Não basta uma novela bíblica, é necessário uma vida bíblica
Os Dez Mandamentos, graças à novela da Record, se tornou um tema pop. Pelo que parece e se conversa animadamente nos bastidores das TVs, a novela bíblica é um filão muito rentável, vale a pena investir. Afinal, o público aprovou e quer mais, portanto o lucro é praticamente certo.
Mas os Dez Mandamentos, enquanto peça de dramaturgia televisiva é apenas isso, dramaturgia oportunista que conseguiu derrotar a emissora líder de audiência no horário, o que não é pouco, mas no fim é só um bom negócio.
Provavelmente mexeu com a curiosidade e a fé de alguns. Mas não será a régua que irá medir as práticas de vida da grande massa telespectadora. Ou seja, o tema bíblico é mais um produto para brigar no mercado. Mas poderia ser mais que apenas isso se a maioria dos cristãos do nosso Brasil resolvesse viver e interagir coerentemente com a mensagem bíblica. Para isso, seria necessário uma revolução de caráter frente ao ataque que a noiva tem recebido por meio de adultérios, traições, desvios de conduta, quebras de contrato, falsificações ministeriais, estrelismo gospel.
Dia a dia, as dificuldades e desafios para as práticas cristãs só aumentam. Ninguém, minimamente observador, leva a sério uma emissora que atravessa o mar vermelho num programa para fazer sua audiência paralisar numa fazenda com peões literalmente dispostos a qualquer coisa para se darem bem. Parece piada, mas é real e não tem a menor graça.
As pressões, os deboches, as leis, as afrontas, os currículos educacionais, as manifestações quase diárias, as violências amplamente protegidas por governos e ONGs, a sangria dos abusivos e exploradores impostos, a criação e manipulação de regras para favorecer poderosos de todas as alas e partidos, a falta de socorro para gente de bem, as proibições do que é certo e as aprovações do que é errado, o ataque incansável para a desconstrução da família judaico-cristã, a bala, a esperança e a vida perdidas só atestam os miseráveis tempos que vivemos.
A tradução da Bíblia Viva de II Timóteo 3.1 acerta em cheio: “É importante para você saber isto também, Timóteo, que nos últimos dias vai ser muito difícil ser cristão.” Observe que Paulo falava do futuro – “vai ser” – e nós vivemos esse futuro que chegou, “está sendo”.
Para enfrentar este tempo com relevância junto à sociedade na qual estamos inseridos, é necessário bem mais que novela bíblica, é necessário uma vida bíblica.
Eduardo Cunha é um exemplo deprimente do tipo de cristão que a mídia mostra e explora, induzindo incautos a acharem que todos os crentes têm o mesmo perfil. Porém, assim como ele, sabemos que existe muita gente, cada um topando uma corrupção sob medida, de acordo com suas proporções. É a fila furada, a ocupação da vaga exclusiva para deficiente, a cola na prova etc. Enfim, um completo desastre para a mensagem do evangelho, que é muito mais impactante pelo bom testemunho do que pela pregação meramente técnica, pois ninguém mais aceita o “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço.”
Se os Dez Mandamentos ficarem restritos ao número de capítulos de uma novela, nada mudará. Infelizmente, grupos teológicos reduziram a discussão para “você é da lei ou você é da graça?”, quando na Bíblia, mandamentos são fonte de bênção para uma vida de paz e harmonia. Como bem colocado por um dos meus professores na época de Seminário Presbiteriano do Sul, “a lei é graça e a graça é lei”.
Este é um tempo declaradamente difícil, não precisamos torná-lo ainda mais difícil. A fé continuará vendo os inimigos avançarem, as pragas caírem e o mar se abrir nos limites do desespero. Em outras palavras, vai ser muito difícil suportar as pressões deste tempo, mas em Cristo não será impossível. Siga em frente com confiança, o Deus que abre o mar nos espera na Terra Prometida.
Pr. Edmilson Mendes congrega na IAP em Pq. Itália (Campinas, SP), e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral e Convenção Paulista.