Enfrentando os tsunamis da vida


O alicerce da nossa casa define como ela resistirá às tempestades
Os tsunamis ou ondas gigantescas são placas tectônicas que se chocam a grandes profundezas, liberam energia que chega à superfície e deslocam uma grande quantidade de água de uma vez. No caso do Japão, o tsunami liberou energia equivalente a cerca de 32 bilhões de toneladas de TNT. Essa energia produziu o deslocamento de ondas com pouca altura, porém com velocidade de cerca de 800 km/h. Quando chega à crosta terrestre, o tsunami pode alcançar 20 a 30 metros.
Cada catástrofe natural desse tipo causou milhares de mortes. Gente religiosa ou não, rico ou pobre, criança, jovem, adulto ou idoso, nativo ou turista. Mas a questão principal é: será que essas pessoas estavam preparadas para enfrentar o grande dia da volta do Senhor Jesus Cristo? E nós, estamos preparados para enfrentar os tsunamis da vida?
Os tsunamis surgem repentinamente
Nos momentos de alegria, surgem notícias tristes. Em meio à bonança, às águas tranquilas, repentinamente, uma onda gigantesca de problemas parece nos engolir. Problemas familiares, de relacionamento, no ambiente de trabalho, com vizinhos… Dependendo da gravidade da situação, as consequencias podem ser  sofrimento, dor, desespero, caos, depressão, solidão, doenças no corpo e na alma, podendo chegar à morte.
Para não sermos “engolidos” pela onda, devemos construir nossa “casa” sobre o firme alicerce. Jesus Cristo é a rocha e sua Palavra nos ensina ao caminho seguro. Em Mateus 7:24-27, Jesus apresenta dois homens que construíram casas. Cada um escolheu um alicerce: areia ou rocha. O que construiu sobre a rocha é semelhante a quem escuta e pratica a Palavra de Deus. A casa resiste, quando vem a tempestade.

Os tsunamis são provocados
Quantos relacionamentos são trincados, rachados por desentendimentos, por divergências de opinião. No momento de conflito, precisamos pensar para evitar   ondas que destruam aqueles a quem amamos.
O tsunami financeiro também pode ser provocado: a má administração dos recursos adquiridos, a onda do cartão de crédito que pode até destruir as famílias. O tsunami pode chegar também na igreja. Se faltarem o amor, o diálogo, a comunhão, o perdão, a oração, a humildade, a meditação e prática da Palavra de Deus, a submissão, a sinceridade, a comunidade cristã pode desmoronar. Mas na existência dessas virtudes, a graça de Deus será constante.
Os tsunamis podem ser evitados
Deus quer um novo nascimento na vida de cada ser humano, seja adulto, idoso ou criança. “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3:8). Para isso, devemos viver com  sabedoria e na dependência de Deus. Nossas escolhas, as amizades, o estilo que adotamos, tudo pode influenciar nossa vida. O segredo é viver com equilíbrio em tudo, com domínio próprio pelo Espírito de Deus (Gl 5:22).
Devemos também viver de acordo com a vontade de Deus. O que eu tenho procurado fazer para glorificar o Pai Celestial, como Jesus ensinou na oração do Pai Nosso (“Seja feita a Tua vontade assim na terra como nos céus – Mt. 6:9-13)?
Durante os tsunamis, devemos buscar força e proteção
Se a sua vida foi entregue para o Senhor Jesus, ele a protege, cuida e fortalece.  “Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, pois Ele tem cuidado de vós” (I Pe 5:7). Devemos ter com ele um relacionamento saudável, como o filho que conversa com o pai, como um amigo que busca orientação.
O líder Moisés declarou: “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. (Sl 90:1 e 2). Qualquer que seja o “tamanho da onda”, de um metro ou 30 metros, ele é maior que todas as “ondas” de problemas. Ele é o Senhor sobre as ondas, os terremotos e fenômenos da natureza.
Após os tsunamis, precisamos construir o que foi arrasado
O Senhor encoraja o seu povo, ele nos toma pela mão e nos diz: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça” (Is 41: 10).
Após os tsunamis da vida, em algumas circunstâncias precisamos ser ajudados mas, em outras, precisamos ajudar aqueles que precisam de força, encorajamento e amor.
Precisamos olhar para Deus, de onde vem o nosso socorro. Segundo relato publicado pela Missão Portas Abertas (www.portasabertas.org.br), na cidade de Meulaboh (Indonésia) existem aproximadamente 400 cristãos. No dia 25 de dezembro de 2004, eles queriam celebrar o Natal juntos, porém a população da cidade não lhes permitiu, ordenando que celebrassem nas montanhas. Assim, os 400 cristãos se dirigiram para as montanhas, no dia 25.
Como sabemos, no dia seguinte (26 de dezembro), aconteceu um terrível tsunami que destruiu várias cidades da Indonésia, inclusive Meulaboh. Se os 400 cristãos tivessem insistido em celebrar o Natal na sua cidade, teriam morrido também. Mas por causa de sua humildade, mesmo sendo rejeitados, foram salvos e todos viram que foi por obra extraordinária de Deus.
Outra história que nos ensina a olhar para o Senhor em meio às tempestades é do cristão, advogado e bem sucedido homem de negócios Horatio Gates Spafford.  Sua esposa e suas quatro filhas estavam viajando, quando o navio em que elas estavam naufragou e suas filhas morreram. Sua esposa enviou um telegrama com a seguinte mensagem: “Salva sozinha”. No momento que o cristão Horatio chegou ao local da tragédia, no meio do mar, ele teve a inspiração para escrever o belo hino “Sou feliz com Jesus”. Se fosse com você, qual seria sua frase? Vai depender do seu alicerce!

