Contra quem estamos lutando?

Não podemos negar que o mal existe e atua de forma sutil

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as ciladas do Diabo; pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes.” – Ef 6. 11, 12
Temos três adversários gigantescos: O mundo (1 Jo 2.15-17), a carne, (Rm 7.18-25) e o diabo (Ef 6).
Em relação a este último, precisamos de equilíbrio e discernimento. Não podemos demonizar tudo (flores, animais, objetos, cores…), e culpar o Diabo por tudo. Isso é imaturidade. que pode até mesmo gerar distúrbios emocionais. Por outro lado, não podemos negar que o mal existe e atua de forma sutil. Basta lembrarmos de alguns episódios bíblicos como o Jardim do Éden, a história de Jó, as tentações de Jesus e veremos o Maligno atuando. A Bíblia ainda o chama:

  • Anjo caído – (Is 14.12-17; Ez 28.12-19).
  • Tentador – Mt 4.3.
  • Pai da mentira – Jo 8.44.
  • Assassino, ladrão e destruidor – Jo 10.10.
  • Adversário que ataca como leão – 1 Pe 5.8.
  • Acusador – Ap 12.10.

Quando Paulo escreve aos Efésios, não está supervalorizando o Diabo. É que com certeza, a guerra estava ocorrendo entre os irmãos, no nível humano. Não estavam enxergando as armadilhas espirituais. Então lhes diz que o mal existe, age organizadamente, com astutas “ciladas”, ardilezas, promovendo e atuando de forma espiritual através das “iniquidades”. As obras da carne são solos férteis para a semeadura maligna.
Pensemos nisso em nosso campo pastoral quando ocorrer divisões, escândalos, destruição de famílias, o pecado dominando, palavras ferinas… Podemos ter certeza que antes, durante ou após, veremos as trevas agindo. Muitos sendo fantoches nas mãos do Inimigo ao invés de instrumentos do Senhor.
O que fazer nestes momentos? Desistir? Jamais! Soldado do Senhor não se rende! “Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós. Tg 4.7. Para Deus a gente se entrega, para o mal a gente resiste. Irmãos a gente acolhe, ama incondicionalmente, perdoa, ajuda. Já o destruidor e suas obras a gente rejeita.
Não precisamos saber as coisas profundas de Satanás (Ap 2.24) e nem o ignorar. Precisamos de sabedoria, de discernimento, de vigilância e crescer na comunhão do Senhor que é o Todo-Poderoso e deseja que fiquemos firmes em nosso propósito de vida. Para isso fomos chamados. Quanto mais luz, menos trevas; mais Bíblia, menos ignorância; mais verdade, menos mentira; mais confissão, menos ressentimentos; mais amor, menos feridas abertas; mais Jesus, menos o mal.

Pr. Elias Alves Ferreira é integrante da equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral.

Em guerra – A busca da excelência

Revesti-vos de toda a armadura de Deus…” – Ef 6.11

Como soldados de Cristo devemos buscar o melhor. Não podemos desprezar nenhum detalhe da armadura. Temos que considerar:
Primeiro, que a armadura é de Deus. O primeiro passo é sempre o Divino. Ele nos chama, nos capacita e disponibiliza as condições para vencermos. Isto é demonstração clara da graça de Deus. A armadura é doação do Senhor. A compreensão disso nos faz servos humildes, sabendo que todo dom perfeito vem do alto, do nosso Pai – Tg 1.17, e o Ministério só tem sentido quando é exercido em lealdade e para a glória dEle.
Segundo, aceitar o que Deus oferece – Revesti-vos. Esta é a nossa parte. Quem nos convoca oferece as armas certas. Antes do campo de batalha, a armadura. Acima das vestes visíveis, as invisíveis, das humanas, as espirituais. Não podemos sair de qualquer forma, achando que o nosso comissionamento, por si próprio, nos fará vitoriosos. Que apenas a nossa reflexão teológica será suficiente para nos sustentar.
Terceiro, a busca da excelência – “toda a armadura”. Deus oferece uma armadura completa, não devemos desprezar as partes que a compõem. As batalhas são exaustivas. E a armadura é riquíssima em seus detalhes e todos os dias precisamos dela. Por outro lado, há sempre algo novo para aprender. Aprendemos muito quando lemos, participamos de aulas ou palestras. Tudo isso é bom e recomendável. Nos faz práticos e convictos. Faz parte na busca da excelência. Porém, não desprezemos ninguém. Mesmo os irmãos mais humildes, também nos ensinam coisas indispensáveis para o desenvolvimento do Ministério. Um jovem, um idoso, uma pessoa simples que nunca estudou, pode nos dar dicas importantes. Em 1 Co 12:22, 23 lemos: “Antes, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e os membros do corpo que reputamos serem menos honrados, a esses revestimos com muito mais honra; e os que em nós não são decorosos têm muito mais decoro”.
Em todas as atividades, façamos o nosso melhor. Queiramos tudo que venha de Deus. Não desprezemos nada que a graça Divina nos disponibiliza. E não esqueçamos que Deus pede o melhor da nossa parte, porque Ele nos deu o Seu melhor, Jesus Cristo.

