Uma sociedade sem tempo?

“Não tenho tempo para você” pode ser uma forma de comunicar: “você não é prioridade para mim”

Há um comercial de TV que mostra dois personagens jovens, com barba e cabelos crescidos, dialogando sobre o isolamento que sofrem as pessoas que não têm acesso a um determinado pacote de TV a cabo, internet e outros serviços de comunicação. O detalhe, só posteriormente revelado, é que os personagens estão numa pequena ilha onde, além deles, só há um monitor que os “conecta” com o mundo.
A imagem é surreal, o diálogo é curioso, mas aquele comercial reflete a triste realidade em que vivem muitas pessoas na atualidade: “ligadas” a milhares ou até milhões de outras, por meio de recursos tecnológicos, mas isoladas, sozinhas, com seus pensamentos, afetos e problemas.
Como podemos estar tão próximos, tão juntos e, ao mesmo tempo, tão distantes uns dos outros?
Ouvimos dizer que a mesma tecnologia que nos aproxima é a que nos distancia. Não precisamos ser tão pragmáticos assim, pois sempre podemos usar esses recursos a nosso favor, dando um telefonema ou mandando um e-mail, o que nem sempre fazemos.
Apesar de a tecnologia ter vindo para facilitar a nossa vida, e nos proporcionar mais tempo livre, ironicamente gastamos o tempo que temos com as máquinas (TV, telefone, computador etc.) e não com as pessoas. Então, quando alguém solicita nossa atenção, dizemos que não temos tempo.
No entanto, quando não temos escolha, o tempo acaba aparecendo, pois deixamos tudo para ir a um velório, para levar um filho doente ao médico, ir ao hospital quando a pressão sobe ou sofremos algum acidente. Ao arranjarmos tempo nessas situações, descobrimos que a vida, as atividades, a casa, o trabalho, tudo prossegue a despeito da nossa ausência. Porque, então, não conseguimos encontrar tempo para estar com as pessoas?
Talvez porque estar com as pessoas signifique dar a elas bem mais que o nosso tempo: é dar também nossos ouvidos, nossa atenção, é envolver-se com elas e com seus problemas. E isso, certamente, nos assusta.
Por esta razão, muitas pessoas sentem solidão dentro de seu grupo de amigos; jovens sentem solidão dentro de suas escolas; crentes sentem solidão dentro de suas igrejas; filhos sentem solidão dentro de suas famílias; cônjuges sentem solidão dentro de seus casamentos.
Solidão é mais do que não ter alguém por perto, é o sentimento de não ter com quem contar. Por mais que não pareça, estamos fazendo muito quando dedicamos um pouquinho de nosso tempo escutando o outro com interesse e atenção. Mesmo que não possamos dar a solução do problema, o mero falar traz alívio imediato para quem sofre ou se sente só.
Quando nos dispomos a parar por um instante o que estamos fazendo para darmos um telefonema, fazermos uma visita, ou simplesmente ouvirmos alguém, estamos transmitindo uma mensagem profunda: “Você é importante para mim”. E, com certeza, não há nada mais terapêutico do que esta mensagem.
Romi Campos Schneider de Aquino, psicóloga, é diaconisa na IAP em Curitiba (PR).

Onde está Deus na violência?

Onde está Deus na violência?

A cruz desfaz o conceito de que ele não se importa com nosso sofrimento.
A quinta-feira do dia 7 de abril de 2011 tinha tudo para ser uma manhã como outra qualquer na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Até que, por volta das 8h30, tudo mudou. Ouvem-se gritos, sons de tiros, pânico e muito tumulto. Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, entrou no colégio portando dois revolveres calibre 38 e, com incrível habilidade e extrema frieza, efetuou muitos disparos contra os alunos. Doze adolescentes morreram e onze ficaram feridos. O massacre só terminou quando o sargento da Polícia Militar, Márcio Alexandre Alves, entrou no local e  alvejou o assassino, imobilizando-o. Uma vez ferido, Wellington se suicidou na escadaria da escola, atirando contra a própria cabeça.
A chacina chocou o Brasil e ganhou repercussão internacional. Todos ficaram perplexos diante de tamanha violência e crueldade. O dia 7 de abril de 2011 ficará cravado em nossas mentes por muito tempo. Será para sempre lembrado como o dia em que os sonhos e o futuro de 12 adolescentes foram brutalmente roubados pela violência. Certamente, nos lembraremos com tristeza desse dia em que o sorriso contagiante de meninos e meninas deu lugar ao pavor e ao medo da morte. Como Peter Pan eles jamais crescerão, pois serão para sempre crianças em nossas lembranças.
Por mais que nos esforcemos, não somos capazes de entender esta tragédia. Os criminalistas, psicólogos, psicanalistas, educadores e cientistas da religião não são capazes de explicar a complexidade da mente de um assassino. “Como alguém pode fazer isso?” perguntam aqueles que desconhecem a capacidade humana de fazer o mal. Parecem não querer acreditar na potencialidade humana para a violência. Todos puderam ver na tela de seus televisores a verdade que a Bíblia afirma categoricamente há séculos: o homem é mau! O massacre do Rio de Janeiro exibiu em uma “vitrine grotesca” toda a violência e crueldade de que o homem é capaz.
Mas, nessa vitrine, pudemos contemplar outro lado.  Tivemos a chance de ver casos de solidariedade e compaixão para com os familiares das vítimas. Diante de tragédias, a empatia se mostra mais evidente, fazendo-nos sentir a dor dos outros. Muitos de nós choramos ao ver o pânico dos alunos, o desespero das crianças ensanguentadas, os gritos de horror, os choros alucinados e a dor que afligia, e ainda aflige a alma dos pais enlutados. Atos como este, de extrema selvageria e violência, mexem profundamente conosco. Bagunçam nossas convicções e violam as leis de nosso status quo. A chacina do Rio de Janeiro põe em desordem a maneira como vemos a nós mesmos e a Deus. Neste momento uma voz, ainda que interna e tímida, começa a susurrar em nossa consciência: Onde está Deus na violência? Como reage a ela? Será que realmente se importa?
Em circunstâncias como esta, são muitos os que enxergam Deus como um espectador impotente, que assiste com extrema frieza e indiferença nossas tragédias e sofrimentos. Por vezes, o imaginamos intocável no céu, enquanto sofremos aqui na terra. “O vemos como estando descansando, ou até mesmo tirando uma soneca em alguma cadeira de balanço celestial, enquanto milhões de pessoas morrem” . Pois é “essa terrível caricatura de Deus que a cruz desfaz em pedaços. Não devemos vê-lo numa cadeira de balanço, mas numa cruz” .
Sim, a única visão capaz de silenciar as vozes pertubardoras, que emergem de nossos corações em meio à violência, é a visão do Cristo crucificado. Diante da cruel violência humana, o único Deus que nos satisfaz é o da cruz.  Pois em última instância, aquele que foi crucificado também enfrentou a violência dos homens. Naquele dia, ele sentiu com mais intensidade as dores do mundo. “A cruz que sustinha o corpo de Jesus, nu e cheio de marcas, expôs toda a violência e injustiça deste mundo” . Assim como nessa chacina, naquele dia no Calvário, Jesus, com o corpo ensanguentado, expôs ao mundo toda a maldade e violência humana. Sim, ele morreu! Sendo Deus, baixou à rude cruz. Sendo  imune ao sofrimento, decidiu sofrer. Sendo impassível, tornou-se passível de dor. Habitando nos céus, desceu à terra. “A cruz re­velou que tipo de mundo nós temos e que tipo de Deus nós temos” . O Deus revelado na Bíblia é parceiro na dor daqueles que sofrem diariamente a violência assassina de um mundo caído.
A cruz nos mostra o amor solidário de Deus por nós ao decidir se identificar com nossas dores. A cruz nos mostra que Deus não é insensivel, apático ou indiferente à dor das pessoas. Ele não está isolado da dor a 704 metros de altura no Corcovado. Pelo contrário, ele está aqui embaixo, com aqueles que choram. Os pais que perderam seus filhos de maneira tão cruel e violenta neste massacre não podem acusá-lo de ser indiferente à dor humana, pois ao se identificar conosco, ele, o Pai Eterno, também viu seu filho, Jesus, morrendo de forma desumana e atroz no Calvário. Por isso, podemos afirmar categoricamente que o coração de Deus bate na mesma cadência daqueles que choram agora pela morte de seus filhos. Sendo assim, eu concordo com  John Stott quando diz:
“Eu […] jamais poderia crer em Deus, se não fosse pela cruz. No mundo real da dor, como se pode adorar um Deus que seja imune a ela? […] É esse o Deus para mim! Ele deixou de lado a sua imunidade à dor. Ele entrou em nosso mundo de carne e sangue, lágrimas e morte. Ele sofreu por nós. Nossos sofrimentos tornam-se mais manejáveis à luz dos seus. Ainda há um ponto de interrogação contra o sofrimento humano, mas em cima dele podemos estampar outra marca, a cruz, que simboliza o sofrimento divino. A cruz de Cristo. . . é a única autojustificação de Deus em um mundo como o nosso” .
A resposta para os questionamentos feitos sobre Deus na violência é a cruz. Que os enlutados por esta tragédia recebam o consolo do único Deus capaz de entendê-los e confortá-los: o Deus do Calvário.
Ao Jesus crucificado seja a glória!
Kassio F. P. Lopes é missionário da IAP em Corumbá (MS).

