A esposa do pastor precisa ser vista como alguém que tem limites, que pode adoecer e precisar de ajuda
Servir a Deus como esposa de pastor é desfrutar de uma graça, de um privilégio. Diversos textos bíblicos, dentre eles, Atos 9.15, Efésios 4.11 e I Timóteo 3.1, mostram que o pastor é separado para uma obra especial, escolhido por Deus. Uma vez casada com este homem, sua esposa passa a ocupar um lugar especial em seu ministério.
Não é incomum encontrarmos textos excelentes e inspiradores que falam sobre o papel da esposa do pastor, seu lugar no corpo de Cristo, e o que se espera dela no exercício dessa função. Diante de muitas informações e diversas opiniões, muitas vezes, o grande desafio para a esposa do pastor é o de desenvolver o seu trabalho da forma como Deus requer, encontrando nele satisfação.
No entanto, assim como há mulheres plenamente realizadas no ministério, há outras insatisfeitas com essa posição, vendo no seu papel um fardo, algo difícil e penoso de ser exercido. Vamos refletir sobre algumas razões para isso.
A primeira é que algumas resistem em aceitar esse compromisso. Geralmente essa atitude é traduzida pela famosa frase: “O meu marido foi chamado; o ministério é dele, não meu”. Nesses casos, talvez falte primeiro compreensão bíblica a respeito do próprio casamento, pois Gênesis 2.24 diz que uma vez que um homem e uma mulher se casam, tornam-se “uma só carne”. Assim, devem seguir na mesma direção, compartilhando alegrias e tristezas, esperanças e decepções, “até que a morte os separe”.
Esquivar-se de suas responsabilidades como companheira de ministério é esquivar-se de suas responsabilidades como esposa, pois foi Deus, ao criar a mulher, quem disse:“Não é bom que o homem esteja só,farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”(Gênesis 2.18). Se entendemos que a mulher foi criada para auxiliar o marido, como pode a mulher do pastor não auxiliá-lo no ministério?
A resposta a essa pergunta pode estar relacionada à segunda razão, causada por um equívoco em relação ao papel da esposa do pastor. Muitas vezes, espera-se que ela exerça o ministério integralmente, como seu marido, ocupando diversos cargos e envolvendo-se em todas as atividades da igreja. Há até os que a chamam de “pastora”, mesmo não lhe atribuindo autoridade correspondente. Embora a Bíblia mostre a inegável importância das mulheres na história do cristianismo (Filipenses 4.3, Romanos 16.1-6), inclusive em posição de liderança, como no caso de Débora (Juízes 4.4), não há menção de mulheres exercendo o ministério de forma particular. De qualquer modo, biblicamente a ordenação é algo pessoal, não sendo nunca a extensão da ordenação de outro, mesmo que este seja seu marido. “A esposa do pastor precisa ser vista como membro normal da igreja, e não como pastora auxiliar”. (1)
Avaliadas pelos cargos
Deve-se levar em conta o fato de que, muitas vezes, a esposa do pastor estuda, trabalha fora ou exerce uma atividade remunerada dentro de casa. Como as outras esposas e mães, divide seu tempo entre marido, filhos, casa e igreja. É triste saber que algumas são avaliadas pela quantidade de cargos que ocupam e atividades que desenvolvem, sofrendo, inclusive, comparações com outras.
Nesse sentido, a forma como o pastor age com sua esposa tem grande influência na relação da igreja com ela. Quando ele valoriza suas capacidades e compreende suas limitações, esperando dela auxílio e não ativismo, ela encontra liberdade para desenvolver seus talentos com alegria, para o Senhor, e não para corresponder a expectativas. Por outro lado, se o pastor não assume o papel de líder de sua esposa, abre caminho para que outros queiram fazê-lo, inclusive ela mesma.
Em função dessas situações e dos problemas que o próprio pastor enfrenta, há esposas que adoecem física e emocionalmente. Porém, além de sofrerem com desgastes e cobranças comuns à maioria das mulheres, contam com um agravante: muitos crentes esperam que ela seja fonte de cura, e não de doenças. É como se adoecer, ter problemas e expor suas limitações seja sinônimo de despreparo ou incompetência. No entanto, é possível que a esposa do pastor, em algum momento, necessite de apoio emocional e espiritual para suportar os reveses da vida. Quando um membro do corpo de Cristo adoece ou tem problemas, precisa de oração, cuidado e tratamento, inclusive se este membro for o pastor, seus filhos ou esposa.
Por mais que tenha um custo, dizer sim ao trabalho de Deus é sempre uma alegria. Por isso a esposa do pastor, como crente, deve oferecer sempre o seu melhor! No entanto, algumas atitudes podem ajudá-la a atender às necessidades da igreja, respeitando seus limites pessoais. A primeira delas é deixar claro que, embora tenha recebido dons, certamente não tem todos e, por isso, não precisa trabalhar em todas as áreas da igreja. Deve também lembrar que o Espírito Santo dispensou dons a outros membros, conforme I Coríntios 12.7-11.Por outro lado, precisa deixar a congregação consciente de que, a qualquer momento, a família pastoral poderá estar servindo em outro lugar e isso não pode impedir a continuidade da obra.
Como todo crente, o primeiro compromisso da esposa do pastor deve ser o de agradar a Deus. Cumprir esse propósito exige vontade e abnegação, mas é sempre recompensado pela fidelidade de Deus e por muitas alegrias. Por isso, quando a esposa do pastor desenvolve seus dons a serviço do ministério, colocando-se voluntariamente como auxiliadora de seu marido, certamente cumpre o propósito para o qual foi escolhida e encontra satisfação em ocupar esse lugar!
Romi Campos Schneider de Aquino é psicóloga, diretora da Resofap Sul e auxilia seu marido no pastoreio, em Curitiba (PR). Texto publicado originalmente em O Clarim, agosto de 2014.
Referência
http://prnatanaelfarias.blogspot.com.br/2012/04/o-ministerio-da-esposa-do-pastor-co.html, acessado em14/05/2014.