Japão: o retrato da limitação humana

O Japão está de luto, apesar do baixo número de mortos causado pelo terremoto de magnitude 9, seguido por um tsunami que atingiu fortemente a costa nordeste, na sexta feira, dia 11 de março. Trata-se de uma das piores catástrofes ocorridas no mundo. Até esta data, há mais de 4.000 mortos e cerca de 9 mil desaparecidos. Muitas famílias japonesas choram os seus mortos, o Japão sofre as consequências da calamidade e o mundo, lamenta de “mãos atadas”. Há falta de alimento, a comunicação é limitada e as estradas, intrafegáveis. A devastação é enorme, assim como o desespero daqueles que perderam familiares e tudo o que tinham. Muitas cidades costeiras se transformaram em verdadeiras zonas de lixo.
Mas o país estava preparado para o pior. Foi bem sucedido em comparação ao Haiti, que sofreu um terremoto de magnitude menor, mas com o número de mortos bem superior, que chegou a mais de 200 mil.
Com o terremoto e com o tsunami, as autoridades japonesas já contavam. Todavia, não esperavam a explosão de três reatores na usina nuclear localizada na cidade de Fukushima.

A Agência Internacional de Energia Atômica confirma que houve liberação de radiação na atmosfera após a explosão.* Agora, uma nova e grave crise instalou-se ali, a crise nuclear. Para ter dimensão da gravidade da situação, o acidente em Fukushima atingiu o grau 6; o grau máximo é 7! O país volta a conviver com a terrível lembrança de 6 de agosto de 1945, quando a bomba nuclear foi jogada sobre a cidade de Hiroshima.
Por mais que uma nação esteja preparada, nem sempre poderá evitar que o mal lhe sobrevenha. O homem tem as suas previsões baseadas em suas estatísticas, as quais são precisamente calculadas por meio de um grande aparato tecnológico. Mas ainda assim, não consegue ter a noção de tudo o que possa, de fato, vir a lhe acontecer. Queiramos ou não, as nossas ideias ou ideologias, as minúcias do nosso conhecimento em várias áreas da ciência não são suficientes para atender a todos os nossos anseios. E por que não? Por que somos limitados! O Criador é ilimitado, onisciente, onipresente e onipotente, mas a criatura, não. Diante da tragédia, a nossa limitação se torna ainda mais nítida.
Em relação aos acontecimentos estranhos que ocorrem na vida humana, Deus é enfático em sua afirmação a respeito da limitação humana: Com toda a sua sabedoria, os seus sábios não poderão explicá-las, e o conhecimento dos que são instruídos não adiantará nada (Is 29:14b). O que fazer diante dessa realidade? Buscar refúgio em Deus, poisele é o nosso refúgio e a nossa força, socorro que não falta em tempos de aflição (Sl 46:1) e confiar na sua misericórdia. O salmista conclama a todos: Abram o coração para Deus, pois ele é o nosso refúgio (Sl 62:8b). As pessoas erram quando confiam somente nas próprias forças. Quando imaginam que conseguirão chegar muito longe sem a ajuda divina. Esse é um pensamento equivocado. Evitemos cair no mesmo erro.
Ms. Jailton Sousa Silva, colaborador do DEC (Departamento de Educação Cristã) da Igreja Adventista da Promessa.

Terra: uma irmã, por vezes, hostil!


O tsunami no Japão nos faz lembrar que, um dia, a hostilidade da “irmã natureza” dará lugar ao ambiente amistoso de novos céus e nova terra
“Albert Einstein fez, certa vez, a mais importante pergunta de todas: ‘O universo é um lugar amistoso?’* Há quem diga que sim. E há base para se afirmar isso. A terra é o único planeta do nosso sistema solar que oferece condições climáticas e orgânicas necessárias para a existência dos seres humanos. O que nos leva a entender que este planeta fora criado especialmente para abrigar a nossa espécie. As evidências disso estão por toda parte.

