Deus não precisa provar sua existência

“E se você fosse conhecer seu criador ou Deus e ele fosse uma decepção total?” [1] disse a atriz Charlize Theron, em uma entrevista acerca do seu novo filme “Prometheus”. No filme, Theron encarna como personagem uma mulher ambiciosa que lidera uma expedição espacial em busca de vestígios da origem da humanidade. O filme é uma ficção científica, que trata das questões que mais intrigaram os pensadores de todas as épocas e lugares: de onde viemos?  Quem nos fez? Qual o sentido nisso tudo? Ao contrário do que creem os cristãos, o longa-metragem traz a ideia de que nossa origem não é divina, mas alienígena. Theron, que afirmou crer na existência de forças extraterrestres comentou: “É muito ingênuo ou narcisístico pensar que somos as únicas coisas vivas no universo”[2]. De fato, esse pensamento parece ter lógica. O universo, tão grandioso, nos lança para o mistério: existe alguém além deste planeta azul? E Deus, existe ou não?
Bem, não é de hoje que essa pergunta incomoda alguns. Por vezes me pego pensando como seria mais fácil se Deus provasse a todos a sua existência. Alienígenas, teorias como Big Beng e a evolução das espécies seriam reduzidas a meras idiotices infantis. Os céticos rangeriam os dentes de ódio e os ateus se renderiam penitentes. Nietzsche se veria obrigado a admitir: “Deus não morreu”. Ah, seria tão mais fácil. Nem precisaríamos mais testemunhar sobre a existência de Deus. Contar algo que alguém já sabe não tem graça. Mas curiosamente, Deus não faz isso. Ele permite que os ateus não creiam nele. Que os céticos O zombem e que as teorias de nossa existência se multipliquem. Ele parece respeitar inviolavelmente nossa liberdade.
Ele não faz questão de dar provas cabais de sua existência. Ele não se submete ao escrutínio humano. Talvez haja uma razão plausível para isso. Se existisse provas cabais da existência de Deus a fé não seria necessária. Você não precisa ter fé na existência do ar– ele simplesmente existe, acreditando-se nisso ou não. Você não precisa acreditar que os pássaros são reais – os pássaros simplesmente são reais, e você pode comprovar isso de diversas maneiras; todo mundo sabe. O mesmo não se pode dizer com relação a Deus. Tudo o que se pode provar não se exige fé.
Fé é confiança. Para que a fé exista é preciso que exista também dúvidas, ambiguidades e incertezas. A fé é uma semente que floresce apenas no solo das angustiosas dúvidas e questionamentos humanos. É um lançar-se num abismo escuro crendo que haverá Alguém lá embaixo para lhe segurar. “Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos e não puser o meu dedo no seu lado, de maneira nenhuma crerei”, exclamou Tomé antes que, profundamente convicto, dissesse ao Cristo ressuscitado: “Senhor meu e Deus meu” (Jo 20.25, 28). Vejam: a dúvida antecede a fé.
O mundo é, de fato, um grande ponto de interrogação e para aqueles que têm corajem o bastante para se questionar Deus se faz um pouquinho mais próximo. É preciso de mais corajem para crer do que para duvidar. Deus permite as dúvidas para que haja espaço para a fé. Afinal de contas, “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova daquilo que não se vê” (Hb 11.1). Para estes, que tem fé mesmo em meio as dúvidas, Deus não é uma decepção, mas uma realidade inegável e tangível. Para estes, as dúvidas não os distanciam de Deus, mas paradoxalmente os aproximam. Deveras, a fé em um Deus amoroso não nos responde todos os grandes enigmas do universo ou os inúmeras questões insolúveis acerca da vida, mas pelo menos tranquilizam e nos pacificam.
“As mais difíceis indagações da vida nunca são “removi­das” (nunca ficamos sabendo por que Deus faz isto ou aquilo, por que um avião cai ou acontece um desastre nu­ma mina). Mas somos “redimidos” do poder destrutivo dessas perguntas. O pânico não mais pode nos surpreen­der quando não entendemos o sentido daquilo que Deus permite que nos aconteça. O seu amor não mais nos con­fundirá; aprenderemos a crer naquele amor mesmo quan­do não compreendemos os meios que aquele amor escolhe para se expressar.”
— Helmut Thielicke, How to Believe Again (“Como Crer de Novo”)

 
Kassio F. P. Lopes é missionário em Corumbá (MS).