Pr Elias Alves Ferreira é responsável pela IAP em Jales e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral.

Você conhece seus filhos?

A grande muralha a ser vencida chama-se comunicação

Amor é conhecimento. Este tipo de conhecimento que estou falando é muito mais prático do que técnico, ele é produto de relacionamento. Ou você se relaciona, ou nada feito, seu conhecimento será como contemplar uma ilha distante no mar. Olhando da areia da praia, ela é linda, mas para conhecê-la mesmo, você tem que navegar até lá e explorá-la.
Sem relacionamento, não existe conhecimento. Relacionar-se dá trabalho, exige tempo, provoca conflitos, desencadeia crises, o que é bom, pois mostra falhas, revela acertos, aponta soluções e resulta em crescimento, maturidade.
A grande muralha a ser vencida chama-se comunicação. A maioria dos pais e filhos perderam a capacidade de conversar. Ambos, pais e filhos, cada grupo tem sua correria, interesse e necessidade peculiar, os mundos parecem muito diferentes. O abismo de gerações, cantado por João Alexandre, parece maior a cada geração.
Quantas famílias estão na igreja, mas seus filhos, aprontando todas. No início, ninguém sabe, mas logo, toda a igreja está comentando. De alguma forma, os pais acabam sabendo. Mas não fazem nada, ou porque não sabem o que fazer, ou, lamentavelmente, por falta de moral e autoridade. Sabe onde sua moral começou a ser perdida? Em uma palavra: comunicação. Faltou papo, interesse, diálogo, aproximação. Hoje, a muralha do silêncio está alta, sua casa desaprendeu os princípios da arte da fala.
Se você, na condição de educador que ama, quer resgatar a beleza do diálogo, comece. Pode ser absolutamente sem graça, seu filho poderá sentir um misto de situação tensa, ridícula, estranha, como eles dizem, “nada a ver”.
Mas comece e não pare. Você encontrará o jeito, a forma e a hora. Quando o casal do Éden deu uma escorregada fatal, Deus não se omitiu nem se calou, Ele procurou o casal, fez perguntas, insistiu. Cada versículo de Gênesis, após o pecado, está saturado de emoção. Do lado do céu é fácil perceber a decepção, a tristeza, a preocupação , o cuidado, a dor e o amor.
Com certeza, a conversa não foi fácil. Mas Deus, até nisso quis nos ensinar, pois Ele não precisaria conversar, dar explicação, bastaria exterminar todos os envolvidos e começar de novo. Graças a Ele, o recomeço aconteceu, mas conosco!
Invista tempo, jogue conversa “fora” com seus filhos, discipline quando for o caso, elogie muito, abrace, diga “eu te amo” todo dia, ouça as reclamações, vá ao shopping. O resultado é grandioso: você estará resgatando o canal da comunicação, sem que perceba, o “papo” vai começar a fluir. Então, você desarma o diabo e quando seu filho estiver ouvindo o pecado ou estiver em pecado, poderá dizer com todas as letras: “Filho, não faça isto, porque é pecado!”
Corra. Aprofunde o conhecimento em relação aos seus filhos. Isso é amor. Aí você entenderá a surrada frase, porém rica em significado: “Prazer em conhecer”.

Pr. Edmilson Mendes congrega na IAP em Pq. Itália (Campinas – SP) e integra a equipe do Demi – Convenção Geral.

Em guerra

A força do soldado!

Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.”- Ef 6.10
Paulo havia escrito a sua carta aos irmãos de Éfeso sobre a soberania e glória de Cristo, da salvação exclusiva pela graça, da riqueza da oração, da beleza da Igreja e sua funcionalidade através de chamados específicos, da grandeza do casamento e da família, no entanto, ao encerrar, não deixa de alertar: “Estamos em guerra”!
E se estamos em guerra, devemos nos considerar soldados. A primeira qualidade é a aptidão física, a nossa força. Não há regimento em que a prioridade não seja exercício físico. De igual forma, como soldados espirituais, devemos ser fortes espiritualmente.
Porém, essa força não deve estar centrada em nós mesmos. Não podemos nos fortalecer sozinhos. Não é errado procurar fazer o nosso melhor, aliás devemos, mas as ações de quem serve a Cristo devem receber a autenticação divina. Não é pela capacidade humana, porque esta credencial é de Cristo. Ele fez tudo por nós e devemos em tudo, ser dependentes dEle. Perceba que não é pelo Senhor, e sim “no Senhor”. Então, para ter esse fortalecimento devemos renunciar a nós mesmos e fazer uma entrega sem reservas à Jesus. Neste ambiente, nos fortalecemos na graça e na salvação, percebendo a boa, a perfeita e agradável vontade do Senhor (Rm 12:2). Primeiro Ele, depois trabalhar para Ele. Simbolicamente: primeiro os joelhos, depois as mãos.
O sucesso de um ministério não se mede somente pela intelectualidade ou pela oratória, mas pela vida devocional.
Em comunhão com Cristo, assuntos bíblicos conhecidos produzem vigorosas transformações na Igreja pela autoridade com que são transmitidos, por que são “…na força do seu poder”. Este “dinamis” que fala o original estará sempre à disposição de quem procura agradar ao Senhor acima de tudo. Seja forte, para a glória de Cristo!

