O segredo de Maria

Precisamos desenvolver a capacidade de definir prioridades para fazer a escolha certa em cada momento

 
A narrativa de Lucas 10.38-42, que descreve as diferentes posturas de Marta e de Maria junto a Jesus, normalmente é tratada focando-se a questão de escolher “a boa parte” e não se deixar preocupar com as atividades mundanas. Contudo, nunca paramos para pensar sobre como Maria soube escolher “a boa parte”. Qual é o segredo dessa mulher? Certamente Jesus não desprezava – e nem despreza – a importância da manutenção da vida diária, das atividades rotineiras humanas, até porque é uma necessidade de todos, assim como foi dele também enquanto encarnado. Trabalhar, estudar, comer, dormir, passear, namorar, ir à igreja, tudo isso é importante para a vida humana e necessário ao desenvolvimento. Então, o que esse texto bíblico tem a mais de conhecimento que não nos atentamos a entender e que é o segredo de Maria?
Trata-se da capacidade de definir prioridades para fazer a escolha certa em cada momento, pois “tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Precisamos saber viver, saber aproveitar cada momento devidamente. Não temos o domínio sobre o tempo, mas temos a capacidade de discernir como melhor utilizá-lo, geri-lo. Mas, isso requer uma boa consciência de escala de valores e de princípios, já que o primeiro passo é saber o que de fato tem mais importância na vida do cristão.
Consequentemente, vem o exercício ético devido, que se manifesta em atitude, em agir. Naquele momento da vida de Marta e de Maria, uma delas já sabia que estar com Deus é de um valor imensurável, princípio de tudo, e que, o momento era de usufruir da presença do próprio Messias prometido, encarnado e ali dentro da casa delas! Desejo e necessidades; eu e o outro; planejar e agir; direitos e deveres; espiritualidade e religiosidade; existência e rotina diária são os eixos mais difíceis de equilibrar-se na vida humana e, exatamente por isso, é fundamental saber discernir prioridades. Marta não tinha esse discernimento naquele momento e afligia-se, além de criticar erroneamente a irmã, posicionando-se como vítima por achar-se mais responsável – algo que fazemos comumente com os outros… Felizmente, a Marta que encontramos em João 12.1-8 é outra. Continua dedicada ao serviço, mas não está preocupada nem inquieta; e nem critica a irmã por estar ungindo os pés do Mestre com um caro perfume e enxugando-os com seus cabelos. Esse evento ocorre depois da morte e ressurreição de Lázaro (Jo 11), fatos em que Marta ainda se apresentava ansiosa e crítica, até com Jesus… O que a fez mudar finalmente?
Certamente foram vários fatores, mas arrisco a dizer que dois deles devem ter sido mais significativos: a morte do irmão querido e sua ressurreição. A morte confronta-nos e traz à consciência a brevidade do nosso tempo aqui e a urgência do desapego. Quanto à ressurreição, lembra-nos da eternidade prometida por Deus, fundamento da confiança.
Você não precisa presenciar a morte e a ressurreição para desenvolver o desapego e a confiança. Assim como Maria, aprenda a estabelecer prioridades na intimidade com Deus, na vida de oração e na meditação na Palavra, que permite a organização da mente para o autoconhecimento e o apossar-se de sua verdadeira identidade pela santificação. Este é o grande segredo! Saber quem você é com Deus e desenvolver a sua santificação na compreensão dos verdadeiros valores e princípios, que geram vida em abundância.

Há tempo para todas as coisas!

No tempo do “inverno”, Deus está preparando nosso coração para a primavera, que vai chegar