Philip Yancey, Decepcionados com Deus, Ed. Mundo Cristão, 1997, p. 154.
John Stott, A Cruz de Cristo, Ed. Vida, 2006, p. 148.
Idem.
Yancey (1997:154)
Idem.
Stott (2006:151).

Realengo, um chamado à vigilância

Não precisamos nos arriscar à queda, sendo que podemos evitá-la
Quinta-feira, 7 de abril de 2011, parecia ser mais um dia normal para os funcionários e alunos da escola Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. É possível imaginarmos os alunos chegando à escola, uns no horário, outros atrasados, portando suas mochilas e com expectativas para o restante do dia. Mas, infelizmente, aquele dia, não seria comum, como os demais. Essa escola se tornaria alvo da mídia nacional e internacional e 12 adolescentes, ao contrário do que todos imaginavam, não retornariam aos seus lares. Naquele dia, o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, entraria na escola, sob o pretexto de ministrar uma palestra, e dispararia cerca de 50 vezes contra as crianças, para depois se suicidar.

O resultado desse acontecimento é visível nos olhos lacrimejantes dos parentes das vítimas. Doze sonhos de um futuro promissor foram ceifados pelo poder destrutivo de duas armas de fogo. O mundo lamentou a tragédia. Para quem perdeu um filho, é difícil retomar a caminhada. O sangue dos inocentes começou a ser removido das paredes e do chão da escola, mas as tristes lembranças assombrarão, por muito tempo, os que convivem naquele espaço. E agora, o que fazer? À polícia nada mais resta a não ser investigar o caso, na tentativa de encontrar mais envolvidos no crime ou, simplesmente, dar um parecer do caso à população. Às crianças que presenciaram o fato, será necessário apoio psicológico.

A tragédia ocorrida em Realengo despertou as autoridades a atitudes preventivas. Onde está a falha culminante em tragédias dessa natureza? A Ordem dos Advogados do Brasil defendeu neste domingo (10 de abril) a retomada da discussão sobre o desarmamento no País. Para o presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, o massacre deve servir como reflexão para os riscos que a sociedade corre com o livre acesso de cidadãos a armas de fogo. Por sua vez, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse que está fazendo um levantamento sobre a segurança das escolas municipais, depois do massacre ocorrido na escola pública do Rio de Janeiro. A lógica dessas intervenções é perceptível no ditado popular: “é melhor prevenir do que remediar”.

No mundo espiritual, a prevenção, que tem o mesmo sentido de vigilância, é imprescindível. Estar de sobreaviso é o conselho de Cristo: Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem (Lc 21:36). Todos nós estamos sujeitos aos imprevistos negativos da vida. As tentações sempre baterão à porta do nosso coração na tentativa de disparar seu veneno mortal e desestabilizar a nossa fé. Por isso, é necessário cuidado! O apóstolo Paulo, homem experimentado em situações adversas da vida cristã, escreveu, inspirado pelo Espírito Santo: Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia (1 Co 10:12). Não precisamos nos arriscar à queda, sendo que podemos evitá-la. Façamos isso para a glória de Cristo!
Mis. Jailton Sousa Silva é colaborador do Departamento de Educação Cristã (DEC) da Igreja Adventista da Promessa.

Como vencer a Progéria?


Presente em apenas 63 pessoas em todo o mundo, a doença faz com que o portador envelheça 10 vezes mais rápido
Uma notícia de 24/02/2011 do G1.com registrou: “Células de crianças com progéria são usadas para estudar envelhecimento. Cientistas dos EUA transformaram células da pele em musculares. Pessoas com a doença envelhecem até 10 vezes mais rápido que o comum.”
Uma equipe de cientistas do Instituto Salk para Estudos Biológicos, dos Estados Unidos, montou um modelo inédito para estudar o envelhecimento, usando células obtidas de crianças com uma das formas da progéria, doença que pode envelhecer os portadores até 10 vezes mais rápido do que o comum. Os resultados do estudo foram divulgados na revista científica “Nature”.
Utilizando células da pele dos garotos com uma versão da doença conhecida como síndrome de Hutchinson-Gilford, os pesquisadores norte-americanos conseguiram gerar células musculares e acompanhar o envelhecimento precoce dessas estruturas.
Recentemente, além do G1.com, sites e agências de notícias de todo o mundo, dentre elas a BBC de Londres, discorreram sobre essa doença raríssima, presente em apenas 63 pessoas em todo o mundo. Seu nome: Progéria. Este termo, advindo do grego e que significa “velhice”, descreve uma doença da infância caracterizada por um dramático envelhecimento prematuro. A morte natural de pessoas portadoras da Progéria ocorre em média aos 20 anos de idade. Dependendo, no entanto, de sua gravidade, ela pode levar à morte até crianças de 11 ou 12 anos. Três casos da doença já foram registrados no Brasil. Segundo a BBC, a Progéria é doença tão rara que o caso do garoto Harry Crowther (foto) é o único confirmado em todo o Reino Unido. Harry tem 11 anos e envelhece cinco vezes mais rápido do que seus colegas.
A Progéria nos faz lembrar da realidade espiritual: infelizmente, muitos cristãos ficam velhos na fé muito rapidamente, perdendo as características marcantes do nascer para Deus. Fundamentados no Novo Nascimento (Jo 3:3), tão importante para a vida cristã, afirmamos que, como novas criaturas, não apenas abandonamos a vida anterior, mas também obtemos de Deus qualidades que adjetivam a vida em Cristo como “nova”. No entanto, cristãos que sofrem de “Progéria Espiritual” perdem essas qualidades rapidamente. São aqueles que abandonam as virtudes cristãs nos primeiros meses ou anos de crentes. O primeiro amor logo se vai (Ap 2.4); o verdadeiro evangelho apressadamente é abandonado (Gl 1.6); a frequência na casa de Deus já não existe (Hb 10.25) e até o próprio Cristo é desprezado mui rapidamente (Jo 6.66). O resultado é que, assim como os portadores da Progéria física, os portadores da Progéria espiritual morrem depressa. Eles morrem espiritualmente, quando deveriam usufruir da verdadeira vida, a vida em Cristo Jesus.
O mais triste e terrível é que, diferentemente do caso da doença, na vida espiritual não são poucos os casos em que as pessoas envelhecem e morrem depressa. Algumas estatísticas dão conta de que, de cada três pessoas que um dia se renderam a Cristo, duas estão hoje fora da igreja e retornaram à vida pecaminosa.
O que fazer para que a Progéria espiritual não nos alcance? Que podemos fazer para que a nova vida em Cristo possa continuar sendo verdadeiramente nova, em lugar de vermos a velhice espiritual tomar conta de nosso ser? As Escrituras nos asseguram que é a multiplicação da iniquidade que faz o amor de muitos esfriar (Mt 24.12).
Assim, para continuarmos vivendo as maravilhas da vida nova em Jesus,  precisamos continuar combatendo o pecado. Precisamos aborrecê-lo. Precisamos também nos aproximar cada vez mais de Cristo, pois ele é aquele que nos faz ser renovados a cada manhã. Ele prometeu que estaria conosco todos os dias (Mt 28.20). Então, clamemos por ele! Falemos com ele! Aproximemo-nos do autor da vida e do doador da nova vida e a Progéria espiritual não nos atingirá, pelo contrário, seremos fiéis ao Senhor de tal modo que em nós será derramada a vida em abundância, da qual falou Jesus (Jo 10.10).
Se você já sente sintomas da Progéria espiritual, saiba que Jesus tem solução para você. Se o seu primeiro amor já se foi; se o prazer em estar na casa de Deus já passou; se aquele tempo especial que você separava para a leitura bíblica nos anos do primeiro amor já não existe, saiba: o Senhor orientou os cristãos de Éfeso que estavam enfrentando a mesma realidade, para que  tomassem três atitudes: 1) lembrar o que fez com que eles caíssem; 2) se arrependerem e 3) voltar a praticar as primeiras obras (Ap 2.4 e 5).
Isso significa que é preciso sondar nosso viver e perceber o que tem tomado em nossa vida o lugar de Deus, pois é isso que está nos fazendo morrer espiritualmente. Isso significa também que é preciso abandonar estas coisas, para que o primeiro amor volte a ser uma realidade em nossas vidas. Nossa vida só pode ser considerada uma nova vida se praticarmos aquilo que é próprio da vida com Deus. Ou seja, “caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança” (Gl 5.22). Façamos isso, e em nome de Jesus, venceremos a Progéria espiritual.
Pr. Marcio David Gomes, diretor do setor Ceará da Igreja Adventista da Promessa.