Pr Elias Alves Ferreira, Demi – Convenção Geral

Respeitando nossa humanidade

Você já se sentiu exausta emocionalmente e incapaz de pronunciar uma simples oração?

A forte pressão que enfrentamos para apresentarmo-nos sempre fortes e espiritualmente firmes, por vezes, não nos deixa espaço para extravasar nossos sentimentos e emoções.
Vivemos momentos difíceis dentro do nosso mundo eclesiástico. Nossos líderes estão sofrendo, enfartando, alguns desistindo do ministério e da vida. Nossas mulheres estressadas, solitárias e entristecidas.
Fomos ensinados a não confiar em sentimentos, pois são falíveis. Aprendemos que em nossa vida espiritual eles são a última coisa em que se deve confiar, pois podem comprometer nossa espiritualidade. Desta forma, pensamos que devemos ignorá-los. Esta, no entanto é uma forma errônea de agir.
Deus criou o ser humano pra sentir uma variedade de emoções. Não devemos ignorá-las ou suprimi-las, mas cuidar delas.
Somos treinados a abordar a vida por meio de “fé e de sentimentos”. Seguindo esta ordem nossos sentimentos “menos nobres” como raiva, medo e tristeza devem ser suprimidos para não atrapalhar nossa jornada espiritual. E o que fazemos? Suprimimos, pois acreditamos não ter permissão para admiti-los ou expressá-los.
A negação de dores, perdas e das emoções ao longo de nossa trajetória torna-nos menos humanos. Trancamos nossas emoções e vivemos “vidas ocas”, nas quais sorrimos e todos acreditam em nossa “vida feliz”.
No entanto, como ouvir Deus e avaliar o que sinto com o coração tão fechado? Sentimentos fazem parte de nossa humanidade. Nosso Deus é pessoal e somos a sua imagem. Quando expressamos diante de Deus o que sentimos temos a oportunidade de avaliarmo-nos, trabalhar nossos sentimentos e aprender o significado bíblico de cada um deles.
Fomos criados à imagem de Deus, isto inclui todas as dimensões: física, espiritual, emocional, intelectual e social. Ele nos fez pessoas completas. Ao ignorarmos qualquer um destes aspectos teremos como resultado consequências destrutivas em nosso relacionamento com Deus, com o próximo e conosco.
A nossa jornada para viver a espiritualidade emocionalmente saudável começa com o “permitir-se sentir”.
A Bíblia relata que Jesus entristeceu-se (Mt. 26.37b).
Fomos feitos à semelhança Dele, e parte desta semelhança é sentir. Ser discípulo dele implica passar pelos os sentimentos, refletir sobre os mesmos e, então, ponderadamente, responder a cada um deles sob o senhorio de Jesus.
“Criou Deus, pois o homem a sua imagem e semelhança.” (..) “E viu Deus que era bom.” (Gn. 1.26). Inclusive nossos sentimentos (nossa humanidade).
Para refletir :
“A verdadeira vida espiritual não é um escape da realidade, mas um total compromisso com ela.” Scazzero (*)
1. Como anda minha saúde emocional? Dê uma nota de 0 a 10.
2. Tenho tido facilidade para expor os meus sentimentos a Deus?
3. Carrego algum sentimento oculto que me impede de viver minha espiritualidade de forma saudável.
Algumas atitudes nos ajudam a lidar com as situações mencionadas.
1. Aceitar nossa humanidade.
A Bíblia não esconde as falhas e fraquezas de seus heróis: Moisés, Davi, Jonas, Eliseu viveram momentos difíceis. Todos nós somos incompletos e falhos.
2. Não encobrir nossa fragilidade.
Outro grande homem de Deus, o apóstolo Paulo, reconheceu sua fragilidade e afirmou que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.7-10).
3. Manter-se em alerta.
Quando não processamos perante Deus exatamente os sentimentos que nos fazem humanos, esses acabam saindo de outra forma.
O trabalho para Deus que não seja nutrido por uma profunda vida interior com Deus acabará por ser contaminado por intrusos como desejo de poder, o ego e necessidade de aprovação.
*Scazzero, Peter. Espiritualidade emocionalmente saudável: desencadeie uma revolução em sua vida com Cristo, São Paulo: Hagnos, 2013 ,pg 34- 45.