 
“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de lançar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz.” (Ec 3.1-8)
Tudo em nossa vida requer tempo, por menor que seja: tempo para cozer alimentos, tempo para ficar na fila do supermercado, tempo para abastecer o veículo, tempo para carregar o celular, tempo para ligar o computador, tempo para encher o copo com água, tempo para que alguém atenda a chamada do outro lado da linha. Até a natureza é regida pelo tempo, por suas estações (primavera, verão, outono, inverno). Também há tempo para se esperar o agir de Deus e ver o cumprimento de uma promessa.
O texto bíblico nos lembra que há tempo para tudo, de rir, mas de chorar também, de procurar e lutar, mas de desistir também. Tudo porque Deus tem um propósito, um plano a ser posto em ação.
A ideia de que tudo sempre tem que estar bem, que sempre temos que estar felizes talvez seja a ideia de filmes, novelas e sermões da prosperidade. Mas  nem sempre as coisas são assim, porque há tempo para tudo, até para sofrer, chorar, desistir, derrubar, arrancar e se calar.
A história do povo de Israel sempre me chama muita atenção, porque somos exatamente o reflexo do que eles foram há mais de 3000 anos. O livro de Êxodo relata como foram os dias do povo de Israel enquanto escravos, livres, no deserto, aos pés do monte Horebe e em toda caminhada rumo à Terra Prometida.
Para eles houve tempo de chorar as dores de viver na escravidão, pois viveram como escravos de Faraó, de se alegrar quando Deus usou Moisés para libertá-los, de dançar quando conseguiram passar a seco pelo Mar Vermelho, de se calar enquanto o Deus todo poderoso falava, tempo de morrer por conta das guerras enfrentadas, tempo de construir templos, enfim houve tempo para tudo!
Em vários momentos tiveram que esperar e esse tempo de espera foi de profundas e constantes reclamações. Chegando em Mara, não puderam tomar água, por serem amargas e eles precisariam esperar para encontrar água boa, então inicia-se um processo de queixas; eles se esqueceram de todo o agir do Senhor (de ter livrado seus filhos da morte dos primogênitos, de livrá-los com vida) e passaram a murmurar, chegando a dizer: ”quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, pelo menos lá tinha comida e bebida” (Ex 16.3)
E assim foi durante toda jornada do povo; se tivessem que esperar, eles reclamariam e se revoltariam contra o Senhor. Prova disso foi quando Moisés subiu ao monte para receber os mandamentos, e o povo achou que Moisés estava demorando demais e resolveram fazer um bezerro de ouro para ser seu deus. Infelizmente, o povo de Israel nos dá um péssimo exemplo em como se portar durante o tempo de espera.
 
Um excelente exemplo em Jesus
Na vida de Jesus também houve tempo para tudo: tempo de nascer, tempo de rir, tempo de ensinar, tempo de chamar discípulos, tempo de celebrar curas, tempo de destruir barracas no templo, tempo de ficar em silêncio enquanto via um a um sair depois de ter acusado a mulher adúltera, tempo de ficar em silêncio diante dos seus acusadores, tempo de falar do amor de Deus enquanto partiam o pão da ceia, tempo de suar gotas de sangue, tempo de morrer e tempo de ressuscitar.
Jesus teve que esperar ser adulto, esperar para ser batizado por João, esperar para que se cumprisse através dEle todas as profecias, esperar pelas acusações, esperar pela dor, esperar pela cruz, esperar para estar novamente a direita de Deus Pai.
 
E como foi a resposta de Cristo frente ao tempo de espera?
Oração, tempo com o Pai, silêncio, lágrimas sim, mas em nenhum momento revolta, desânimo ou vontade de desistir. Diante do tempo de espera, ele adorava ao Pai com sua vida. E nós, enquanto esperamos o tempo difícil passar, como vamos nos portar?
O Senhor permite todas as “estações” em nossas vidas para que Seu caráter seja aperfeiçoado em nós! Para que a glória dEle seja vista em nós!
Talvez hoje, você esteja passando por momentos que diz pra você mesmo: eu não aguento mais, são tantas lutas, parece que é uma atrás da outra. Mas se lembrarmos o tempo da natureza, que tem várias estações, podemos aprender com isso. Cada estação do ano tem sua característica: verão (calor), inverno (frio), primavera (flores) e outono (frutos).
Para a natureza, o inverno é o pior período, porque é um tempo em que as plantas e árvores hibernam, ‘se fecham’, a aparência dos galhos é feia, seca, sem vida; mas esse período é reservado para produzir substratos (seiva) fundamentais para a próxima estação, que é a primavera, estação de lindas flores e suaves aromas. Por fora a visão é feia, mas por dentro está produzindo vida.
Isso se aplica às nossas vidas, quando pensamos: como está difícil ver o milagre acontecer! Neste tempo de “inverno” o Senhor está preparando seu coração para a primavera, que está para chegar.
E qual será a nossa resposta enquanto estivermos no inverno?
Que como Jesus, possamos orar, ter tempo com Ele, adorar com nosso testemunho de vida, ficar em silêncio, sem murmurar, sabendo que Ele age em todas as coisas para o nosso bem (Rm 8.28) e a primavera vai chegar, apenas espere!

