Uma jovem morta em perseguição policial foi vítima de quem deveria protegê-la
A perda de alguém que amamos é uma ferida que demora cicatrizar. Somente o amor de Deus pode acelerar este processo e nos fazer superá-lo. O dia 2 de agosto de 2014 ficou difícil de ser esquecido para seu Ironildo e sua esposa, Sônia, pais de Haíssa Vargas Motta, estudante de 22 anos, que foi morta durante uma abordagem policial desastrosa feita na cidade do Rio de Janeiro.
A notícia ganhou audiência nacional e levantou comoção na maioria das pessoas, inclusive em mim, enquanto acompanhava o caso nos jornais. Foi aí que me lembrei de que algo parecido aconteceu durante a noite em que nosso Senhor Jesus estava sendo preso e que foi registrada a ocorrência pelo apóstolo João no capítulo 18, versículos 1 a 11 do livro que leva seu nome.
De fato, era uma noite sombria quando Jesus e seus discípulos foram abordados por Judas e por um grupo de 100 soldados armados, além de outros líderes da época. Entre eles, estava o servo do sumo sacerdote, o qual era responsável por certificar-se de que tudo aconteceria como seus superiores haviam planejado.
No momento daquela abordagem, o pavor pairava naquele lugar. Pedro, tomado pelo medo e pela expectativa de que algo assim realmente acontecesse (isso explica o motivo de estar com uma espada na cintura) agiu precipitadamente e, sem pensar, feriu Malco, o servo do sumo sacerdote.
Pelo clima tenso apresentado no texto, até justificamos o erro de Pedro, afinal Malco foi curado pouco tempo depois por Jesus, não é mesmo? Mas Jesus não justificou o erro de Pedro e lhe deu uma bronca feroz: “Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?”
Ainda que Malco estivesse errado, tornou-se vítima quando foi atingido por Pedro. Jesus estava ensinando a todos os “Pedros” que estão espalhados por todo o mundo que não é ferindo as pessoas que nos defendemos.
E se não fosse Jesus ter curado Malco, uma tragédia maior aconteceria naquele dia. Malco, além de curado, foi marcado pela graça e Pedro teve a vida preservada enquanto Jesus nos ensinava como lidar com situações de alta tensão.
Cuidado para não ferir ninguém enquanto pensa estar se defendendo, caso contrário, o mal pode ser muito maior! E não foi isso que aconteceu com os PM’s que abordaram a jovem Haíssa?
Tenho certeza que ao ser curado, Malco jamais se esquecera de Jesus e muito menos Pedro. É exatamente isso que esperamos que aconteça com todos aqueles que feriram e foram feridos durante o decorrer da vida: sejam marcados pela graça e pelo consolo que vem do amor de Deus, inclusive os pais daquela jovem, que foi morta naquela noite, por aqueles que defendendo, acabaram ferindo.
Mis. Franilson G. Santos é responsável pela IAP em Goioerê e Campo Mourão, ambas no Paraná.