Uma sociedade insensível


Choramos pela viagem de lazer que não deu certo ou pela lataria arranhada do
carro, mas não nos comovemos com as mortes pela TV

Romi Campos Schneider de Aquino
Nos últimos tempos, assistimos com muita frequência notícias sobre enchentes, desmoronamentos e terremotos. Mais recentemente, vimos um dos países mais ricos e desenvolvidos do planeta, o Japão, sucumbir diante de três catástrofes concomitantes: terremoto, tsunami e desastre nuclear.  Diante disso, sentimo-nos aliviados por morarmos em regiões onde tais riscos não são aparentes.
As estatísticas de mortes nas estradas ao final de cada feriado são alarmantes, porém, ficamos felizes porque voltamos para casa sãos e salvos. Evitamos notícias sobre a violência, para não aumentar o nosso medo e a insegurança.
Com o tempo, esses acontecimentos, de tão frequentes, tornam-se banais, sendo apenas “mais” uma enchente, “mais” uma morte violenta, “mais” um acidente grave. Muitas vezes, a solução para esses dramas parece estar ao alcance de nossa mão, ao desligarmos o botão da TV ou mudarmos de canal.
É certo que nos alimentarmos de tragédias e violência não faz bem, mas tentar fugir faz? Será que uma vez que tais situações somem de nossos olhos, somem também de nossas vidas? Com atitudes assim, sem darmos conta, vamos nos tornando, aos poucos, cada vez menos sensíveis ao sofrimento alheio.
Recentemente, perdi um amigo de forma trágica. Ele não era apenas um nome, um rosto no noticiário. Era um belo e talentoso rapaz que eu vi crescer e com quem compartilhei muitos momentos de minha jornada pessoal e cristã. Dói muito quando passamos por uma situação assim. No entanto, quando não conhecemos as vítimas, elas  apenas fazem parte das estatísticas.
Choramos pela viagem de lazer que não deu certo, pela lataria arranhada do carro, pela frustrada aquisição de um bem, enquanto muitos choram porque perderam vidas numa enchente, numa boca de fumo, numa curva de estrada, num hospital mal equipado. Perda de tudo: bens, vida e esperança.
Sei que parece impossível colocar-se no lugar do próximo, compreender seus sentimentos e enxergar suas necessidades. E, ainda que fosse possível, surge a pergunta: “de que adiantaria, o que eu poderia fazer?” Não quero imaginar qual seria o fim do homem ferido no caminho se o samaritano tivesse feito para si esta pergunta e continuado indiferente pelo seu caminho (Lc 10:30-37).
Quando agimos com frieza, fugimos ou somos indiferentes ao sofrimento alheio, estamos abrindo caminho para o distanciamento e a banalização dos vínculos emocionais com o próximo. Então, deixamos de ajudar uma pessoa que está passando por um problema material ou por uma dor emocional, porque entendemos que a responsabilidade de ajudar não é nossa.  Da mesma maneira, não nos envolvemos com problemas espirituais que as pessoas enfrentam, porque “já temos tantos problemas, afinal”.
Ainda que não compreendamos como o “chorar com os que choram” (Rm 12:15) possa diminuir o sofrimento de alguém, isso pode despertar a nossa sensibilidade, levando-nos a sentir a dor outro como nossa também e a perceber que sempre há algo que podemos fazer.
Certamente, há alguém em nossa comunidade, em nossa igreja, em nossa família precisando de ajuda material, de apoio emocional, de conforto ou de carinho. Quando nos tornamos emocionalmente sensíveis para com os que estão longe, começamos a entender que somos também responsáveis pelas necessidades dos que estão perto.
Romi Campos Schneider de Aquino, psicóloga, é diaconisa na IAP em Curitiba (PR).

Seguros num mundo em convulsão


Como um barco açoitado por fortes ventos e por violentas ondas, assim navega a humanidade, por mares desconhecidos e bravios
O olhar do mundo se volta para o Oriente. Uma avalanche de notícias surpreende a todos: tsunami, terremotos, contaminação radioativa, usina nuclear em chamas, revoltas populares e crimes contra a humanidade. A voz dos oprimidos nos países árabes é ouvida por todo o mundo. Primeiro foi o Egito, depois o Iêmen, a Líbia e agora a Síria.
As pessoas, cansadas da opressão imposta por seus governos totalitários, se agigantam na luta pela tão sonhada democracia. Mas a liberdade não é conquistada sem custo. O oriente chora a morte de homens, mulheres e crianças que derramaram seu sangue sobre o solo empoeirado de suas pátrias. Hastearam a bandeira da liberdade e da democracia sob o custo de suas próprias vidas. Será que a Líbia, o Iêmen e a Síria terão o mesmo desfecho que o Egito? Não sabemos. Há sempre palpites e previsões, mas só o tempo mostrará as reais implicações de tudo o que tem acontecido.
O Japão, por sua vez, à semelhança da ave fênix na mitologia grega, tenta ressurgir das cinzas. As cidades do litoral, devastadas pelo tsunami, tornaram-se grandes depósitos de entulhos. Restos destorcidos e destruídos do que já foram carros, prédios e casas se amontoam pelas ruas. Devido à incrível habilidade dos japoneses em lidar com as tragédias, o país tende, progressivamente, a se recuperar. Mas o certo é que o Japão jamais mais será o mesmo. Ninguém mais será. As catástrofes naturais deixam um cheiro de insegurança pairando no ar. O caos, a incerteza e a instabilidade põem em desordem as perspectivas do futuro.
Os acontecimentos que presenciamos no mundo são marcos na história humana. As tragédias ou as grandes mudanças têm a admirável capacidade de nos fazer repensar no rumo que estamos seguindo. As noticias funcionam como um “chacoalhão”, que nos despertam de um sono profundo. Passamos a nos preocupar com o futuro, com aquilo que ainda virá. E é justamente aí que nasce a insegurança. Podemos nos sentir seguros em um mundo que parece estar em convulsão?
É difícil responder. Vivemos um período de transição. As coisas estão mudando o tempo todo. Tudo tem sofrido drásticas alterações: a economia mundial, o meio-ambiente, a política e a sociedade em geral.  Nada de novo, afinal de contas, vivemos em um mundo mutante, ou seja, um mundo em constantes mudanças. Isso nos instiga a perguntar: o que se despontará no horizonte nebuloso da história humana? Quais serão os novos desafios? Como caminhará a economia mundial?  E as convulsões ambientais, acontecerão em dimensões menores do que a do Japão ou podemos esperar, de nossa “irmã natureza”, hostilidades de proporções ainda maiores? Como será escrito o próximo capitulo de nossa odisséia?
As perguntas são como fortes ventos em dia de temporal, que nos jogam de um lado para o outro, atordoando nossas mentes. Aliás, esse parece o cenário exato para pintar o quadro do momento histórico em que vivemos. Como um barco açoitado por fortes ventos e por violentas ondas, assim navega a humanidade, por mares desconhecidos e bravios. Ao que parece, por enquanto, o horizonte ainda está entenebrecido pela escuridão da noite. É impossível enxergar o cais ou aportar em lugares seguros.
Esse cenário tempestuoso nos faz lembrar outra tempestade. A tempestade enfrentada por Jesus e seus discípulos (Mc 4.35-41). Na ocasião, Jesus dormia na popa do barco, enquanto seus discípulos se desesperavam ante a fúria do mar. Curiosamente, Jesus dormia em meio ao vendaval. Parece que aquilo que nos causa medo e insegurança não é capaz, sequer, de tirar o sono dele. As fortes ondas que sacudiam o barco violentamente embalavam Jesus em seu repouso. O som assustador dos ventos açoitando o barco pareciam canções de dormir aos ouvidos do mestre. Os discípulos não suportaram aquela cena. Rapidamente o acordaram (v.38). “E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança” (v.39).  De acordo com o registro bíblico, uma vez vencida a tempestade, Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar (Mc 5.1).
Fico pensando: se eles confiassem que Jesus era capaz de acalmar a tempestade ainda sim o acordariam ou seriam mais confiantes a ponto de também descansarem? Será possível sentir-se seguro em um ambiente de total insegurança como o de um vendaval?  Esse relato das Escrituras pode nos encorajar a descansar em Cristo mesmo quando a jangada da humanidade navegar por mares turbulentos e tempestades furiosas. Afinal de contas, para os que navegam com Jesus, uma vez vencida a tempestade, aportarão seguros em seu destino eternal. Por isso, mesmo diante da instabilidade global e da insegurança mundial, sintamo-nos seguros, pois com Jesus chegaremos ao nosso destino final.
Kassio F. P. Lopes é missionário da IAP em Corumbá (MS).