O amanhã não existe

O tempo que temos para mudanças é hoje!

Se eu soubesse que não teria mas uma chance,
diria às pessoas que estão em minha volta, o quanto elas foram especiais para mim.
Se eu soubesse que não teria mais uma chance,
daria um forte abraço em meus pais, um abraço de despedida.
Se eu soubesse que não teria mais uma chance,
diria para a pessoa que me fez sofrer por amor, o quando eu precisei dela.
Se eu soubesse que não teria mais uma chance,
viveria intensamente cada minuto de minha vida.
Se eu soubesse que não teria mais uma chance,
teria visitado asilos, orfanatos e dado socorro aos aflitos que vieram até mim.
Se eu soubesse que não teria mais uma chance,
teria buscado a presença de Deus com mais responsabilidade e devoção.
Se eu soubesse que não teria mais uma chance,
correria ao ar livre para sentir a brisa pela última vez.
Se eu soubesse que não teria mais uma chance,
falaria do amor de Deus para as pessoas que por muito tempo estiveram do meu lado e morreram sem salvação por minha causa.
Se eu soubesse que não teria mais uma chance…
Se eu soubesse…
Para muitos, essa tem sido a frase de maior repercussão em suas vidas.
Mas afinal, por que isso acontece?
Por que eles não fizeram tudo isso enquanto havia tempo?
Por que agora se queixam?
Porque muitos têm deixado tudo para o famoso tempo que se chama “amanhã”. Porém, o amanhã não existe.
O amanhã é uma questão de localização no espaço de tempo, porém, literalmente, ele não existe.
Afinal, quando o amanhã chegar, não será mais amanhã, mas sim, hoje.
Portanto, o dia de mudanças é hoje. Não deixe nada para amanhã. Faça hoje!
Hoje, é dia de você dizer para as pessoas que elas são especiais.
Hoje, é dia para você abraçar seus pais.
Hoje, é dia de você se declarar.
Hoje, é dia de viver intensamente.
Hoje, é dia de fazer visitas.
Hoje, é dia de buscar a Deus com devoção.
Hoje, é dia de ser livre.
Hoje, é dia de evangelizar.
Hoje é o dia.
Hoje…

Lucas Timóteo Moraes é aluno do Seminário Interno da Igreja Adventista da Promessa, vindo da Convenção Paranaense.

Um período de inúmeras oportunidades

As férias escolares são um momento precioso para estreitarmos os laços com nossos filhos

 
 
