A batalha entre os gêneros

A serpente me enganou ou foi a mulher que me deste?

O relato da queda do ser humano em Gênesis 3 marca a ruptura do equilíbrio nas relações interpessoais evidenciando o que seria a prática comum dali para frente: subjugação, a começar entre gêneros, e a dificuldade de assumir responsabilidades. Adão tratou de culpar Eva e Deus; e Eva culpou a cobra que, a bem da verdade, apenas provocou a tentação do agir, mas não foi autora dos atos.
Dali para frente, sempre que um ser humano depara-se com outro, consciente ou inconscientemente, trata de categorizá-lo como superior ou inferior a si mesmo e, consequentemente, subjuga ou deixa-se subjugar em continuidade à tentação. A condição anterior que seria apenas de diferenciação de responsabilidades, mas de unidade de propósitos, distorceu-se em percepção de lugar social mais favorável de uns sobre outros, assimilada como condição de poder e autoridade abusiva, opressora e, por vezes, violenta, definindo dominadores e dominados, em total desunião.
O exemplo mais antigo dessa realidade ainda é a batalha entre gêneros. Nos primórdios da humanidade caída o desenvolvimento socioeconômico e político deu-se em um contexto onde a força mecânica definia a sobrevivência, o que selou milênios de subjugação da mulher. Mas, a partir do advento da mecanização pela Revolução Industrial e, agora, com o avanço da cultura digital, onde o diferencial intelectual é soberano ao físico, e o ativismo imediatista requer pessoas com capacidade multitarefa, a mulher está em vantagem.
O cérebro feminino lida melhor com múltiplas atividades, segundo a neurocientista Dra. Ragini Verma (Universidade da Pensilvânia) e a digitalização da vida eliminou a dependência maior da força física; sem falar que as mulheres estudam mais e estão mais informadas. Além disso, irão superar numericamente pela proporção de nascidos do gênero, pela maior longevidade e menor índice de morte por violência, suicídio e doenças. Esta já é uma realidade calculada e comprovada pela Organização Mundial da Saúde e pelo último Censo do IBGE, assim como é fato a descaracterização do movimento feminista em movimento de discriminação do homem, afirmando a “superioridade da mulher”.
Milênios de subjugação do feminino serão substituídos aos poucos por milênios de subjugação do masculino? Que a humanidade desconhecedora do Evangelho continue assim, não é de estranhar, mas e a Igreja? A promessa cumprida em Jesus Cristo permite-nos o resgate do equilíbrio nas relações interpessoais, como o apóstolo Paulo bem definiu em suas cartas: em termos universais, enquanto seres humanos, a igualdade foi restaurada (ex: Gl 3.8); quanto à particularização da pessoalidade, as responsabilidades de cada papel social foram recuperadas (ex: Ef 5.21-6.29) e a singularidade pessoal foi reconhecida, porém, com o propósito do alcance da unidade (ex: Ef 4.10-13).
A Igreja de Cristo, em cada cristão, homem ou mulher, não pode continuar a valer-se de culpar o outro ou o Maligno para extravasar seus desejos egoístas, sua competitividade ambiciosa ou as mágoas não resolvidas. No Evangelho somos chamados à liberdade com responsabilidade; somos chamados a assumir as decisões que tomamos e suas consequências. Não haverá outra expulsão do jardim… nem outros a culpar. Não é mais uma questão de atribuir culpa. É uma questão de amadurecer-se para a eternidade ou desgovernar-se para a aniquilação.
 
 