A verdadeira tragédia da Líbia


Os líbios não são mais pecadores que nós, brasileiros, por enfrentarem o caos político.
Desde a semana passada, a mídia tem se ocupado em noticiar os últimos fatos da revolta popular na Líbia. A população foi às ruas protestar contra o atual governo do ditador Muammar Kadhafi, líder da nação. Segundo Ronald Bruce St John, especialista em assuntos da Líbia e autor de 11 livros sobre o país, “a revolução popular foi motivada por um descontentamento com a fraude e corrupção de seu regime.” 1 Ainda não se sabe ao certo o número total de mortes, mas estima-se que o conflito já deixou centenas de vítimas. Na repressão militar aos manifestantes, inúmeros cidadãos acabaram perdendo suas vidas. Isso nos faz lembrar que um dia, Jesus também ouviu notícias semelhantes vindas de Jerusalém. ”Naquela ocasião, alguns dos que estavam presentes contaram a Jesus que Pilatos misturara o sangue de alguns galileus com os sacrifícios deles” (Lc 13.1 NVI).
Essa era a notícia da hora. Se na época de Jesus já existissem emissoras de televisão, com certeza, a transmissão seria interrompida para noticiar aos telespectadores os últimos fatos de Jerusalém. O procurador romano da Judéia, Pôncio Pilatos, autorizara a morte de alguns galileus no exato momento em que estes ofereciam sacrifícios a Deus. O número de mortes aqui também é desconhecido, mas podemos inferir que não foram poucos. Entretanto, na Bíblia, nenhuma noticia é tão nova assim. Como já afirmou o sábio: “Não há nada novo debaixo do sol” (Ec 1.9c). Crimes políticos são tão antigos quanto a própria humanidade. Tais atos de atrocidades sempre ocorreram no decorrer da história humana, de Pilatos a Muammar Kadhafi. A história está recheada deles. O imperador Nero iluminava Roma à luz das chamas que consumiam os corpos de homens e mulheres que professavam a fé cristã. Augusto Pinochet foi responsável por mais de três mil mortes no Chile. Charles Taylor, ex-líder da Frente Nacional Patriótica de Libertação da Libéria (1989-1997), é tido como responsável por 75 mil mortes em duas guerras civis no país.
E o que dizer de Hitler e do holocausto nazista ou das torturas infligidas pelo regime militar no Brasil, no qual centenas de pessoas foram mortas e torturadas com extrema crueldade? Enfim, poderíamos discorrer por horas acerca das várias atrocidades cometidas no decorrer da história por governos totalitários. Kadhafi não é o primeiro, nem o pior. Sempre houve aqueles que abusaram do poderio nacional. Mas o que Jesus tem a dizer a respeito destes fatos? Qual sua palavra em momentos como estes, em que onde a tirania de um opressor prevalece sem punição? O que Ele tem a dizer, tanto ao opressor quanto aos oprimidos da Líbia?
Voltemos ao texto de Lucas 13.1-5 e vejamos suas considerações acerca do massacre do galileus ocorrido em seus dias. “Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira?”, perguntouJesus, “Eu lhes digo que não!” (Lc 13.2 NVI).
Os ouvintes de Jesus certamente se surpreenderam. Também, pudera! Ele nem sequer condena o crime cometido por Pilatos. Em nossos dias este governador seria acusado pela Organização das Nações Unidas de crime contra a humanidade e sofreria sérias sanções pela comunidade internacional. Estranho, não acha? Esperamos que Jesus invoque alguma condenação futura para tal opressor ou que, ao menos, esclareça aos oprimidos o aparente silêncio de Deus em momentos como esses na história. No entanto, Jesus não diz nada. Nem sequer menciona o nome de Pilatos. Ele parece não se impressionar tanto com tal notícia. Afinal de contas, ele sabe, mais do que ninguém, que, em um mundo caído, a opressão e a brutalidade, por vezes, regem povos e nações. Que o mal em inúmeras ocasiões tende a dominar governos e estados.
Jesus se concentra apenas em afirmar que, os que são vítimas de tais opressores, não são mais pecadores do que qualquer outro ser humano. Em outras palavras, os líbios não são mais pecadores do que nós, brasileiros, por enfrentarem o caos político. As tragédias e os conflitos nem sempre obedecem à lei de causa e efeito. Não podemos afirmar que esses conflitos sociais são castigo divino. Mas então, o que dizer?
Melhor é concordarmos com o Mestre e dizer que tragédia mesmo é morrer sem arrependimento e contrição! Pois, para Jesus, a verdadeira tragédia não era morrer sendo vítima de um governo opressor, mas fechar os olhos para o mundo sem arrependimento e salvação. Por este motivo alerta seus ouvintes: “… se não se arrependerem, todos vocês também perecerão” (Lc 13.2). A verdadeira tragédia da Líbia é a morte de centenas de pessoas que não tiveram ou não aproveitaram a chance para se arrepender de seus pecados. Sendo assim, oremos ao Senhor pedindo sua misericórdia, tanto ao opressor quanto aos oprimidos da Líbia. Que eles tenham a chance de se arrepender e serem salvos pela infinita graça de nosso Senhor Jesus Cristo.
Kassio F. P. Lopes é  missionário da IAP em Corumbá (MS).
1 Disponível em: http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2011/02/discursos-sugerem-que-
kadhafi-esta-num-estado-delirante-dizem-analistas.html
. Acessado em 25/02/2011.