Neste mês de julho, está acontecendo uma mudança na rotina de várias famílias com filhos que ainda são crianças e / ou adolescentes. Esta mudança está sendo ocasionada por um acontecimento que, para alguns pais, é motivo de alegria e de satisfação pelo fato de poder passar um pouco mais de tempo com seus filhos;  já para outros, é quase um momento de “desespero”, pois não sabem o que fazer com suas crianças e com seus adolescentes. Que momento é este? O período das férias escolares. Seja 15 dias, 21 dias, ou mesmo 30 dias de férias, o fato é que muitos pais se sentem perdidos e preocupados com o que vão fazer com seus filhos durante todo esse tempo, sem a ajuda da escola e da professora.
Ao refletir sobre essa questão, lembrei-me do versículo bíblico que está registrado em 1 Coríntios 10: 31: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”. Neste versículo, o apóstolo Paulo orientou a igreja de Corinto (e a cada um de nós também) a glorificar a Deus mesmo que tenha que realizar as atividades mais cotidianas possíveis. Além disso, ele reforçou o ensinamento de que tudo o que fizermos deve engrandecer ao Senhor e exaltá-lo.
Você pode estar se perguntando: “o que isso tem a ver com as férias escolares dos meus filhos?” Tem muito a ver! Em primeiro lugar, neste momento de férias, podemos aproveitar para estreitar ainda mais o nosso relacionamento com eles. Sem a correria e a pressão do horário escolar, das tarefas escolares e das provas que precisam ser realizadas, nós podemos conversar mais com nossos filhos, fazer um passeio, brincar com eles, levá-los ao cinema ou ao museu, enfim, são inúmeras as possibilidades para estarmos mais próximos das nossas crianças e nossos adolescentes.
Mesmo que nossa rotina de trabalho continue a mesma, vamos aproveitar as férias escolares para nos aproximarmos dos nossos filhos. Não vamos ver as férias de nossos meninos e nossas meninas como um “problema”, mas como uma oportunidade de estarmos mais perto deles.
Além disso, as férias podem ser uma ótima oportunidade para que nós, como pais, ensinemos mais a nossos filhos a respeito de Deus e da sua maravilhosa Palavra. Nesse período, podemos incentivá-los a orar mais, a ler e estudar a Palavra de Deus, a assistir desenhos bíblicos, enfim, este mês de julho pode ser utilizado também para reforçar o ensinamento bíblico para nossos filhos.
A responsabilidade de ensinarmos nossas crianças e adolescentes a conhecer o Senhor e amá-lo é nossa (ou seja, dos pais) e isso deve acontecer também durante este mês de julho. Portanto, vamos aproveitar a oportunidade que os dias de férias nos trazem e glorifiquemos a Deus neste período, juntamente com nossos filhos. E isso independe do fato de estarmos trabalhando ou estarmos de férias junto com eles. Assim, aproveitemos estes dias para aprofundarmos nosso relacionamento com nossos meninos e meninas e para ensinarmos mais a eles sobre o Deus maravilhoso que servimos e sobre os ensinamentos que ele deixou registrado em Sua Palavra!
 
Boas férias escolares a todos! Quer comamos, quer bebamos, quer nossos filhos estejam de férias, façamos tudo para a glória de Deus.
 
Dsa. Claudia Duarte congrega na IAP em Votuporanga (SP) e é diretora do Departamento Infanto Juvenil Regional.

Você está sem tempo para…?

Quantas vezes temos a sensação de que os minutos estão ficando cada dia mais curtos? Às vezes somos tentados a acreditar que o dia de 24 horas esta diminuindo e que certamente seria muito bom  ter mais quatro horas no dia para se conseguir completar todas as tarefas que ainda estão pendentes. Há algum tempo atrás sonhávamos com o avanço tecnológico, achávamos que quando todos tivessem acesso à telefonia móvel, internet e informação, teríamos mais tempo para ficar com a família, com os amigos, para o exercício da fé e até mesmo para o lazer. O tempo passou e estamos desfrutando de um momento extraordinário em relação ao avanço tecnológico, mas a qualidade de nossos relacionamentos não avançou da mesma maneira.

Há alguns anos atrás passava um desenho chamado os “Jetsons” e quando assistíamos, tínhamos a sensação que no futuro tudo seria muito prático e fácil, pois com o despontar tecnológico poderíamos viver melhor. Mas não tem sido bem assim, atualmente estamos vendo pessoas cada vez mais solitárias, famílias que já não conseguem se encontrar, filhos órfãos de pais vivos e casais que não se encontram, pois os horários não batem. Portanto chegamos a conclusão de que a vida atual está melhor em relação ao acesso que temos a ciência, a educação e a tecnologia.  Mas estamos vivendo uma escassez de tempo para desfrutarmos as melhores coisas da vida que são Deus, família, fé, amigos, trabalho e muitas outras coisas.