Missionária Ilma Farias de Souza é pedagoga e educadora cristã, da Igreja Batista Nova Jerusalém, em Santos (SP)

Pastores esgotados

Epidemia – outro pastor que se esgota

A dor de um pastor é intensificada debaixo de impiedosos holofotes, enquanto a dor de outro é desconhecida. Ambas doem igualmente.
Não fica mais fácil. Não importa quantas vezes você ouça sobre isso. E estamos ouvindo muito sobre isso ultimamente. Em números epidêmicos.
Outro pastor anunciou à sua chocada congregação que ele não podia mais. Ele os amava. Ele estava orgulhoso do trabalho do Reino que haviam feito juntos por anos. Mas suas prioridades estavam desajustadas. Ele havia posto todo seu tempo e energia na igreja e havia negligenciado sua própria saúde espiritual e emocional. Ele pediu à congregação que orasse por ele e sua família enquanto enfrentavam a próxima fase difícil de suas vidas – sem saber o que esta fase traria.
Então ele reuniu a congregação de 20 pessoas na frente da igreja para orarem juntos uma última vez. Ele por eles. Eles por ele e sua família. Oraram, abraçaram, choraram e disseram adeus.
Enquanto escrevo esse artigo, aquele pastor está encaixotando seus pertences numa van para se mudar da pequena cidade que eles chamaram de lar por mais de uma década. Por agora, eles vão viver com os pais da esposa para se recuperarem.
Infelizmente, aquele pastor não foi o único a ter uma história dessas. Aconteceu com centenas. Este ano, milhares vão deixar o ministério, esgotados e machucados. De igrejas grandes e pequenas, em crescimento e estagnadas. Ouvimos quando os pastores famosos desistem ou se esgotam. É o preço da fama. E é muito alto. Tanto o sucesso quanto as falhas são ampliadas. Mas um preço diferente é pago por aqueles que não são conhecidos fora de suas famílias e pequena congregação.
Enquanto os sucessos e dores de pastores conhecidos são destacados, os sucessos e dores de pastores de igrejas pequenas são ignorados e esquecidos. Ambos são igualmente machucados. Ambos carregam o peso dos problemas que os levaram a deixar a igreja, e frequentemente o ministério. A dor do pastor da mega igreja é intensificada por falhar debaixo das luzes da ribalta, enquanto que a dor do outro é aumentada por cair no anonimato. Esquecido por quase todos. Ambos os cenários são tóxicos. Eles entristecem o coração de Jesus, prejudicam Sua igreja, devastam com as famílias dos pastores, arruínam ministérios e tornam difícil aos membros da igreja confiar num pastor novamente – ou confiar em Deus novamente.
Não precisa ser desse jeito. Não deveria ser desse jeito.
Precisamos abandonar as expectativas não bíblicas que foram colocadas nos ombros dos pastores. Ou que nós próprios colocamos nos nossos ombros. Pastores nunca foram destinados a carregar esse fardo tão grande. Nenhuma pessoa é capaz de ser pregador, professor, “lançador de visão”, CEO, líder, evangelista, ganhador de almas, angariador de recursos, conselheiro matrimonial, e todo esse modelo de virtude que esperamos que os pastores sejam – muitos deles enquanto trabalham a tempo inteiro fora das paredes da igreja.
Mas tem sido assim por tantos anos que às vezes parece uma locomotiva sem freio que não pode ser parada. Precisa ser parada.
Ninguém pode parar essa locomotiva a não ser nós, pastores.Precisamos dizer “não”. Para alguns de nós, isso significa dizer não às expectativas irracionais dos nossos membros, diáconos e oficiais da denominação. Mas para todos nós significa dizer não às nossas próprias expectativas não bíblicas. Dizer não a um paradigma que nós construímos e perpetuamos em volta de uma combinação dos nossos egos e inseguranças.
Nós não somos os construtores da igreja, Jesus é. Não somos capazes de nos matarmos de trabalhar emocionalmente e espiritualmente sem que alguma coisa quebre dentro de nós.
Não podemos continuar nos forçando fisicamente com poucas horas de sono, muita comida e pouca atividade física.
Não podemos continuar negligenciando nossas esposas e famílias enquanto queimamos a vela dos dois lados e não esperar que todo mundo – nossas famílias, igrejas e nós mesmos – pague um enorme preço por isso.
Precisamos redefinir com que o sucesso ministerial se parece, porque muitas pessoas boas estão sendo machucadas enquanto perseguimos nossa atual e insuportável versão de sucesso.
Faça uma pausa hoje. Respire. E ore.
Ore pelos pastores feridos, conhecidos e desconhecidos, que deixaram uma igreja que eles amavam – e talvez ainda amem.
Ore pelos pastores famosos sofrendo debaixo da insuportável luz da ribalta.
Ore pelos pastores desconhecidos que se sentem perdidos e esquecidos.
Ore pelas famílias que suportaram anos de dor em silêncio, e que agora têm suportado ainda mais.
Ore pelos membros da igreja que não sabem se se sentem bravos, tristes ou outra coisa.
Ore para que o Deus que prometeu que Seu jugo era suave e o seu fardo leve, alivie os fardos mais pesados que nós colocamos sobre nossos próprios ombros. E que troque por Sua paz, Seu conforto e Sua esperança.”