[2] Idem.

Casamento, uma providência divina!

Na busca por um relacionamento abençoado, devemos observar os mandamentos instituídos por Deus ao homem e à mulher
“Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão.” (Gênesis 2:21-22).
Ninguém conhece a natureza humana mais do que o Senhor. O Deus criador conhece detalhadamente cada ser humano. Ele sabe quais são nossas necessidades, desde as menos importantes até as mais importantes. Dentre essas necessidades conhecidas por Deus, podemos destacar uma em especial, a sociabilidade. Fomos criados com instintos sociáveis. Em cada ser humano existe uma carência de companhia, afeto, amor, amizade, carinho etc.
Há um sentimento de dependência em todos nós. O sábio Salomão em Eclesiastes 4:9-10 nos ensina que Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante.”
O primeiro homem do universo amargou um período de solidão. A Bíblia diz que Adão se sentia só. Ao contemplar a situação de Adão, o próprio Deus declarou “Não é bom que homem esteja só…” (Gn 2:18 a). Diante de verdades como essa, precisamos reconhecer que somos carentes, dependentes e necessitamos relacionamentos.
Ao instituir o casamento, Deus estava providenciando um meio de suprir essa carência humana. Daí então, da própria carne masculina, o Senhor formou a mulher, configurando assim o primeiro casamento. Adão, outrora carente de companhia, afeto, amor, carinho e amizade, recebe de Deus alguém que atenderia toda essa demanda. A partir daquele momento se iniciava um ritual abençoado por Deus, no qual o “homem deixaria seu pai e sua mãe, e se uniria à sua mulher, e ambos se tornariam numa só carne”.
O casamento verdadeiramente é uma providência divina para todo ser humano. Por essa razão ele deve ser considerado uma benção para todos os que se casam.
Outro fato importante a ser destacado é a intenção divina de perpetuar o matrimônio.  Deus projetou o casamento como uma providência permanente contra a solidão humana. Limitar a benção de Deus a um curto ou até um longo período de convivência seria duvidar dos bons propósitos do Senhor para o matrimônio.
Jesus, ao se referir sobre o assunto, afirmou que a benção divina sobre o casamento permanece até que a morte separe o casal (Mt. 19:10-12). Muitos casais não desfrutam dessa benção permanente devido à desobediência aos princípios divinos para o casamento. Se um casal deseja a benção permanente para o matrimonio é necessário atender as expectativas de Deus prescritas na Bíblia Sagrada.
Efésios 5:22-33 nos diz Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulherreverencie o marido.
As palavras da Bíblia, sem qualquer tipo de comentário, dão excelentes recomendações que, quando obedecidas, resultam em bênçãos para vida a dois. No entanto podemos destacar no texto alguns mandamentos implícitos  para o casal, os quais são: respeito entre si; o amor que deve ser semelhante ao amor de Cristo pela igreja; o cultivo de uma vida de comunhão com a palavra de Deus; a responsabilidade com os deveres domésticos tanto do homem como da mulher; o compromisso de serem uma só carne até o fim da vida, descartando a possibilidade do divórcio. Esses são alguns pilares transmitidos pelo apóstolo Paulo que fortalecem o matrimônio, a fim de que este seja um portador das infinitas bênçãos dos céus.
O Senhor da criação compreende as fraquezas humanas. Ele sabe quais sãos suas carências existenciais. O criador entende o quanto a solidão é patológica ao homem. Assim sendo, providenciou o casamento para que o homem viva bem todos os dias da sua vida (Ec 9:9).
 
 
 
Pr. José Wilbert Magalhães é vice-superintendente na Convenção Litoral e Leste Paulista