Será que realmente não temos tempo? O que a bíblia diz sobre isto? O texto de Eclesiastes 3.1 nos diz que existe tempo para todas as coisas debaixo do céu. Será que não estamos percebendo que existe um tempo oportuno para tudo? E na verdade estamos priorizando coisas que são boas, mas não tão importante se estivessem no seu devido lugar na nossa vida. Portanto desfrutemos de tudo, mas não podemos nos esquecer de que existe tempo para todas as coisas. Devemos então é fazer o que as Sagradas Escrituras nos orienta e sendo assim devemos colocar em ordem a nossa vida e buscar priorizar o que realmente é importante para nós, Deus. Se a Bíblia nos diz que existe tempo para tudo, porque então tentamos justificar que não temos mais tempo para o nosso criador? Sendo assim: “Busquemos então em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua Justiça e todas as essas coisas vos serão acrescentadas”.

Pastor Fernando dos Santos Duarte é pastor da 1ª Igreja Adventista da Promessa em Votuporanga.

Tempo: Como administrá-lo?

Como um pastor pode se organizar, de forma que tenha vida devocional, tempo para lazer, tempo para exercícios físicos, tempo para a família e para o trabalho ministerial?

O exercício do trabalho ministerial é dinâmico e complexo. O pastor precisa se preparar para o púlpito, já que lhe incumbe a responsabilidade de alimentar o rebanho. Igualmente, necessita acompanhar as ovelhas, aconselhando-as e orientando-as. Há os cursos bíblicos a serem ministrados, as visitas aos enfermos e pessoas que não podem ir mais ao templo, dirigir e participar de reuniões, lidar com situações de emergência. Sem falar nas questões de administração eclesiástica, que também demandam tempo significativo.
Em razão do ativismo que impera na sociedade moderna, caso não se tome cuidado, não sobra tempo nem mesmo para o planejamento de nosso tempo. De um compromisso parte-se para o outro e assim sucessivamente. Isso implica alguns riscos. Romper este ciclo demanda persistência e dedicação.
O tempo é um recurso que pode estar a nosso favor ou não, depende de como o administramos. Quanto menos planejamos nosso tempo, menos tempo temos. Quanto mais nos organizamos, melhor utilizamos o tempo.
Quem nunca desejou que o tempo parasse ou o dia tivesse mais de 24 horas?! Mas, se não for por ação divina, naquilo que está ao alcance do ser humano, o tempo não vai parar, o dia não terá mais de 24 horas. Portanto, o desafio é nos organizarmos para ter mais tempo disponível para as necessidades e responsabilidades que temos.
Esperamos que esses passos possam ajudá-lo:
1º) Reflita sobre quais são seus papéis na vida (trabalhador, esposo, pai etc). Sobre seu trabalho, reflita sobre a razão de existir do mesmo, qual é a missão principal das suas atividades, quais resultados precisa alcançar, onde quer chegar? Leve em consideração suas opiniões, mas também a visão da organização em que você está inserido para definir seus objetivos de trabalho. Isso vai ajudá-lo nas escolhas e tomadas de decisões de maneira a manter o foco de suas ações.
Busque ter clareza sobre quais são as atribuições e responsabilidades que lhe competem, assim como as deixe claro aos que convivem contigo.
2º) Faça uma lista das principais tarefas que você precisa realizar para alcançar os resultados desejados no seu trabalho. Defina quais são ações prioritárias e as urgentes.
Se não houver organização do tempo, certamente serão atendidas as necessidades urgentes e não necessariamente as mais importantes.
Em matéria publicada pela revista Você S/A, edição 134, foi citada uma pesquisa com mais de trinta mil pessoas, realizada por uma empresa especialista em gestão do tempo, em que se constatou que as pessoas gastam apenas 30% do tempo com coisas importantes. Os outros 70% são distribuídos entre atividades circunstanciais (as que geram excesso de trabalho sem retorno) e as urgentes (as atrasadas, que geram estresse).
Segundo o especialista que estava à frente da pesquisa em questão, as pessoas precisam aprender a definir prioridades. Para facilitar, recomenda-se classificar as atividades em importantes, urgentes e circunstanciais.
3º) Relacione todos os compromissos a serem enfrentados nos próximos quinze dias, organizados de hora em hora. Somente fazendo isso, é necessário identificar o que tem demandado mais tempo na sua agenda e analisar como você tem utilizado seu tempo.
Atenção:

