Martinho Lutero lutou por colocar a Bíblia na mão do povo; mas o que fazemos dela hoje?
É de muita relevância conhecer os textos bíblicos, aplicando – os na nossa vida cotidiana, ao considerar a história que tem por detrás deles e a atuação de Deus para que chegassem intactos a nós. É de se admirar o que foi conservado.
A relação entre o ser humano e Deus por via dos textos bíblicos se dá no dia a dia, numa leitura diária reflexiva e piedosa que vise buscar: consolo ,conforto, sobriedade, esperança e alimento, mesmo num mundo em constante caos, onde vemos tragédias diariamente. Diz o profeta Jeremias: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lamentações 3.21).
Hoje, na era da tecnologia digital, quando temos no celular, no tablet muitas traduções da Bíblia, precisamos aproveitar para não nos distanciar do texto bíblico, ou só carregar conosco como mais um dos nossos vários arquivos digitais. Sem um exame criterioso, perde-se tudo de bom que os textos da Bíblia podem nos trazer.
Muitos judeus gostavam de afixar um mezuzá nos umbrais da porta, para relembrar a presença de Deus na casa e a libertação do povo do cativeiro egípcio. Willian L. Coleman nos diz que as versões originais do mezuzá eram mais elaboradas e continham um pergaminho onde estavam gravados, num dos lados, as passagens de Deuteronômio 6.4-9; 11.13-21.
Hoje podemos carregar todo o texto bíblico, diferente deles que se valiam oralmente dos conhecimentos adquiridos e assim repassavam uns aos outros. Será que temos aproveitado este privilégio?
É preciso valorizar a construção divina dos textos do AT com o NT. A ligação de ambos no levará a uma salutar compreensão daquilo que Deus propõe para nós. “No primeiro século, quando não se lia a Bíblia, pois o codex era muito caro e não dava para transportar os rolos, o primeiro testamento então era impossível de se ler no cotidiano, por isso a tradição oral, neste contexto, é de suma importância”, registrou Suely Santos, na revista Caminhando.
Hoje transportamos a Bíblia para qualquer lugar, com variadas traduções e comentários. Podemos não apenas ler, mas até ouvir, por que então a displicência diária com o texto bíblico ou usá-lo como um talismã de caixinhas de promessas ou postagens nas redes sociais de tão somente aquilo que nos agrada? É preciso voltar aos primórdios e observar o eixo de interpretação.
Na Reforma Protestante, Martinho Lutero publicou suas 95 teses em 31 de outubro de 1517 em frente à igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha. Assim, a Palavra de Deus passou a ter um cunho mais popular, pois Lutero pregava que todo mundo devia ler a Bíblia, que ele traduziu para o povo alemão, chegando a todas as camadas da sociedade.
Em todo o tempo, o uso da Bíblia deve ser natural no nosso cotidiano, primeiro devocionalmente, parafraseando o profeta Jeremias: “Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos.” (Jeremias 15.16).
Pr. Omar Figueiredo dos Santos é responsável pelas IAPs em Jardim Paineira e Itaquera, na Convenção Paulistana Leste.