Karl Vaters – Christianity Today

Os desafios da esposa de pastor

A sensação de estar exposta em uma “vitrine 24 horas”

Ser esposa de pastor é um desafio, pelas expectativas geradas pela igreja e, em alguns casos, pelo próprio marido. Algumas esposas de pastores se sentem sufocadas e sobrecarregadas, por não saberem lidar com esse desafio. É a sensação de estar exposta em uma “vitrine 24 horas”. Pode parecer exagero mas é o que realmente acontece!
O grande desafio, pelo menos para mim, é tentar se equilibrar em ajudar a igreja e o marido, sem se sentir sobrecarregada. Isso é possível e gostaria de compartilhar algumas atitudes que têm me ajudado:
Excessos de compromissos
Tenho um acordo com meu marido de não assumir grandes cargos, mas ajudar no que estiver ao meu alcance. Mesmo porque é quase impossível conseguir conciliar uma responsabilidade muito grande e a agenda do pastor, e é necessário que a esposa o acompanhe, na maioria das vezes. Isso não só faz com que ele se sinta mais confiante e amado, como faz com que a comunidade veja que seu pastor tem uma mulher zelosa.
“O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo. Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.
Provérbios 31:11,12
Seu marido é sua prioridade
Ouvi uma amiga dizer que “ser esposa de pastor é um ministério, e sua principal preocupação deve ser com seu marido, pois ele cuida de uma comunidade inteira e quem cuidará dele? ” Isso é verdade! Por isso, faço a seguinte pergunta: o que tem ocupado mais seu tempo? Os filhos? Seu trabalho ou estudos? Invista tempo com seu marido. Devemos entender que Deus nos escolheu para ser esposa de nosso marido e isso deve ser encarado como um privilégio, não um peso.
Questão financeira
Li em um artigo que as esposas de pastores deveriam fazer um curso de como manter a casa suprida de tudo e andar com a família bem arrumada, com pouco dinheiro. ?! Pode parecer engraçado, mas é a realidade. Temos que nos preocupar com a vida financeira do marido. Ajudá-lo no que for necessário para não entrar em dividas ou para sair delas. Isto é uma tarefa difícil, principalmente para nós, mulheres, que gostamos de gastar (rs)! Mas conheço muitas esposas de pastores que buscaram opções, algumas resolveram trabalhar fora em funções diversas, outras investiram nos estudos e hoje são formadas com uma excelente carreira. E somaram no orçamento da família.”
“Ela nunca tem preguiça e está sempre cuidando da sua família” Provérbios 31:27
Não viva em função dos outros
“Não deixe que a opinião dos outros regule a sua vida. Respeite a sua própria opinião e não viva em função daquilo que os outros esperam que você seja ou faça.”
Aprendi isso há pouco tempo, quando eu entendi quem eu era. Quando eu entendi que precisava respeitar meus limites. Ajudar é bom, mas a partir do momento que você quer provar ou mostrar algo que você não é, pode ter certeza de que você não está caminhando de maneira correta.
“A formosura é uma ilusão, e a beleza acaba, mas a mulher que teme o Senhor será elogiada.” Provérbios 31:30
Ore por seu marido e pela igreja
Esteja em constante oração, pois os ataques do inimigo estão por todos os lados, principalmente, na família do pastor. Devemos pedir ao único e poderoso Deus que proteja nossa casa e a igreja dos ataques do inimigo. A oração do justo é poderosa e eficaz.
É uma honra ser casada com um pastor
“Apesar dos desafios entenda que é uma honra caminhar, chorar, sorrir, dormir e acordar ao lado de alguém que foi separado por Deus para ser seu ministro aqui na terra. Alguém que, um dia. achou uma mulher que o escolheu e ele a escolheu para estarem juntos, até que a morte os separe.”
“A casa e os bens vêm como herança dos pais, mas do Senhor, a esposa prudente”. Provérbios 18,22.

Verônica Braz é estudante de psicologia e casada com o Pr. Samuel Braz, da Convenção Paulistana Leste da IAP. Publicado originalmente em seu blog: https://meusolharesblog.wordpress.com/

É bom lembrar do que Deus fez

Como um tapeceiro, ele desenha nossas vidas diariamente

Não sei se você, esposa de pastor, é como eu, mas ao começar minhas orações nos momentos de grande tribulação e desafios, começo despejando todas minhas aflições, necessidades, petições e assim vai… O desespero toma conta de nossa mente, o estômago se torna um buraco gelado. Nestas horas choramos aos pés de Cristo, imploramos por sua ação e socorro e literalmente derramamos nossa alma e coração na presença de Deus.
Tudo isto está correto. Mas eu e você precisamos primeiro reconhecer dentro de nós quem é este Deus a quem clamamos. O Deus Todo-Poderoso, o Deus eterno, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O Deus que é o mesmo ontem hoje e para sempre.
Sei que sabemos e cremos nestas verdades, mas nos momentos de agonia e desespero acabamos sentindo tudo isso muito distante de nós, como se fosse apenas frases de efeito ou como se Deus não agisse mais em nosso tempo.
Por isso, quando estou nestes momentos de angústia sentindo que até o ar quer me faltar, busco exercitar minha memória e vou me lembrando de cada momento fantástico que este mesmo Deus proporcionou na minha vida, experiências onde Deus esteve bem na minha frente me livrando de acidentes, momentos em que vi o mar se abrindo através da cura instantânea da febre da minha filha, no cuidado e proteção com a vida do meu filho, na coragem diária que Ele me dá de colocar meus pés para fora da cama e me levantar dia após dia, sabendo todas as batalhas que vou enfrentar…
Então entendo que se começarmos nossas orações relembrando todas as bênçãos e presentes dados a nós diariamente, veremos que Deus tem estado ao nosso lado sempre. Que Ele é sim o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, mas também é o meu Deus e Deus de cada um de nós. Vamos nos surpreender com cada um dos milagres que não tínhamos percebido em nossas vidas. Como um tapeceiro, o meu Deus e o seu Deus está desenhando nossas vidas e nossas histórias com cuidado, capricho e total domínio sobre todas as coisas. Deus é bom e fiel. Louvado seja o Senhor!
“Deem graças ao Senhor porque ele é bom, e o seu amor dura para sempre.” (1 Crônicas 16:34)

