De que forma estamos carregando a cruz?

Quem caminha ao lado de Cristo, é impactado por seu amor e sua pureza

“E, quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar a sua cruz.” (Mt 27.32)
A hora da crucificação havia chegado para Jesus. Ele sabia de tudo. Nada o pegou de surpresa. A morte na cruz fazia parte de um plano divino. Foi uma decisão resoluta. Então, por que ele não conseguiu carregar? É bom pensar que após a Ceia, Jesus havia ido ao Getsêmane e ali, orado em intensa agonia, que mesmo pequenas veias e poros do seu corpo não suportaram. Havia ainda passado uma noite sem dormir devido aos vários julgamentos (Herodes, o Sumo-Sacerdote e Pilatos). Um chicote com pedaços de ossos e metais já tinha rasgado várias partes do seu corpo. Uma coroa de espinhos foi colocada em sua fronte. Teve o rosto coberto com um tecido vermelho e tinham batido em sua cabeça. Zombarias foram pronunciadas… Quase todo o horrível espetáculo que antecedia a crucificação já tinha sido feito, faltava apenas um ato. O crucificado deveria carregar a própria cruz – Jo 19.17.
Pense no quanto Jesus lhe ama. Foi por você. E, você, pode parar por um instante e cantar o refrão de um cântico? “Se isto não for amor, o oceano secou, não há estrelas no céu, as andorinhas não voam mais. Se isto não for amor, o céu não é real, tudo perde o valor, se isto não for amor.”
Conforme os Evangelhos Sinóticos, Jesus não suportou. E Simão, de Cirene, norte da África, foi obrigado a carregar a cruz. Os soldados romanos consideravam humilhante fazer isso. O outro Simão, o Pedro, com os outros discípulos, ficaram de longe. Por isso obrigaram o cirineu. No entanto, mesmo que naquele instante não tenha sido voluntário, o Senhor recompensou sua vida, sua família e sua terra natal. Lucas pontua em Atos 11.20, 21, que de Cirene saíram várias pessoas testemunhando poderosamente de Cristo. Quem pregou para eles? E quem pregou para Lúcio de Cirene que foi um porta-voz ousado da parte do Senhor? – Atos 13.1. A possibilidade de que tenha sido Simão é muito grande.
E a família dele? Marcos 15.21 cita seus filhos, Alexandre e Rufo. Sobre Rufo e a esposa de Simão veja o que Paulo diz: “Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” – Rm 16.13. Sim, Rufo, seu filho, uma pessoa escolhida especialmente por Cristo. E a mãe de Rufo ou esposa de Simão? Uma mulher amorosa, prestativa e protetora. Uma “mãe” para Paulo. Feliz é o pastor que tem uma mãe dessas por perto.
E Alexandre, o outro Filho? A maioria pontua como o latoeiro que causou muitos males – 2 Tm 4.14. Se foi ele, a Bíblia também adverte: “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” – Mt 22.14.
Ministério é cruz? Se a sua resposta foi sim, acertou. Mas, de que forma devemos carregar a cruz? De forma forçada ou voluntária? Saiba que tudo o que é somente por força produz: tristeza, ira, ódio, peso, vergonha, somente para os outros e exasperação (não vê o momento de se livrar) … Que tragédia um ministério assim. Pregar, visitar, aconselhar, congregar, cantar, orar, constrangido e sem satisfação.
E quem carrega voluntariamente? Alegria, paz, leveza, primeiro para si, satisfação, prazer, honra… E um dia receberá a coroa da glória – 1 Pe 5.4.
Acredito que os primeiros momentos para Simão tenham sido constrangedor. Mas depois, uma satisfação enorme, porque quem caminha por Cristo e ao lado dele, logo percebe o amor, a pureza, a salvação e passa a entender plenamente quando ele disse: “Se alguém ‘quiser’ vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” – Lc 9.23 (grifo nosso).