  • Pessoas estressadas tendem a se tornar improdutivas. Em muitos casos, o sofrimento psíquico, emocional e até físico surge em função de falta de planejamento das atividades. Faz-se muito, mas sem foco claro as ações não alcançam os resultados, ou ainda as conquistas vêm, porém às custas de demasiado esforço. Com a organização do tempo, há a possibilidade de demandar energia na medida certa, nem mais nem menos.
  • A má administração do tempo pode indicar insatisfação com o trabalho ou parte dele, uma forma de fugir de atividades que se julga não serem prazerosas ou não se sente capacitado para realizá-las.
  • Um outro risco da falta de organização é gastar muito tempo para uma necessidade, e não sobrar para as demais. Fica claro que não se está dando conta do que se tem se tem prá fazer, ou acaba se sacrificando áreas importantes que deveriam ser atendidas, como a família.
  • Concentrar o trabalho em áreas que tem mais afinidade, em detrimento das demais, também é perigoso. Evidentemente, cada um tem mais facilidade em um determinado assunto. No entanto, isso não significa que as demais questões também não devam ter a sua atenção. Por exemplo, o pastor é um grande evangelista, mas não pastoreia, não visita os irmãos. Ou gosta muito das questões administrativas eclesiásticas, ocupa-se com elas, e não dispõe de tempo para ouvir, para aconselhar os que necessitam desse atendimento.
  • A dificuldade em impor limites é outro fator catastrófico para aqueles que desejam e necessitam organizar o tempo. Saber dizer não e sim, sem comprometer seus valores de vida e sua agenda faz toda a diferença. Para os autores de “Limites: Quando Dizer Sim, Quando Dizer Não”, Henry Cloud e John Towsend, “favores e sacrifícios fazem parte da vida cristã. A permissividade, não. Aprenda a distinguir as duas coisas observando se a sua concessão está ajudando o outro a ser melhor ou pior.”

4º) Confronte a lista de tarefas que você identificou no 2º passo com a do 3º passo e analise as possíveis mudanças necessárias para existir um melhor aproveitamento de seu tempo.
Cuidado para não ficar idealizando. Os que possuem tendência ao perfeccionismo tendem a realizar pouco. Existe aquilo que é ideal e aquilo que é possível. Procure identificar essas diferenças em seu dia-a-dia.
Mantenha seus materiais organizados, isso ajuda a ganhar tempo. Ambiente desorganizado dificulta a administração do tempo.
Não há como falar em organização do tempo para líderes sem falar do cuidado com a centralização e necessidade de delegar atividades como uma forma de tornar possível a realização das atividades necessárias.
5º) Planeje sua agenda. Coloque tudo que deve ser feito por escrito na agenda, com prazo de conclusão.
Defina o tempo que se dedicará semanalmente para cada atividade. Não sobrecarregue a agenda, pois, eventualmente, será necessário atender os imprevistos. Especialistas no assunto sugerem que apenas 70% do dia deve ser planejado, os 30% restantes ficam para as urgências.
Na organização de seu tempo, lembre-se de que não existe apenas o trabalho, todos possuem família, amigos, necessidade de lazer e cuidados pessoais. Contemple na agenda estas questões, caso contrário, sempre ficarão em segundo (talvez até mesmo último) plano. Estabeleça tempo para você e sua família e já reserve na agenda, como dias de descanso, exames médicos periódicos e datas importantes (datas de aniversário do cônjuge e filhos, aniversário de casamento).
Seja firme em seguir seu planejamento, evitando abrir exceções. Cuidado para a exceção não virar regra e o planejamento, uma eventualidade.
5º) Procure conversar com seu líder e/ou pessoas que você julgue ter uma boa administração do tempo sobre a forma como eles percebem sua maneira de organizar a agenda. É uma forma de você checar se está sendo eficiente e também aprender com a experiência de outras pessoas.
Concluímos desejando que todos possam utilizar o tempo com sabedoria, superando qualquer dificuldade com o equilíbrio na utilização do tempo para o trabalho e para os outros papéis da vida, sendo frutíferos e multiplicando os talentos que o Senhor colocou em nossas mãos.
Pr. Nestor Freschi Ferreira e Dsa. Lilian Gava Ferreira

Tempo de estar calado, e tempo de falar

““… tempo de estar calado e tempo de falar.” (Ec. 3:7)
Em todo o tempo, a criança está observando o adulto e construindo, a partir desse olhar, sua visão de mundo, de igreja e de sociedade.