Dsa. Maria Regina Guimarães Longo Mendes congrega na IAP em Jd. Pq. Itália (Campinas – SP) e integra a equipe do Demi – Convenção Geral.

Revelações, espinho e graça

Deus sussurra para você, pastor: “o céu é logo ali”

E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. ”(2 Co 12.7-10).
Paulo, no contexto acima, fala de arrebatamento, de terceiro céu, de paraíso e de coisas impossíveis de explicar com palavras. Quatorze anos haviam se passado e ele se mantinha calado. Agora resolveu falar aos Coríntios para ajudá-los. Se eles se orgulhavam pelos dons espirituais, imagine ele, que havia experimentado a glória celeste.
Mesmo, porém,que houvesse tido experiências celestiais, não havia motivo de orgulho. O Senhor havia tratado disso, colocando um espinho na carne, como um mensageiro das trevas para esbofeteá-lo. Reflita por um pouco: um espinho lhe espetando continuamente ou alguém lhe esbofeteando. Um espinho irrita, fere, lateja o tempo todo. Ser esbofeteado é receber tapas, ser desafiado, humilhado, perder a dignidade. Alguém nessa condição se sente a pior das criaturas, um verme.
O apóstolo orou três vezes e a resposta de Deus foi “não”. A agonia humilhante não foi retirada, porém, o Senhor lhe oferece algo maior e melhor do que pedia: a graça, e esta lhe seria suficiente.
Paulo compreendeu perfeitamente a graça e se rendeu. Este presente imerecível da parte de Deus é o que lhe salvou mediante a fé (Ef 2.8). Se a graça foi suficiente para lhe salvar, seria suficiente também para consolar, fortalecer na dor, transformar fraqueza em poder de Cristo. É por isso que ele diz: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas…Pelo que sinto prazer…”
Amado colega de ministério, quantas coisas você sabe através das ciências bíblicas, das pesquisas, das palestras e das experiências pessoais! Estas coisas chamam-se “revelações”, mesmo que não tenha tido um arrebatamento. O Senhor lhe deu para que fosse acima da média? Um super pastor? Com certeza, não. A Bíblia mostra que Deus prefere os humildes. Para tratar Abraão, Deus fez ele ter um filho aos 100 anos de idade. Para José, uma prisão. Para Moisés, uma lepra temporária. Para a restauração de Davi, um maldizente Simei. Para Isaías, profetizar três anos sem as vestes superiores. Para o irmão Paulo, um espinho na carne.
E o que pode ser um espinho na carne para nós? Muitas coisas desagradáveis atingem o ministério: Conflitos interiores, desajustes familiares, limitações financeiras, reuniões desagradáveis, incompreensões, transferência indesejada, enfermidades, perdas… Orou e não foi atendido? Não desanime, se humilhe, é o tratamento de Deus para sua vida. É para você entender que está no melhor lugar do mundo. E este lugar chama-se “ambiente da graça”. Onde você foi e é salvo, fortalecido, aceito, compreendido, perdoado. Onde tudo basta. Onde você ouve os sussurros do Senhor lhe dizendo: “O céu é logo ali.”

Pr. Elias Alves é responsável pela IAP em Jales (SP) e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral.

