e início do século XXI. Oremos para que Deus continue lhe concedendo saúde e que ele se mantenha exercendo a função de importante defensor da Teologia Ortodoxa.
Seguem algumas afirmações de Stott, extraídas de algumas de suas obras:
“Apesar da grande importância do seu ensino, exemplo e obras de compaixão e poder, nenhuma destas coisas ocupava o centro da missão de Jesus. O que lhe dominava a mente não era viver, mas dar a sua vida”. A Cruz de Cristo, Editora Vida, p. 25.
O amor não é egoísta. A essência do amor é abnegação. O mais miserável dos homens pode ocasionalmente demonstrar nobreza de caráter, mas isso resplandecia na vida de Jesus como uma chama cujo brilho é inextinguível” – Cristianismo Básico, Ed. Ultimato, p. 56.
Ressentimo-nos das intrusões de Cristo à nossa vida privada, sua exigência de nossa homenagem, sua expectativa de nossa obediência. Por que é que Ele não cuida de seus próprios negócios, perguntamos petulantemente, e nos deixa em paz? A essa pergunta Ele instantaneamente responde dizendo que nós somos o seu negócio e que jamais nos deixará sozinhos” – A Cruz de Cristo, Ed. Vida, p. 47.
“Confesso ser crente na necessidade indispensável da pregação, tanto para o evangelismo quanto para o crescimento saudável da igreja. A situação contemporânea torna mais difícil a pregação, mas não a torna menos necessária” – Eu Creio na Pregação, Ed. Vida, p. 9.
Pr. Marcio Rogério Gomes David é diretor do setor Ceará da Igreja Adventista da Promessa