Por exemplo, “se a lua estivesse mais próxima da Terra, resultaria em marés enormes, que fluiriam sobre a terra nas planícies e provocariam erosões nas montanhas (e com os continentes nivelados, calcula-se numa estimativa, que a água cobriria a terra na altura de 24135 km)” *. E “se ela girasse mais lentamente em torno do seu próprio eixo, toda a vida morreria na hora, ou por congelamento à noite por falta de calor do sol, ou por excesso de calor durante o dia” *. Isso prova que este planeta foi minuciosamente arquitetado e milimetricamente criado para nos receber e nos abrigar.  De fato, a terra é como uma mãe que afaga seus filhos no abrigo de seus ternos braços. Não é a toa que alguns ambientalistas a chamam, apaixonadamente, de “Mãe Terra”.
Mas, falando nisso, de onde será que eles tiraram essa idéia de chamá-la de “mãe”? Da Bíblia é que não foi! As Escrituras Sagradas apresentarem a terra não como nossa mãe – como o fazem os ambientalistas –, mas como nossa irmã. Isso mesmo, afinal de contas, temos o mesmo pai: o Criador. Para G. K. Chesterton, o ponto principal do cristianismo era a afirmação de que “a natureza não é nossa mãe: ela é nossa irmã”*.  Somos gerados a partir da ação amorosa e criativa de Deus. Aliás, por sermos irmãos, na queda, a terra teve o mesmo destino que o nosso: a corrupção.
O apóstolo Paulo, ao escrever aos romanos, diz que a natureza, juntamente com toda a humanidade, encontra-se em um estado de “escravidão e decadência” (Rm 8.20 NVI). Quando caímos, ela também caiu conosco. Desde lá, as coisas não foram mais as mesmas. Em nossa alma, nasceu o mal, com todas as suas tristes nuanças e em nossa “irmã natureza”, coitada, os “espinhos e ervas daninha” (Gn 3.18 NVI). A harmonia do Éden deu lugar à desarmonia do cosmo. Ela nem é sempre hostil, é verdade. Pra sermos honestos, em sua maioria, nós é que somos. Mesmo assim, às vezes ela se revolta, mostrando toda sua força e fúria indócil.

A catástrofe natural que ocorreu no dia 11 de março de 2011 no Japão é prova de que a terra é uma irmã, por vezes, hostil. Desta vez, não fomos diretamente responsáveis pela tragédia, pelo menos é o que dizem os especialistas.  O tsunami, bem como o terremoto que o provocou, foi considerado um evento “normal”, pelo fato de ter sido desencadeado por um fenômeno natural, como é o movimento das placas tectônicas. Ainda assim, a incrível força com que ele varreu o litoral do país e a inexplicável violência com que matou milhares de pessoas nos faz lembrar o quanto a natureza pode ser agressiva. A verdade é que não sabemos o que dizer diante de desastres naturais como este. Não podemos emitir juízos, tão pouco explicar sistematicamente o evento e suas causas. As perguntas certamente surgem em nossas mentes, como de costume.
Entretanto, nestes momentos devemos seguir o exemplo do Jesus. Ele também presenciou uma tragédia natural enquanto esteve aqui na terra. Um acontecimento inesperado surpreendeu a todos em Jerusalém: uma torre em um bairro da cidade caiu – provavelmente por causas naturais, como fortes ventos – deixando 18o mortos (Lc 13.4). Jesus não afirmou ser Deus o culpado pelo incidente, assim como não explicou a todos o “porquê” das tragédias naturais. Isso nos ensina que diante das calamidades é preciso confiar no caráter do bom Deus e não ficarmos afoitos por encontrar culpados ou respostas. Resta-nos solidarizar com as vítimas de enchentes, tufões, tsunamis, terremotos ou tornados sem a mínima pretensão de oferecer uma explicação plausível. Os japoneses não precisam de respostas neste momento, mas de conforto e afeto humano. É isso que nós, cristãos, devemos oferecer a eles.

Ainda assim, mesmo que nos falte resposta para a tragédia natural do Japão, resta-nos, contudo, uma viva esperança: um dia, as tragédias e as catástrofes naturais terão um fim! Que os que sofrem por esta tragédia saibam disso! Quando Jesus voltar, a hostilidade de nossa velha “irmã natureza” dará lugar ao ambiente amistoso de novos céus e nova terra. “Pois a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.21). Até lá, que Deus nos ajude!
Kassio F. P. Lopes é missionário em Corumbá (MS).

1- Philip Yancey. Alma Sobrevivente. Sou Cristão, Apesar da Igreja. Ed. Mundo Cristão, 2004, p. 56.
3- Idem.
4- G. K. Chesterton. Ortodoxia. Ed. Mundo Cristão, São Paulo 2008, p. 185.