Japão: o retrato da limitação humana

O Japão está de luto, apesar do baixo número de mortos causado pelo terremoto de magnitude 9, seguido por um tsunami que atingiu fortemente a costa nordeste, na sexta feira, dia 11 de março. Trata-se de uma das piores catástrofes ocorridas no mundo. Até esta data, há mais de 4.000 mortos e cerca de 9 mil desaparecidos. Muitas famílias japonesas choram os seus mortos, o Japão sofre as consequências da calamidade e o mundo, lamenta de “mãos atadas”. Há falta de alimento, a comunicação é limitada e as estradas, intrafegáveis. A devastação é enorme, assim como o desespero daqueles que perderam familiares e tudo o que tinham. Muitas cidades costeiras se transformaram em verdadeiras zonas de lixo.
Mas o país estava preparado para o pior. Foi bem sucedido em comparação ao Haiti, que sofreu um terremoto de magnitude menor, mas com o número de mortos bem superior, que chegou a mais de 200 mil.
Com o terremoto e com o tsunami, as autoridades japonesas já contavam. Todavia, não esperavam a explosão de três reatores na usina nuclear localizada na cidade de Fukushima.

A Agência Internacional de Energia Atômica confirma que houve liberação de radiação na atmosfera após a explosão.* Agora, uma nova e grave crise instalou-se ali, a crise nuclear. Para ter dimensão da gravidade da situação, o acidente em Fukushima atingiu o grau 6; o grau máximo é 7! O país volta a conviver com a terrível lembrança de 6 de agosto de 1945, quando a bomba nuclear foi jogada sobre a cidade de Hiroshima.
Por mais que uma nação esteja preparada, nem sempre poderá evitar que o mal lhe sobrevenha. O homem tem as suas previsões baseadas em suas estatísticas, as quais são precisamente calculadas por meio de um grande aparato tecnológico. Mas ainda assim, não consegue ter a noção de tudo o que possa, de fato, vir a lhe acontecer. Queiramos ou não, as nossas ideias ou ideologias, as minúcias do nosso conhecimento em várias áreas da ciência não são suficientes para atender a todos os nossos anseios. E por que não? Por que somos limitados! O Criador é ilimitado, onisciente, onipresente e onipotente, mas a criatura, não. Diante da tragédia, a nossa limitação se torna ainda mais nítida.
Em relação aos acontecimentos estranhos que ocorrem na vida humana, Deus é enfático em sua afirmação a respeito da limitação humana: Com toda a sua sabedoria, os seus sábios não poderão explicá-las, e o conhecimento dos que são instruídos não adiantará nada (Is 29:14b). O que fazer diante dessa realidade? Buscar refúgio em Deus, poisele é o nosso refúgio e a nossa força, socorro que não falta em tempos de aflição (Sl 46:1) e confiar na sua misericórdia. O salmista conclama a todos: Abram o coração para Deus, pois ele é o nosso refúgio (Sl 62:8b). As pessoas erram quando confiam somente nas próprias forças. Quando imaginam que conseguirão chegar muito longe sem a ajuda divina. Esse é um pensamento equivocado. Evitemos cair no mesmo erro.
Ms. Jailton Sousa Silva, colaborador do DEC (Departamento de Educação Cristã) da Igreja Adventista da Promessa.

Terra: uma irmã, por vezes, hostil!


O tsunami no Japão nos faz lembrar que, um dia, a hostilidade da “irmã natureza” dará lugar ao ambiente amistoso de novos céus e nova terra
“Albert Einstein fez, certa vez, a mais importante pergunta de todas: ‘O universo é um lugar amistoso?’* Há quem diga que sim. E há base para se afirmar isso. A terra é o único planeta do nosso sistema solar que oferece condições climáticas e orgânicas necessárias para a existência dos seres humanos. O que nos leva a entender que este planeta fora criado especialmente para abrigar a nossa espécie. As evidências disso estão por toda parte.

Por exemplo, “se a lua estivesse mais próxima da Terra, resultaria em marés enormes, que fluiriam sobre a terra nas planícies e provocariam erosões nas montanhas (e com os continentes nivelados, calcula-se numa estimativa, que a água cobriria a terra na altura de 24135 km)” *. E “se ela girasse mais lentamente em torno do seu próprio eixo, toda a vida morreria na hora, ou por congelamento à noite por falta de calor do sol, ou por excesso de calor durante o dia” *. Isso prova que este planeta foi minuciosamente arquitetado e milimetricamente criado para nos receber e nos abrigar.  De fato, a terra é como uma mãe que afaga seus filhos no abrigo de seus ternos braços. Não é a toa que alguns ambientalistas a chamam, apaixonadamente, de “Mãe Terra”.
Mas, falando nisso, de onde será que eles tiraram essa idéia de chamá-la de “mãe”? Da Bíblia é que não foi! As Escrituras Sagradas apresentarem a terra não como nossa mãe – como o fazem os ambientalistas –, mas como nossa irmã. Isso mesmo, afinal de contas, temos o mesmo pai: o Criador. Para G. K. Chesterton, o ponto principal do cristianismo era a afirmação de que “a natureza não é nossa mãe: ela é nossa irmã”*.  Somos gerados a partir da ação amorosa e criativa de Deus. Aliás, por sermos irmãos, na queda, a terra teve o mesmo destino que o nosso: a corrupção.
O apóstolo Paulo, ao escrever aos romanos, diz que a natureza, juntamente com toda a humanidade, encontra-se em um estado de “escravidão e decadência” (Rm 8.20 NVI). Quando caímos, ela também caiu conosco. Desde lá, as coisas não foram mais as mesmas. Em nossa alma, nasceu o mal, com todas as suas tristes nuanças e em nossa “irmã natureza”, coitada, os “espinhos e ervas daninha” (Gn 3.18 NVI). A harmonia do Éden deu lugar à desarmonia do cosmo. Ela nem é sempre hostil, é verdade. Pra sermos honestos, em sua maioria, nós é que somos. Mesmo assim, às vezes ela se revolta, mostrando toda sua força e fúria indócil.

A catástrofe natural que ocorreu no dia 11 de março de 2011 no Japão é prova de que a terra é uma irmã, por vezes, hostil. Desta vez, não fomos diretamente responsáveis pela tragédia, pelo menos é o que dizem os especialistas.  O tsunami, bem como o terremoto que o provocou, foi considerado um evento “normal”, pelo fato de ter sido desencadeado por um fenômeno natural, como é o movimento das placas tectônicas. Ainda assim, a incrível força com que ele varreu o litoral do país e a inexplicável violência com que matou milhares de pessoas nos faz lembrar o quanto a natureza pode ser agressiva. A verdade é que não sabemos o que dizer diante de desastres naturais como este. Não podemos emitir juízos, tão pouco explicar sistematicamente o evento e suas causas. As perguntas certamente surgem em nossas mentes, como de costume.
Entretanto, nestes momentos devemos seguir o exemplo do Jesus. Ele também presenciou uma tragédia natural enquanto esteve aqui na terra. Um acontecimento inesperado surpreendeu a todos em Jerusalém: uma torre em um bairro da cidade caiu – provavelmente por causas naturais, como fortes ventos – deixando 18o mortos (Lc 13.4). Jesus não afirmou ser Deus o culpado pelo incidente, assim como não explicou a todos o “porquê” das tragédias naturais. Isso nos ensina que diante das calamidades é preciso confiar no caráter do bom Deus e não ficarmos afoitos por encontrar culpados ou respostas. Resta-nos solidarizar com as vítimas de enchentes, tufões, tsunamis, terremotos ou tornados sem a mínima pretensão de oferecer uma explicação plausível. Os japoneses não precisam de respostas neste momento, mas de conforto e afeto humano. É isso que nós, cristãos, devemos oferecer a eles.

Ainda assim, mesmo que nos falte resposta para a tragédia natural do Japão, resta-nos, contudo, uma viva esperança: um dia, as tragédias e as catástrofes naturais terão um fim! Que os que sofrem por esta tragédia saibam disso! Quando Jesus voltar, a hostilidade de nossa velha “irmã natureza” dará lugar ao ambiente amistoso de novos céus e nova terra. “Pois a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.21). Até lá, que Deus nos ajude!
Kassio F. P. Lopes é missionário em Corumbá (MS).

1- Philip Yancey. Alma Sobrevivente. Sou Cristão, Apesar da Igreja. Ed. Mundo Cristão, 2004, p. 56.
3- Idem.
4- G. K. Chesterton. Ortodoxia. Ed. Mundo Cristão, São Paulo 2008, p. 185.

