Como uma mãe demonstra isso na prática, por seu filho adotivo, autista e cego
Nesta semana (23.09), a brasileira Silvia Grecco foi premiada pela FIFA (Federação Internacional de Futebol) por ter sido eleita a melhor torcedora do ano. Tal reconhecimento veio por conta do seu cuidado e disposição em narrar, as partidas do Palmeiras para o filho Nickollas, de 12 anos de idade, que é adotivo, deficiente visual e autista. Em meio a tantas notícias trágicas divulgadas todos os dias, é reconfortante abordar um episódio tão marcante e positivo como esse. Mesmo para aqueles que não são amantes do futebol, esta mãe conseguiu chamar a atenção para as pessoas com deficiência.
No discurso que fez por ocasião da premiação, Silvia mencionou a seguinte frase: “A pessoa com deficiência existe, e precisa ser amada, respeitada e incluída”.[1] Essas palavras trazem à tona a dura realidade: a pessoa com deficiência nem sempre é notada; ela tem direitos, que nem sempre são respeitados. Sua dificuldade de acesso às necessidades básicas tais como, locomoção, educação e profissionalização, por vezes, põe em risco sua dignidade.
Não podemos fechar os olhos às necessidades das pessoas com deficiência. Quem lê a Bíblia, sabe que Jesus Cristo não as ignorou. Ao contrário, estendeu a mão a elas. O cego de Jericó, Bartimeu, clamou por Jesus e foi curado por ele (Mc 10:46-52). Em Cafarnaum, Jesus curou um paralítico e perdoou os seus pecados (Mc 2:1-12). Na região de Decápolis, as atenções do bondoso Mestre voltaram-se para um homem surdo, que também possuía sérias dificuldades para falar, tendo sido curado por Jesus (Mc 7:32-37). Os socialmente desfavorecidos podem se encontrar à margem da sociedade, mas nunca distantes da atenção de Cristo. Jesus se importa com as pessoas com deficiência. Ele as ama profundamente. Elas são portadoras do amor de Deus.
Como seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus e, como cristãos, precisamos atentar para, ao menos, três importantes desafios relacionados às pessoas com deficiência. Em primeiro lugar, o desafio de amá-las. O amor se baseia no cuidado, no respeito, na atitude altruísta em favor dos que precisam. Davi acolheu em seu palácio o jovem Mefibosete, que havia ficado paralítico ao sofrer uma queda na infância, e o tratou com dignidade (2 Sm 9:10).
Em segundo lugar, o desafio de incluí-las. Precisamos dedicar atenção e esforços ao projetos que facilitem à inclusão de pessoas com deficiência. Ao construirmos ou reformarmos nossos templos, devemos pensar na acessibilidade desse público. A nossa liturgia precisa se interessar em cativar a atenção deles. O mesmo vale para a produção dos nossos materiais didáticos.
Por fim, devemos atentar para o desafio de valorizá-las. Pessoas com deficiência podem colaborar em favor do reino de Deus. O nosso Pai as capacita com dons espirituais. Lembre-se: deficiência e ineficiência não são a mesma coisa. Portanto, não menospreze uma pessoa com deficiência e nem a impeça de trabalhar na obra de Deus.
[1] Fonte: https://www.terra.com.br/esportes/palmeiras/fifa-premia-mae-que-narra-jogos-a-filho-deficiente-visual,a13a4406240c3755e5a1fd580403ca2b2zhn3jac.html, acessado em 24 de setembro de 2019.