Pr. Elias Alves Ferreira é responsável pela IAP em Jales (SP) e atua no Departamento Ministerial – Convenção Geral

A crise da solidão

O dilema que toda esposa de pastor enfrenta

Tenho lido muito a respeito das esposas de pastores. Talvez por ser uma, sinto-me na obrigação de falar mais sobre esse assunto que é de tão pouco interesse para muitos, mas de extrema importância.
Você já parou para pensar que mesmo estando rodeada de pessoas, na maioria dos dias, as esposas de pastores e até mesmo os pastores se sentem sozinhos? São poucas, bem poucas as pessoas que realmente ‘sabem’ como de fato estão.
A esposa de pastor costuma viver no “chão da suspeita”. Não podendo abrir a casa para todos, mas também não podendo fechar! Como diz um escritor “O medo é um gigante que se nutre da carência “, e carência é o que grande parte das esposas de pastores mais possui: carência de amizades sem interesse, carência de conversa sem medo de dedos apontados, carência de um olhar sincero.
Se você é esposa de pastor, às vezes pode ser difícil, mas como todas as escolhas que tomamos, temos que abrir mão de algumas coisas. Porém, o mais importante é observar quando é preciso procurar ajuda e não deixar isso adoecer o coração, confiando em Deus, que nos mantém de pé.
Se você é membro, procure colocar-se no lugar da família do pastor. Coloque-os em suas orações, independente da situação.

Veronica Braz é esposa de pastor, atuando na IAP em Jardim Mabel e Arujá (SP, Convenção Paulistana Leste)

Queremos ser aceitos

A mulher samaritana tinha a mesma sede que nós temos

O grande dilema humano é ser aceito. Todos nós queremos ser aceitos. Quando crianças, queremos ser aceitos por nossos pais, quando adolescentes aceitos pelos amigos, quando adultos, aceitos pela sociedade.
O texto de Jesus conversando com a mulher samaritana (João 4) trata de aceitação.
Muitas pessoas não sabem que são aceitas e amadas por Jesus da maneira que são. O amor de Deus por nós não é circunstancial, ele não depende do nosso comportamento. Deus é amor, amar é da natureza de Deus e não há nada que façamos que o faça mudar de ideia. Ele simplesmente ama você.
E o que o amor tem a ver com aceitação?
Amor é a aceitação de que entre eu e meu semelhante existem muitas e preciosas diferenças a serem respeitadas.
E o que isso tem a ver com a mulher à beira do poço? Ela se sentia rejeitada, precisava se sentir aceita e foi exatamente isso que ela encontrou em Jesus: a mais completa aceitação. Nós temos a mesma necessidade daquela mulher: ser aceitos.
Ela precisava se sentir aceita porque era samaritana
Judeus e samaritanos eram “primos” que não se davam bem. A origem da briga começara após o término do reinado de Salomão. Israel dividiu-se em dois reinos: reino do norte, cuja capital era Samaria, e reino do sul, cuja capital era Jerusalém. Vivendo tantos anos separados, a relação entre eles começou a esfriar. Em Samaria a idolatria era mais forte que em Jerusalém, tanto que foram castigados com o exílio 200 anos antes de Jerusalém. No exílio, assimilaram ainda mais a cultura pagã. Quando, finalmente, reino do norte e do sul puderam voltar às suas terras de origem, os judeus do sul não aceitaram que os moradores de Samaria comungassem com eles, pois eram impuros demais. Como os samaritanos não eram aceitos nos lugares de adoração tradicionais, eles desenvolveram sua própria adoração, seus próprios lugares de culto e modo de adorar (v. 19 e 20). E isso fez com que o ódio dos judeus crescesse ainda mais, pois os samaritanos, aqueles pagãos imundos, estavam desenvolvendo sua própria forma de adorar a Deus! Que absurdo! Desrespeitavam a Lei de Moisés.
Essa mulher já nasceu estigmatizada, antes de ter feito qualquer coisa, já era considerada impura, indigna de adorar ao Deus verdadeiro.
O estigma era tão grande que ela mesma toma um susto quando Jesus fala com ela (v. 9): “como você pede algo a mim, uma samaritana?”
Pode ser que você tenha nascido já sem aceitação. Talvez as pessoas apontavam para você como o filho do bêbado, filha da mãe perdida. Talvez estigmatizado por sua condição social ou sua cor.
Para Deus, que sonda os corações, a sua origem ou aparência não define quem você é e não interfere no fato de que Ele aceita você. Ele não liga para quem eram seus pais, sua condição social, a cor da pele, do cabelo, o estilo de vestir. Ele aceita você!

Aline Gomes Rodrigues congrega na IAP em Industrial (Convenção Mineira).