Liberdade no Egito?


Confiados em sua própria força, os egípcios comemoram a vitória sobre a ditadura. Mas que desafios vão enfrentar: um mar para atravessar ou uma longa caminhada no deserto?
Houve um tempo, centenas de anos antes de Cristo, em que a nação dos hebreus viveu sob regime de escravidão, no Egito, sob a tirania do faraó Ramsés. Naquela época, incapaz de uma iniciativa eficaz para dar fim ao sofrimento, o povo foi liderado por um profeta, que recebera do próprio Deus tal incumbência. A liberdade, enfim, chegava aos israelitas. Não pelas próprias forças, tampouco empunhando armas – visto que pouco podiam fazer diante do poder do exército de Ramsés. Mas pela mão daquele que decidira libertá-los: o próprio Deus.
Moisés, hebreu de nascimento e egípcio de criação, foi o instrumento escolhido pelo Todo-Poderoso para a missão que parecia impossível. Como não há barreira que seja intransponível para Deus, os hebreus marcharam para fora dos domínios de faraó e puderam comemorar com grande festa. Aquele dia foi para eles como um memorial para ser lembrado através das gerações (Êx 12:40-42), porque os tirou da terra do Egito.
A história está se repetindo, num certo sentido. Mas, desta vez, não são os israelitas que comemoram a libertação, mas os próprios filhos da nação egípcia. Na data que entra para a história como o “Dia da Vitória”, centenas de milhares de pessoas comemoram com uma oração na praça Tahrir, no Cairo, o fim da opressão vivida sob a ditadura de Hosni Mubarak.
Os egípcios do nosso tempo lutaram trinta anos até conseguirem a liberdade – que hoje em dia atende pelo nome de “democracia”. Agora que acreditam tê-la alcançado, pergunto se estão, realmente, livres. Quais os próximos passos da caminhada? Que desafios os aguardam? Há um mar para atravessar ou uma longa caminha a ser feita no deserto? Há uma cidade que mana leite e mel a ser habitada? Há promessas de um nova e definitiva liberdade a ser conquistada no futuro?
São duas grandes vitórias, certamente. A dos hebreus, no passado e, agora, a dos egípcios. O paralelo que desejo construir entre esses dois diferentes momentos históricos, contudo, apresenta uma diferença essencial, que põe fim a qualquer comparação. Falta aos egípcios contemporâneos a figura do profeta Moisés e a presença do Deus de Israel, que promoveu com força e poder incomparáveis a alforria dos oprimidos do passado. Falta a noção da ação sobrenatural, do mover de Deus enquanto, por outro lado, sobra autoconfiança e crença na conquista pelo mérito meramente humano – a julgar pela euforia orgulhosa dos personagens históricos do feito mais recente, amplamente exibida em todos os meios de comunicação.
A ocasião nos faz lembrar que lutar por nossos direitos, resistir à opressão e ser vitorioso na batalha são coisas que devemos buscar sempre. Mais importante que isso, porém, é entender que muito melhor é encarar os desafios da vida com a ajuda de Deus, reconhecendo que é ele quem cuida, dirige e luta por nós.
Com Deus, a comemoração dos egípcios certamente seria mais alegre e completa. Como Moisés, eles poderiam dizer: “cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou (…). O Senhor é a minha força, e o meu cântico; ele se tem tornado a minha salvação; é ele o meu Deus, portanto o louvarei; (…) O Senhor é homem de guerra; Jeová é o seu nome. Lançou no mar os carros de Faraó e o seu exército; (…) Quem entre os deuses é como tu, ó Senhor?”. (Êx 15:1-4, 11)
Pb. Marco Murta

Reforma ortográfica


Esther Braga
Há sempre resistência às mudanças; afinal, adaptar-se a elas é um processo lento e gradativo que depende de muitos fatores até que seja “assimilado”. Nossa língua portuguesa, ao longo de sua história, vem mudando e hoje vivemos a Reforma Ortográfica, um acordo firmado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste. No Brasil, foi aprovado pelo Decreto Legislativo n° 54, de 18/4/1995. Observem que as negociações datam da década de 90 do século passado e somente em 2009 passaram a vigorar (as “coisas” não acontecem da noite para o dia!).
As principais mudanças ocorridas foram: a introdução das letras K, W e Y utilizadas de fato mas não de direito; a eliminação do trema (freqüente › frequente), que permanece nas palavras estrangeiras e em suas derivadas (Müller, mülleriano); não se usa mais o acento nos ditongos abertos (européia › europeia), apenas nas palavras em que eles as finalizam (papéis, herói); o I e U tônicos dos hiatos já não recebem o acento quando vierem depois de um ditongo (feiúra › feiura), porém, se a palavra for oxítona e eles estiverem em posição final ou seguidos de S, o acento permanece (tuiuiús, Piauí); não se acentuam as palavras terminadas em ÊEM e ÔO (lêem › leem; vôos › voos); também não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla/pela, pêlo/pelo… com exceção dos pares pôde/pode, pôr/por e nos verbos ter e vir e derivados como manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc (eles têm; ele mantém, eles mantêm).
Quanto ao uso do hífen, deveremos usá-lo nos prefixos diante de palavra iniciada por h (anti-higiênico, sobre-humano – a exceção de subumano); no prefixo além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém, sem e vice (ex-aluno, pós-graduação, sem-terra, vice-governador); nos prefixos cuja vogal e consoante se repetem na palavra seguinte (anti-inflamatório, super-resistente – a exceção das vogais duplicadas em cooperar, coordenação); nos prefixos sub quando a próxima palavra se inicia por r (sub-região, sub-raça); nos prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal (circum-navegação, pan-americano); antes dos sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim (capim-açu, Igarapé-Açu); e para ligar palavras que ocasionalmente se combinam (ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo, Belém-Brasília).
Ufa!!! Não é fácil assimilar, vai demandar tempo, mas… a gente chega lá no “além-mar” (ainda com hífen). De qualquer forma, do ponto de vista prático, esse acordo deixou a desejar (eu teria feito uma reforma mais radical, mas… quem sou eu, né?); se a intenção, além de “unificar” (isso é outra história que “dá muito pano pra manga”) era simplificar, certas “regras” se tornaram muito mais complexas. Estão aí os “hífens” que não nos deixam mentir, não é mesmo?
Mestre em Linguística, especialista em Língua Falada e Ensino do Português, professora há 21 anos e aluna da Faculdade de Teologia Adventista da Promessa (FATAP) – Extensão Norte.