Um homem (in)comum


Ele viveu conosco, como um de nós, no meio das multidões
Prego, martelo, machadinha, plaina, formão, esquadro, todas essas ferramentas eram bem comuns para ele. Em Nazaré era conhecido apenas como um carpinteiro. “Ele não é melhor do que nós”, diziam. “É apenas um carpinteiro, o filho de Maria (Mc 6:3, BV). Se eles soubessem!… Se tivessem ao menos idéia de quem estava diante deles: Era o próprio Deus, Jesus! Ele se fez gente, se humilhou, tornou-se semelhante aos homens (Fp 2:7), participou da história humana como um humano.
A Bíblia narra este fato com as seguintes palavras: O Verbo (Jesus) se fez carne, e habitou entre nós… (Jo 1:14a). É isso mesmo! Você não leu errado. Jesus se fez homem. Aquele que criou o mundo, que existe desde antes da fundação do mundo, veio participar da história do mundo como um ser humano.
Como isso é possível, você pode estar perguntando? Tudo começou com sua concepção sobrenatural (cf. Mt 1:18). Por mais ilógico que possa parecer, Jesus entrou no mundo como um bebê. Precisou ser amamentado, trocado, cuidado. Cresceu como uma criança judia normal. “Ah! Se o líder da sinagoga em Nazaré soubesse quem era aquele garoto que ouvia seus sermões…”.
Durante sua vida sentiu o que eu e você sentimos. Derramou lágrimas (Jo 11:35). Sentiu medo (Lc 22:42). Teve sede (Jo 19:28), fome (Mt 4:2). Cansou-se (Jo 4:6). Não viveu numa “separação elevada”, mas “conosco”, como um de nós, no meio das multidões.
Mas, qual a razão do Filho de Deus vir morar entre nós? Porque ele deixou toda a sua glória para vir a esta terra? A Bíblia responde: Jesus veio, principalmente, para nos salvar: Veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam, mas a todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. Jesus se fez gente para que a salvação se tornasse possível para o ser humano! Paulo concorda com essa verdade quando afirma: … Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (I Tm 1:15). Se por um homem entrou o pecado, a graça de Deus, por um só homem, Jesus Cristo, abundou para muitos (Rm 5:15).
Jesus veio morar conosco para que um dia nós possamos ir morar com ele! Se existe uma pessoa que pode ser tomada como exemplo de verdadeira empatia esse alguém é Jesus. Por causa dele e através dele, a salvação se tornou possível aos seres humanos: Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Que glorioso presente! Você está disposto a aceitá-lo?

Homenagem a um santo homem de Deus

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“Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus” (II Re 4.9).
Qual o conceito que as pessoas em geral têm do pastor? Quem dera todos tivessem uma percepção senão igual, ao menos próxima da que tinha a mulher sunamita a respeito do profeta Eliseu, cujo personagem analisamos para representar a figura do pastor. Ela disse a seu marido: “Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus”.
Quero chamar a atenção para duas expressões contidas nesta declaração. A primeira é “tenho observado”. Note que tal declaração não tinha como causa primária uma espécie de revelação do Espírito Santo (algo sobrenatural), embora reconheçamos sua influência nessa declaração. A constatação de que Eliseu era um santo homem de Deus aconteceu após um período de observação quanto à sua maneira de ser, de pensar e de agir.
Uma forte relação de confiança foi desenvolvida entre Eliseu e a mulher sunamita, até que ela propôs ao seu marido a construção de um pequeno quarto em sua residência, exclusivamente para hospedarem-no sempre que passasse por ali. Eis aqui um indicativo de que um santo homem de Deus, o pastor, é pessoa digna de confiança.
A segunda expressão é “este que passa sempre por nós” . Isso revela o comportamento de um homem que se relacionava com as pessoas, que as visitava em suas casas e que as conhecia de perto. Eliseu ilustra uma importantíssima ação pastoral que demonstra a preocupação e o cuidado do pastor para com as pessoas redimidas por Jesus.
Há outra atitude do profeta Eliseu que merece destaque e está registrada em II Reis, cap. 5. 15 e 16. Após ter sido utilizado por Deus como instrumento para a cura de Naamã, chefe do exército do rei da Assíria, este ofereceu presentes a Eliseu, porém, ele nos ensinou duas lições dignas de louvor. A primeira é que um santo homem de Deus não é um mercenário, ou seja, não usa o nome de Deus, a Palavra de Deus, e muito menos o poder de Deus, em proveito próprio, objetivando lucrar com isso. A pecha de mercenários, atribuída a pastores que se autodenominam homens de Deus – situação muito comum nos nossos dias, infelizmente – não se harmoniza com o caráter e tampouco com as ações de um “santo” homem de Deus, reconhecido como tal, não por si mesmo, mas pelos outros.
A segunda, é que um santo homem de Deus não adota um comportamento de bajulação para com os mais favorecidos financeiramente, nem para com as pessoas investidas de autoridade, como se elas fossem mais importantes e merecedoras de maior respeito e de maior consideração em relação às demais. Eliseu nos mostra que um santo homem de Deus não se submete a isso e nem precisa desse tipo de artifício em seu ministério. Observe o tratamento dado a Naamã em II Reis 5.9-11.
Por fim, outro aspecto que pesou para credenciar o profeta Eliseu como um santo homem de Deus, foi sua autoridade espiritual, exercida não com base em conhecimento teórico, mas como fruto de sua vida com o próprio Deus.
Caríssimo pastor promessista, sabemos que você é um pequeno servo do Deus Altíssimo. Considere-se assim, aja assim e viva assim. Por outro lado, como consequência de sua maneira de ser e de servir, a exemplo do profeta Eliseu, almejamos que as pessoas e as igrejas que você pastoreia ou já pastoreou tenham-no em alta estima e consideração, assim como nós o temos.
A Ele, por Ele e para Ele, toda a honra e toda a glória, hoje e sempre. Amém!
Diretoria Geral Executiva