Pastor urbano

Os desafios e contradições que temos pela frente

Conversando com um colega pastor que vivenciou a experiência de ter sido um pastor rural, pois a extensão de seu campo pastoral envolvia irmãos que moravam em sítios, ele disse que a alegria e a satisfação dos irmãos compensava em muito o esforço empreendido. Esta forma de pastoreio teve êxito há alguns anos atrás.
Mas e hoje, quais os desafios de um ministério pastoral urbano?
É sabido que na década de 60, durante o governo de Juscelino Kubitschek, houve um grande investimento no desenvolvimento das grandes cidades da região Sudeste. Com isso, tivemos uma grande migração para os centros urbanos mas a infraestrutura dessas cidades foi comprometida e ainda sofre, com a atuação de vários grupos que, desordenadamente, lutam por espaço.
O que fazer para alcançar os grupos que vivem em prédios? Os grupos dispersos que vivem sobre as calçadas, na mendicância? Pessoas que vivem em comunidades carentes? Além de lugares como a Cracolândia?
Entendo que o pastor urbano precisa conhecer o seu tempo, as oportunidades que lhes são disponibilizadas, bem como o grande volume de problemas sem solução pertinentes a estes tempos modernos. Os filhos de Issacar estudavam o seu tempo para encontrar soluções que ajudassem a todos na batalha (I Crônicas 12.32). Josafá entendeu que o ensino didático, sistemático e comunitário era necessário em todo Judá (2 Crônicas 17.7-10). Habacuque compreendeu que a mensagem precisava ser legível, registrada em pedra para que pudessem ler os que passassem correndo (Habacuque 2.2).
Como encontrar um denominador comum, que englobe de forma cristocêntrica, bíblica, dinâmica todas essas situações?
Exerça seu pastorado baseado nas ações de Jesus, isso o levará a “fazer o bem” (Atos 10.38), num sentido amplo de alcançar grupos anteriormente mencionados e outros. Pastoreei usando as ferramentas de políticas públicas (sem se corromper no sistema), assistência social, ferramentas tecnológicas meios de comunicação disponíveis.
A honestidade ministerial, somada ao que Jesus faria, nos levará a manter as ovelhas no aprisco do Bom Pastor (João 10.1-7) afagadas, cuidadas, bem tratadas, equilibradas, satisfeitas, alimentadas, providas em tudo. (Bispo Josué Adam Lazier).
É muito diferente de mantê-las num curral, tratadas com sal, ração sem afetividade, são ovelhas, e não gado. Falsos pastores não empregam esforços salvíficos, pois apascentam a si próprios com claro e evidente interesse financeiro e de poder temporal.
As contradições, bem como os desafios, tendem a crescer para um pleno cumprimento do que já foi vaticinado. Cabe-nos ser aqueles pastores que, como Jesus fez em relação a Deus, cumpriu sua justiça, amou os seus até o fim, tornando-se o sumo pastor das ovelhas.
Que, como John Wesley, possamos dizer;” A minha paroquia é o mundo ” e estejamos dispostos a servir a todos aqueles que precisam do auxílio do Senhor.

Pr. Omar Figueiredo dos Santos é responsável pelas IAPs em Jardim Paineira e Itaquera, na Convenção Paulistana Leste.

Nosso espelho

Jesus é o modelo para todos os pastores que Ele chama

No mês de julho, comemoramos o Dia do Pastor Promessista (22). É um momento ímpar de analisamos como estão os nossos pastores e suas respectivas famílias.Continue reading

Pastores, homens privilegiados?

Os desafios diários e sem trégua do ministério pastoral não são pagos com presentinhos anuais

Superficialmente. Na maioria das vezes, é como boa parte da igreja vê e julga seus pastores. Os pensamentos a seguir demonstram: “Filho de pastor pode tudo…”, “Só porque é a esposa do pastor ninguém mexe com ela…”, “É fácil ser pastor, sempre de roupa nova e participando de todas as festas…”, “Pastor só prega no fim de semana e, durante a semana, só descansa…”, “O pastor ganha presente no aniversário e no dia do pastor, assim, até eu…”.
Os pensamentos citados bastam. Além de claramente equivocados, passam a falsa ideia de que pastores têm privilégios que os demais não possuem. E olha que eu relacionei pensamentos dos mais leves e corriqueiros, porque, infelizmente, existem comentários bem mais pesados, maldosos e injustos.
A superficialidade causa isso: julgamentos superficiais. Somente na profundidade, mergulhando, é que a ovelha começa a perceber responsabilidades, desafios, lutas espirituais, demandas e lágrimas duramente administradas em todo pastorado. Tudo vivido na constante tensão entre solitude e solidão, limites e espaços nos quais todo pastor, vez por outra, se encontra.
Não! Materialmente falando, definitivamente, “não” é a resposta objetiva. Os desafios diários e sem trégua do ministério pastoral “não” são pagos com presentinhos anuais, muito menos com coxinha, bolinha de queijo, guaraná ou picanha. É lamentável que alguns imaginem assim. A entrega ao ministério pastoral é doação de corpo, alma, entendimento, coração. Talvez aqui, no ato de servir, esteja de fato o alto privilégio do pastorado. E este deve ser o desejo de todo pastor.
Na tradução da Bíblia Viva, no Salmo 27, verso 4, lemos o seguinte: “Há uma coisa que realmente desejo do Senhor; o privilégio de viver durante toda a minha vida na sua presença, para descobrir a cada dia um pouco mais da sua perfeição e do seu amor.” E como descobrir a perfeição e amor de Deus se não for na comunhão com os santos e a eles servindo com um coração de pastor?
Este, sim, é um real privilégio. Tratar das coisas de Deus, na casa de Deus, para as pessoas de Deus. Que ao seguir a Cristo carregando a nossa cruz e negando a nós mesmos, possamos perceber os privilégios especiais a nós reservados.

Pr. Edmilson Mendes congrega na IAP em Pq. Itália (Campinas, SP) e integra o Departamento Ministerial – Convenção Paulista e Convenção Geral.

Encarando quem realmente somos


“Não desejamos ser principiantes. Mas, convençamo-nos do fato de que, por toda a vida, nunca seremos mais que principiantes!”