Homenagem a um santo homem de Deus

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“Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus” (II Re 4.9).
Qual o conceito que as pessoas em geral têm do pastor? Quem dera todos tivessem uma percepção senão igual, ao menos próxima da que tinha a mulher sunamita a respeito do profeta Eliseu, cujo personagem analisamos para representar a figura do pastor. Ela disse a seu marido: “Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus”.
Quero chamar a atenção para duas expressões contidas nesta declaração. A primeira é “tenho observado”. Note que tal declaração não tinha como causa primária uma espécie de revelação do Espírito Santo (algo sobrenatural), embora reconheçamos sua influência nessa declaração. A constatação de que Eliseu era um santo homem de Deus aconteceu após um período de observação quanto à sua maneira de ser, de pensar e de agir.
Uma forte relação de confiança foi desenvolvida entre Eliseu e a mulher sunamita, até que ela propôs ao seu marido a construção de um pequeno quarto em sua residência, exclusivamente para hospedarem-no sempre que passasse por ali. Eis aqui um indicativo de que um santo homem de Deus, o pastor, é pessoa digna de confiança.
A segunda expressão é “este que passa sempre por nós” . Isso revela o comportamento de um homem que se relacionava com as pessoas, que as visitava em suas casas e que as conhecia de perto. Eliseu ilustra uma importantíssima ação pastoral que demonstra a preocupação e o cuidado do pastor para com as pessoas redimidas por Jesus.
Há outra atitude do profeta Eliseu que merece destaque e está registrada em II Reis, cap. 5. 15 e 16. Após ter sido utilizado por Deus como instrumento para a cura de Naamã, chefe do exército do rei da Assíria, este ofereceu presentes a Eliseu, porém, ele nos ensinou duas lições dignas de louvor. A primeira é que um santo homem de Deus não é um mercenário, ou seja, não usa o nome de Deus, a Palavra de Deus, e muito menos o poder de Deus, em proveito próprio, objetivando lucrar com isso. A pecha de mercenários, atribuída a pastores que se autodenominam homens de Deus – situação muito comum nos nossos dias, infelizmente – não se harmoniza com o caráter e tampouco com as ações de um “santo” homem de Deus, reconhecido como tal, não por si mesmo, mas pelos outros.
A segunda, é que um santo homem de Deus não adota um comportamento de bajulação para com os mais favorecidos financeiramente, nem para com as pessoas investidas de autoridade, como se elas fossem mais importantes e merecedoras de maior respeito e de maior consideração em relação às demais. Eliseu nos mostra que um santo homem de Deus não se submete a isso e nem precisa desse tipo de artifício em seu ministério. Observe o tratamento dado a Naamã em II Reis 5.9-11.
Por fim, outro aspecto que pesou para credenciar o profeta Eliseu como um santo homem de Deus, foi sua autoridade espiritual, exercida não com base em conhecimento teórico, mas como fruto de sua vida com o próprio Deus.
Caríssimo pastor promessista, sabemos que você é um pequeno servo do Deus Altíssimo. Considere-se assim, aja assim e viva assim. Por outro lado, como consequência de sua maneira de ser e de servir, a exemplo do profeta Eliseu, almejamos que as pessoas e as igrejas que você pastoreia ou já pastoreou tenham-no em alta estima e consideração, assim como nós o temos.
A Ele, por Ele e para Ele, toda a honra e toda a glória, hoje e sempre. Amém!
Diretoria Geral Executiva

Tempo de estar calado, e tempo de falar

““… tempo de estar calado e tempo de falar.” (Ec. 3:7)
Em todo o tempo, a criança está observando o adulto e construindo, a partir desse olhar, sua visão de mundo, de igreja e de sociedade.

Dsa. Abizail Dias do Nascimento
Quantos líderes não estão envolvidos em problemas, dificuldades no ministério, nos relacionamentos conjugais ou até mesmo em situações adversas no meio cristão, sem se darem conta de suas palavras? Conversam com alguém dentro do carro, em uma das dependências de sua casa, ou até mesmo numa visita a parentes ou amigos e desabafam sentimentos ou ressentimentos que angustiam a vida cristã. Em momentos como esse, se faz realmente necessário uma conversa, um aconselhamento pastoral e até mesmo uma busca de ajuda a profissional na área terapêutica.
Quando citamos essas dificuldades que são inerentes a todos os seres humanos, e principalmente no cotidiano daqueles que estão em cargos de liderança, lembramos dos espectadores que podem estar ao lado, ouvindo discussões tão acaloradas. São nossos queridos filhos! Estarão eles presentes nessas horas tão difíceis, quando situações extremas estão sendo desabafadas? Quantos pais discutem casos pessoais ou alheios nas dependências do carro, no caminho da igreja para casa, com seus filhos atentos ao que está sendo falado!
A Palavra de Deus nos orienta que existe tempo para tudo, deve existir também um tempo para as conversas particulares, um tempo reservado e, de preferência, com pessoas adultas.
Se pensarmos melhor sobre o assunto, observaremos que, se a situação está sendo tão difícil para o líder naquele momento, quanto mais para aquela criança que está ao lado, que não tem maturidade psicológica e espiritual para compreender o que está sendo falado.
Muitas questões são resolvidas com uma boa conversa entre cônjuges, companheiros de ministério, reuniões de conselho, mas continuam em aberto na mente da criança que presenciou o momento da explosão emocional. Como conseqüência disso, a visão da criança poderá ficar distorcida de tal forma que desenvolva resistências tanto em relação às pessoas envolvidas quanto aos cargos e programações de liderança.
Como podemos falar para nossos filhos que a igreja é o melhor lugar para eles se não vivermos essas palavras no nosso cotidiano, se mostrarmos somente as dificuldades no relacionamento entre cristãos? Somos responsáveis por aquilo que plantamos, se plantamos no coração dos nossos filhos ressentimentos, ódio e mágoa estaremos colhendo no futuro comportamentos inadequados ao nosso olhar, mas que correspondem àquilo que falamos e não damos conta de quanto os prejudicamos.
Eles precisam sentir amor pela causa, amor pelo evangelho de Cristo, amor pelos irmãos, para que possam ser motivados por esse amor. Através do exemplo em casa, devem saber que existem situações adversas que são solucionadas com um bom diálogo, com sabedoria, com oração, sem contenda, para que possam no futuro se posicionar da mesma forma.
Estaremos ensinando quando nos calamos ou falamos, quando dialogamos ou discutimos, quando oramos ou tomamos uma atitude precipitada, quando nos mostramos humildes ou arrogantes. Em todo o tempo, a criança está observando o adulto e construindo, a partir desse olhar, sua visão de mundo, de igreja e de sociedade. Por isso, não podemos nos esquivar de nossa responsabilidade como pais e líderes cristãos.
Vamos zelar pela família e valorizar o trabalho que Deus nos confiou. Da mesma forma, vamos cuidar da saúde mental e espiritual dos nossos filhos, para que sintam o desejo de colocar seus dons e talentos na obra do Mestre, não nos esquecendo que deles depende a igreja do amanhã. Se hoje priorizarmos a educação de nossas crianças, com certeza, teremos jovens e adultos dispostos a dar continuidade ao trabalho já iniciado, porque terão prazer na igreja do Senhor!
Dsa. Abizail G. M. D. Nascimento é pedagoga e psicopedagoga. Congrega na IAP em Vila Nhocuné (São Paulo) e atua ao lado do marido, Pr. Gildasio, no Departamento Ministerial da Região Paulistana Leste.
Crianças vêem, crianças fazem – Assista