Dsa. Abizail Dias do Nascimento
Quantos líderes não estão envolvidos em problemas, dificuldades no ministério, nos relacionamentos conjugais ou até mesmo em situações adversas no meio cristão, sem se darem conta de suas palavras? Conversam com alguém dentro do carro, em uma das dependências de sua casa, ou até mesmo numa visita a parentes ou amigos e desabafam sentimentos ou ressentimentos que angustiam a vida cristã. Em momentos como esse, se faz realmente necessário uma conversa, um aconselhamento pastoral e até mesmo uma busca de ajuda a profissional na área terapêutica.
Quando citamos essas dificuldades que são inerentes a todos os seres humanos, e principalmente no cotidiano daqueles que estão em cargos de liderança, lembramos dos espectadores que podem estar ao lado, ouvindo discussões tão acaloradas. São nossos queridos filhos! Estarão eles presentes nessas horas tão difíceis, quando situações extremas estão sendo desabafadas? Quantos pais discutem casos pessoais ou alheios nas dependências do carro, no caminho da igreja para casa, com seus filhos atentos ao que está sendo falado!
A Palavra de Deus nos orienta que existe tempo para tudo, deve existir também um tempo para as conversas particulares, um tempo reservado e, de preferência, com pessoas adultas.
Se pensarmos melhor sobre o assunto, observaremos que, se a situação está sendo tão difícil para o líder naquele momento, quanto mais para aquela criança que está ao lado, que não tem maturidade psicológica e espiritual para compreender o que está sendo falado.
Muitas questões são resolvidas com uma boa conversa entre cônjuges, companheiros de ministério, reuniões de conselho, mas continuam em aberto na mente da criança que presenciou o momento da explosão emocional. Como conseqüência disso, a visão da criança poderá ficar distorcida de tal forma que desenvolva resistências tanto em relação às pessoas envolvidas quanto aos cargos e programações de liderança.
Como podemos falar para nossos filhos que a igreja é o melhor lugar para eles se não vivermos essas palavras no nosso cotidiano, se mostrarmos somente as dificuldades no relacionamento entre cristãos? Somos responsáveis por aquilo que plantamos, se plantamos no coração dos nossos filhos ressentimentos, ódio e mágoa estaremos colhendo no futuro comportamentos inadequados ao nosso olhar, mas que correspondem àquilo que falamos e não damos conta de quanto os prejudicamos.
Eles precisam sentir amor pela causa, amor pelo evangelho de Cristo, amor pelos irmãos, para que possam ser motivados por esse amor. Através do exemplo em casa, devem saber que existem situações adversas que são solucionadas com um bom diálogo, com sabedoria, com oração, sem contenda, para que possam no futuro se posicionar da mesma forma.
Estaremos ensinando quando nos calamos ou falamos, quando dialogamos ou discutimos, quando oramos ou tomamos uma atitude precipitada, quando nos mostramos humildes ou arrogantes. Em todo o tempo, a criança está observando o adulto e construindo, a partir desse olhar, sua visão de mundo, de igreja e de sociedade. Por isso, não podemos nos esquivar de nossa responsabilidade como pais e líderes cristãos.
Vamos zelar pela família e valorizar o trabalho que Deus nos confiou. Da mesma forma, vamos cuidar da saúde mental e espiritual dos nossos filhos, para que sintam o desejo de colocar seus dons e talentos na obra do Mestre, não nos esquecendo que deles depende a igreja do amanhã. Se hoje priorizarmos a educação de nossas crianças, com certeza, teremos jovens e adultos dispostos a dar continuidade ao trabalho já iniciado, porque terão prazer na igreja do Senhor!
Dsa. Abizail G. M. D. Nascimento é pedagoga e psicopedagoga. Congrega na IAP em Vila Nhocuné (São Paulo) e atua ao lado do marido, Pr. Gildasio, no Departamento Ministerial da Região Paulistana Leste.
Crianças vêem, crianças fazem – Assista