Já reparou nos boleiros discutindo futebol? Nos torcedores, nos fanáticos, nos atletas de final de semana, já reparou? Todos têm o esquema tático perfeito e imbatível. Todos têm a receita da vitória. Bastaria seguir à risca suas orientações, palpites e pronto, qualquer time sempre ganharia, nunca perderia. Só que não, futebol é um dos esportes que mais aprontam surpresas.

Especialistas, competentes, capazes, habilidosos, ágeis, melhores, enfim, pessoas que se acham acima da média, não faltam. Na verdade, sobram. E sobram em todas as áreas. Profissionais, acadêmicas, esportistas, familiares e, sim, religiosas. Isso mesmo, gente que se julga profissional e qualificadíssima lotam os bancos das igrejas a cada semana.

Um dia desses, um pastor desabafou comigo. Disse que enquanto assistia, se edificava e aprendia com a mensagem de um jovem pastor, dois seminaristas ao seu lado detonavam a pregação do mesmo. Errou na concordância, o significado do grego daria peso, se ele aplicasse o hebraico ficaria melhor, a divisão de tópicos está fraca, falta criatividade, o cara não tem presença, que discurso óbvio, eu faria assim, eu faria assado, é fraquinho, bem fraquinho esse irmão.

Os dois seminaristas eram, disse o pastor, profissionais demais para o gosto dele. Até podiam criticar, mas em outro momento, de preferência com temor e amor, visando construir e não destruir. Tão jovens e tão presunçosos. Tão franguinhos e achando que já eram leões. O desabafo continuou. Confessou um certo dissabor e desânimo com as constantes ironias, sarcasmos e risadinhas de canto de boca, tudo numa combinação de atitudes carnais que evidenciam o ar de superioridade em muitos colegas ministeriais. E esta última parte do desabafo ele dirigiu não só aos jovens, mas também a velhos pastores. O que aumenta a decepção dele. E minha.

O comportamento se repete entre as lideranças leigas igualmente. Por culpa de alguns, músicos e cantores já são figuras carimbadas quando o tema é estrelismo e achismo. Módulos semanais, seminários de final de semana, apostilas de cursos com dez lições e congresso em alguma cidade turística também fazem o ego de muitos não caber em si. E dá-lhe arrogância estampada em expressões “eu-sei-bem-mais-que-você”.

É a velha comparação da pedra e da vidraça. Ser pedra é fácil. Vidraça, no entanto, é bem mais complicado. Como numa gangorra, segue-se a vida, ora em cima, ora embaixo. O que somos, institucionalmente falando, somos apenas circunstancialmente. Cargos e posições passam, têm data de validade. Numa sentença seca, direta e sem rodeios, Josué 1:2 nos lembra das limitações humanas: “Moisés, meu servo, é morto…”

Este texto escrevi para principiantes, e parafraseando Paulo, dos quais eu sou o primeiro. Precisamos de mais e mais principiantes. Pessoas que têm fome de aprendizado, gente que se emociona com a estrofe de um hino, com a poesia de um salmo, com pequenas providências divinas.

Principiantes não se apóiam em suas seguras experiências, e elas são importantíssimas, mas se firmam na fé. Principiantes vibram com pequenas coisas, tudo motiva ajudar, servir, dividir, acompanhar. Principiantes são influenciados por um sentimento que a Bíblia chama de primeiro amor, lugar espiritual para o qual sempre devemos voltar. Principiantes anseiam conhecer e entender as línguas originais, hermenêuticas, exegeses, gramáticas, visões liberais e conservadoras, progressistas e históricas, enfim, principiantes querem acesso a todo tipo de ferramenta boa e possível, mas não perdem a vitamina dos sonhos que os impulsionam e fazem deles exatamente isso: principiantes.

Também estou farto de profissionais em igrejas. Se a teologia apagar a poesia, a emoção e a aventura da fé, eu prefiro abrir mão dela. E este tipo, na verdade, é uma teologia meramente técnica e só, e desta já abri mão faz tempo. A boa teologia, que respeita o ritmo das narrativas bíblicas, que pisa o chão de terra, areia e pedra que os antigos pisaram, a ponto de sentir o cheiro de cada personagem bíblico, nos aproxima da poesia, nos coloca como admiradores das obras de Deus, como dependentes da Graça Divina e com corações dispostos e abertos a aventurarem-se nos campos da fé.

Principiantes estão sempre ávidos por descobrir. Nunca param de ler, pesquisar, questionar, fuçar, ouvir. Principiantes já descobriram que a Trindade, o amor, a fé e a vida são mistérios e, diante do mistério, já aprenderam que a melhor posição atende pelo nome de humildade. Thomas Merton sacou com plena lucidez esta verdade, e para principiantes como eu, deixou uma frase que sintetiza plenamente este meu texto: “Não desejamos ser principiantes. Mas, convençamo-nos do fato de que, por toda a vida, nunca seremos mais que principiantes!”.

Pr. Edmilson Mendes congrega na IAP em Pq. Itália (Campinas, SP) e integra do Departamento Ministerial – Convenção Geral e Paulista.