Dsa. Ridethe Ramos de Souza, uma serva do Senhor que serviu a muitos


“… Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam.” Ap. 14:13
Ridethe nasceu em 21 de Janeiro de 1938, filha de Severino Ramos e Silva e de Adélia Souza e Silva, em Lucianópolis (SP). Foi criada na Igreja Adventista da Promessa, na igreja de Ubirajara (SP). Foi batizada pelo saudoso Pastor Francisco Tabanez, quando tinha 12 anos. Logo que se tornou membro da igreja, assumiu o cargo de secretária da Escola Bíblica, que ocupou por diversas vezes, além de ter sido professora de crianças e também de senhoras.
Fez o curso primário em Ubirajara. Como na cidade não havia ginásio e seu desejo de continuar estudando era incontido, mudou-se para Santa Cruz do Rio Pardo (SP). Foi morar numa pensão juntamente com seu irmão, Gidalte. Tempos depois sua família foi também para Santa Cruz.
Terminado o curso ginasial (como era a denominação da época), fez o primeiro ano científico, pensando em cursar Odontologia. A vida financeira mudou e ela resolveu cursar o técnico em Contabilidade, em 1959. Naquele ano, ficamos noivos. Eu era missionário e pastoreava a IAP em Vila Maria. Casamo-nos em 21 de junho de 1960, depois de cinco anos de namoro e noivado.
Após o casamento, fomos morar em Paranavaí (PR), onde assumi um grande campo pastoral, com 29 igrejas e congregações. Durante o restante daquele ano, Ridethe não pôde estudar e me acompanhou por todo o campo, em condições muito difíceis, ora pelos meios de transportes, ora pelas acomodações e ora pela infestação de insetos.
Em 1961 voltou a estudar, terminou o Curso Técnico de Contabilidade e ocupou vários cargos na igreja de Paranavaí: professora, tesoureira e presidente da Umap, além de ser a zeladora da igreja. Depois de cinco anos no Paraná, já com nossa filha Denise, nos mudamos para o Rio de Janeiro, onde tomei posse como presidente da Região Leste. Logo no início, ela montou uma escola para alfabetizar crianças das vizinhanças da igreja e, com isso, despertou o desejo e a vocação para ensinar. Fez o curso Normal (magistério) sendo a primeira colocada da turma, o que lhe valeu ser contratada como professora para lecionar na mesma escola onde se formou, para a quarta série do primeiro grau.
Concorreu a um concurso para professores do Estado do Rio de Janeiro, foi aprovada e passou a lecionar na Escola Amapá. Sempre prestigiou os estudos. Fez o vestibular da Universidade Souza Marques, sem fazer cursinho, onde foi a primeira colocada no Curso de Letras (Português e Inglês). Já graduada, foi contratada para ensinar Português na Faculdade de Teologia – Seminário Unido, com uma classe de 24 alunos, todos pastores, onde lecionava à noite. Durante o dia, dava aulas para “crianças especiais” na Escola N.S. da Glória, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, durante cerca de cinco anos.
Na igreja de Piedade e na Região Leste, exerceu diversas atividades, inclusive na Resofap. A propósito, o nome “Resofap” foi criação da Região Leste, sendo depois adotado por toda a Igreja Adventista da Promessa. Depois de estudar e trabalhar na Região Leste, nasceu nosso segundo filho, Cassiano Júnior. Depois de 15 anos no Rio de Janeiro, nos mudamos para São Paulo, quando fui eleito presidente do Presbitério.
A Diretoria Geral da Igreja a contratou como Revisora de toda literatura, função que exerceu durante 20 anos. Em 1980 foi eleita primeira secretária da Fesofap, sendo reeleita em 1984. Durante esses oito anos na Federação, teve a oportunidade de visitar todas as Resofaps do Brasil e até da Argentina.
Além de revisora das literaturas da IAP – O Restaurador, Oásis, O Clarim, Revista Ministerial, além das Lições Bíblicas – o que lhe tomava todo o dia, ministrava aulas de Português para as três turmas do Seminário (IBAP), todas as noites, chegando em casa sempre depois das 23 horas. Era professora por vocação. Tinha imensa alegria de ter sido professora da maioria dos nossos pastores, nos 14 anos que esteve no IBAP, inclusive dos membros da Diretoria Geral, das Regiões e dos Departamentos.
Essa foi a Ridethe. Eficiente, organizada, pontual, submissa, estudiosa, responsável, querida e amada por todos.
Em 27 de novembro de 2008 deixou de viver, de se mover; mas sempre existirá, conforme lemos em Atos 17:28 (Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração). Existirá para Deus, para mim, seu marido, e para todos que a amaram.
Pr. Cassiano Domingos de Souza

Projeto contra a homofobia

Gostaria de contribuir um pouco mais com o debate sobre o PLC 122/2006, “que pune a discriminação contra homossexuais”, cuja enquete esteve em andamento na página do Senado Federal.
Desta vez, minha colaboração é no sentido de permitir a você um julgamento pessoal sobre essa questão. A gente ouve vozes alarmadas, gente pedindo que você vá lá e vote “não” e acaba se sentindo manipulado.
Então, minha colaboração é a seguinte: envio em anexo todo o texto do parecer da Senadora Fátima Cleide, na Comissão de Assuntos Sociais (parecer aprovado na Comissão, na forma de um substitutivo).
http://canalbiblico.blogspot.com/2010/07/plc-12206-relatorio-da-senadora-fatima_05.html
Como ficaria o PLC 122/2006 se fosse promulgado hoje

Para facilitar seu entendimento da matéria, já que o PLC 122 altera uma lei já existente, eu fiz u ma consolidação. Ou seja, pego as alterações propostas e as insiro na lei alterada, de modo a você poder ler o texto final, passado a limpo, como ele ficaria se fosse promulgado hoje. Não é o caso; tem muita água para passar por baixo dessa ponte, ainda. Coloquei as alterações em outra cor para facilitar o entendimento das últimas mudanças.
Se esse assunto lhe interessar, leia o texto, leia a argumentação da Senadora e faça sua própria avaliação. Sem alarde, sem induções pró ou contra (muita gente tem escrito, perguntando se deve responder sim ou não à enquete do Senado; e eu tenho evitado uma resposta desse tipo).
Espero, com isso, estar ajudando você a adquirir uma consciência crítica e livre sobre um tema tão controvertido e que tem alarmado os cristãos.
Rubem Amorese
Consultor Legislativo no Senado Federal e presbítero na Igreja Presbiteriana do Planalto

Há trabalho para você!


Com a ajuda de Deus, a equipe de capelania já implantou duas igrejas no Presídio Feminino de Santana (SP), mas precisa de mais pessoas, para atingir outros pavilhões
Talita Mendes
Todos os sábados, a equipe de capelania prisional da IAP, liderada pelas missionárias Léa de Paula e Solange, Dsa. Leni de Oliveira e Dá. Eliseu, está no Presídio Feminino de Santana – SP, cumprindo o mandato de Cristo, de pregar o evangelho a todas as pessoas.
No dia 21 de novembro de 2009, com auxílio do Pr. Jessé (IAP em Vila Progresso – SP), os irmãos estiveram lá para uma missão especial: celebrar o batismo de nove mulheres, seguido pela ceia do Senhor, da qual participaram 29 pessoas, para a glória de Cristo!
Foi um momento emocionante e especial, em que tivemos a certeza de que houve grande festa no céu (Lc 15:7) pelas vidas que ali se renderam aos pés de Jesus e o confessaram como único Senhor e Salvador.
Rute, a líder da Sociedade Feminina Adventista da Promessa no Pavilhão I, contou que encontrou na IAP um amor que não havia conhecido em lugar nenhum. “Através do amor demonstrado pelas missionárias comigo, pude me aproximar e conhecer Jesus. Sou outra mulher, com a graça do Senhor! E o que recebi, estou tentando transmitir às outras meninas”.
Além dos cultos realizados aos sábados com cerca de 60 mulheres, todos os dias elas se reúnem, compartilham as dificuldades, cantam louvores e oram juntas.
Mas ainda faltam muitas vidas para serem alcançadas ali, por isso o trabalho de evangelismo é constante. Com auxílio de Simone, a segunda líder, Rute leva os folhetos trazidos pelas missionárias da IAP e distribui nos quartos, aproveitando o momento para oferecer uma oração e deixando o convite para o culto do próximo sábado.
Entre as que já fazem parte do grupo de mulheres cristãs, está Kátia, de 30 anos, que sonha em ser escritora. Ela fez questão de mostrar seus poemas e revelou que gosta muito do livro de Salmos, já que é um livro cheio de poesias. Contou ainda que vai escrever sobre a história da sua vida e a mudança que Cristo fez, com o objetivo de incentivar outras mulheres a também servirem a ele.
Outro grupo, no Pavilhão II, também já foi alcançado e está servindo a Jesus! Glórias a Deus por isso! A líder desse outro grupo, Maria Hungria, disse que já tinha ouvido falar de Jesus quando era mais nova, mas que só lhe falaram do amor, não lhe falaram das provas que teria de enfrentar para segui-lo. Quando chegou o período da provação, infelizmente, se distanciou dele.
Ela contou que, quando saiu da igreja, era extremamente tímida, mas que sempre lhe diziam que ela iria voltar e ainda seria uma missionária. Segundo ela, achava graça dessas palavras. Hoje ela testemunha: “Onde eu iria ouvir sobre o amor de Jesus? Aqui dentro. Onde eu iria perder a timidez? Aqui dentro. Talvez tenha sido necessário chegar até aqui, mas ainda vou pra lugares distantes falar do que Jesus fez por mim”.
Apesar de não conhecer Rute, Maria reafirmou suas palavras: “Nós sabemos que a evangelização é o mais importante. Então levamos folhetos, fazemos cultos todos os dias, contamos testemunhos e oramos juntas”.
Há oportunidade para a equipe de capelania da IAP em outro pavilhão, mas faltam trabalhadores para esta tarefa. Pode ser que Deus esteja chamando você, para cumprir o que a Bíblia nos manda em Hebreus 3:13:”lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos mal tratados, como sendo-o vós mesmo também no corpo”.
Talita Mendes é relações-públicas e congrega na IAP em São Caetano do Sul (SP).